quarta-feira, 27 de abril de 2022

SBC Cinema: DRIVE MY CAR ou DORAIBU MAI KÃ

 

Entre tantos temas trabalhados nesse filme, um deles é o "poder das amizades". Como o SBC valoriza este nível de relação! E como nossa sociedade tende a desvalorizar! 

De certo a questão não é "como" e sim "porquê", ou a propósito de que, nossa sociedade não nos ensina este valor. E nós, do SBC, já esboçamos uma resposta possível: pois são as relações mais profícuas, de mais crescimento mútuo, mais bonitas até... portanto, são 'libertadoras'  as relações de amizades, como disse nosso SBCense Luiz.

Temos muitos "Luizes" no SBC, assim como muitas "Marias José"... e foi a Zeza que nos mandou um comentário  sobre o Drive my Car, filme de 2021, super recomendando o mesmo. Oscar de melhor filme internacional, Direção Ryūsuke Hamaguchi,  cineasta e roteirista japonês já vencedor de Festival em Berlim por outros trabalhos. E, além da Zeza, fomos a Maju e a Maizé... e, depois do filme, claro que conversamos, refletimos e crescemos com o mesmo.

Trata-se de uma adaptação do primeiro conto "Drine my car",  deste livro: "Homens sem mulheres", do escritor japonês Haruki Murakami. São sete contos, todos eles retratando o isolamento e a solidão que permeiam as relações amorosas. 
As duas personagens principais tem o mesmo nome no conto e no livro: Kafuku, ator e diretor  de teatro e Misaki, a jovem motorista designada para dirigir seu carro. E o "sentido" da amizade para a vida ocorre entre essas duas pessoas.
No entanto, o conto acontece em Tóquio, enquanto que o filme se passa em Hiroshima, pelo menos grande parte dele. E mostra uma Hiroshima reconstruída, bastante moderna. 
A "sintonia" entre diretor do filme e autor do livro é explêndida. Hamaguchi e seu colega de roteiro Takamasa Oe amarram  personagens de outros contos do mesmo livro, de forma a enriquecer por demais a história. 



      Cena do primeiro ato, Tio Vânia, Teatro de Arte de Moscou, 1889                             

A trama desse filme, com  duração de três horas (que passam despercebidas),  gira em torno de Kafuku, um diretor de teatro que, após dois anos, continua enlutado por sua esposa. Quase uma hora depois de cenas que mostram o casal, que mora em Tóquio, é que o filme "começa" com Kafuku  partindo para Hiroshima, para produzir uma nova versão da peça Tio Vânia, de Anton Tchekhov (1860-1904). Lá, ele descobre que a produção designou uma motorista para ele, Misaki, uma jovem calada que passa a lhe fazer companhia.


Maju faz um resumo do filme: Kafuku (Hidetoshi Nishijima), o viúvo de meia idade, pode parecer estar se movendo pela vida, mas ele não está realmente. É um ator aclamado e proponente de um estilo inovador de teatro, em que nem todos os atores falam a mesma língua: o diálogo é projetado, traduzido em vários idiomas, acima do palco. A esposa de Kafuku, Oto (Reika Kirishima), escritora de televisão, está morta há dois anos: nós a conhecemos nas cenas de abertura do filme. Eles perderam um filho. Oto foi infiel. Mas fica claro que sua morte repentina afetou Kafuku de maneiras que ele não contava.

Maizé lembra um comentário sobre o filme: ... os humanos precisam estar perto de outros humanos. Isso soa uma trivialidade que todos aceitamos sem questionar. A verdade é que a verdadeira proximidade vai muito além da apreciação – ou adoração – por outra pessoa. Exige uma fortaleza que é quase de aço, uma abertura ao auto exame que pode ser tão doloroso quanto edificante. ... o filme é terno como uma tempestade. Somente depois que você dá tempo para que suas ideias se estabeleçam, sua imagem completa se torna clara. É o tipo de filme que faz tudo parecer limpo, um empurrãozinho de encorajamento sugerindo que não importa o quão cansado você se sinta, você pode seguir em frente no mundo.

..."Drive My Car é uma história de perda e perdão. Não apenas o ato de perdoar outra pessoa, mas também de perdoar a si mesmo. Um diálogo de arrependimentos e saudades e da importância de capturar a alegria fugaz da vida enquanto a vivemos - para encontrar um ponto de apoio".

"SE QUISERMOS REALMENTE VER A OUTRA PESSOA, NÃO TEMOS OUTRA OPÇÃO A NÃO SER VERMOS COMPLETA E PROFUNDAMENTE A NÓS MESMOS", trecho do conto e fala do filme, que nos diz sobre a importância do auto conhecimento.

'Viver é contar uma história', acrescenta Maizé ... vários filmes nos dizem isso, Bacurau por exemplo. Mais ainda, é contar uma história em cima de todas as histórias que já vieram antes da nossa. Drive My Car diz ainda maisapresenta a destreza de quem olha para o mundo e ousa pensar de forma mais humana sobre ele. "É impossível fingir que tudo é uma história - o rosto feio de uma realidade indomável, com seus finais não-finais insatisfatórios e suas impossibilidades de reversão, se intromete frequentemente demais no caminho dos protagonistas".  É um clichê ainda mais antigo dizer que histórias salvam vidas, mas o filme nos apresenta essa tese de uma maneira apaixonada e coloca em cena personagens que a provam. 

A visão de mortalidade, perseverança, redenção e eventual reencontro do bom e velho Tchekhov de Tio Vânia  se entrelaça com as relações que Kafuku desenvolve durante o período de ensaio da peça, principalmente  com a atriz surda Lee Yoo-na (Park Yu-rim), a única sul-coreana no elenco da peça, que encontra uma possibilidade de comunicação inédita ao se arriscar nos palcos. Foi o que mais afetou nossa SBCense Maju. 
Assim como o uso de diversas línguas diferentes no filme – que vão de o japonês até a língua coreana de sinais – enfatiza que a comunicação não tem barreiras. O filme nos mostra que, independente da forma como nos comunicamos, sempre podemos achar alguém capaz de nos entender e nos ouvir.


Luto e a solidão são dois sentimentos complexos dos seres humanos explorados de maneira explêndida em Drive my car. Na história, quando Oto morre repentinamente, Kafuku é deixado com muitas perguntas, sem respostas, de seu relacionamento com ela. E arrependimento de nunca ter conseguido compreendê-la completamente. E, dois anos depois, ele desenvolve, progressivamente,  uma relação muito especial com a motorista Misaki, quando os dois, aos poucos,  constroem a oportunidade de colocar suas dores e emoções reprimidas. Assim, o roteiro, muito bem escrito, tem como objetivo a construção dessa história de perdas e dores internalizadas nesses dois personagens principais, o artista e produtor e a motorista.

Todos os personagens do filme estrelam momentos em que desenrolam as trajetórias trágicas que os levaram até o lugar onde os conhecemos. No entanto, reflete Maju, a insistência em desvendar o passado de seus personagens serve principalmente para mostrar o que eles fazem com esse passado. Há a ficção de Tio Vania, mas também a ficção do laço paternal que Kafuku constrói com Misaki (sua filha que morreu ainda bebê teria a mesma idade dela), do perdão que eles oferecem um ao outro. Ficções que dão forças para essas pessoas seguirem adiante, encarando não só o trauma da realidade já consumada, como também a incerteza do que se coloca adiante delas e que se arrasta por baixo dos carros onde passam parte tão grande de suas vidas. 


O filme também nos faz refletir sobre auto aceitação. Drive My Car usa o tempo ao seu favor para refletir sobre isso. Certamente não agradará a todas e todos, principalmente àquelas pessoas que desejam levar a vida na superficialidade e na "rapidez". Pois para se aceitar, se compreender, é preciso coragem, como dizia nosso Guimarães Rosa. E, para além disso, compreender até um ponto, pois, nos valendo da nossa Clarisse Lispector, "a vida ultrapassa qualquer compreensão". Na verdade a sabedoria seria sempre buscar a compreensão... e, sempre também, nos aceitar e aceitar x outrx para além de qualquer compreensão... difícil esse exercício, porém, necessário fazê-lo diariamente e em todos os níveis de relação.

E sobre como vivenciamos nossas tristezas. Muito bem nos lembrou uma das Marias:                   

"Um livro muito importante na minha vida é o Cartas a um jovem poeta, principalmente a carta sobre a tristeza. Pois o autor nos diz que a tristeza é reveladora, que não devemos fugir dela, ela nos conta sobre nós...

No entanto, como nosso mundo nos ensina a temer a tristeza, a fugir dela! E nos oferece sempre as táticas de fuga (álcool, drogas, principalmente as lícitas, os remédios, a alienação, entre outras).

E, por outro lado, ao mergulharmos na nossa tristeza, é que nos conhecemos, é que nos descobrimos, nos perdoamos, nos redimimos... e seguimos em frente.

E eu fiquei muito feliz de ter tido oportunidade de dizer isso ao meu neto,  agora com 10 anos, qdo ele me revelou: Vó, tô muito triste! e eu disse: Vamos, querido, como Dante na Divina Comédia, descer aos "infernos" e nos descobrir...


O livro ‘Cartas a um jovem poeta’ é constituído por 10 cartas trocadas entre o jovem poeta Franz Kappus e Rainer Maria Rilke. Rilke certamente foi um dos maiores poetas dos últimos séculos. Valeu a pena lermos alguns trechos dessa oitava carta, escrita em 1904, há mais de um século...  e uma lição de vida super atual que se parece com o nosso filme:

"... Assim, não é preciso se assustar, meu caro Kappus, quando uma tristeza se ergue à sua frente, tão grande como o senhor nunca viu; quando uma inquietação passa por sobre as suas mãos e perpassa todas as suas ações, como a luz e as sombras das nuvens. É preciso pensar que acontece algo com o senhor, que a vida não o esqueceu, que ela segura sua mão e não o deixará cair. Por que o senhor pretende excluir de sua vida qualquer inquietude, qualquer dor, qualquer melancolia, sem saber o que essas circunstâncias realizam? Por que perseguir a si mesmo com estas perguntas: de onde pode vir tudo isso e para onde vai? No entanto, o senhor sabe que está em meio a transições e não desejaria nada mais do que se transformar.

... Se algum dos seus procedimentos for doentio, considere que a doença é um meio com o qual o organismo se liberta de corpos estranhos; por isso é apenas preciso ajudá-lo a estar doente, a assumir e ter sua doença por completo, pois é esse o seu curso natural... É preciso ter paciência como um doente e ter confiança como um convalescente, pois talvez o senhor seja ambas as coisas. Mais ainda: o senhor também é o médico que tem de tratar de si mesmo. Mas em toda doença há muitos dias em que o médico não pode fazer nada além de esperar. E é isso, mais do que qualquer outra coisa, que o senhor, por ser seu próprio médico, precisa fazer agora.

... Não se observe demais. Não tire conclusões demasiado apressadas daquilo que lhe acontece; deixe simplesmente as coisas acontecerem. Senão facilmente chegará a considerar com censuras (morais) o seu passado, que naturalmente tem participação em tudo aquilo com que o senhor se depara agora. Mas, dos erros, desejos e nostalgias de seu tempo de menino, o que atua agora em sua pessoa não é o que o senhor tem na memória e reprova."  

Voltando ao Drive my car, a Zeza fez um resumo de uma das críticas que leu: "...o filme se torna uma espécie de road-movie, onde a verdadeira viagem é para dentro de nós mesmos e nossos sentimentos. Neste quesito, é significativo que o maior catalisador emocional para Kafuku refletir sobre sua vida acabe se tornando justamente Misaki, quando eles progressivamente  compartilham suas histórias, dores e arrependimentos, encontrando o afeto e redenção um no outro. Kafuku, o protagonista, estava tão apegado ao seu passado, que até mesmo conduzir seu carro era de fundamental importância, mas quando ele consegue confrontar e se libertar disso, finalmente encontra sua paz interior".                                                                                                                                                                                         No final das contas, disse outra das Marias, Kafuku  se voltou para a arte para esquecer seus arrependimentos e dores, e foi ela quem o ajudou a conseguir mergulhar em si mesmo para descobrir sua redenção e recomeço.  "Vamos olhar para trás em nossa dor. E finalmente, descansaremos". 

"A arte salva"... é um lembrete mais que oportuno que o filme nos coloca.

Enfim, é um filme sobre luto, mas também sobre redenção. Fala sobre pessoas perdidas e pessoas que se descobrem no vazio umas das outras. Fala sobre se perder em si próprio. E duas cenas específicas, uma conversa com Misaki, a motorista, e uma cena de encerramento da peça de teatro, são poderosíssimas: tudo que tinha sido represado de emoção até então, é libertado em um turbilhão de força, de potência.

Afinal, é preciso destruir para reconstruir. Se perder para se reencontrar. E esse filme, uma obra prima, nos mostra como conduzir isso, no mais profundo sentido SBCense de vida... aliado ainda com bela fotografia e trilha sonora ... mostrando o que há de mais terno, sensível e complexo em um ser humano. 

Por fim uma observação: as Marias e os Luizes são reais... porém, o relato é fictício, como se diz no SBC, uma "licença poética"...


Abraços carinhosos a todas, todos e todes... e nos mandem suas apreciações sobre o filme... e sobre a vida... 


Santuza TU



   

 

quarta-feira, 20 de abril de 2022

A ARTE DOS BONS ENCONTROS II: SEMANA SANTA EM OURO PRETO

Angel, Rochelle, Flor e Bela... amigas de infância... portanto, tem um bom tempo...


 




E esta é a CASA DA ÁRVORE, em Ouro Preto, Chalé no Morro de São Sebastião, inaugurado pelas amigas no feriado da Semana Santa: uma aventura inusitada que precisa ser descrita. Numa ordem de lembranças boas, não na ordem dos acontecimentos:






1. Visita ao novo museu de Ouro Preto, MUSEU BOULIEU, do lado da Santa Casa, desativada há muito tempo: Museu de Arte Barroca, doações do casal Maria Helena e Jacques Boulieu, os dois agora velhinhos, mais de 90 anos, ela trabalhou com Getúlio Vargas, Juscelino foi o padrinho de casamento do casal, ele Francês que veio para o Rio e depois para Ouro Preto. 

Ângelo Oswaldo, curador artístico, diz que o acervo constitutivo do museu reúne elementos representativos da diáspora do barroco. Peças dos países hispano-americanos, da Índia e das Filipinas dão testemunho da irradiação do barroco pelo mundo. Do Brasil, a coleção ostenta importantes itens das regiões em que o barroco mais fortemente marcou a vida da sociedade, como o Nordeste do ciclo da cana-de-açúcar e as Minas Gerais do ciclo do outro e do diamante. Formas eruditas e populares aumentaram o interesse do repertório, porque demonstram a verticalidade do barroco na cultura dos países em que ocorreu, como traço característico que permanece vivo e exerce papel definidor na expressão artística e na sensibilidade sócio cultural de milhões de seres humanos. Daí por que os modernistas brasileiros da década de 1920  viram no barroco a primeira arte do Brasil e o ponto de referencia para a criação de uma verdadeira arte brasileira no século 20. Os cubanos José Lezama Lima e Alejo  Carpentier e o mexicano Carlos Fuentes veem no barroco a chave do enigma cultural latino-americano. E daí que nós, do SBC, confirmamos o "movimento antropofágico" como fundamental para a construção da nossa identidade: "Europa colonizadora! nós já existíamos! E nós te engolimos e te vomitamos ao nosso modo, do nosso jeito, construindo a nossa identidade!".  Ficamos sabendo, depois da visita, que o museu está em situação irregular, ainda não registrado no COREM - Conselho Regional de Museologia 2a Região e ainda não possui um Museólogo Responsável Técnico. O museu tem o prazo de 30 dias para regularizar essa situação. Esperamos que se regularize.

2. Visita à querida Lu, Queijaria Tesouros da Canastra, no princípio da Avenida Getúlio Vargas, centro de Ouro Preto. Luciana Capute, grande amiga. Lá a gente se sente super bem acolhida,  sentamos, tomamos vinho, comemos uma tábua de queijos deliciosos e conversamos até "espumar o canto da boca", como diz outra grande amiga. E, claro, vamos embora já com uma amiga do coração em Ouro Preto. 

3. A Cabra: capítulo a parte, esse caso da cabra é hilário! béeeeee.... Grande Seu Duca, João de Barro Construtora, a melhor de Ouro Preto e região. A equipe trabalha feliz, rindo e conversando, quase sempre terminando os trabalhos com um belo churrasco e uma cerva. Pois bem, naquele dia as quatro amigas chegaram e deram de cara com a cabra. A equipe tinha ganho essa cabra, tem gente que adorou "a pessoa", pois ela, quando está solta, vira um cachorro, vai seguindo as pessoas... béeeeee... e,  no caso, a cabra era sempre respondida: béeeeee! Pois no outro dia as quatro amigas se viram sem a chave do portão de entrada, a mesma foi deixada na quina da árvore e elas não encontraram. Então resolveram sair por uma 'subidona' inclinada de terra que termina com uma cerca de arame. Foi uma luta... subiram, uma de quatro, a outra com um cajado e assim por diante... e quando chegaram na cerca passaram por debaixo do arame... quando a última chegou, só abriu a cerca, passou e fechou...  Óbvio!!!

 E nisso a cabra atrás das quatro, não voltava de jeito nenhum... foi uma luta botar essa cabra pra dentro do lote de novo. Por falar em lote, a Construtora João de Barro está construindo os outros dois chalés no mesmo, o Chalé do Sol e o da Lua, lindíssimos! Teremos uma grande inauguração, SBCenses todxs convidadíssimos.

E a Bandida e o Maluco são os dois cachorros que tomam conta do lote e da Casa da Árvore. São super cordiais, receptivos, acolheram a Cabra e ajudaram a botar ela pra dentro. À noite eles ficam na porta do Chalé. E, de vez em quanto, ouvindo ou cheirando algo suspeito, eles latem...

Acima a entrada principal, onde 'perdemos' a chave...

4. A procissão: bem, quase tudo que elas combinavam saia de outro jeito. Era o combinado de ir na confecção dos tapetes na rua... não foram... era o combinado a procissão de domingo... todas dormindo, quando chegaram não tinha mais nem tapetes, já limpam tudo logo após a procissão. Mas teve uma procissão, não se lembram qual noite pois estavam no Satélite, famoso "butecão" da rua direita, uma pizza delícia, umas cervas e algumas doses da deliciosa cachaça de Salinas. Encharcaram... engraçado esse negócio de dizer que tal cerveja dá dor de barriga, a outra dá ressaca, "só bebo essa"... nunca a referência é à quantidade da mesma...

Quando todos os bares fecham em respeito à procissão,  as pessoas saem do bar... logo que passa a procissão, claro, o bar abre de novo... e nova rodada da pinga boa... e novos amigos "comunas"... tudo de bom. 

5. A Nida: O Bar da Nida, no  Morro de São Sebastião,  é o melhor lugar de samba de Ouro Preto, melhor, de Minas Gerais... ou do Brasil!!! Um quintal super aconchegante, cerveja geladíssima, pessoas acolhedoras, petiscos deliciosos, pastel de angu... huuummm!!! E a decoração "Tá caindo flor", lembrando nosso próximo carnaval, final de maio, aguardem... Na janela "Tá caindo flor" todas fizeram a pose para a famosa foto da "namoradeira", artesanato muito conhecido da região, com as variações possíveis na pose.

 6. Por último, a "figurinha" da Flor imitando uma outra, de um menino com esse olhar de espanto... igualzinho!!! De agora em diante só usaremos esta abaixo:


Enfim, A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO, como dizia o poetinha Vinicius... que é do tempo dessas quatro, elas adoram!!!

Abraços carinhosos dessa relatora dos fatos, tal qual aconteceram (com um pouquinho de "licença poética")... elas me contaram assim...

Até nosso próximo encontro...

Santuza TU








sexta-feira, 1 de abril de 2022

A ARTE DOS BONS ENCONTROS

 

Começo este post com um "quase" plágio do poetinha Vinicius: Pratiquemos a arte do encontro! Porque disso é feita a vida... Nem sempre é prazeroso, bonito... Haaa, mas quando é, é muuitooo... parece que a gente já se conhece há séculos, já começamos a conversar e os nossos olhos brilham... E, imediatamente já praticamos o que há de mais humano em nós: crescer com o outrx e oferecer nossa experiência e reflexão para o outro crescer com a gente.

Meu dia ontem foi lindo: descendo para o evento de 100 anos do PCdoB na Praça Sete, resolvi ir mais cedo para passar no Palácio das Artes e ver a exposição sobre os 100 anos do Modernismo em Minas e, assim, aprender um pouco mais sobre essa época, pois na nossa série sobre o tema não tínhamos feito ainda um post sobre esse acontecimento aqui na nossa terra mineira, tampouco sobre os nossos modernistas.

Entrei na sala e já me encontrei com essa linda a esquerda. E olhei o crachá a fim de chamá-la pelo nome, mas no crachá só estava escrito MONITORIA. Então eu ri e comentei com ela: Já ia te chamar Monitoria... rimos as duas, ela é a Amanda Homem, das Artes Visuais. E já começamos a conversar sobre a Semana. Então juntou-se a nós a simpatia do 'linguista narciso' (ele se acha lindo... e todos nós precisamos dessa 'auto estima ao ponto', claro!), Ederson de Souza, especialista em língua portuguesa e inglesa. Dai a pouco chegou o Yuri Ricardo, da História e, mais tarde, juntou-se a nós o Virgílio Munis, da arquitetura e Urbanismo. 

E, claro, já contei do SBC, do nosso conceito de vida, da valorização do sentido estético para a vida e as relações, dos nosso projetos, e dos nossos posts sobre a Semana da Arte Moderna, e que, inclusive, fomos em São Paulo comemorar os 100 anos da mesma, veja nosso post de 16 de fevereiro 22 (Encerrando a Semana de Arte Moderna) e os anteriores (desde 17 de janeiro 22, nós e nossos convidadxs escrevemos sobre a Semana). Fizemos um belo apanhado dessa época, do seu espírito, dos principais participantes da Semana, do Brasil e do mundo anos anos 20 e, por fim, como podemos utilizar da ideia de ANTROPOFAGISMO nas relações e na construção da nossa identidade, a Teoria Psicanalítica Antropofágica, elaborada  no post de 17 de março 22 (Conversas SBCenses: sobre mãe-filha|filha-mãe e todas as outras relações).


E, em retorno, fiquei conhecendo um pouco mais nosso famoso Alberto da Veiga Guignard, que morreu em Belo Horizonte aos 66 anos em 1962, e que apaixonou por nossa cidade e mudou para cá em 1944, quando, a convite do então Prefeito Juscelino Kubitschek, instalou o curso de desenho e pintura no recém criado Instituto de Belas Artes. Então, Guignard foi um dos nossos modernistas.

Outro que pode ser considerado um modernista mineiro é o nosso grande Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Falamos sempre dele e declamamos seus poemas nos nossos encontros ARTE, PROSA E SAMBA.


E, olha só! nossa Exposição de Arte Moderna foi em 1944, no Edifício Mariana, na Av. Afonso Pena quase chegando na Praça Sete, um dos Edifícios mais antigos de Belo Horizonte. 

E, ainda, conheci duas mulheres, grandes artistas modernistas:

Emma Voss, acima o seu auto retrato. Supostamente a primeira artista a abrir um exposição individual de arte moderna em São Paulo em 1910. 
E Zina Aita (1900-1977) que nasceu em Belo Horizonte e teve sua educação em Florença. Foi a única mineira a participar com trabalhos na Semana de Arte de 1922. Acima uma de suas obras.

E muito mais coisas interessantes esses quatro monitores lindxs podem nos mostrar e nos falar. Não deixem de ir no Palácio das Artes, essa exposição faz parte do Programa: "O MODERNISMO EM MINAS GERAIS", que celebra o centenário da Semana de Arte Moderna ao longo de 2022.

Claro que nos despedimos com grandes abraços e a promessa de uma cerveja... 
ou melhor: MUITAS. 

E fui para o nosso evento dos 100 anos do PCdoB na Praça Sete. Foi um evento potente. Um samba muito bom, muita poesia e, por último, a apresentação de outro grande amigo,  "grande bom encontro", Marcelo Ribeiro.  Compartilho com vocês sua canção que recebeu o segundo lugar no nosso Festival Fora "O inominável":


Termino lembrando do nosso SBCense Sigmund Freud. Dizendo do meu jeito uma ideia sua no  livro O mal estar na civilização: as pessoas somos, todas e todos nós, educadas para evitarmos o sofrimento. Mas algumas de nós, especiais, conseguem ter como foco a busca do prazer... aí a gente abre os poros... e são pelos mesmos poros que entra também o sofrimento, mas entra e sai ... conseguimos continuar na nossa busca pelo prazer... entre outros, o prazer dos bons encontros. 

Abraços carinhosos...