quinta-feira, 20 de julho de 2023

Sobre amizade, velhice e riso...

 



CENA 1: 
Duas senhorinhas conversando:

- DETESTO TOALHA DE BANHO NOVA!
- VOCÊ TEM DEZ TOALHAS NOVAS?
- SAO MUITO FELPUDAS, NÃO ENXUGAM DIREITO...
- MAS É MUITO, NÉ? PRA QUE 10 TOALHAS?
- SÓ USO AS MINHAS TOALHAS VELHINHAS...

...E a conversa continua... cada uma ouvindo uma coisa e falando outra... e achando que a amiga estava entendendo tudo, pois ela respondia... 
...Até que a filha de uma delas, ouvindo desde o princípio da conversa, chega e diz: - por favor, conversem olhando uma pra outra pra que vocês possam se entender melhor... pois parece que vocês estão em dois mundos diferentes... 

Todas riram muito de si mesmas...




CENA 2:

Duas amigas, feministas,  politizadas, que adoram trocar ideias sobre revolução, um pouco menos velhinhas, uma delas a filha citada acima, contando a cena 1 para a amiga:

... e "atualizando" a mesma:

- Detesto machista de esquerda...
- Marxista de seda vem a ser aquela pessoa bem polida mas bem radical, né?
- Eles querem nos "engolir"...
- Precisamos mesmo atualizar Engels e Marx. Acho que toda luta identitária pode estar inserida no contexto de luta de classes!

... e por aí foi a conversa, até elas perceberem que estavam falando de coisas diferentes... ou não... claro, riram muito...

E uma delas se lembrou da...

CENA 3:

As duas amigas velhinhas estavam rezando, uma delas, no meio da Ave Maria, parou e disse:
- Comadre, quando acabarmos o terço você me fala "MAMÃO" pra eu lembrar de te falar uma coisa viu?
- tá comadre...
Terminado o terço:
- Comadre, qual era a palavra mesmo que eu tinha que te dizer, pra você se lembrar de uma coisa que você queria me falar?
- Uai... não me lembro comadre! mas também não me lembro do que eu queria te falar!
- Haa... então deixa por isso mesmo...

Rir da gente mesmo... rir da vida... Leveza com seriedade...

O SBC saúda e abraça carinhosamente todos os amigos e amigas e amiges...


E pra tudo tem um samba!!!


Até a próxima!!!




terça-feira, 18 de julho de 2023

Conversas SBCenses: sobre DON JUAN

 


Nossa conversa começa com pesquisa sobre a origem do personagem acima, todas e todos e todes nós pesquisamos e fizemos a seguinte síntese:

"Don Juan é um personagem arquetípico da literatura espanhola. Possui ampla descendência literária na Europa e no mundo ocidental.  Ele foi criado por Tirso de Molina, pseudônimo de Fray Gabriel Téllez (1579 - 1648), que foi um religioso espanhol que se destacou como dramaturgo, poeta e narrador do Barroco. Foi o primeiro autor a dar profundidade psicológica aos personagens femininos, que se tornaram protagonistas das suas obras".

Arquétipo: arché: "princípio", "posição superior"; τύπος - tipós: "marca", "tipo":  é um conceito que representa o primeiro modelo de algo, protótipo, ou antigas impressões sobre algo. É explorado em diversos campos, como a filosofia, psicologia e a arte.

A maioria dos estudiosos afirma que o primeiro conto a registrar a história de Don Juan foi El Burlador de Sevilla e Convidado e Piedra [o Trapaceio de Sevilha e o convidado de pedra]. As datas para esta publicação, entretanto, variam de 1620 até 1635, dependendo da fonte - embora haja outros registros de que seja conhecida em Espanha desde 1615. Segundo este conto, Don Juan é um mulherengo inveterado, que seduzia as mulheres disfarçando-se de seus amantes ou lhes prometendo o matrimônio. Atrás de si, deixa um rasto de corações partidos até que, finalmente, acaba matando um certo Don Gonzalo. Quando depois é convidado pelo fantasma deste para um jantar numa catedral, acaba por aceitar, por não querer parecer um covarde.

Trata-se, portanto, de personagem fictício, originado no folclore, geralmente tido como símbolo da libertinagem. Posteriormente, tornou-se o herói-vilão de romances, peças teatrais e poemas; a sua lenda adquiriu popularidade permanente através da ópera de Mozart Don Giovanni (1787). 

A lenda diz que Don Juan seduzira uma jovem moça de família nobre da Espanha: libertino e impetuoso, assassinou seu pai. Depois, tendo encontrado num cemitério uma estátua deste, jocosamente a convidara para um jantar, o convite foi aceito alegremente pela estátua. O fantasma do pai ali também chegara, como precursor da morte de Don Juan. A estátua pedira para apertar-lhe a mão e, quando este lhe estendeu o braço, foi por ela arrastado até o Inferno.

As visões acerca da lenda variam de acordo com as opiniões sobre o caráter de Don Juan, apresentado dentro de duas perspectivas básicas. De acordo com uns, era um mulherengo barato, concupiscente, cruel sedutor que buscava apenas a conquista e o sexo. Outros pretendem, porém, que ele efetivamente amava as mulheres que conquistava, e que era verdadeiramente capaz de encontrar a beleza interior da mulher. As versões primitivas da lenda sempre o retratam como no primeiro caso.

Continuamos nossa pesquisa sobre Don Juan, na literatura e no teatro:

Uma mais recente versão, na literatura,  da lenda de Don Juan é apresentada na obra de José Zorilla, Don Juan Tenório,  de 1844.  Esta versão apresenta um Don Juan totalmente envelhecido. A ação principia com Don Juan e seu amigo Don Luís, ambos contando as suas seduções um para o outro, procuram saber qual o mais conquistador. Don Juan, então,  lança ao amigo o desafio de conquistar uma mulher com a alma pura. Então, este propõe-se a seduzir Dona Inês, noiva de Don Luís - o que efetivamente consegue, ao tempo em que encontra o verdadeiro amor. Enraivecidos, o pai de Dona Inês junto a Don Luís procuram vingar-se. A história termina com uma disputa entre as almas de Dona Inês e do seu pai pela alma de Don Juan: enquanto este tenta levá-lo para o Inferno, aquela consegue trazê-lo para o Céu.

Em La gitanilla [A ciganinha], novela de Miguel de Cervantes, a personagem que se apaixona pela cigana chama-se Don Juan de Cárcamo - provavelmente uma referência com a lenda popular.

Uma peça chamada Don Juan Tenório [Don Giovanni Tenorio, ossia Il Disoluto] foi escrita em 1736 por Carlo Goldoni, famoso dramaturgo italiano de comédias.

No romance O Fantasma da Ópera, a ópera que está sendo escrita pelo fantasma é Don Juan Triunfante.

No conto O Elixir da Longa Vida, de Honoré de Balzac, a personagem principal chama-se Don Juan e inicia o conto sendo uma figura sedutora, bígama e boêmia. Além disso, tem uma intriga com o pai, como sugere a lenda inicial.

O famoso poeta romântico Lord Byron escreveu uma versão épica para o mito,  que é considerada a sua obra-prima. Entretanto, esta obra restou inacabada, com sua morte, mas retrata um Don Juan vitimado por uma educação católica repressiva, sendo fruto inocente desta visão distorcida. Neste poema Don Juan é iniciado no verdadeiro amor pela bela filha de um pirata, que o vende depois como escravo para a esposa de um sultão, a fim de satisfazer-lhe os desejos carnais. O Don Juan de Byron é menos sedutor e mais uma vítima dos desejos femininos e de seus infortúnios. O primeiro envolvimento amoroso do Don Juan byroniano foi com Donna Júlia, moça casada, de vinte e três anos, enquanto ele tinha apenas dezesseis. 

Também José Saramago (que faleceu em 2010, aos 87 anos de idade), deu a sua versão moderna para o mito, seguindo a trilha aberta pelo também escritor português Almeida Faria, na obra O conquistador. Saramago, que intitulou sua obra como Mozart (Don Giovanni), ao contrário de Faria, devolveu à história o seu tom dramático original.

Nesta peça de teatro, José Saramago reconta a história do conquistador Don Juan. Baseado na versão de Mozart, o Don Giovanni do escritor português não tem medo de seus atos, pois, para ele, o ser humano é acima de tudo livre, mesmo que seja para pecar.

Partindo da ópera de Mozart Don Giovanni ou O Dissoluto Punido em que Don Giovanni é condenado aos infernos por ter seduzido 2065 mulheres, José Saramago, em Don Giovanni ou O dissoluto absolvido reanaliza o mito: será Don Giovanni culpado? E o Comendador, e Dona Ana, e Dona Elvira, e Don Octávio? Serão um modelo de virtudes? Onde está a culpa? Onde está a virtude? Onde está a hipocrisia?"



Ainda mais recentemente, Don Juan foi utilizado em romance de fantasia brasileiro : 

Em Dragões de Éter - Círculos da Chuva o personagem compete com Casanova na conquista da bela Maria Hanson.

Na TV, nosso amigo SBCense trouxe nada mais nada menos do que Chapolin:

Don Juan  foi também apresentado em várias paródias do comediante mexicano Chespirito. Roberto Mario Gómez y Bolaños (que faleceu em 2014) também conhecido como Chespirito, foi um célebre, consagrado e aclamado ator, escritor, roteirista, diretor, produtor, comediante, dramaturgo, cantor, compositor, filantropo e pintor mexicano, que se tornou mundialmente famoso por ter sido o criador e protagonista dos seriado Chaves, Chapolin e muitos outros.


E no cinema Don Juan foi retratado algumas vezes, encontramos na nossa pesquisa dois filmes mais antigos e um mais recente:




Don Juan deMarco, FILME DE 1995: 

Um homem de 21 anos (Johnny Depp) dizendo ser o famoso amante Don Juan vai até Nova York para encontrar seu amor perdido, mas, sentindo que não alcançará seu objetivo, tenta se matar. Porém, um psiquiatra (Marlon Brando) consegue convencê-lo a mudar de ideia e começa a tratá-lo. Entretanto, o paciente possui um romantismo irrecuperável e contagioso, que começa a influenciar o comportamento do médico.
Toda essa pesquisa ensejou nossa conversa sobre o controvertido personagem, sob o ponto de vista psicológico e relacional, assim como sob o ponto de vista social, de caráter e valores alimentados na nossa cultura:

- A síndrome de dom-juanismo é um transtorno caracterizado por necessidade compulsiva por sedução, envolvimento sexual fácil mas fracasso no envolvimento emocional, sendo, assim, determinada por relacionamentos íntimos pouco duradouros ou até mesmo inexistentes.

O estereótipo do dom-juanismo é aquela pessoa sedutora, que parece ter em vista sempre pessoas difíceis de serem conquistadas, fazem de tudo para consegui-la, mas basta perceberem que a outra pessoa "está a seus pés" que a motivação para continuar o relacionamento desaparece. 

- Podem, por exemplo, se envolver 3 ou 4 vezes, depois largam-na, justamente quando a outra pessoa começa a sentir-se conquistada.  Em alguns casos se trata de um romântico incurável, que nunca encontra o par perfeito por seu nível de exigência se tornar cada vez mais alto.  Nesse caso, sofre com seu amor interno, platônico. Muitos compositores, escritores e poetas parecem se encaixar nesse estereótipo e, talvez, sem eles muitas histórias e canções de amor jamais teriam existido. Daí a existência -  reforçada pela nossa cultura -  na música, na poesia, no cinema, na literatura, do amor platônico, assim como do amor romântico, da idealização da pessoa amada, do amor impossível de se realizar... a, assim, reforçando em nós este modelo relacional.

- Porém, o que realmente diferencia e diagnostica o dom-juanismo é que este tem a principal marca definida por uma insensibilidade e menosprezo ao sentimento do outro. Eles próprios fizeram de tudo para conquistar o objeto da sua idealização naquele momento, entretanto, quando abandonam o parceiro, pouco se importam com os sentimentos deste último. 

O Don Juan exibe relacionamentos superficiais e inconstantes, o que os leva a um fracasso no estabelecimento de relações duradouras. chegam normalmente à meia idade solitários ou sem um parceiro fixo, porque se dão conta que, além da energia que se desvanece ao passar da idade, eles percebem que não têm mais o charme e a capacidade de sedução de antes. Embora alguns melhoram com a idade, porque seus artifícios de sedução não dependem só da beleza e sim das técnicas de sedução que não se baseiam em beleza.

- Refletindo sobre essas primeiras considerações sobre o caráter do Don Juan, já reparamos componentes do "amor romântico", tanto a idealização do amor quanto da pessoa amada... conceito tão enraizado na nossa cultura que, ao fim e a cabo, inviabiliza relações simétricas - de sujeito com sujeito. O movimento em relação à  pessoa  desejada é da idealização para o desprezo, o que "nos desumaniza". E como essa ideologia - ou esse "jeito de ser",  de pensar, sentir e agir - se deu historicamente... e para que serve esse "enraizamento de ser e relacionar", tão naturalizado, como se fosse o único conceito de amor? 

Já sabemos da origem histórica do "amor romântico", lá pelo século XII, sul da França, tempo do feudalismo, o cavalheiro idolatrando a dama, modelo relacional de servidão - sentimento do servo pelo senhor ... e como foi "interessante" à burguesia, classe em ascensão, incorporar esse modelo à instituição casamento e à relação a dois - ou relação íntima. A consolidação do capitalismo,  a mulher como "propriedade privada", o catolicismo corroborando a posição da mulher, Eva e Maria (Nossa Senhora), o maniqueísmo mulher pura-mulher desprezível (puta)...

Ou seja, não podemos separar a subjetividade, forjada em nós, mulheres e homens (e outros gêneros...) a partir dessas questões históricas, antropológicas,  econômicas, sociais. 

- Voltando à subjetividade e à psicologia (ou  psicopatologia, visto aqui sobre o ponto de vista fenomenológico): 

Os transtornos de personalidade mais comuns associados à síndrome de don juan são:

- narcisismo exacerbado:  o amor próprio é inflado, o egocentrismo, egoísmo, arrogância e preocupação apenas consigo mesmo são as principais características;

- o transtorno de personalidade histriônica, pensando aqui como a pessoa "performática", o "eu" está fora da própria pessoa, seria uma representação, no caso de uma pessoa sedutora, agradável, amável, gentil... valendo tanto para homens quanto para mulheres, pois também às mulheres ocorre a síndrome de don juan;

. porém, o  que mais ocorre na síndrome do donjuanismo vem a ser, em especial, o transtorno de personalidade antissocial, ou psicopatia. pelo fato do antissocial ser imune à empatia, remorso, culpa e, principalmente, indiferente ou menosprezo pelo sentimento alheio. Essas pessoas são insensíveis e egoístas, com tendência colocar os outros aos seus pés e não sentirem culpa nem remorso por isso.

- Uma visão psicanalítica abre a hipótese de, no homem don juan, haver uma fixação da mãe assim como uma vertente de um complexo de Édipo, onde o homem don juan teria tido uma visão muito perfeita da mãe enquanto criança, e por tal razão tem dificuldade em desligar da mesma, então, recorre às outras mulheres na tentativa de achar uma mulher perfeita igual à mãe, mas quando percebe seus defeitos, as abandona. Apesar dessa hipótese parecer vaga, por excluir outros fatores de influência, vem a corroborar a ideia da idealização, a princípio da mãe e reproduzida nas relações a seguir na vida do indivíduo, como se pudesse ocorrer um demoronamento do seu "jeito de ser" se a idealização não ocorresse; como se a pessoa "desejasse" continuar com o pressuposto da idealização como base para as suas relações. Nos parece verdadeira nossa primeira idealização - da figura materna - porém, poderíamos aprender a caminhar da idealização para a humanização - dessa figura - e, assim, poderíamos fazer a transposição desse modelo para as nossas demais relações. No entanto, ocorre justamente o contrario desse movimento para a humanização... ocorre o reforço da idealização e a transposição desse modelo para as demais relações.

- Voltando ao principal transtorno associado à síndrome de don juan, a psicopatia, refletimos que, à primeira vista, nos parece algo muito longe de nós... "não somos psicopatas!"... 

No entanto, vendo mais de perto e nos despindo do receio da "psicopatologia", verificamos que essas características fazem bastante parte das nossas vidas, da nossa aprendizagem. Na verdade, a psicopatia, definida como "inadequação de meios a fins", oscila desde a simples "inadequação de meios a fins - juntar o que quero com o que eu faço", até os mais altos graus de "desvios de conduta". O imediatismo, por exemplo, um componente dessa "psicopatologia", querer os fins e não querer os meios, pensamos que seja um "jeito de ser" aprendido, característico da nossa cultura, da nossa sociedade do consumo. A "lei de Gerson" (quem se lembra dela?), o levar vantagem em tudo, são condutas "desejáveis" numa sociedade que alimenta a competitividade. E isso tudo vamos aprendemos, essas características vão forjando a personalidade do sujeito contemporâneo.

- A "mulher don juan" reúne as características definidas na psicopatologia "histérica"... o "eu fora", a aprendizagem da "performance" para a "conquista" do outro, a sedução indiscriminada, o "ser escolhida"... junto, a aprendizagem da submissão ao desejo do outro, se colocar (ou concordar, ou "fingir" que concorda) com a posição subalterna... enfim, mais uma vez a impossibilidade da relação simétrica, sujeito-sujeito. 

No entanto, na medida histórica do crescimento da mulher no sentido da autonomia (de pensar, sentir e agir - que passa pelo bolso), passamos a ser assertivas, a escolher - não sem sofrermos as consequências dessa atitude: vulgar, puta... 

E uma tragédia possível é, em vez dessa autonomia contribuir para a construção de relações simétricas, contribuir para a mudança de papéis. Nesse sentido o Don Juan moderno se coloca na posição de "ser escolhido", muitos homens contemporâneos dizem isso... 

- O homem Don Juan contemporâneo pode, também, se confundir com o "machista em desconstrução" , aquele a quem falta a humildade de se ver (histórica e culturalmente enraizado, portanto, para o processo de mudança torna-se necessária essa humildade); aquele em que a fala "machista em desconstrução" vem a ser uma performance, uma fala histérica, do "eu" fora... ou seja, não existe o desejo genuíno - e o esforço decorrente disso - para a transformação, para abrir mão do poder historicamente atribuído ao macho na nossa cultura, para a busca da simetria. Trata-se de uma performance contemporânea... ao primeiro sinal de ameaça ao "status quo" de macho ele rapidamente afirma seu machismo (de maneira sutil, claro...) e  quase sempre se "despede" da relação.

Uma definição simples e certeira do "desvio de conduta" (ou psicopatia) é : "aquele que sofre e/ou faz sofrer o outro com o seu jeito de ser". Claro que o sofrimento não aparece, os conflitos são "fagocitados", escondidos em bolsões do inconsciente, a vida é vivida superficialmente... e, para isso, todo um arsenal moderno de alienação: drogas (lícitas e ilícitas), ou seja, álcool, fármacos, entre outros tipos de alienação. Tudo isso junto com o movimento para "agradar" às mulheres, ser amigo de todas... e por aí vai...

... ou o sofrimento é valorizado... e se transforma em música, no caso, música para os jovens, e assim vai se "perpetuando" esse circulo vicioso ... e vai se perpetuando a assimetria (e a alienação) nos vários níveis de relação, "na cama e no mundo", nas relação afetivas e na visão (passiva e alienada) de mundo.

... como nos mostra nosso jovem SBCense, ao compartilhar o Mc Don Juan... parece que seu repertório é recheado do amor mitificado, do amor sofrimento, da vingança, da mulher objeto, do conflito na  busca  de liberdade - a oscilação entre o "livre de" e "com"... enfim, uma distorção sofrida. 

  O SBC conclama todas, todos e todes a refletirmos sobre essa síndrome tão terrível para as nossas vidas, em todos os níveis de relação, a fim de criarmos a possibilidade de caminharmos na construção de um mundo mais bonito, de relações mais prazerosas, mais humanas...
  


Um adendo: toda a nossa pesquisa aconteceu através do Bing, site GPT. Ou seja, IA (inteligência artificial), que reúne grande parte do conhecimento produzido por nós, seres humanos, e nos devolve este conhecimento, para que a gente possa refletir, discutir e produzir novos conhecimentos, que sirvam para ensejar um mundo mais justo e mais bonito, humanizado, e relações mais simétricas e gratificantes, de crescimento - e prazer - mútuo. Assim o SBC pensamos a IA.


Até nosso próximo encontro, abraços carinhosos...

Santuza TU

sexta-feira, 14 de julho de 2023

BONS ENCONTROS: Sarau SBC na COMUNA


COMUNA,  um espaço plural, onde gastronomia, café, cerveja, drinks, coworking, música e arte se unem em um só lugar. Aqui, a expressão artística se manifesta livremente através de shows, saraus, exposições, oficinas infantis, festivais, feiras e muito mais.

O coletivo e parceiro Cio da Terra, mais uma vez presente com o projeto “Sabores do Mundo”, onde trazem os deliciosos pratos e petiscos congoleses e venezuelanos preparados por mulheres migrantes residentes na nossa cidade. Preparem-se pra uma explosão de sabores!

Cervejaria: @saruebh
Cozinha: @ciodaterramigrantes malewa___food e margaritasbuffet
Drink's: @oandarilholicores
Cafeteria: @cuncumcafe
Escola de música: @percursar_musical



Assim nossa querida Alice (a Alice Guimarães),  uma das coordenadoras da COMUNA, descreve esse lugar repleto de boas energias e trocas bonitas para o bem viver. 

Além da parceria com o Cio da Terra, outras ótimas (indicadas acima pela Alice, pesquisem no Instagram)... Destacamos :



Este é o Rafael, da Drinkeria ANDARILHO, cada drink mais gostoso do que outro, tem gente que bebeu alguns licores de pequi... e foi pra casa "de boa". 

Quem chegou mais cedo fez um lanche delicioso na CUNCUM Café(teria)... cada sanduba de "lamber os beiço". 

E a cervejaria SARUÊ BH - cerveja e cultura - hummmmm... imperdível... 


E a Saruê está junto com o Café Cuncum - na Comuna ... ou seja, a bebida que você quiser...  para rir  -  e falar (e fazer...bobagem - coisas boas pra vida), isso tudo cantando um samba (ou a música da sua vida)... não tem coisa mais SBCense isso...

O SBC é definido como "um grupo de amigxs que realiza projetos sócio-culturais".
Continua sendo um grupo "aberto, inclusivo, anárquico, democrático, ecológico... e feminista".
Valorizamos o riso, as amizades e o sentido estético na vida, para além do sentido moral, aquele do "certo/errado".
Gostamos de fazer exercícios de ressignificação de conceitos, a fim de nos orientarmos - reorientarmos,  de uma maneira mais bonita, para o "bem viver".
E está sendo, cada vez mais, um grupo de amorosidade... e um grupo  feminista... e político - definindo política num sentido amplo:  na cama e no mundo, a gente faz amor e política.


E nesse astral realizamos nosso segundo Sarau COMUNA / SBC, em clima de descontração, reencontros e novas amizades, no "MODO BOAS VIBRAÇÕES ATIVADO". 

O querido Tiago -  também coordenador da Comuna -  inclui no SBC o casal PIPOCA e TORRESMO, ou melhor, os artistas Derek e Suane... Derek nos apresentando seu livro, além de alguns poemas... lindíssimos:





Um comentário sobre SARAUS, da minha experiência enquanto "coordenadora do furdunço": trata-se de uma "bagunça" muito bem organizada e, ao mesmo tempo, muito livre... onde lançamos o tema (quando existe, às vezes temos "tema livre") e falamos - ou cantamos, ou recitamos - um pouco, com o objetivo de "envolver" as pessoas presentes para que elas "desenvolvam"... e é isso que acontece: percebo os olhos brilhando e alguém já se manifesta, ou diz um poema "decorado", ou lê no celular, ou canta uma música, tem gente que até cria, na hora, um cordel... ou seja, a arte, a criatividade, é despertada... e o meu papel fica sendo "ir costurando" as participações... e encerrar o evento, pois se não encerramos vai indo e vai indo e não acaba nunca... geralmente encerramos com palco aberto, acontecem mais algumas apresentações e vamos nos juntando e continuamos a beber e comer e conversar... e assim a noite vai se encerrando em meio a "abraços ocitocinados" (ocitocina: o hormônio do amor).

A seguir algumas fotos de participantes deste sarau, créditos para nossa querida Alice Guimarães:

                                    Alguns queridos presentes...

                                                ... outros queridxs amigxs , entre eles Lu e Tonton...

... casal lindo, promessa de queijos para degustação no nosso próximo sarau...


... Cláudio,  amigo "de infância"...
                                    ... nosso SBCense italiano - e/ou paranaense - Bergamini, que adora Drummond...


E a apresentadora do sarau, SantuzaTU ... :  eu; 

Muitxs outrxs amigxs presentes ... 
O SBC agradece a todos e todas e todes...


E até o nosso próximo sarau... 

Em tempo - e a propósito: print do Insta da COMUNA, com endereço e tudo mais... 
Sigam a Comuna no Insta, a programação da casa é excelente!


E print, também do Insta, da Fazenda Boa Esperança, do nosso casal lindo que produz queijos maravilhosos e estarão presentes no nosso próximo sarau levando uma amostra para degustação... huuummm... com vinhos da casa... não vejo a hora da primeira quinta de agosto...



Abraços carinhosos...




sábado, 8 de julho de 2023

Conversas SBCenses: VALIDAÇÃO


Conversávamos sobre a necessidade... e o valor... do exercício de ALTERIDADE - o respeito ao diferente. E sobre o RECONHECIMENTO... assuntos das nossas crônicas de 18 de maio 2023,  quando me lembrei do termo VALIDAÇÃO... de um texto que li há muito tempo. Procurei no meu computador - que já é um museu, tenho arquivos desde os anos 80, quando o computador era composto por uma torre, um teclado e um painel que parecia uma TV - mas não encontrei. Vou, então, tentar recompor este texto, a partir do meu "globo pensante" :


Me lembro que começava assim:  Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os superconfiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro. 

 Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator relaxa e parte tranquilo para o resto do espetáculo. 

Eu, para ser  sincera, fico inseguro a cada artigo que escrevo e corro  para ver os primeiros comentários, no blog ou pelo Whats.

O mundo seria muito menos
neurótico, louco e agitado se fôssemos  um pouco menos inseguros. Ocorre que a maioria de nós oscila entre, como diz uma amiga, se achar o "nitrato do pó da bosta do cavalo de Napoleão" e "a rainha - ou o rei - da cocada preta", ou seja, nossa autoestima é oscilante, somos inseguros e inseguras porque
 segurança, em grande parte, 
não depende da gente, depende dos outros

Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é
sempre temporária, efêmera.
Segurança depende de um processo que chamo "validação", embora para
os estatísticos o significado seja outro. 


Validação estatística
significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas
esse termo pode, também, ser usado para nós, seres humanos. 

Validar alguém, me lembrando do texto,  seria confirmar que
essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.
Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém
tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que
você seja; que você é inteligente, simpático, simpática... e por aí vai...
 
O autoconhecimento não resolve
o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.
Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém.
Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado
para mim".
Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz:
"Gosto de você pelo que você é"; o que um amigo ou amiga faz quando lhe diz: "Você é um(a) grande amigo(a)"; quando um(a) colega de trabalho - e/ou chefe -  aponta sua eficácia naquela tarefa...

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para
você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a própria
insegurança que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos
tão preocupados em mostrar que somos o "máximo" que esquecemos de dizer
a nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o
saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.
Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o
ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos
querem mostrar-se ou dominar os outros em busca de poder.

Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e
não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação,
elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos
treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um
elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de
palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".
Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja se sentindo. E olha que esse processo de validação repercute, ele retorna... quase sempre acontece em mão dupla... e a vida fica mais bonita.


Abraços carinhosos a todas todos e todes...

Santuza TU