segunda-feira, 8 de julho de 2013

SOU MUITAS, DE UMA DELAS VOCÊ VAI GOSTAR...




Tirei do baú da memória a frase, que talvez tenha visto em algum face, para o título deste post. Poderia ser também "Ser diferente é o que nos torna todos iguais", todas duas transmitem a essência do que é ser queer.

Eu sou queer, você é queer, somos queer, o SBC é queer... todo mundo deveria ser queer, o mundo seria muito mais bonito.

Vou explicar, ou melhor, compartilhar com vocês minhas pesquisas e reflexões sobre o assunto.

Há mais ou menos um mês fui convidada para um debate sobre a questão do gênero. Fui. Minha expectativa era ouvir mais uma vez sobre o gênero feminino, nossas conquistas e nossas dificuldades ainda nesta época, como por exemplo essa lei absurda sobre o nascituro, que, na nossa opinião, transforma a mulher num mero depósito de feto, uma lei que nos tira qualquer direito a escolher, que obriga a mulher estuprada a gestar e parir um filho, que retrocesso meu deus!... ai, tira deus disso, isso é dos seres humanos, o que se faz em nome dele, atrocidades, injustiças...

Voltando ao debate, cada um tinha 15 minutos para falar, e aí a primeira era a que ia falar sobre a questão da mulher, não falou nem cinco minutos, não ocupou o espaço pertinente. Pena... não, meu sentimento foi de indignação... continuando vocês vão saber porque... outras pessoas ocuparam o espaço e colocaram muito bem a questão de gênero... nem masculino, nem feminino, LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis). Enquanto isso eu pensando numa idéia de uma feminista francesa, não me lembro o nome, que dizia, talvez final do século passado ou início deste, que nós, mulheres, no que diz respeito à luta feminina para ocupar espaços dignos nesse mundo, estamos mais atrasadas do que os deficientes que, em vez de tentarem construir outro mundo, estão reivindicando (e conseguindo) espaços neste mundo, como rampas, melhores acessos, e por aí vai.

E, numa certa altura do debate, uma pessoa diz esta palavra: queer... o que será isso? Nunca tinha ouvido!!! Perguntei às minha amigas super politizadas, elas também não sabiam. Ignorar não pecado, ficar na ignorância por vergonha de perguntar é pecado. Perguntar é sabedoria... eu não sabia o que é nascituro! Não é uma palavra usual... todo SBCense sabe?

 

O que fiz, então... Comecei uma pesquisa. Ai, que bom o Google, todas as informações, a formação (de opinião) é de responsabilidade (e trabalho, reflexão) nossa. Digitei Queer... aí só aparece um seriado inglês da década de 90 que depois foi copiado pelos EUA, o inglês é muito melhor... recomendo... trata-se de seriado sobre a cultura LGBT, sobre as dificuldades e gostosuras em ser anômalo, esta é a tradução de queer. Anômalo quer dizer diferente, que foge as regras normais. Que apresenta anomalia, irregular, anormal, disforme. Sinônimos: anormal, diferente, abnormal, aberrativo, irregular, abnorme, extravagante, aberrante, aberratório. Antônimos: normal, regular. Affff, nem quero ser normal, regular, é chato, sem graça, quando não é pouco saudável, “não é sinal de saúde estar ajustado a uma sociedade profundamente doente” como diz Krishnamurti.

Mas não fiquei satisfeita com a pesquisa. Então me lembrei que alguém disse no debate ... teoria queer, aí fui no Google de novo e digitei “teoria queer” ... aí foi o céu... encontrei o que procurava.

A seguir a “sequência da minha pesquisa”, já respondendo às minhas perplexidades e interrogações.Façam também as suas e mandem pro nosso blog, tá?   
             

Foi na década de 1960 que a sociologia e a antropologia passaram  a explorar a sexualidade sob uma perspectiva que colocava em xeque a moral vigente. Margaret Mead publicou o célebre ensaio Sex and Temperament in Three Primitive Societies (título em inglês, pode ser traduzido como Sexo e temperamento em três sociedades primitivas), nas quais a divisão sexual do trabalho e as estruturas de parentesco eram analisadas para explicar os diferentes papéis do gênero nas etnias arapesh, mundugumor e tchambouli. Pasmem, Margaret Mead era minha leitura da época de faculdade, eu entendia pouco mas lia, e ficou um pouco no subconsciente, talvez, prá servir de base na minha formação (ou tomada de consciência).  Este estudo proporcionou importante material empírico para questionar a rígida diferenciação entre personagens "femininos" e "masculinos", documentando culturas em que homens e mulheres dividiam entre si práticas consideradas exclusivamente masculinas no Ocidente (como a guerra) ou outras em que a distribuição das tarefas domésticas eram exatamente opostas às ocidentais. As suas descrições dos varões tchambouli, excluídos das tarefas práticas e administrativas e a quem eram reservados os costumes da maquiagem e do embelezamento pessoal, foram recebidos com escândalo pela sociedade da época, da mesma forma que a desmistificação da pureza feminina através do estudo das práticas sexuais infantis e adolescentes dos arapesh.

Viram esse “resumo”!!! e, acreditem, ela foi uma das inspiradoras do movimento feminista, assim como também uma base para a teoria queer. Oficialmente queer theory (em inglês), é uma teoria sobre o gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais. Durante muito tempo, queer funcionou como xingamento para sujeitos homossexuais. Entretanto, num movimento de pegar as armas do inimigo para atacá-lo, o movimento gay e lésbico assumiu esta palavra para se definir ainda como esquisito, estranho, excêntrico, mas, principalmente, para representar “a diferença que não quer ser assimilada ou tolerada”. A firme determinação de perturbar e transgredir está no cerne da política queer, surgida na década de 90 do século passado, meio que apropriando do movimento já realizado desde anos 60 pelas mulheres.

A ação subversiva e a transgressão das fronteiras de gênero e de sexualidade são alguns dos principais elementos que permeiam a Teoria Queer. No artigo Uma política pós-identitária para a Educação, Guacira Lopes Louro apresenta os pontos centrais dessa teoria, estabelecendo conexões com a Educação, seu campo de atuação. Por meio de breve historicização da homossexualidade, do sujeito homossexual e dos movimentos sociais voltados para os interesses desses grupos, a autora narra o processo de construção das políticas de identidade e nos conduz aos fundamentos da Teoria Queer. A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de gênero, que distinguia o "heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anômalas.
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Outros autores são importantes para a fundamentação da teoria queer. Mas a grande influência neste campo foi a monumental História da Sexualidade, que Michel Foucault deixou inacabada quando morreu (em 1984, aos 57 anos, de AIDS), na qual se tratam criticamente hipóteses muito extensas sobre os impulsos sexuais, como a distinção entre a suposta liberdade concedida ao desejo no estado natural e a opressão sexual exercida nas civilizações avançadas. Eu conhecia Foucault pela História da Loucura (“A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia”, “De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco”), mas dá prá entender como todo seu pensamento passa pelo entendimento de como somos “formados” (ou “deformados”), e como podemos (devemos...) ser sujeitos (de nós mesmos e de um mundo mais bonito).

Quando ele fala sobre educação... (“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo”); do nosso olhar sobre as relações de poder, sobre a história... “é preciso cavar para mostrar como as coisas foram historicamente contingentes, por tal ou qual razão inteligíveis, mas não necessárias. É preciso fazer aparecer o inteligível sob o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo?”..."Não há relação de poder sem constituição correlativa de um campo de conhecimento, ou que não pressupõe e constitui, ao mesmo tempo relações de poder … Estes relatórios de "poder-saber" não estão a ser analisados a partir de um conhecimento sobre o que seria livre ou não do sistema de poder, mas em vez disso, devemos considerar que o sujeito sabe, os objetos são como os efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber… ";  E sobre nós mesmos... “Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta. Não podemos nunca esquecer que os sonhos, a motivação, o desejo de ser livre nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor, tenha medo de não enfrentá-la, criticá-la, usá-la”. ..."Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir."

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E agora, entenderam profundamente que "ser diferente é o que nos torna todos iguais." Que diferente não é desigual, a diferença não pode ser patologizada, mesmo porque é a diversidade que é a nossa riqueza, de sermos humanos. Então, não existe uma forma “normal” de ser, de relacionar, que se contraponha a outras consideradas anormais, e nem as consideradas “anormais” poderiam ser inadequadas ou prejudiciais, como sugerem os moralistas de plantão... é queer a pessoa (homem, mulher, homo,...) que grita contra qualquer forma de submissão a todo modelo pronto, nos vários níveis de relação (íntimo, pessoal, social,  público). Afinal, ... “porque há o direito ao grito, então eu grito”, como diz nossa SBCense famosa  C. Lispector; é queer toda pessoa que deseja , e trabalha,  para ser cada vez um pouco mais livre para, apenas, ser... é queer a pessoa que é capaz de se ver repetindo modelos prontos, que já não servem para a vida, e consegue rir de si mesma e, rindo, se libera para retomar seu rumo, pois o riso é libertador... é queer o homem que se permite chorar... é queer a mulher que se permite ter prazer... é queer a amizade, os bons encontros... é queer a luta pelo empoderamento.

E, por fim, amar é super queer!!!

Beijos e queijos...

SantuzaTU





terça-feira, 2 de julho de 2013

PROIBIDO ASFIXIAR CATARZES

LOH, nosso famoso sbcense, obrigada pela ótima metáfora... super valeu!!! SantuzaTU

MOVIMENTO
Por Lourenço Cardoso

“E no Brasil, Mr. Robinson, podemos fazer o mesmo?” Numa sala envidraçada do quadragésimo segundo andar do edifício Future Market, no centro de Manhatan, dois homens de terno escuro conversavam. Banhados pela luz alaranjada brilhante do sol, iniciando o ocaso, comemoravam os recentes acontecimentos ocorridos na Turquia. “Com essa nova forma de agir, nem precisamos mais de forças armadas”. A afirmação em tom jocoso veio acompanhada de uma desproporcional gargalhada, que fez tilintar o gelo no copo já meio vazio de um caríssimo scotch. “Deveríamos reivindicar metade do orçamento deles”, em meio a outra risada também maior do que o chiste permitia. Estavam bêbados, não somente devido ao consumo da bebida, mas principalmente pelo sucesso na empreitada que, enfim, produzia seus resultados. Há menos de três anos, eram simples funcionários burocráticos de um projeto secundário de intervenção política externa da poderosa Fundação Phorda. Jovens, recém saídos da prestigiosa escola Varhard, usavam boa parte de seu tempo de estudantes trocando conversas pueris no facilbook. Devido ao contato intenso com esse programa de comunicação e a seus históricos pessoais de participação nas chicanas entre os estudantes, desenvolveram um projeto estudantil de utilização do facilbook como instrumento de disseminação de boatos, que poderia ser econômica ou politicamente aproveitado. Para sua surpresa, foram contatados por aquela afamada instituição para ali desenvolverem seu projeto. Entraram na fundação como estagiários e ficaram em uma sala pequena, desenvolvendo mais a técnica de fazer aviõezinhos de papel que o projeto que os havia levado até aquele lugar. Num belo dia coberto por densas nuvens prenunciadoras de nevasca, receberam, naquela época, um ofício assinado por um certo ‘comandante top secret’ com orientações para utilizar o mecanismo de difusão de boatos e mentiras na desestabilização de um determinado governo de um país árabe. Junto com o documento vieram alguns pen drives abarrotados de endereços de cidadãos daquele país, alguns deles influentes, e até governantes. Em meio a esses dados, uma lista com informações pessoais e políticas de determinados políticos mais influentes. Ali estavam os meios; o objetivo era desestabilizar o governo daquele país.

Foi fácil; apenas ampliaram as técnicas que utilizavam na escola para destruir os colegas, principalmente as colegas que os desprezavam. Em pouco tempo, viram pela televisão multidões enfurecidas derrubando governos. Nem imaginavam ― não era parte dos seus trabalhos ― a situação social do país onde atuaram. Não sabiam que os atingidos eram governantes opressores já odiados pelos seus cidadãos. Creditaram a si, com a empáfia de jovens detentores do “destino manifesto” (que nem de longe cogitavam saber o que é), a causa suficiente das transformações naqueles distantes países. Receberam congratulações, uma sala maior e um punhado de estagiários para trabalhar sob seu comando em pequenas salas contíguas. A ‘operação Winn-ter’ continuaria; seria conhecida como primavera árabe.

Foram designados, pela mesma forma invisível do comandante top secret, para atuar na contrainformação (apelido dado às suas atividades) na Turquia. Mais sucesso; a sala que usavam havia chegado ao máximo: tinha cortinas, sol e geladeira. Já recebiam o tratamento de “Mr.” pelos outros trabalhadores do local. Seus devaneios chegaram ao provável chairman do Instituto. E alí estavam em buliçosa comemoração. Havia chegado para eles uma nova atribuição, os mesmos dados, principalmente de alguns dirigentes. Agora muito, muito mais endereços, milhões deles. Agiriam no país com a maior participação proporcional em redes sociais eletrônicas do mundo. Deveriam apenas preparar tudo, os novos e potentes computadores, a equipe ampliada; lançar todos os dados e elementos nos programas que, no momento exato (receberiam o comando), deveriam deflagrar a ação. Foi quando ainda em plena comemoração pelo sucesso na Turquia, um deles verbalizou:

“E no Brasil Mr. Robinson, podemos fazer o mesmo?”

Pouco depois receberam dados de uma pequena atividade de enfrentamento político que ocorria no mais importante estado daquele país. Um grupo ligado a um micro partido de extrema esquerda havia chamado uma passeata contra o aumento de preços das passagens do transporte público da maior cidade do estado mais poderoso do país. Era o momento esperado; receberam a ordem imediatamente: “Soltem os cachorros!” Era a senha para deflagração do movimento. Colocaram as baterias em ação; os comunicados eletrônicos certos, ainda em número reduzido, mas capazes de dar uma boa ampliada no protesto, foram disparados.

Estava maravilhoso o protesto, para surpresa de seus organizadores; havia quase cinco mil pessoas participando. As lideranças do movimento ligadas ao pequeno partido de esquerda, o Partido dos Super Trabalhadores Revolucionários Urbanos, PSTRU, esperavam otimistas que partissipassem, talvez, mil pessoas. Sequer deram importância ou estranharam a presença maciça de jovens mais bem vestidos que os tradicionais estudantes ligados aos movimentos sociais. O belo espetáculo proporcionado por aquela imensidão de gente com seus dentes brilhantes e roupas esvoaçantes, cuidadosamente escolhidas nas melhores boutiques, dava um colorido especial ao manifesto que fervilhava na boca da noite. Vibravam todas entoando palavras de ordem quando o previsto aconteceu. O governador do estado, Beraldo Alcemim, conhecido como Beraldo all for me, chamou a polícia que desceu o porrete.

Mesmo sem saber da participação da “operação winn-ter” a grande imprensa divulgou com estardalhaço o conflito. De uma cajadada só conseguiram incomodar seu arqui-inimigo do Partido Popular do Obreiro, o PaPudO, e culpar os baderneiros dos irritantes micropartidos de esquerda, o PSTRU e o Partido da Luta Unida Altaneira, o PLUA. A extrema violência policial foi transformada em legítima defesa da ordem e a brutalidade do ato, cuidadosamente editada pela mídia, culpou os extremistas. As empresas de comunicação inundaram de informações tendenciosas seus jornais e editoriais travestidos de comentários. Tudo exatamente como previsto.

Ainda como previsto, os líderes do movimento de protesto chamaram uma nova passeata para três dias depois. Foram dias frenéticos na ampla sala dos jovens bem-sucedidos, pesquisadores da Fundação Phorda.

Chegada a hora marcada para o novo protesto, oh maravilha!, aos poucos foram se juntando milhares de pessoas. Rapidamente eram dez mil; daí há pouco vinte mil, trinta; cinquenta mil pessoas ou mais estavam ali em manifesto. De diferente, além da novamente surpreendente quantidade de gente com suas aparências bonitinhas, grupos de rapazes “bombados” com suas namoradinhas à tiracolo com atitudes fascistas de agressão e repúdio aos partidos e organizações políticas. Outra mudança significativa foi nos cartazes e faixas apresentando reivindicações. Se o primeiro ato continha alusões ao preço da passagem dos ônibus urbanos e similares, às quais se somavam a algumas que atingiam os governos, principalmente os ocupados pelo PaPudO; agora ganhava novos textos. Contendo agora demandas genéricas contra “a corrupção”, contra “os políticos”, contra “os governos”. Somadas, deixavam uma mensagem clara: eram contra o estado, ainda que em um país que vive o mais significativo e constante momento de normalidade democrática de sua história.

Não demorou muito e as cenas de violência e despreparo policial se repetiram. A reação às agressões da tropa dessa vez foi mais forte. Houve maiores depredações, fogo e sangue. Alguns funcionários da mídia tradicional foram feridos pelas forças do estado sem maior gravidade. Mesmo assim essa mídia culpou furiosamente os baderneiros que prejudicavam “o povo”. Novamente, todo o estardalhaço com cenas cuidadosamente editadas, apresentando à exaustão os episódios violentos. Apenas condenavam, com alguma relevância, o descabido ataque à imprensa. O ataque aos manifestantes continuou elogiado. Contraditória e curiosamente, ainda elegeram como os heróis da manifestação aqueles que, em atitude similar ao fascismo, agrediram os “políticos” que levaram bandeiras de seus partidos e movimentos. Exatamente aqueles mais exaltados, em sua maioria frequentadores de academias, com torsos exagerados e cabelos à escovinha.

Em outra frente, marcou-se para a capital do estado, que é considerado o mais conservador da nação, um novo protesto. Digo “marcou-se” porque ninguém sabe quem liderou esse movimento. E, me permitam, a partir desse momento vou passar a narrar os fatos com os olhos de quem esteve nessa cidade, na crença de que os acontecimentos dali são o exemplo dos acontecimentos nas outras cidades.

O principal grupo de articulação do protesto via facilbook intitulou-se Primavera Brasileira. Sua criadora, autonominada Maria Clara, uma figura facilbooqueana sem expressão, em reduzidíssimo tempo tinha como membros do grupo centenas de milhares de pessoas. A chamada foi atendida e, em algo próximo de três dias, aconteceu o primeiro protesto na capital do estado, a terceira mais importante do país. Algo em torno de trinta mil pessoas participou do movimento. Repetiram-se os acontecimentos ocorridos na principal cidade do país. O mesmo tipo de presença, incluindo os heróis antipartidários eleitos pela mídia tradicional e, por fim, a polícia agredindo brutalmente os manifestantes. A partir desse momento, a pauta da imprensa foi tomada pelos acontecimentos relativos às passeatas. Ênfase na violência e crítica às depredações e outros atos violentos com aprovação absoluta das ações policiais e discreta repreensão ao ataque a jornalistas.

Enquanto isso, fervilhava intensamente o facilbook. Milhões de pessoas debatiam os acontecimentos. Devido ao histórico da mídia tradicional de não publicar as informações importantes que poderiam fortalecer a esquerda ou ao governo popular, os militantes dos movimentos sociais, revolucionários, e dos partidos de esquerda, incluindo o PaPudO, utilizavam como instrumento fundamental de comunicação o facilbook. Com ele implementaram imediatamente uma rede que desmascarava e desmentia a mídia tradicional, ao mesmo tempo que discutia a realidade do movimento. Os militantes do PaPudO se dividiram entre o apoio incondicional às manifestações e um distanciamento prudente, tendo em vista serem os seus governos os alvos claros do movimento. Aqueles que apoiavam se embasavam no fato de que seria a esquerda quem deveria estar na ponta de lança dos protestos, já que as bandeiras aglutinadoras dos protestos apontavam para as propostas sempre defendidas por ela, que os golpistas apenas se aperceberam da revolta contra uma opressão antiga para tentar transformar essa revolta ancestral em movimento contra os governos populares. Entendiam que não se poderia desprezar um movimento que punha nas ruas centenas de milhares de pessoas e que já apontava para um participação de milhões que, ao contrário, deveriam estar junto ao movimento para auxiliar no apontamento de rumos corretos para ele. Os militantes que se mantinham distanciados, percebendo o claro objetivo contrário aos governos populares, diziam que participar seria como dar um golpe contra si mesmos. Vale ressaltar que nesse grupo se encontrava a quase totalidade dos detentores de mandatos legislativos, ou executivos, do partido e sua numerosa equipe majoritária no comando partidário. Os pequenos partidos de esquerda exultavam e corriam com sua hostes para tentar, se não liderar, apenas ampliar seus quadros com a inserção de alguns manifestantes. Pouco se importavam com a possibilidade de golpe contra os governos populares, nem mesmo com a perspectiva, desprezível em suas análises, de instauração de um regime de exceção no país. São tão pequenos que já quase clandestinos mesmo. E rugia e vibrava o facilbook como nunca em sua história, repercutindo, analisando e resignificando o movimento.

Enquanto isso, a segunda mais importante cidade do país fazia seu protesto. Com uma diferença: já não eram dezenas de milhares os manifestantes; eram centenas de milhares. Dois dias depois, seriam cento e cinquenta mil na terceira cidade mais importante do país. Ninguém mais poderia desconsiderá-lo; era uma questão de apoiar ou apoiar. Quem ficaria de qual lado?

Um fato, que nem de longe foi relatado pela mídia tradicional, mas que foi intensamente apresentado no facilbook, acrescentou um dado importante no entendimento do movimento, o envolvimento do estado na condução dos protestos. Um prestigiado médico, professor da mais prestigiada escola de uma das três mais importantes universidades do país, junto com sua esposa, trabalhou como voluntário para atendimentos de primeiros socorros no protesto. Aconteceu que um manifestante teve um problema mais sério, consequência de um trauma craniano, e teria que receber atendimento com suporte inexistente na zona de conflito. Desesperada, a esposa do médico tentava de todas as formas conseguir, junto à barricada de policiais, permissão para levar o ferido a um hospital; enquanto isso, seu marido prestava os socorros possíveis ao manifestante severamente machucado. Foi quando um dos manifestantes exaltados, um daqueles espadaúdos, de cabelos cortados rente, que participava ativamente das depredações com o rosto encoberto, condoeu-se da situação do ferido e apresentou-se ao médico se dizendo policial. Disse que poderia levar o rapaz para onde ele pudesse ter o atendimento devido sem ser rechaçado pela barreira policial. Ora, isso somente poderia acontecer se ele de fato fosse um policial e se mais ainda fosse reconhecido pelo comando dos policiais em conflito. Mas aconteceu que, o policial ainda travestido de manifestante radical, cruzou a linha proibida sem sofrer ataques e levou o ferido para onde pudesse ter tratamento adequado. A sensibilidade desse policial consciente dos seus deveres humanos comprovou algo inimaginável: a polícia estava participando dos protestos; não para proteger como é sua obrigação institucional, mas para depredar e incitar a violência. Na manifestação seguinte, a forma de ação explícita da polícia, que atirou bombas nos manifestantes que estavam distantes não somente da área de exclusão, como também da zona de conflito, os mais violentos de até então; garantiu a ação dos depredadores sem sequer admoestá-los, comprovando mais uma vez sua participação como produtora de vandalismos contra prédios públicos e privados. Denúncias desse mesmo tipo de ação policial ocorreram também no estado onde se iniciaram as manifestações. Estavam os dois governadores dos dois estados mais ricos, populosos e influentes do país, comandantes chefes das suas polícias; clara, objetiva e inexoravelmente implicados na ação contra as instituições em um país democrático.

Os partidos conservadores, principalmente o Partido Somos Dóceis Bonecos, o PSDBon, cujos estados onde se iniciaram os movimentos, e onde a polícia agia de forma contrária aos seus objetivos tinham governantes seus; também se esconderam, incluindo o aliado inseparável do PSDBon, o Partido Deixa Eles Mandarem, DEMO. Passava pelos seus entendimentos que, sem uma ruptura institucional, tanto o governador Beraldo Alcemim quanto o Anônimo Anestesia, governador do estado de cuja capital estamos narrando os fatos, poderiam ao final ser os grandes prejudicados. As avassaladoras quedas de prestígio e votos desses partidos poderia se intensificar.

Dizem as más línguas que os brilhantes pesquisadores da Fundação Phorda, aproveitando um descuido da segurança, viram que na sala do big boss esteve, naqueles momentos, o representante maior dos conservadores, o Conde Ferdinando H. Cordeiroso. Sabiam que era ele porque na soleira da porta fechada estava o seu par de sapatos.

Por todo o país pipocavam movimentos, em todas as grandes cidades. Já não se contavam às centenas de milhares os manifestantes, mas aos milhões. Duas greves gerais foram chamadas, mas, demonstrando um possível iminente fracasso da tentativa de desestabilização, sequer ganharam espaço nas redes sociais ou adeptos. À esquerda e à direita, muita gente assustada não atinava com uma possibilidade de ação que pudesse, sem riscos, garantir ou colocar o movimento a seu favor. Os políticos e seus bem-remunerados assessores, esses últimos na sua grande maioria excelentes babaovos, estavam desnorteados. Os líderes históricos, de expressão, sejam municipais, estaduais ou nacionais; atônitos, preferiram se eclipsar, com honrosas exceções. Sempre navegaram em águas calmas, pavões acostumados à bajulação constante, que transformavam corriqueiros atos em heroísmos de monta. Multicondecorados num sistema de autocondecoração muito bem articulado com séculos de história e eficácia sócio econômica. Como não se achar “the must”, Como não achar que sua forma de ação é sempre a melhor possível quando se vive rodeado de bajuladores em volume e status proporcional ao cargo que ocupa? Pela primeira vez eram chamados, num potente movimento popular de caráter nacional, a se posicionar; não conseguiram.

Foi quando a presidentx (assim não corro risco de contrariar ninguém), resolveu se pronunciar. Em rara cadeia nacional de comunicações, disse em tom quase de defensiva que estava ouvindo a voz do povo que gritava pelas ruas em protesto. Que iria agir para que as principais reivindicações populares fossem priorizadas. Como sempre, os meios de comunicação tradicionais questionaram o discurso da presidentx. Convocaram os mesmos direitistas de sempre para comentar o discurso, acusando-o de todas as iniquidades possíveis para ver se “colava”. Os velhos e matreiros políticos de oposição voltaram a seus insípidos debates que jamais levaram à lugar nenhum, exceto aos holofotes da grande mídia. Não se deram conta de que não eram o centro da atuação política, que esse havia se deslocado para as ruas. Não perceberam que para repercutir alguma coisa de modo significativo teriam que se posicionar no movimento e não alheios a ele. Foi quando a presidentx Douma Robustefe, três dias depois do seu pronunciamento resolveu fazer outro. Surpreendeu a todos: em lugar de dizer que ouvia a voz das ruas, adentrou o movimento e assumiu de fato suas bandeiras. A principal: aquele motivo inicial, presente em todas as almas de cada um dos manifestantes; a revolta contra quinhentos anos de opressão que se consubstancia num intrincado sistema político que garante uma eternidade de benefícios especiais aos que ocupam os cargos de direção do país; poderiam ser modificados pelo povo. Convocava-se uma constituinte para isso. A notícia caiu como uma bomba; alguém ousou colocar em risco os privilégios de uma casta intocável e fez isso aliando-se a um movimento que ninguém poderia enfrentar. E olha que a trajetória histórica pessoal da presidente sempre fora muito mais de administradora do que de política propriamente dita.

O brilhante e corajoso enfrentamento das velhas raposas das eternas oligarquias sempre no poder foi um poderoso contragolpe imediatamente percebido por elas. Como por um passe de mágica, a pauta de todos os debates nas câmaras municipais, assembleias legislativas dos estados e, principalmente, na câmara federal e senado, passaram a ter com eixo central a política trazida pelos protestos das ruas. Enfim, os políticos adentraram o movimento. De repente, mudou completamente o tratamento que a grande imprensa passou a dar aos fatos: o movimento é lindo; feios são os vândalos que o distorcem. Os chamados facilbooqueanos ficaram mais desarticulados e arrefeceram os protestos. Os pequenos partidos políticos tentam se aproveitar do recuo das ruas para manter chamas menores acesas, ampliar seus quadros e granjear algum prestígio social. Os partidos e políticos de direita tentam transformar a proposta de mudar o sistema político em algo que não permita ao povo comandar essa mudança, de forma que ao final nada mude. E o PaPudO? Vai assumir com a mesma coragem da presidentx o enfrentamento das velhas oligarquias eternamente no poder e buscar a volta do povo nas ruas, agora com objetivos concretos?

Vendo o movimento pelas perspectivas que tem hoje, podemos perceber algo impressionante. Os representantes da direita não vão mobilizar por medo de serem vencidos e não acontecer, nem uma ruptura institucional, nem um desgaste que possa influir nas próximas eleições, temerosos inclusive de terem que assumir a pauta da presidentx. Os pequenos partidos de esquerda também não vão mobilizar por medo de ter que assumir a pauta da presidentx, fugirão das grandes mobilizações e tentar recolher os frutos que sobrarão da desmobilização, em seu eterno fustigar os governo do partido popular.

Quem vai assumir estar junto daqueles milhões de cidadãos indignados que se mobilizaram por um país melhor? O partido da presidentx não vai marchar ao seu lado e trazer o povo para apoiar suas propostas? O maior movimento popular da história do país vai esvair-se em escaramuças localizadas? O sentimento de revolta contra séculos de opressão vai novamente ser confinado ao peito de cada brasileiro, mais uma vez impotente diante das forças que eternamente o oprimem? Ou a extrema direita vai apenas fazer um recuo tático e diante da inércia da esquerda esperar outro momento para então, um pouco mais organizada, dirigir a revolta represada nos corações do povo? Luz Inatia Polvo da Silva, maior líder vivo da nação, reconhecido por sua capacidade ímpar de negociação e conciliação, ainda não deu nenhuma palavra. Posso dizer que no salão envidraçado do edifício em Manhathan ainda reverberam as palavras do funcionário da Fundação Phorda: ― E no Brasil mr. Robinson, podemos fazer o mesmo? Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas e fatos reais é mera coincidência. Mesmo se retirados do texto os episódios imaginados como acontecidos nos EUA, ainda assim, qualquer semelhança com os acontecimentos aqui são mera coincidência.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O dia do Forró, Bobagem e Cerveja ou... Mulheres Contemporâneas



Gente, era chuva demais da conta!!! só foi mulher!!! Aí nós nos perguntamos: os homens são de açúcar? Não saem na chuva? Mas porque? Aí foi só conversa sobre homens, sem nem precisar de limpar o canto da boca com as mãos, as gotas foram caindo e se misturaram com a enxurrada na calçada. Eu disse NÃO!!! Não iria escrever essa crônica de jeito nenhum! Aí a nossa querida visitante, Silvana Baiana, super SBCense, se prontificou. E aí vai... obrigada Silvana, seja bem vinda ao SBC, em grande estilo:

Querida TU,

Muitíssimo obrigada pelo convite para participar desse grupo seleto de mulheres SBCences, mulheres verdadeiramente contemporâneas, que se permitem conversar, rir e brincar, principalmente rir de si mesmas, o riso libertador; e conversar sobre intimidades combatendo os medos e os preconceitos, permitindo o autoconhecimento e o crescimento.

Que bom foi o resgate de nossas leituras da época de juventude, Simone de Beauvoir, O segundo sexo, livro da década de 50, foi meu livro de cabeceira durante algum tempo, super atual, acho que deveria ser leitura imprescindível, a bíblia de todas as mulheres.  "Não se nasce mulher, torna-se mulher". Filósofa existencialista, ela se pergunta por que (ou como?) um gênero se submete a outro como as mulheres se submeteram durante séculos aos homens. E conclui que as mulheres seriam a única categoria que "se alia ao dominador" em busca das vantagens (ou ilusão de vantagens) que esta situação traz. A pessoa que abre mão do trabalho que dá a construção de uma "existência autenticamente vivida" vira escravo, se submete... É essa a idéia... Na minha cabeça a expressão "existência autenticamente vivida" ficou (e fica) como uma expressão chave, orientadora de uma ação/construção prá vida toda. E nos juntarmos, conversarmos sobre nós mesmas, sobre nos conhecer melhor, e também sobre os homens, sobre sexo... Tudo isso vem a ser o princípio da saída, do caminhar.


A sua lembrança de artigo do Contardo Calligaris (psicanalista que escreve na Folha de São Paulo, não é?) que te ajudou a distinguir o prazer e o gozo, que gênio!!! Sim, depois dos anos 50, depois da pílula, reivindicamos o gozo, o orgasmo! Até hoje, na mesa em que haviam mulheres de 20 a 60 anos, todas foram unânimes em sentir ainda na pele a "violência sutil" da "divisão" na cabeça dos homens das puras e das putas, ou seja, a "interdição ao orgasmo", mulher que gosta de sexo, que gosta de gozar estão na categoria de putas, de "comíveis". 

Agora, prazer é outra coisa, por isso se diz Relação sexual, pressupõe uma construção a dois. Vamos, homens, aprender a viver isso!!! Claro, depois que passarmos pela vivência da aceitação/aprendizagem do gozo.

Então, dizem que tem homens no SBC que se propuseram a "comer" todas as mulheres SBCenses. E dizem que elas estão fazendo uma fila, do tipo quem está pensando em comer é que está sendo comido... vamos provar, "cozido ou a vapor", como na música do Skank, banda mineira famosa na Bahia.

Aquele caso contado pela mulher de 50 e tantos anos, linda!!! As mulheres de 20 e tantos se impressionaram. Ela conta que já não era mais virgem, coisa rara para a época, e que tinha se proposto que o homem que se incomodasse com isso seria rejeitado por ela, um babaca. Pois bem, ela começou a namorar o cara e ele perguntou se ela era virgem e ela disse que não, parece que ele não acreditou, pensou que fosse brincadeira. Foram se envolvendo e o fato de transarem aconteceu de maneira natural, pouco tempo depois. Qual não foi o choque da pessoa ao perceber que era verdade que ela não era virgem! Pô, eu tinha te escolhido prá casar!!! Mas a doida, em vez de não mais o querer por isso, como tinha prometido a si mesma, jurou que era com aquele que ela ia se casar, fez uma inversão! É com este que eu caso prá mostrar que não é isso que me faz menos mulher!!! Casaram... Acho que durou uns três anos. Mas o interessante foi também a "conclusão" do homem pensando sobre o caso: É, conheço mulheres que dão qualquer buraco, a orelha, a boca, o cú, e continuam virgem... essa é a moral que queríamos (gente, esse caso aconteceu há uns trinta anos!!!), mulheres e homens, derrubar, e de alguma forma estamos conseguindo, não de maneira linear pois a história não é linear. Que bom que estamos nessa época, que podemos conversar sobre isso e cada vez mais construir uma moral mais baseada no sentido estético, orientada pelo sentido do bonito na vida, não é TU?

Agora, a parte B do encontro é de "rachar os bico", de ter dor de barriga de tanto rir. Dizem que o SBC começa com o C, depois vai pro S e depois atola do B, fica uns 80% do encontro, verdade? Não necessariamente nessa ordem rsrsrs, tem encontro que já fica no B, regado a C, e por aí vai. A teoria feminina sobre homens músicos: dizem que todos (ou quase...) são ótimos... mas tem umas particularidades: os pandeiristas, e os violonistas, são bons de mãos e dedos. Os do cavaquinho também. Já os de instrumentos de sopro são ótimos de beijar e de qualquer coisa com a boca. AFFFF... e os multiinstrumentistas??? Tem também outra teoria, semelhante àquela da nossa SBCense famosa, a Rita, em artigo já postado no blog, aquele sobre categorias de Pintos: o Uizinho, o Ui, o Uizão, e o ChalapChalap, já li e adorei. Então, também esta teoria vem a ser uma categorização (com comentários) do dito cujo: o GG, quase ninguém gosta, só eles mesmo se acham. Tem o tamanho M e o tamanho P;  e tem o PP(o Uizinho). Agora, tem também o PT (o famoso Pinto Torto) parece com o PA (Pinto Anzol), algumas mulheres adoram porque dizem que atinge o ponto G lá dentro, outras nunca encontraram esse tal ponto, outras só do lado de fora. Tem também o modelo Quiabo, o modelo Garrafa Térmica, grande e fino, escorrega. Fico imaginando teorias sobre a xoxota, afff...

Gente, mas o caso do dedão é engraçado demais, a Tu contou e disse que já insistiram prá ela escrever e que ela não conseguiu. Então, como já estamos nesse nível, não posso terminar sem deixar de tentar contar: Trata-se de uma categoria de rapazes “saradões”, dizem que não corresponde, não generalizando mas muitas vezes é PP, o uizinho. Esse cara era. Mas a moça ficou encantada com a parte de cima e foram. Beberam, fumaram, e quando foram para o vapt vupt ela constatou que a noite estaria perdida. Se ela não tivesse, pelo grau de chapação (ela acha) achado lindo o dedão do pé da pessoa! Aí ela resolveu aproveitar a noite com aquele dedão. E, segundo ela, foi ótima, a salvação. Teve dois orgasmos. E a pessoa achou bacanérrimo, ficou encantado. Gente, no outro dia ela não sabia onde punha a cara de vergonha! rsrsrs. ô dó! dizem que ela ficou tipo correndo dele por uns três meses, se encontravam no samba e ela nem chegava perto, mas depois de uns quatro meses ele conseguiu chegar perto e disse que adorou aquele noite no dedão! foi tudo! ficou encantado! kkkkkk

Tu, não consigo deixar de contar a piada sobre as mulheres, já foi contada mas vou dar a minha versão: dizem que um gênio da lâmpada foi visitar Marte, ele era muito curioso a respeito das mulheres de lá. E fez com que uma delas (ou um grupo, talvez) encontrasse uma lâmpada e a roçasse e aí ele apareceu. Mas vocês não acreditam que os três pedidos das mulheres de lá foram muito parecidos com as da terra! Primeiro pedido: que a menstruação fosse uma vez por ano. Atendido em parte, de 6 em 6 meses, pois se precisava continuar a ter filhos para perpetuação dos marcianos. Segundo pedido: gestação menor, atendido, passou-se para 4 meses. Terceiro pedido, recusado, pois se vocês, achando feio, fazem o que fazem, lambem, mordem, apertam, chupam, se fosse bonito vocês arrancariam!!!

Enfim, não fiquei conhecendo pessoalmente a ala masculina do SBC, nenhum! Mas levo prá Bahia uma ótima impressão. Devem ser lindos, deliciosos!, Tô na fila! E voltei firmemente com  a idéia de levar o SBC prá Bahia. Me aguardem...



Termino passando um trechinho do livro que estou lendo agora na praia e me lembrando de vocês,  “A disciplina do amor (fragmentos)” da grande SBCense Lygia Fagundes Telles. ... A minha tiazinha falava muito na falta que lhe fazia esse ombro amigo, apoio e diversão, envelheceu procurando um. Não achou nem o ombro nem as outras partes, o que a fez choramingar sentidamente na hora da morte, mas o que você quer, queridinha?! a gente perguntava. Está com alguma dor? Não, não era dor. Quer um padre? Não, não queria mais nenhum padre, chega de padre. Antes do último sopro, apertou desesperadamente a primeira mão ao alcance :  “É que estou morrendo e não me diverti nada!”

Então, vamos nos divertir, a vida é curta!!! Saudades, beijos...

Silvana Baiana

terça-feira, 2 de abril de 2013

Encontro Musical!!!

Queridos SBCenses
Não somos (APENAS) um bloco de carnaval!
Somos um grupo (ABERTO) de amigos, que usa a música como pretexto para nos reunir, conversar, falar bobagens, fazer novos amigos...
Porque "sem a música, a vida seria um erro", como diz Nietzsche.

Por isso nosso projeto musical continua, e nosso próximo encontro será no sábado:

Data: 13 de abril de 2013
Horário: 15 às 22 h
Local: Bar do Robinho - Praça Tejo,6 - Bairro: Padre Eustáquio 

(Também conhecida como Praça do Aeroporto Carlos Prates)
Pegue a Rua Padre Eustáquio direto e sua continuação, a Pará de Minas, siga até a feira coberta (centro cultural do Padre Eustáquio, no lado esquerdo). Tem um posto de gasolina do lado direito. Tem um sinal em frente ao posto, é só virar a direita na lateral do posto (Rua Pelotas) e subir dois quarteirões e já chegou à praça. O bar é na parte de cima da praça.

Todos estão intimados a não só comparecerem mas também convidar mais amigos e amigas e:
LEVAR (POR ESCRITO E DECORADA, VOCÊ MESMO(A) VAI INTERPRETÁ-LA! CONVIDE OUTRAS PESSOAS PARA CANTAR COM VOCÊ) SUA MÚSICA DE FESTA JUNINA E/OU SERESTA... nossos próximos projetos musicais.

ABRAÇOS A TODOS E TODAS, ATÉ LÁ!!!

Quem não for louco que atire a primeira pedra!!!

Quem não for louco que atire a primeira pedra!!! Uai, mas atirar pedra é coisa de louco!!! contradição... Só prá dizer que todos somos loucos...Como saiu no face: “Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente”. Loucos são os “espíritos livres”, humanos, demasiado humanos... No SBC só tem gente doida! Tem alguém do SBC que não é doido? Acho que não fica no SBC, não suportaria... Esse trololó todo é prá fazer uma homenagem, como sugeriu o SBCense Filipe Roger (que incluiu Oscar Wilde na Galeria SBCense)  a um super louco, mais um SBCence famoso na nossa galeria... QUEM???

Nada mais nada menos que o maior filósofo do século passado (na minha modesta opinião), Nietzche.  “Ingênuo é quem acredita na própria esperteza”... bom demais, Fil!!! Tem essa também: “Ingrato é quem não se rende aos seus/meus favores”... profundo... reflexão: quando chamamos alguém de ingrato, vejamos se seria porque queríamos a sua submissão e não a tivemos, esse alguém exerceu sua liberdade ... sacaram? Poucos de nós sacamos as conseqüências danosas nas nossas relações da reprodução de um modelo relacional autoritário/submisso, senhor/escravo, quase sempre encoberto por uma moral cristã, tipo “do bem”, purista. Nietzche revela esses “avessos” de uma forma “dura”, penso que essa característica seja uma das causas da sua má compreensão, até de distorções das suas falas.  Mas vamos a uma breve história:


Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 1844 na Alemanha. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na universidade de Basiléia. Durante dez anos desenvolveu a sua filosofia em contacto com o pensamento grego antigo. Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar de ser professor. 

Sua voz ficou inaudível. Começou uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento. Em 1882, começa a escrever o Assim Falou Zaratustra. Nietzsche não pára de escrever num ritmo crescente. Este período termina brutalmente em 1889 com uma "crise de loucura" que, durou até a sua morte, colocando-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã. Estudos recentes atribuem a sua morte um cancro do cérebro, que eventualmente pode ter origem sifilítica. Sua irmã falseou seus escritos para apoiar uma causa anti-semita. Falácia, tendo em vista a repulsa de Nietzsche ao anti-semitismo em seus escritos. O sucesso de Nietzsche, entretanto, veio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença). Morreu em 1900, com 55 anos.

Então, depois da breve história, faço a minha leitura/apresentação da pessoa a vocês, lembrando que para conhecer e fazer a sua interpretação é sempre necessário ir à fonte, ler a própria pessoa e tirar as suas conclusões (provisórias), dialogar e... crescer, filosofar... (e aproveitar de tudo para a ação: viver melhor, relacionar melhor).

Nietzche enriqueceu a filosofia moderna com meios de expressão: o aforismo (vem a ser um ditado, um provérbio, uma afirmação em poucas palavras, como as de Oscar Wilde e da Marilyn) e o poema. Isso trouxe como conseqüência uma nova concepção da filosofia e do filósofo: não se trata mais de procurar o ideal de um conhecimento verdadeiro, mas sim de interpretar e avaliar. A interpretação procuraria fixar o sentido de um fenômeno, sempre parcial e fragmentário; a avaliação tentaria determinar o valor hierárquico desses sentidos, totalizando os fragmentos, sem, no entanto, atenuar ou suprimir a pluralidade. Em outras palavras, o filósofo contemporâneo reúne as competências do artista e do médico. O médico que considera os fenômenos como sintomas e fala por aforismos; e o avaliador que seria o artista, que considera a cria perspectivas, falando pelo poema.

Para Nietzche entre os pré-socráticos (mais de 300 anos antes de Cristo!) existia unidade entre o pensamento e a vida, esta “estimulando” o pensamento, e o pensamento “afirmando” a vida. Mas o desenvolvimento da filosofia teria trazido consigo a progressiva degeneração dessa característica, e, em lugar de uma vida ativa e de um pensamento afirmativo, a filosofia ter-se-ia proposto como tarefa “julgar a vida”, opondo a ela valores pretensamente superiores, medindo-a por eles, impondo-lhe limites, condenando-a. Em lugar do filósofo crítico de todos os valores estabelecidos e criador de novos, surgiu o filósofo metafísico. Essa degeneração, afirma Nietzche, apareceu claramente com Sócrates, que “inventou” a metafísica, diz Nietzche, fazendo da vida aquilo que deve ser julgado, medido, limitado, em nome de valores “superiores” como o Divino, o Verdadeiro, o Belo, o Bom. Balelas... Nietzche combateu a metafísica. Para ele o homem está destinado à multiplicidade, e a única coisa permitida é sua interpretação.

A crítica nietzschiana à metafísica tem um sentido ontológico e um sentido moral: o combate à teoria das idéias socrático-platônicas é, ao mesmo tempo, uma luta acirrada contra o cristianismo. E “A Genealogia da Moral”, onde ele faz essa crítica, é o seu melhor livro, em minha opinião.

Nietzche propôs a si mesmo a tarefa de recuperar a vida e transmutar todos os valores do cristianismo. Ele recupera, por exemplo, um significado esquecido da palavra “bom”. Em latim, bonus  significa também o “guerreiro”, significado este que foi sepultado pelo cristianismo. Outros significados precisam ser recuperados e com isso se poderia constituir uma genealogia da moral que explicaria as etapas das noções de “bem” e de “mal”. Para Nietzche essas etapas são o ressentimento (“é tua culpa se sou fraco e infeliz”); a consciência da culpa (momento em que as formas negativas se interiorizam, dizem-se culpadas e voltam-se contra si mesmos); e o ideal ascético (momento de sublimação do sofrimento e de negação da vida). A partir daí a vontade de potência torna-se vontade de nada e a vida transforma-se em fraqueza e mutilação, triunfando o negativo e a reação contra a ação.

Quando esse niilismo triunfa a vontade de potência deixa de querer significar “criar” para querer dizer “dominar”; essa é a mentira como o escravo a concebe. Assim, na fórmula “tu és mau, logo eu sou bom”, Nietzche vê o triunfo da moral dos fracos que negam a vida, que negam a “afirmação”; neles tudo é invertido: os fracos passam a se chamar fortes, a baixeza transforma-se em nobreza. Impotência vira bondade, baixeza se chama humildade, submissão forçada vira obediência. A covardia, que está sempre à porta do fraco, toma aqui um nome muito sonoro e chama-se “paciência”. Não se poder vingar chama-se “não querer vingar-se” e às vezes se chama “perdão das ofensas”.

Entenderam? Pensaram isso na vida? Prá mim Nietzche ensinou muitas coisas prá vida, dentre elas o medo que tenho de gente boa, que não tem raiva de nada, os puristas. Também me ensinou a pensar bem quando alguém me chama de egoísta, geralmente as pessoas mais próximas: não estaria essa pessoa justamente querendo me puxar o tapete, me submeter, me tirar do meu rumo que talvez não esteja sendo interessante prá ela?

Agora, quando li pela primeira vez a Genealogia da Moral, me dei ao luxo de fazer uma reinterpretação do prefácio. Quando o prefácio de um livro é bem escrito você já encontra no mesmo a pergunta, a perplexidade, a interrogação do autor, ou seja, o que o levou a escrevê-lo e como. Ele conta que desde que se conhece por gente já se perguntava sobre a origem, de onde vem isso que aprendemos sobre “bem” e “mal”. E aí fui lendo cada parágrafo e percebi que cada um deles poderia ser reinterpretado como ETAPAS PARA O CONHECIMENTO E O AUTO CONHECIMENTO, serve prá vida, tudo... aí está:

1. DESCONHECEMO-NOS: É claro: pois se nunca nos procuramos, como havíamo-nos de nos encontrar? Mas assim como uma pessoa distraída acorda sobressaltado, quando o despertador dá a hora, assim nós, depois dos acontecimentos, perguntamos entre admirados e surpresos : “O que há? O que somos nós?’ é que somos fatalmente estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos, “não há ninguém que não seja estranho a si mesmo”; nem a respeito de nós mesmos “procuramos o conhecimento”.

2. AUTO-ENGANO E ACASO: a segurança de que (as minhas idéias) não nasceram ao acaso, esporadicamente, mas que brotaram de um tronco comum, de uma fundamental vontade de conhecimento. É este o único modo de pensar digno de um filósofo. Não temos direito a viver isolados. Não nos é permitido enganar-nos nem encontrar a verdade por acaso. Antes, assim como é necessário que uma árvore dê frutos, assim nós frutificamos idéias.

3. CALAR PERGUNTAS:  ... a minha curiosidade e as minhas suspeitas sobre a origem das nossas idéias do bem e do mal ... Encontrei várias respostas: especializei o meu problema; a pouco e pouco as respostas foram-se transformando em novas perguntas,  até que, por fim, conquistei uma região própria, todo um mundo ignorado em, plena florescência e crescimento, semelhante a um secreto jardim cuja existência ninguém suspeitara ... Felizes somos os que procuramos o conhecimento, quando o sabemos calar por algum tempo! ...

4. O VALOR DA CONTRADIÇÃO: O estímulo que me moveu a publicar meu livro foi a leitura de um outro... de hipóteses genealógicas “invertidas”. Este livro atraiu-me com aquela força que possui tudo quanto nos contradiz, tudo o que nos é antípoda.  Talvez nunca tivesse lido coisa que despertasse a minha contradição com tanta energia, frase por frase, tese por tese, sem amarguras, sem impaciência. Na obra já mencionada, e que então eu estava preparando, aludo às teses deste livro, não para refutá-las - porque, que tenho eu que ver com as refutações? - senão, o que convém a um espírito positivo, para substituir o verossímil pelo inverossímil, e talvez um erro por outro erro.

5. CRÍTICA AOS VALORES: surgia em mim uma desconfiança cada vez mais profunda. Compreendia que esta moral de compaixão, era o sintoma mais perigoso da nossa civilização... até os dias de hoje estiveram de acordo os filósofos no valor negativo da piedade. Necessitamos uma crítica dos valores morais, e antes de tudo deve discutir-se o  VALOR destes valores: atribuía-se ao bem um valor superior ao valor do mal, ao valor do progresso, da utilidade, do desenvolvimento humano. E porque? Não poderia ser verdade o contrário? Não poderia haver no homem “bom” um sintoma de retrocesso, um perigo, uma sedução, um veneno?

6. COLABORADORES E HISTÓRIA: depois que se abriu ante os meus olhos esta perspectiva, procurei colaboradores eruditos, audazes e laboriosos, e ainda os procuro.

7. CAPACIDADE DE RUMINAR:            se alguns acharem incompreensível este livro, se o seu ouvido for tardio para lhes perceber o sentido, a culpa não é minha. O que digo é bastante claro ... Verdade seja que, para elevar assim a leitura à dignidade de “arte” é necessário, antes de mais nada, possuir uma faculdade hoje muito esquecida, uma faculdade que exige qualidades bovinas, e não as de um homem fim-de-século. Falo da faculdade de ruminar.

Para terminar, alguns aforismos dessa grande pessoa, sobre música, amigos, mulheres, sobre verdades e certezas. Grande SBCence que contribui para vivermos melhor, com mais arte. Sem comentários, as frases já dizem tudo!

“Sem a música, a vida seria um erro”.
“E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música”.
“As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física”.
“Éramos amigos e agora somos estranhos um ao outro. Mas não importa que assim o seja: não procuremos escondê-lo ou calá-lo como se isso nos desse razão para nos envergonhar. Somos dois navios cada um dos quais com o seu objetivo e a sua rota particular”.
“Só o que se transforma continua meu amigo”.
“Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia”.
“A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez”.
“As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.
“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.
“A objeção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia”.
“Os grandes intelectuais são céticos”.
“Não nos deixaríamos queimar por nossas opiniões, não estamos tão seguros delas. Mas, talvez, por podermos ter nossas opiniões e podermos mudá-las”.
“Temos que aprender a desaprender, para afinal, talvez muito tarde, alcançar ainda mais: mudar de sentir”.
“O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte”.
“Certos pavões escondem de todos os olhos a sua cauda - chamando a isso o seu orgulho”.
“A vontade de superar um afeto não é, em última análise, senão vontade de um outro ou de vários outros afetos”.
“Culpamos as pessoas das quais não gostamos pelas gentilezas que nos demonstram”.
E, por fim: “Torna-te aquilo que és”.
Algumas frases me lembram Caetano (“ou não...”), outras Guimarães Rosa, ambos devem ter ido à fonte desse mestre. Acho que vou partir do “Torna-se aquilo que és” para refletir sobre autenticidade.
Esta é a minha leitura da pessoa... quem quiser que faça a sua, será bem vinda...

Beijos a todos e todas

TU

segunda-feira, 25 de março de 2013

Relatório: Audiência Pública na Câmara Municial sobre o Carnaval 2014


Amigos e Amigas,

Estive ontem na Audiência Pública na Câmara Municial sobre o Carnaval 2014, e encaminho a vocês um breve relatório da mesma:

Presidida pelo Vereador Pedro Patrus, a audiência teve início às 13:30 hs do dia 20 de abril de 2013, com o propósito de avaliar o carnaval de 2013 e dar início ao planejamento para 2014. Depois de composta a mesa e a fala de alguns vereadores, a pessoa convidada a falar foi o Rafa (Rafael Barros <rafamiragem@yahoo.com.br>), que leu um documento elaborado em conjunto, conforme decisão em reunião anterior.

Tal reunião aconteceu no dia 13/10 no Centro Cultural da UFMG, quando estiveram presentes o Felipe Fil e a Rosália, representando o SBC - nessa reunião também ficou decidido cada bloco levar um relatório/reivindicação direcionado à Belotur, com as considerações de seu bloco a respeito do desfile deste ano 2013, o que funcionou e o que não funcionou para ser anexado a um dossiê dos blocos de rua e ser entregue na audiência. O SBC (Felipe Fil e Santuza) elaborou tal documento, dizendo da falta de articulação entre Belotur, PM, BH Trans e SLU que tinha sido prometida pela Belotur, porém isso não aconteceu, repercutindo na ausência da PM, Belotur, SLU e tudo mais, somente os banheiros químicos foram instalados, mesmo assim fora do lugar combinado.

Voltando à Audiência, no documento lido pelo Rafa : O carnaval, a revolução, a festa destacamos:

... Importante destacar que as orientações da Belotur de enquadramento dos blocos de rua nos dispositivos da LEI Nº 10.277, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011 e do DECRETO Nº 14.589, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011, que a regulamenta, nos parece equivocado uma vez que estes instrumentos normativos dispõe exclusivamente sobre manifestação artística e cultural e não sobre a manifestação popular impondo, ainda, limites que extrapolam o estabelecido na Constituição Federal como horário e tempo de duração.   
...Nesse sentido a infra-estrutura básica para efetivação dos blocos de ruas tais como segurança, apoio logístico, limpeza urbana e equipamentos sanitários, bem como transporte público para a população durante o período da festa, são fundamentais e devem ser concedidos de maneira oficial e garantindo-se uma comunicação orgânica entre as diversas esferas do poder público.
...Nessa direção é fundamental que operemos duas transformações estruturais. A primeira aponta para uma mudança de vinculação institucional do carnaval, ele deve se deslocar da Belotur para os braços da Fundação Municipal de Cultura, órgão gestor da política cultural do município. A segunda diz respeito a um acompanhamento do carnaval de forma continua e não pontual.
(quem se interessar pelo documento completo é só nos solicitar, vale a pena ser lido integralmente).
Após a leitura, o Rafa citou todos os blocos que assinaram tal documento, perfazendo um total de 48 blocos (inclusive o SBC).

O vereador Gilson Reis iniciou a sua fala citando a música "Não põe corda no meu bloco..." e falou do modelo de Recife e Olinda para o carnaval de Belo Horizonte.

Algumas outras pessoas foram convidadas a falar, uma delas fez o trocadilho: "o carnaval é um fardo para o governo... ou ... o governo é um fardo para o carnaval?", outra pessoa citou as verbas prometidas e tiradas há 4(quatro) dias do carnaval, o que arrasou com blocos caricatos e Escolas de Samba.

Aí chegou a vez da Escola de Samba Cidade Jardim, que estava representada pela sua Vice Presidente. Ela falou pouco e concluiu que não deseja o estigma de Escolas: brigões, assim como o outro de Blocos: arruaçeiros. Em seguida convidou o Diretor Cultural da Cidade Jardim, que começou seu discurso falando da questão da relação cultural entre Poder e Povo, que não foi resolvida desde a ditadura. E que é de suma importância se discutir sobre o papel do Poder Público, que precisa entrar em relação com a cultura popular. Qual seja, a relação de um ouvir o outro.

Aí foi a vez do representante da Belotur, Sr Gelton. Ele começou citando o Vereador Gilson (que falou sobre a superação de trincheiras) e dizendo que ... "não há trincheiras quando o lado é um só". Citou também Marilena Chauí, quando ela diz sobre participação e co-responsabilização, e até contou um caso interessante sobre a confusão do cidadão entre o público/privado, um caso de um roubo de flores na Praça da Liberdade, em que a pessoa que "roubou" disse... "é de todo mundo, posso levar prá casa".
Mas aí começaram as manifestações, principalmente de representantes da Cidade Jardim, que estavam indignados por causa da desclassificação (que foi feita pelo Sr. Gelton), afirmando a sua prepotência e exigindo desculpas. Após intervenção do Vereador Pedro Patrus, o Sr Gelton explicou : foi construido regulamento de forma compartilhada (com escolas e blocos) - de novo várias manifestações: isso era mentira, não foram convidados... Sr. Gelton continua: item do regulamento não cumprido (atraso de dois carros, da Cidade Jardim), no caso a desclassificação foi justa com os outros blocos e escolas. ...
Continuando a fala: ele reforça a idéia do Ver. Gilson de aprender com o modelo de Recife e Olinda. Fala da estigmatização da palavra burocracia e sugere ... onde se lê burocracia, pode ser planejamento. Fala da Praça Santa Tereza, de lixeiras usadas como mesa, da decisão do povo de descer para a Praça do Cardoso... algumas pessoas manifestaram nesse ponto: na quarta feira, tinha jogo do galo, aí a praça estava cheia de banheiros!
O representante da Belotur falou também que não pode responder por outras instituições que não cumpriram a promessa de verbas; assim como de iniciativas, diante de recursos limitados,  de buscar parcerias, como uma com o Sebrae, que pretende desenvolver a capacitação em empreendedorismo e em captação de recursos e outros assuntos pertinentes, para o pessoal de Escolas de Samba, Blocos Caricatos, e também os blocos de rua serão convidados.
Enfim, quando o representante da Belotur falou em seguir regulamento houve outra manifestação: seguir regulamento sim, interpretar regulamento de uma forma unilateral é que é o problema... Todo monopólio é pernicioso, se afirmou entre as pessoas presentes. E quando o Sr Gelton falou em terminar e se despedir pois tinha outro compromisso, ele foi contestado por todos os presentes, inclusive pelo Vereador Pedro Patrus, o sentimento manifestado foi de desrespeito. Ela saiu e deixou um representante.

A audiência continuou, agora com a fala do representante da PM, Cap. Gibran, cpc-p3@pmmg.gov.br,  que sugeriu reuniões mensais e que afirmou que ..."queremos, exigimos, ser envolvidos no carnaval de 2014". Um dos presentes denunciou a violência da polícia contrapondo a ausência de ocorrência de qualquer tipo de problema entre os foliões e citou o caso do seu instrumento ter sido quebrado pelo cassetete de um policial. O capitão respondeu esclarecendo não ser essa a conduta que se recomenda entre eles. Foi sugerido um treinamento específico para a atuação nesse tipo de evento. Sobre a questão de ultrapassar horário, ele citou a frase “a flexibilidade faz parte de uma negociação firme".

Uma representante da Associação do Bairro Santa Tereza se manifestou e reclamou veementemente o fato de tanto esta Associação como nenhuma outra não terem sido convidadas para essa audiência, assim ela foi convidada para compor a mesa. O Santa Tereza recebeu mais de 20.000 pessoas no carnaval e é considerado o palco do mesmo, assim, a Associação quer participar de todo o processo.

O Mestre Conga, importante representante do carnaval em Belo Horizonte há muitos anos,  foi convidado a falar e reivindicou a volta dos CDs gravados com antecedência, a volta dos concursos de Cidadão samba e Rainha do Samba, a escola de samba funcionar o ano inteiro e o preenchimento na Praça da Estação da terça feira de carnaval.

A Secretária de Planejamento lembrou do Plano de Ações Governamentais que, estando agora na época da realização do mesmo, a ações têm que ser previstas.

A fala da representante da BHTrans (deusuite@pbh.gov.br): "via pública é lugar onde as pessoas exercem cicadania", ressaltou "todas as pessoas"... e o papel da BHTrans é o de conciliar interesses... em princípio, as vias não são feitas para carros... recomendou o Programa "A Rua é nossa" nos domingos, por exemplo, a Av Bandeirantes, que fecha o trânsito todo domingo para atividades de participação do cidadão, entre outras. Ressaltou que o planejamento tem que ser feito junto com a população e que fizeram o que puderam no carnaval, diante do encaminhamento a respeito dos blocos feito pela Belotur.

Em seguida o Sr Tiago Araujo, representante do Conselho Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura iniciou a sua fala. Nessa hora o Ver. Pedro Patrus avisou que estavam faltando 10 minutos para terminar a audiência e que talvez houvesse uma continuidade de maneira informal. Infelizmente tive que sair, pelo avançado da hora, e não pude ver o encerramento do evento.

Contamos com toda a diretoria do SBC para acompanhar e compartilhar com toda a diretoria todas as reuniões que acontecerem daqui para frente, pois consideramos de suma importância a participação do SBC no planejamento do nosso próximo carnaval.

Obrigada a todos.

Santuza