segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

BONS ENCONTROS

Francesco Alberoni, jornalista, escritor e professor de sociologia italiano, hoje com 93 anos.  Publicou,  em 1979, "Enamoramento e Amor", o seu livro mais traduzido e mais vendido, o primeiro da trilogia  "A amizade" (1984) e "O erotismo"(1986).

Alberoni desenvolveu a "teoria dos movimentos coletivos". onde explica o processo histórico como o resultado de dois tipos de forças: por um lado, as utilitárias e econômicas, que transformam e inovam mas não criam solidariedade social, e, por outro lado, as representadas pelos movimentos, que só podem surgir da solidariedade social. 

No livro ENAMORAMENTO E AMOR ele explica o enamoramento como um movimento... e a única diferença para outros movimentos sociais é que o enamoramento é realizado a dois... E o enamoramento, como movimento, vai "desembocar" em três possibilidades: o DESENAMORAMENTO - neste caso o ruim é que quase sempre não acontece para os dois ao mesmo tempo; a segunda possibilidade é o que ele chama de PETRIFICAÇÃO - e é o que, normalmente, chamamos de AMOR, ou seja, a "institucionalização" do sentimento... e aí, quase sempre, o mesmo vai acabando; e a terceira possibilidade é o que ele chama de AMOR - uma "instituição aberta", a se construir permanentemente.

No livro O EROTISMO Alberoni parte da premissa de que os homens diferem das mulheres - não pela "natureza", mas porque "aprendemos", ou seja, somos histórico e culturalmente diferentes - no que diz respeito à sensibilidade, fantasias, desejos e reações. Na primeira parte do livro ele estuda as diferenças entre o erotismo masculino e o feminino. Na segunda, o sonho da mulher, sua sensibilidade tátil, corpórea e o desejo que a percorre de deixar uma marca indelével por onde quer que passe. Na terceira, o sonho do homem: o que a palavra seduzir significa para ele, o seu medo de se envolver com o amor e a maneira que adota para melhor lidar com a sexualidade. Alberoni fala, também, do ciúme em todas as suas formas e das contradições impostas pela sociedade: ela manda que as pessoas seduzam, sejam agradáveis mas se mantenham fiéis. Por fim, ele coloca a possibilidade de convergência: o encontro entre o erotismo masculino e o feminino, à luz da psicologia e da poesia.

Por último, no livro A AMIZADE, Alberoni afirma que essa  é a única relação afetiva incompatível com a ambivalência. Já vimos que, no enamoramento podemos odiar a pessoa amada. Podemos ser ambivalentes em relação aos nossos pais ou aos nossos filhos. Não podemos, ao contrário, ser ambivalentes em relação ao amigos. Caso aconteça a ambivalência, a amizade sofre e, se a ambivalência continua, desaparece. É este, provavelmente, o motivo pelo qual os amigos preferem ver-se de quando em quando, quando têm vontade, em lugar de viveram juntos. Uma convivência contínua cria, inevitavelmente, motivos de dissabor, de ressentimento, pequenas coisas que, no entanto, somando-se, se podem tornar grandes. A convivência tende a consolidar as relações afetivas mas, ao mesmo tempo, divide. Os enamorados escolhem esta estrada a este risco porque tendem à fusão. A amizade, pelo contrário, prefere renunciar à fusão a favor do encontro. O encontro é sempre positivo. A amizade , então, pode ser definida como uma série de bons encontros.

Li essa trilogia lá pelos idos dos anos 80 - século passado, e foi, como costumamos dizer nas nossas reuniões SBCenses, "o livro que mudou minha vida" (no caso, os livros). Verdade que a amizade não "cobra", o amor (como o conhecemos e vivenciamos) costuma cobrar. Xs amigxs, passamos tempos sem ver algum ou alguma e, quando nos reencontramos, parece que "foi ontem"! Recomeçamos a conversar como se o tempo não tivesse passado, assim são as amizades.

E foi por isso que me lembrei, na semana passada, dessa trilogia, particularmente da AMIZADE: pois foi um belo reencontro, há cerca de 15 anos não nos víamos. Nos encontramos no Bar do Museu, Clube da Esquina, em Santa Tereza. Ele mora agora em Araxá. E o encontro já começou com piropa, pois no SBC o conceito de piropa foi ampliado, fazemos piropa tanto quando queremos "dar uma cantada" quanto piropamos também os amigos e amigas, neste caso significando um elogio, um empoderamento, pois não é que "ganhamos o dia" com um empoderamento? 

E ele disse: Minina, tem 30 anos que não nos vemos! e você continua a mesma! E eu respondi: Não Dommingos! Tem uns 15 anos homem! Nos conhecemos já neste século! E já começamos a rir... pois é, a piropa "não colou", vai querer exagerar assim lá em Araxá!

E o Dommingos me trouxe seu livro:


Um livro todinho escrito sem a letra A! É doido, o homem (só de perto) ...  e ele tem um outro livro, este voltado para a alfabetização, que é todo escrito sem as vogais!!!

E, continuando no tema AMIZADE, ele dedica o livro à amiga que o ilustrou com lindas imagens:

Esthergilda Menicucci, faleceu aos 82 anos, em 2014. Reconhecida e premiada internacionalmente, Esthergilda tornou-se um dos principais nomes das artes plásticas de Minas Gerais, em mais de 50 anos de carreira, com destaque para a pintura e a escultura. Sua última exposição "Formas e Espírito", apresentou 20 esculturas em bronze e 24 pinturas de seu acervo, e aconteceu na Casa da Fazenda, sede da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História (ABACH).


 E fiquei conhecendo um "novo" Domingos: pois não é que o cara já teve uma banda de rock! e era o cantor. Ai o cantor da banda naquele dia lá no Bar do Museu - grande GERE! -  seu amigo, o chamou para uma canja. E aí está o Dommingos cantando... meio que destreinado ... rsrs... mas super valeu... Bom demais nosso reencontro. Obrigada querido amigo!

Às amizades... e ao amor movimento... tim-tim


Até a próxima...



domingo, 29 de janeiro de 2023

Resenha Esquenta SBC 27.janeiro.23


Primeiro, a apresentação do nosso estandarte 2023, TÁ CAINDO FLOR... ainda incompleto, mas já está lindíssimo... aí atrás gente!!! da querida Simone e eu (TU)... rsrs

Grandes reencontros, de "lavar a alma", de encher os corações de alegria...

No Bar do Léo, antiga Pizza do Léo... ainda sem placa nova, mas o churrasquinho... huuummm... delícia!!! Rua Vila Rica esquina com Francisco da Veiga, Bairro Caiçara onde nosso carnaval já é tradição... e retornamos depois desses dois anos... com grandes abraços, alegria e energia de sobra...
Continuamos com o desfile curtinho, só rodeamos o quarteirão, gostamos de concentração e dispersão, nosso bloco e inclusivo e intergeracional... e tem muita gente que gosta de beber... 

Querida Dodora e família, nos inspirou e nos ajudou a elaborar nosso poema, que será dito no desfile do nosso bloco, terça feira de carnaval,  em homenagem à nossa grande Madrinha Dona Dulce. Trata-se de uma intertextualidade, uma "conversa" com um lindo poema de Mary Elizabeth Frye:

Não chore a beira do meu túmulo
Eu não estou lá...
Eu estou nas festas
Nos aniversários 
Nas reuniões alegres
Nas boas conversas

Não chore por mim
Eu não morri
Estou dando risadas
Contando piadas 
E dando apelidos pra todo mundo
Rosangela é Risadinha; Maristela é a Pivete; Andreia é a 'do relógio';  Cida é Cidinha,  Lu é conceição;
e Tani é Delegada...
E todos os apelidos tem um sentido; e uma piada...

Não chorem por mim
Eu não morri
Eu estou nas viagens 
Estou com as  amigas da feliz  idade 
Estou na música 
Na dança 
Na alegria
Estou no carnaval 
E no SBC

Não chore a beira do meu túmulo
Eu não estou lá
Eu não morri


E cantaremos a música Mamãe,   que ela adorava:

E cantaremos, além do nosso hino, a música desde ano, inspirada no tema TÁ CAINDO FLOR, que é também uma intertextualidade... ou seria uma intermusicalidade... ou as duas coisas... enfim, já ensaiamos um pouco, e aqui vai o esboço, ou talvez um 'roteiro':

1 - a capela:

    Tá caindo flor , tá caindo flor
    Lá do céu, cá na terra
    Tá caindo flor

        BIS (todo mundo!)

2 - BATUCADA 

3 -  Violão e voz (JUNTO COM TODO MUNDO):

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção


Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer


Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas, marchando indecisos cordões
Inda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

4 - BATUCADA 

5 - Uma pessoa puxando o grito: 
flores de democracia,  TODO MUNDO: flores de democracia
flores de amor, ...
flores de solidariedade, ...
flores de indignação, ...
flores de mudança, ...
flores de esperança, ...
flores de ação, ...
flores de igualdade, ...
flores de diversidade, ...
flores de Inclusão, ...
flores de empatia, …

6 - TÁ CAINDO FLOR ....

(ROTEIRO AINDA EM ABERTO... ENCAMINHEM SUGESTÕES...)





Apresentamos nossas porta estandartes... O SBC sempre sai com o estandarte do ano na frente... e todos os outros estandartes dos anos anteriores... são levinhos ...

E,  a seguir, fotos de amigos e amigas no nosso encontro... O SBC agradece a presença de todas e todos... 



Não faremos outros esquentas... faremos oficinas de confecção de flores para a decoração do nosso desfile... quem quiser participar entre em contato no Whats (31) 9636 2288.

Abraços a todas e todos e até nosso desfile na terça feira de carnaval...




quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Carnaval SBC 2023

 


Quem nos conhece já sabe: o SBC é um grupo de amigas e amigos e amiges, que começou no Bar Cartola, no Caiçara, em Belo Horizonte, nos idos anos de 2012... ou melhor, já existia antes, mas em 2012 o bar fechou e nós continuamos a nos encontrar, em praças, em casas de SBCenses... e foi aí que começamos a construir nossa identidade: quem somos, o que queremos... e nos definimos como UM GRUPO DE AMIGXS QUE REALIZA PROJETOS SÓCIO CULTURAIS.

E nosso primeiro projeto foi o BLOCO DE CARNAVAL, que desfilou pela primeira vez em 2013. Desde então, cada ano construímos um tema. Muitos temas ótimos, super bem trabalhados, como: PRECONCEITO NÃO, LIBERDADE SIM; MULHERES DO BRASIL; AMOR E POLITICA, NA CAMA E NO MUNDO, entre outros.  quase sempre uma marchinha ou um samba sai a partir do tema.  Fora nosso hino, de 2013, feito pelo grande SBCense, nosso diretor musical, Carlitos Brasil:

AGORA É HORA

É HORA DO  S B C

SAMBA BOBAGEM CERVEJA

CÊ VAI QUERER... OU CÊ VAI CORRER...

outro pedaço da letra, a se pontuar: 

E PRA NOSSA ALEGRIA, CADA DIA TEM MAIS GENTE NESSA FILOSOFIA!!!

Pois é... 10 anos do Carnaval SBCense... dois virtuais... e agora, o GRANDE RETORNO!!!

Mesma terça feira de carnaval,  este ano será no dia 21 de fevereiro, sempre a partir das 14 horas, mesmo local, Rua Vila Rica, 1315, Bar do Léo, Bairro Caiçara.

E o tema este ano será: TÁ CAINDO FLOR!!!

Flores de LIBERDADE...

Flores de DEMOCRACIA ...

Flores de INCLUSÃO ...

Por falar em inclusão, o SBC, que já se definia como um grupo

ABERTO, INCLUSIVO, ANÁRQUICO, DEMOCRÁTICO, ECOLÓGICO... e FEMINISTA...

incluiu INTERGERACIONAL... sempre seguido da frase "não necessariamente nessa ordem"...


E neste ano faremos uma singela homenagem a nossa querida  DONA DULCE, a mais animada dos nosso carnavais, esse ano estará nos abençoando lá de cima, nossa madrinha de bateria, eleita por unanimidade. Saudades eternas... 

Mas antes da terça feira gorda - de carnaval - teremos o nosso ESQUENTA.   Já na próxima sexta dia 27 de janeiro a partir das 19 horas... 
Divulguem, compareçam e levem amigxs que serão incluidxs com a maior alegria...

Gratidão a nossa querida Dione, que fez os cards...

Saudações SBCenses... Até sexta!!!




quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Conversas SBCenses: O SENTIDO DA VIDA

Ouvi essa estória e meu é só o jeito de contá-la. De uma amiga que sofreu um acidente, por volta dos anos 2005, que mudou sua vida. 

Nessa época ela estava no terceiro período da faculdade. Uma parte da turma -  eram 14 pessoas - alugou uma van para irem a uma festa. No meio do caminho o motorista sofreu um infarto fulminante e enfiou a van num barranco. Fora o motorista que já estava morto, morreram, no local, 12 alunos. Ela e uma outra pessoa foram transferidas para BH para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII. 

A outra pessoa viveu por mais três dias e sucumbiu.

Ela se encontrava com o pulmão perfurado, pernas quebradas, mandíbula fraturada, entre outras coisas. Para se manter viva, a primeira providência foi segurar a perna pra cima naqueles aparelhos e cuidar do pulmão. Foi transferida de hospital para uma cirurgia inédita, como uma espécie de cobaia de um médico que tinha acabado de chegar ao Brasil. Deu certo... Depois, fisioterapia respiratória... recuperação... 

E aí começaram os outros cuidados: a perna, a mandíbula... aí ela já conseguia sentar...

E ela ficou como a única sobrevivente... pra contar essa estória.

Cinco meses depois, ainda em cadeira de rodas, ela volta à faculdade... consegue formar ainda junto com sua turma. E, agora, cerca de 20 anos depois, ela é professora no colégio onde foi aluna, o que era seu sonho...


E, com este relato, começamos a praticar o que existe de mais humano: a troca, oferecer sua experiência para que o outro cresça com ela... e vice versa.

Querida, meu convite é para que você nos aponte, em itens, os que considera mais importantes como aprendizagem de vida a partir desse acontecimento?

1. Calma... respire fundo... a vida não é para ser vivida com pressa. respiração diafragmática, algumas pessoas aprendem (ou reaprendem) com ioga, outras com o canto, eu aprendi com esse acidente; desde criança aprendemos a conter nossa respiração e reprimir nossas emoções;

2. Paciência... principalmente com os limites do outro;

3. Primeiro objetivo na vida: estar viva;

4. Segundo, comecei a estabelecer objetivos de vida a curtíssimo prazo. Primeiro, estar viva, segundo, respirar; depois sentar na cadeira... nada de metas inatingíveis. O próprio corpo te diz isso, de coisas que ele dá conta e que não dá conta. Se eu não conseguia mexer, como iria conseguir levantar e ir para a faculdade?

5. Porém, a médio e longo prazo, comecei a recuperar meus sonhos: voltar para a faculdade, terminar o curso e dar aula na escola onde estudei.

6. Todo esse processo, vivido dessa maneira, não foi doloroso... na verdade foi um processo suave, pois uma outra aprendizagem fundamental foi a aceitação... a aceitação da vida como ela se colocou para mim. A filosofia oriental nos ensina isso: a terapia da conformação, se conformar com o que não pode ser mudado... tudo o mais, arregace as mangas e mude o que você acha que deve ser mudado...;

7. Era um momento em que eu não me fazia a pergunta por quê... eu tinha que, apenas, seguir... eu trocava o por quê pelo COMO... como posso retomar minha vida, meus desejos, meus planos...

8. E, concluindo, a reflexão sobre o sentido da vida: na verdade a vida não vale nada... rsrs ... nós é que damos sentido a ela... uns buscam na religião, no pós vida, essas coisas que, na maioria das vezes, geram uma alienação, um distanciamento, uma não apropriação da sua vida, da responsabilidade no sentido de "responder por" ser sujeito, pela apropriação da sua vida, por colocá-la "nas suas mãos".

Mas para além do misticismo, nossa sociedade nos "ensina", também,  a buscar esse sentido de vida no TER... e aí, diante de uma crise é que nos damos conta do SER... e da simplicidade da vida. 

Me fez lembrar um filme que devo ter visto há cerca de 15 ou 20 anos. Não me lembro se reproduzo o filme ou criei outro filme no meu "globo pensante", como diz um amigo - e "sentinte", eu acrescento. Trata-se de um curta - cerca de cinco minutos - que faz parte de vários pequenos filmes, de cineastas que fizeram uma homenagem a Paris... e o longa se chama Paris, te amo. Acho que este é o último filme. De uma mulher americana, de meia idade, ela se encontra em depressão... e está aprendendo francês. Então seu médico lhe recomenda fazer uma viagem a Paris a fim de treinar a língua. E o filme é um relato dela mesma, em off, dessa viagem. É divertido seu relato, assim como as dificuldades que ela passa em função de seu pouco conhecimento da história e da cultura do país. Me lembro de sua visita ao cemitério Montparnasse, o segundo maior cemitério de Paris (o primeiro é o Père Lachaise, um dos mais famosos do mundo; localizado no 20º distrito, atrai centenas de milhares de visitantes que querem ver os túmulos de pessoas famosas; inaugurado em 1804, também abrange três memoriais da Primeira Guerra mundial).

O filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora Simone de Beauvoir, sua mulher, dividem um túmulo em Montparnasse. E nossa personagem, ao visitar esse túmulo comenta: "Não sei muito bem porque o filósofo Sartre está enterrado junto com um tal de Simon Bolívar, segundo minha pesquisa no google, um  revolucionário venezuelano que jurou defender a independência da América do Sul  e dedicou sua vida à luta contra os espanhóis. Auxiliou nos processos de independência da Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia"...  kkk ... rimos muito...

Simon Bolívar (1783 - 1830).

E ela continua seu dia em Paris, com acontecimentos desse tipo, que ela relata num tom triste... até que, ao final da tarde, ela se senta num banco de um jardim... e, olhando ao seu redor, diz: "e, ao final do dia, sentada aqui nesse jardim e olhando ao redor, um sentimento de doce alegria se apossou de mim... e descobri que a vida é simples...  basta olhar ao redor... e agradecer o simples fato de estar viva".

Querida, eu não tenho a mínima ideia se foi isso mesmo que ela disse... acho que criei outra frase sobre o que ela disse no banco do jardim, a partir do que você me contou da sua vida... eu diria, uma "licença poética". 

Rimos, nós duas, sentadas na calçada esperando o busão, depois de termos subido uma grande ladeira de Ouro  Preto - é o que mais tem nessa cidade, subida e descida -  e contemplando  uma das inúmeras paisagens dessa cidade linda...


Obrigada, querida, pelo bom encontro...

Abraços carinhosos...





quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Conversas SBCenses: Página infeliz da nossa história


Escrevo hoje, quinta-feira dia 12.janeiro, ainda perplexa, com sentimentos de raiva, medo, e com expectativas de que essa página seja virada de uma forma melhor do que já assistimos na nossa história, que a tal metáfora "do limão fazer uma limonada" seja realizada de uma forma concreta e positiva. 

E na terça feira dia 10 o filme ARGENTINA 1985 consagrou nossa América Latina com o prêmio de melhor filme estrangeiro do Globo de Ouro 2023. Não foi a toa que conversamos sobre este filme no nosso post de 20 de dezembro do ano passado: Para que serve a ARTE? Precisamos aprender muito com a Argentina, precisamos reportar a nossa história e descobrir o real significado da "Anistia ampla, geral e irrestrita". Frase que rolava por todo canto no Brasil, desde os manifestos de artistas até as faixas das torcidas organizadas nos estádios de futebol. Decreto de 1979 de João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura, concedeu perdão aos perseguidos políticos, presos e torturados, exilados,  os "subversivos",  como eles diziam, e pavimentou o caminho para a redemocratização do Brasil. Ao mesmo tempo, o projeto "perdoou" os militares que cometeram abusos em nome do Estado desde o golpe de 1964, incluindo tortura e execução de adversários da ditadura. A lei lhes deu a segurança de que jamais seriam punidos, e mais do que isso, nunca sequer se sentariam no banco dos réus. Dilma, em 2011, criou a Comissão Nacional da Verdade, que "desenterrou" muitos crimes dos militares. Temos alguns filmes no Youtube sobre isso. Porém, a "coisa" esbarrou, de novo, na Lei da Anistia, e ninguém foi punido. "Sei não... mas isso deve ter sido uma "causa oculta" do seu impeachment", comentou um SBCense.

Meu propósito era ler o livro "TORTO ARADO" no final da semana, sábado e domingo. Consegui... entre a TV e notícias no cel... entre o choro com a leitura do livro, a raiva, o medo e a indignação com as notícias, a angústia e a expectativa a partir do decreto de Lula de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.  "Sobre a terra há de viver sempre o mais forte", assim termina o livro. E o que parece, a princípio, uma frase de desesperança - se você se coloca no lugar do mais fraco - se transforma numa fala de "comando interno": "Nos tornemos fortes!", só assim caminharemos para a construção de um mundo mais humano, mais bonito...

O SBC é um grupo de amigos e amigas intergeracional - além de aberto, inclusivo, anárquico, democrático, ecológico... e feminista... não necessariamente nessa ordem, como dizem algumas de nós. E as conversas intergeracionais são maravilhosas, pois temos a generosidade de pessoas compartilhando conosco a história que, de alguma forma, participaram; assim como sorvemos da força e da alegria dos mais novos, o esperançar no processo de mudança que precisamos e queremos. 

Estávamos, desde nosso post anterior sobre o Primeiro de Janeiro, colhendo dados para nosso post dessa semana, que seria sobre os 37 ministros do governo Lula. A ideia é "participar" de fato, enquanto cidadãs e cidadãos, do governo. E, para participar, precisamos conhecer. Se existe uma coisa diferente da geração que viveu sua juventude na segunda metade do século passado - época da repressão, não podíamos conversar sobre política mas fazíamos "outras políticas" -  para outra (ou outras) gerações, essa diferença está, penso eu, no nível de informações que recebemos agora e nas possibilidades que temos de trocas e de formação do que podemos chamar de "consciência política". Me parece até que, com o golpe de 2016 e depois com este des-governo que acaba de sair, nos interessamos - e/ou nos mobilizamos - em procurar saber mais, para desenvolvermos o que chamo de "visão de mundo" e postura e ação diante dessa visão... e não é isso fazer POLÍTICA?

Na segunda-feira, ainda acabando de ler Torto Arado, entre a busca de informações e análise de "mídias confiáveis"... e entre o atendimento a clientes e olhando pela janela, essa chuva que não para... vou... não vou... na manifestação da praça 7... 18 horas... fui... estava lá de sombrinha, meu medo era que a sombrinha furasse o olho de alguém, ou vice-versa... mas sempre me energizo nessas manifestações, física e mentalmente, através dos reencontros e dos fortes abraços...

Nossa reunião SBCense foi pós manifestação, precisávamos trocar informações e impressões sobre o domingo:

Primeira impressão, de SBCense com uma camiseta assim: "nossas ideias são a prova de bala", os dizeres da camiseta já o revelavam... E ele disse: 

- Se o resultado das eleições fosse outro estaríamos vivendo uma situação ainda pior, ou seja,  terroristas na condução e no controle do país... Democracia dá trabalho.

Tomos nós concordamos... e seguimos nas nossas trocas:

- Qual era/é o plano do golpe? o que eles queriam? só quebrar? E se eles tivessem só ocupado, em vez de quebrar, o que aconteceria?

- Não sabemos... ainda. As interrogações são muitas. Será que queriam a intervenção militar? 

- Ouvi de alguém que pediram ao Lula para assinar uma GLO, nem sabia o que era isso. Seria assinar uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem, o que teria como consequência a intervenção dos militares! Ai poderíamos estar retomando 1964! 

- Daí uma coisa muito importante: a revisão desse artigo 147 da Constituição Federal de 1988, ou seja, a revisão do "papel" das Forças Armadas, pois em nome da garantia da Lei e da Ordem eles podem "tomar o poder"!

- Então, qual a diferença entre intervenção militar e intervenção federal, esta que Lula assinou? 

- O conceito literal de intervenção militar não existe na Constituição. A Carta prevê hipóteses específicas em que as Forças Armadas são chamadas a intervir, como o Estado de defesa ou Estado de sítio, mas elas são diferentes da intervenção federal, que pode ser comandada por um civil. Lula decretou Intervenção Federal no Distrito Federal. A medida vai até 31 de janeiro de 2023 e tem como objetivo conter ações de vândalos e atos terroristas na capital federal, se restringindo, portanto, à área de segurança pública.
Depoimento da nossa Deputada Bella Gonçalves no Instagram.

Tela de Di Cavalcanti foi furada em seis lugares por vândalos que invadiram a sede dos três poderes em Brasília.
Ai...  quando ouvimos essa notícia, aí nossos corações se encheram de dor... como podem ter feito isso!!! lembramos de nossa conversa do post de 15 de dezembro de 21, quando falamos - numa conversa sobre democracia, maniqueísmo, entre outras coisas -  do filme "Arquitetura da destruição", no Youtube podemos vê-lo... o filme conta sobre a ideologia estética do nazismo:  da "eugenia" na arte (só era considerado arte aquela "perfeita" do iluminismo),  caminhava para a "limpeza étnica", considerando a "raça" pura, a ariana, o "resto" era desprezível, os judeus eram considerados "ratos".
Di Cavalcanti, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo (1897-1976), foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 e um dos grandes expoentes do modernismo no Brasil. Reconhecido como um dos melhores pintores nacionais.

Um vitral da artista plástica Marianne Peretti (1927-2022) no Congresso Nacional também teria sido danificado. Mariane Peretti viveu 94 anos e morreu no Recife. Marianne foi a única artista mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer na construção de Brasília. A artista tem obras em vários prédios de Oscar Niemeyer em outras partes do Brasil e do mundo: na sede da Revista Manchete (Rio de Janeiro), no Edifício Burgo (Turim, Itália) e na Maison de la Culture du Havre (Le Havre, França)


Funcionários da Câmara dos Deputados informaram ainda que não encontraram a obra Bailarina, uma escultura de bronze do escultor italiano Victor Brecheret (1894-1955). O artista foi considerado o introdutor do modernismo na escultura brasileira.



Além de outras obras de arte, móveis e objetos também foram destruídos. O brasão da República foi retirado do plenário do STF.


Segundo o líder do governo Lula no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um relógio do século XVIII dado de presente a Dom João VI, doado pela corte de Luiz XIV,  também foi seriamente danificado.

Enfim, um profundo desprezo pela história, pela cultura, pela arte...

                      Sobre Glauber, Vinicius e Di Cavalcanti

- Amiga SBCense nos trouxe uma publicação síntese, de Marcelo Adnet,, no Instagram: "No fim das contas, o bolsonarismo é sobre isso: defecar no Portinari, esfaquear Di Cavalcanti, rezar pra pneu, pedir ajuda a ETs, bater em jornalista, oferecer cloroquina para ema, boicotar vacinação e idolatrar torturador. Tudo isso, claro, em nome de Deus". 

E hoje, quinta-feira dia 12: quase 1.500 pessoas presas, inclusive a extremista terrorista que prometeu "tomar o poder" e "colapsar o sistema". Ana Priscila Azevedo é suspeita de administrar uma série de grupos golpistas no Telegram e incentivar os vandalismos no domingo último.
E as perguntas continuam: quem são os financiadores? os articuladores? como é a estrutura de comando disso tudo? Qual era o plano do golpe? 
- Voltemos a considerar momentos históricos no nosso país: em 1889 Marechal Deodoro expulsou Dom Pedro II e instalou a República; em 1964 tivemos o Golpe Militar... quem ainda acha que função do Exército é "garantir a lei e a ordem"?

- Muita  coisa ainda vai acontecer! e não temos dúvida em relação à nossa responsabilidade de cidadãs e cidadãos: garantir a nossa ainda frágil democracia. Torcemos pra que esses bárbaros ataques, essa violência que aconteceu em Brasília e que continua nos ameaçando, acabem por fortalecê-la. 
                                                         BORA PRA RUA !!!


Terminamos com o nosso querido Chico:


Façam seus comentários, visões, dados que acrescentam... participem... e, quando comentarem como "anônimo", que é um jeito mais fácil e comentar, não deixem de colocar seu nome no comentário. 
Abraços carinhosos...



sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

DIA PRIMEIRO DE JANEIRO DE 2023

                                                                                                                                                                                                                                                             

                                     Foto de Ricardo Stuckert

"É preciso mudar a fotografia do poder", frase de Vilma Reis, liderança feminista baiana.

Réveillon em Ouro Preto, na nossa querida CASA DA ÁRVORE... Praticando, com alegria, a arte dos bons encontros... assim como o árduo exercício do respeito às divergências, mesmo aqueles que nos são "mais antípodas", como diria Nietzche... também sem perder a mínima chance de diálogo no sentido de ampliação do que chamamos de "visão de mundo"... até mesmo  com o convite a fazermos o exercício de nos movimentar, das "crenças sem nenhum fundamento" para as "argumentações baseadas em evidências"...


Já nos inspiramos na ida, passando pelo JECA TATU, em Itabirito, rodovia 356, metade da viagem para Ouro Preto... museu de antiguidades criado por Leonardo Ruggio, onde nos deliciamos com o tradicional pastel de angu, e onde se vê a frase|: "OPRESSÃO: O REMÉDIO É A ARTE".

REMÉDIO:

Para tristeza: o canto
Para alegria: outro canto
Para desamor: a poesia
Para amores insanos: a poesia

Para esperançar: a arte
Para o desespero: a arte

Para a ausência: uma canção
Para a saudade: um poema
Contra a desesperança: a arte

Contra a opressão: arte
Contra autoritarismo: arte
Contra violência: arte

A arte cura:
desamor
tristeza
carência de sentido da vida

Para vitaminar a indignação: arte
Para a esperança: arte
Para a construção: arte
Para o amor: arte

Na sexta o programa maravilhoso foi o BAR DA NIDA, melhor samba de Ouro Preto, de Minas, quiçá do Brasil!!! Querida Silvia Gomes, grandes amigas e amigos da época do Bar Cartola, quando começávamos a pensar o SBC, pessoas que se encontravam "do nada" e começavam a conversar sobre revisão de conceitos aprendidos que não mais serviam pra nada na vida... e a necessidade de construirmos novos conceitos orientadores de uma vida bem vivida. 

A chuva em Ouro Preto deu uma trégua e, no sábado véspera do Réveillon, pudemos fazer uma boa caminhada até o Parque das Andorinhas...e, a noite, fomos à Pça Tiradentes... um samba bacana - o SBC adora - e a queima de fogos - meia boca, o chuva deve ter "apagado" metade deles... 

Ceia do Bastião Bar e Café, massas deliciosas, além de outras coisas divinas, na pracinha do Morro de São Sebastião - no insta: bastiao_bar_cafe -  obrigada Marisa, nova amiga SBCense. 

E chega o tão esperado dia primeiro de janeiro: em Brasília sol de rachar, em Ouro Preto dia super nublado, no morro estávamos entre nuvens. Vimos a posse entre cervas e sanduiche de pão com linguiça, ótimo achado da mercearia São Sebastião, na pracinha, em frente ao Bastião, a poucos metros da nossa Casa da Árvore. 

Lula fez três falas: primeiro, o discurso de posse no Congresso; depois, a subida da rampa e o discurso para o povo; e mais tarde a sua fala no Festival do Futuro. Nos emocionamos muito, riamos, chorávamos, arrepiávamos - tinha uma de nós que ia no banheiro sem parar - comentávamos sobre os assuntos mais aleatórios, com o objetivo de lidar com nossa ansiedade, como por exemplo o "gato" atrás do Lula num dos discursos, deve ser um segurança, ele atendia o cel e sorria com o canto da boca, provavelmente estaria recebendo uma 'piropa' de gente que tinha seu cel - vontade de tê-lo também né meu bem? 

Enfim, o que nos propusemos para este post foi: primeiro, fazer umas pinceladas dos três momentos, pontuar neles o que achamos mais SBCence; e, segundo, solicitar aos amigos SBCenses  - os que foram e os que não foram a Brasília - que nos encaminhassem seus depoimentos sobre esse dia: impressões, emoções, acontecimentos no meio do povão... essas coisas...

Vamos, então, à PRIMEIRA PARTE, as falas:

Primeiro momento, discurso de posse no Congresso, Lula visivelmente emocionado, tem gente que interpretou seu silêncio durante o hino assim: "O amor dele pela Nação é do tamanho do interesse que ele tem em cantar o Hino Nacional"... creiam, recebi o vídeo com este comentário! E a resposta está na imagem a seguir... entendedores entenderão...


"Por que não vemos o que vemos, vemos o que somos", dizia Rubem Alves... e acrescentamos: que bonito é que estamos sempre em movimento, e podemos, sempre, ampliar nossa visão...

Mas a palavra chave deste primeiro discurso, para nós: ABISMO... "combater o abismo social"... e ele citou, emocionado: o abismo social entre a "fila do osso" e a "fila do carro importado".

E, por último, nesse primeiro discurso: "O amor vencerá o ódio"; "A verdade vencerá a mentira".

ACABOU O PESADELO! DEMOCRACIA PARA SEMPRE!!!

Segundo momento: subida da rampa:

A foto primeira do nosso post é altamente simbólica, não precisa dizer mais nada...

Outro ponto alto desse segundo momento, pra nós, foi o coro da multidão, numa certa altura do discurso do Lula: 
                                             ANISTIA NÃO!!! 
Não podemos repetir o erro dos anos 80 do século passado. Leiam nosso post de 20 de dezembro de 22 - Para que serve a arte? -  quando, a propósito do filme Argentina 1985, fizemos uma retrospectiva histórica do Brasil anos 80: "anistia ampla, geral e irrestrita"... e a consequência disso para nosso país agora.
Como recebi de alguma SBCense, com "perdão da expressão":


Terceiro momento: dois pontos altos no Festival do Futuro, segundo nossa percepção: o poema do pernambucano Antonio Marinho, de São José do Egito:

E o beijo do casal Lula Janja, beijo de língua, inaugurando o "fictício" Ministério do Namoro: namore quem você quiser!!!  namore a vida!!!


E VIVA A DEMOCRACIA!!!

SEGUNDA PARTE -  depoimentos:

1. Miguel Paiva, Jornalista e Cartunista - lembram do Pasquim? lembram da Radical Chic?


Aproveito aqui, a *posse* do Presidente *Lula*, dos ministros e governadores para tomar posse também de coisas que havia perdido ou estavam proibidas e esquecidas.
*Tomo posse* do ar mais tranquilo, da democracia, do clima mais feliz e ameno, da alegria e da risada. 
*Tomo posse* do meu direito de ser como eu quiser, de amar quem eu quiser e me vestir como eu quiser. 
*Tomo posse* do direito de acreditar no deus que eu escolhi, na religião que eu sigo ou mesmo de não acreditar em nada ou ninguém.
*Tomo posse* do direito de ser gordo, magro, negro, branco, amarelo, indígena ou europeu. 
É meu direito também pensar como eu quero, ajudar o próximo, fazer da educação meu objetivo maior, ler o que eu quiser, ouvir a música que mais eu curto naquele momento. No momento seguinte, posso mudar. 
*Tomo posse* também de todas as comidas e bebidas que existem nesse país e que estejam ao meu alcance. 
*Tomo posse* do direito de matar a fome de todos, de restabelecer o amor entre as pessoas, de conviver com as diferenças, de ouvir as conversas, dar risadas, respeitar o entendimento e o trabalho coletivo.
*Tomo posse* da terra, da casa, do meu lugar preferido. 
A *posse* das ruas, das praças, das praias, das planícies e das montanhas, dos rios, mares, lagos e praias. 
*Posse* das riquezas que temos, do petróleo, da pecuária, das florestas, das plantas medicinais, do conhecimento dos povos originários, da tradição passada de boca em boca, dos ensinamentos, dos truques e da sabedoria.
Falando em sabedoria temos que *tomar posse*, novamente, da ciência, das vacinas, da medicina, do SUS, dos médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, de todos aqueles que nos ajudaram a combater a COVID.
Tomamos também *posse* da nossa relação de gratidão com os professores, alunos, funcionários, escritores, artistas, atores, músicos, comediantes, cartunistas, jornalistas, pesquisadores e doutores que nos ajudaram a manter de pé, não só o país, mas todos aqueles que resistiram ao fascismo que ameaçou a nossa identidade e a nossa cultura estes anos todos.
*Tomamos posse* também do país, do Brasil, dos seus símbolos, das suas características da sua bandeira, suas cores e sua paisagem. 
*Tomamos posse* da Amazônia, para que não seja mais desmatada nem queimada. 
*Tomamos posse* das riquezas deste solo-mãe gentil, que nos fornece o suficiente para sermos felizes. 
Vamos *tomar posse*, novamente, do orgulho de ser brasileiro, da alegria de dividir o pão, de compartilhar o trabalho e olhar no rosto do outro, o sorriso que gostamos de dar e ver.
Este é o Brasil que eu quero novamente e, se faltou alguma coisa para *tomar posse*, é só juntar nessa lista. 
Temos o direito e o dever de *tomar* não só *posse*, como tomar conta deste país para que não aconteça, novamente, de o perdermos de vista. 
*Viva a democracia*, as eleições e o *presidente Lula.* 
E possuído deste sentimento de Brasil, termino por aqui, para que todos nós possamos *tomar posse* da cidadania que tanto nos faltou.

2. Cecilia Valdéz, nossa conterrânea - nasceu em Salinas - mora em Havana:

Eu nunca tive medo de morrer. Deixei que a morte se aproximasse de
 mim e sentasse ao meu lado para nossas conversas cotidianas,  
com a consciência da minha pequenez e da minha inutilidade. Mas 
uma coisa me incomodava: viver dos meus 71 a 75 anos - talvez os 
últimos dessa desditosa vida - sob mais um governo fascista. 
Sabia que cada ponto dado em um bordado, cada adesivo pregado 
em uma camiseta ou no vidro do carro, cada hino entoado nos bares, 
cada passo dado em manifestações seriam decisivos. 
Depois de tudo, correr para ver, trepado em uma cadeira, cabelos brancos
 ao lado de uma careca, sabendo que estavam em Rolls-Royce foi o 
prenúncio do gozo. Assistir pelo telão, sentado na grama da Esplanada, 
ao lado de uma multidão quieta e silenciosa, a cerimonia e o discurso da 
posse no Congresso, me remeteu aos longos e famosos discursos de 
Fidel. O gozo definitivo veio com a cena da subida da rampa, que
acontecia ao mesmo tempo que se tornava histórica. O beijo de língua 
no palco do show já me encontrou deitado no quarto do hotel, 
cansado e realizado. Enfim, pronto para morrer.

3. Antonieta Shirlene, ANGEL seu "nome de guerra":

Desde 1989 eu tenho um candidato à presidência da república. Seu nome: Luiz Inácio Lula da Silva. Desde essa data, foram várias candidaturas. Lula perdeu 3 das eleições que disputou a presidência do Brasil. A primeira para Fernando Collor de Mello, que mais tarde iria sofrer o processo de impeachment, e depois duas vezes para o então candidato Fernando Henrique Cardoso. Finalmente em 2002 Lula candidate-se novamente e é eleito presidente do país tendo como vice José de Alencar. No ano de 2006 é reeleito. Pois bem, em todos estes pleitos eleitorais Lula foi meu candidato por ser o político que representa, no geral, o anseio da classe trabalhadora. Seria " chover no molhado" descrever as realizações de Lula enquanto presidiu o país. 
Não devemos esquecer entretanto, que Dilma Rousseff ,sua então sucessora, sofreu um processo de impeachment . E em 2018 foi então eleito o presidente Jair Bolsonaro. Também é "chover no molhado" discorrer sobre o péssimo governo realizado por esta pessoa. Foram quatro anos de intensas perdas trabalhistas, previdenciárias, educacionais e sociais. O Brasil vivia numa grande e grave polaridade em todo o período em que Bolsonaro estava como presidente. Depois de ser inocentado,  em 2022 mais uma vez Luiz  Inácio Lula da Silva é candidato à presidência da República. Seu grande opositor: Jair Bolsonaro. Foram dois turnos eleitorais onde estavam sendo propostos projetos totalmente antagônicos entre si.
Se por um lado nós temos um candidato que atende aos interesses da elite agrária, financeira, especulativa e de grandes proprietários rurais, por outro lado nós tínhamos Lula que representava os interesses principalmente da classe trabalhadora como sempre o fez. A disputa eleitoral foi muito, muito acirrada. Tínhamos esperança de que Lula fosse eleito no primeiro turno dessas eleições. Infelizmente tivemos que disputar o segundo turno. 
Contra todos os fake News, compra de votos, orçamento secreto e tudo que há de mais sujo na política, saímos vencedores. Lula venceu a eleição presidencial com mais de 2 milhões de votos à frente de seu opositor. No dia primeiro de janeiro de 2023 vimos ,com muita alegria e emoção, mais uma vez Lula subindo a rampa do Planalto Central para assumir a presidência do Brasil. Eu não estava lá ,entretanto, me senti bastante representada pelos meus companheiros e companheiras de luta que estavam em Brasília para assistirem a posse.
Me senti representada, quando Lula subiu a rampa presidencial acompanhado de pessoas simples e verdadeiramente do povo. Mais representada ainda eu me senti, quando uma mulher colocou a faixa presidencial no "nosso "presidente. Chorei de emoção como muitas outras pessoas também não o fizeram. Mesmo estando em casa, assistindo pela televisão, vi que a esperança e a emoção chegou em milhões de corações. Nossa alma estava lavada. Sei que teremos um longo caminho a percorrer neste governo que  se inicia. Mas estamos prontos para mais esta luta. É hora de esperançar.
Hasta la victória siempre!

4. Monica Cardoso, querida SBCense:









Após seis anos de desmonte das legislações trabalhistas, de tentativas de criminalização dos movimentos sociais, sindicais e estudantis, de muitos obstáculos enfrentados como fome, miséria, violência, opressão, mortes, perdas irreparáveis, fascismo... após muita resistência, resiliência, luta em defesa das minorias, dos trabalhadores e trabalhadoras, dos estudantes... após uma campanha linda, a campanha da diversidade, do amor, do povo brasileiro... e, finalmente, após a vitória legítima da democracia nas urnas, só nos restou estar presentes em Brasília para viver esse momento histórico, de recomeço, de ressurgimento da alegria, da primavera, da inclusão, da diversidade... Foi uma experiência única, emocionante, inexplicável, estar de frente para a rampa do Palácio do Planalto e ver subir de mãos dadas com o nosso presidente, representantes do povo, foi lindo! Estar ali e assistir a uma mulher negra, periférica, entregar a faixa para o maior líder da América Latina, que sofreu um golpe, injustamente foi preso e impedido de disputar o pleito eleitoral em 2018 e deu a volta por cima, foi revigorante. Ouvir o discurso de nosso querido presidente Lula, iniciar com um "boa tarde, povo brasileiro!", fazendo referência aos que estiveram em vigília nos acampamentos em Curitiba, saudando-o durante 580 dias, foi de deixar as lágrimas rolarem. Êxtase pode ser a palavra que mais se aproxime do que sentimos, foi intenso, algo jamais vivido e sentido por mim antes. E agora fica pra além do sonho, a força e a coragem pra continuar e ajudar o nosso presidente a governar, pois fácil não será recuperar tudo o que foi destruído nos últimos anos. "Conte conosco, presidente Lula!" Aqui ninguém solta a mão de ninguém, nós prometemos naquele fatídico 2018 que resistiríamos e cá estamos nós. Somos resistência!

5. Laura Rocha, professora, sindicalista, ouropretana de coração:

Ouvir o presidente Lula destacando aquilo que tem mais me incomodando nos últimos anos, foi emocionante e o mais marcante para mim: "Ninguém é feliz de fato com tanta desigualdade!" Ter a oportunidade de fazer meu filho entender a grandeza e importância deste momento de retomada da democracia e da esperança, foi muito único também.
Além disso, como também disse Lula, a energia foi renovada "Que a alegria de hoje seja combustível para a luta de amanhã!"

6. Nivea Lula de Melo, grande SBCense:

Cheguei em Brasília e fiquei maravilhada com a onda vermelha que se formou na cidade.
MST deu show, sem falar na posse de Lula, digno de um legítimo Presidente.
Tudo perfeito, como devia ser, sem interferências de terceiros.
Povo hospitaleiro e educados que muito me impressionou.
Fiquei com gostinho de quero mais.
A melhor mensagem que Lula passou foi com a entrega da faixa, feita pelo povo. que foi muito comemorado. 
Não poderia deixar de  elogiar a Janja com sua perfeição e TB o Alkmin e esposa que levaram o Lula, as 22 horas, de volta ao palco onde estavam os artistas, para  agradecer mais uma vez o povo que o elegeu. 
Foi muito lindo

7. Dani, querida SBCense:

Quando me pediram para escrever um pequeno relato sobre como foi a posse do Lula eu imediatamente disse sim, pois imaginei que seria um prazer descrever como foi estar presente em um dos momentos mais importantes da história do nosso país. Só depois percebi que não daria conta, porque o que vimos e vivemos ontem não foi a posse de um presidente da República, mas sim a redenção de um país que, a duras penas, conseguiu retomar os rumos da democracia e, diante de um fato tão importante, há tantos sentimentos envolvidos que eles não cabem em palavras. É um sentir demasiado, é um sentir vivido coletivamente e por isso intensamente. Eu me senti parte de um grande abraço, parte de uma força que pode coletivamente criar um mundo mais junto, ainda que de forma dolorida. Estar na posse foi assistir ao vivo um momento histórico e ter a consciência de que todos nós somos responsáveis por essa história. A Constituição Federal se materializou na minha frente em forma de um mar de gente, que traduziu no mundo concreto os preceitos de que “todo poder emana do povo” e de que “constituem objetivos fundamentais da República construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Foi lindo.


8. Sidir falou dos perrengues que passou, embora tenha valido a pena (transcrevi sua fala):
Mas foi assim, a princípio foi  maravilhoso né, a realização de um sonho, um 
sonho coletivo estar lá. Foi muito bom mas eu passei muito mal viu Santu 
(ela me trata assim), eu fiquei na área mais próxima da rampa, cheguei cedo 
para conseguir lugar eles haviam dito que tinha uma estrutura, só que a 
estruturaera longe então a gente ficou sem água, sem comida,  porque se 
você saísse de lá você não poderia voltar...  o sol do cão, falou que a chuvinha;
 e a gente foi preparada para chuva e não teve chuva. No meu caso, minha 
pressão baixou, eu passei mal. E próximo a nós  muita gente passou mal. 
Teve uma senhora que passou mal três vezes mas a filha não deixava sair 
porque não podia voltar. Foi a realização de umsonho tá, mas foi super 
desumano super desumano mesmo. A partir da emoção de ver esse momento 
histórico, da satisfação a realização do sonho que eles fizeram  as pessoas 
suportarem, eu fui uma dessas pessoas que suportou, sai quase carregada 
pelas meninas.
Você não tem ideia:  Teve uma hora que alguém conseguiu meia garrafa de 
água e deu para a gente;na verdade eu com a dona que tava perto da gente; 
aí ela achou no chão o copo só passou um pouquinho de água e dava dois 
dedos de água para todo mundo que tava lá esquecendo a COVID, o sapinho 
todo mundo para molhar a boca; e assim todo mundo que tava perto pediu 
água e uns dois dedinhos, assim sem exagero, esse meio litro de água deu pra 
umas 20 pessoas molharem a boca. Eu fiquei até na hora que o Lula subiu a 
rampa, quando ele começou a falar a gente foi saindo porque eu tava andando 
mais devagar e um povo começou a sair também então a gente achou melhor
sair né ... Aí nós fomos saindo,  aí conseguimos comprar água no meio do 
caminho. Extremamente penoso... Até para quem tava fora, mais perto da 
estrutura, também teve problema porque, como era muita gente, e eles 
concentraram as barracas só numa rua, pegaram a Rua Lateral, aí ficou 
extremamente pesado. Era uma hora, duas horas para pegar a fila e as coisas 
acabaram rápido. 
Então, o que segurou mesmo foi emoção, foi você ver gente de todo lugar do 
país e fora do país. Próximo a nós tinha um casal de argentinos,  no meu grupo 
foi uma chilena a gente conversava, trocas culturais muito lindas, um momento
único pra vida... beijos Santu...


9. Zinho, fez e vendeu camisetas para ir a Brasília, não poderia deixar de ir de 
jeito nenhum, nem que fosse a pé:


(Estou vendendo estas camisetas por encomenda para bancar minha ida á Brasília, pois o PT Nacional cancelou 40 ônibus de MG)
Boa tarde companheira! 
Minha filha, eu fui para Brasília eu vou falar com você: foi tudo perfeito viu? uma maravilha! Me sentindo com a alma lavada sabe,  tirar um peso tão grande assim do coração sabe, do corpo também porque foi tão dura essa eleição do Lula... desde o golpe da Dilma que a gente tá nessa  luta e a gente só tomando porretada! então, depois que ele subiu a rampa... eu tava lá pertinho... fez aquele discurso maravilhoso! Mas graças a Deus deu tudo certo, tudo perfeito... agora esperar os bons acordos que ele vai fazer para o Brasil voltar aos trilhos novamente. Um abraço

Obrigada Zinho! Bora continuar fazendo camisetas em 2023!!!
Outras e outros SBCenses ficaram de mandar depoimentos, vamos acrescentando na medida em que forem chegando... Gratidão a todas e todos que fizeram esses depoimentos maravilhosos, que farão parte das nossas memórias para sempre.

Para terminar o "depoimento" do já SBCense Alysson Mascaro. Em live na quarta feira dia 4.janeiro na TV 247 ele faz uma preciosa análise histórica politico/econômica e nos coloca uma perspectiva de futuro nessa "nova era". E agora? como construiremos a democracia, melhor, qual democracia? ou seja, nossa tarefa pela frente será longa e árdua, pois a transformação social se faz pelo povo, pelas massas; portanto, necessário a educação politizadora, a conscientização social dessas massas... E ele termina com a frase: "Sem esperança e sem alegria não andamos".

Vale a pena ouvi-lo... tarefa do final de semana... 




E terminamos com duas frases simbólicas, uma que gritávamos nos anos 80: DITADURA NUNCA MAIS!
E agora: DEMOCRACIA PARA SEMPRE!

Abraços fraternos...