segunda-feira, 25 de março de 2013

Relatório: Audiência Pública na Câmara Municial sobre o Carnaval 2014


Amigos e Amigas,

Estive ontem na Audiência Pública na Câmara Municial sobre o Carnaval 2014, e encaminho a vocês um breve relatório da mesma:

Presidida pelo Vereador Pedro Patrus, a audiência teve início às 13:30 hs do dia 20 de abril de 2013, com o propósito de avaliar o carnaval de 2013 e dar início ao planejamento para 2014. Depois de composta a mesa e a fala de alguns vereadores, a pessoa convidada a falar foi o Rafa (Rafael Barros <rafamiragem@yahoo.com.br>), que leu um documento elaborado em conjunto, conforme decisão em reunião anterior.

Tal reunião aconteceu no dia 13/10 no Centro Cultural da UFMG, quando estiveram presentes o Felipe Fil e a Rosália, representando o SBC - nessa reunião também ficou decidido cada bloco levar um relatório/reivindicação direcionado à Belotur, com as considerações de seu bloco a respeito do desfile deste ano 2013, o que funcionou e o que não funcionou para ser anexado a um dossiê dos blocos de rua e ser entregue na audiência. O SBC (Felipe Fil e Santuza) elaborou tal documento, dizendo da falta de articulação entre Belotur, PM, BH Trans e SLU que tinha sido prometida pela Belotur, porém isso não aconteceu, repercutindo na ausência da PM, Belotur, SLU e tudo mais, somente os banheiros químicos foram instalados, mesmo assim fora do lugar combinado.

Voltando à Audiência, no documento lido pelo Rafa : O carnaval, a revolução, a festa destacamos:

... Importante destacar que as orientações da Belotur de enquadramento dos blocos de rua nos dispositivos da LEI Nº 10.277, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011 e do DECRETO Nº 14.589, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011, que a regulamenta, nos parece equivocado uma vez que estes instrumentos normativos dispõe exclusivamente sobre manifestação artística e cultural e não sobre a manifestação popular impondo, ainda, limites que extrapolam o estabelecido na Constituição Federal como horário e tempo de duração.   
...Nesse sentido a infra-estrutura básica para efetivação dos blocos de ruas tais como segurança, apoio logístico, limpeza urbana e equipamentos sanitários, bem como transporte público para a população durante o período da festa, são fundamentais e devem ser concedidos de maneira oficial e garantindo-se uma comunicação orgânica entre as diversas esferas do poder público.
...Nessa direção é fundamental que operemos duas transformações estruturais. A primeira aponta para uma mudança de vinculação institucional do carnaval, ele deve se deslocar da Belotur para os braços da Fundação Municipal de Cultura, órgão gestor da política cultural do município. A segunda diz respeito a um acompanhamento do carnaval de forma continua e não pontual.
(quem se interessar pelo documento completo é só nos solicitar, vale a pena ser lido integralmente).
Após a leitura, o Rafa citou todos os blocos que assinaram tal documento, perfazendo um total de 48 blocos (inclusive o SBC).

O vereador Gilson Reis iniciou a sua fala citando a música "Não põe corda no meu bloco..." e falou do modelo de Recife e Olinda para o carnaval de Belo Horizonte.

Algumas outras pessoas foram convidadas a falar, uma delas fez o trocadilho: "o carnaval é um fardo para o governo... ou ... o governo é um fardo para o carnaval?", outra pessoa citou as verbas prometidas e tiradas há 4(quatro) dias do carnaval, o que arrasou com blocos caricatos e Escolas de Samba.

Aí chegou a vez da Escola de Samba Cidade Jardim, que estava representada pela sua Vice Presidente. Ela falou pouco e concluiu que não deseja o estigma de Escolas: brigões, assim como o outro de Blocos: arruaçeiros. Em seguida convidou o Diretor Cultural da Cidade Jardim, que começou seu discurso falando da questão da relação cultural entre Poder e Povo, que não foi resolvida desde a ditadura. E que é de suma importância se discutir sobre o papel do Poder Público, que precisa entrar em relação com a cultura popular. Qual seja, a relação de um ouvir o outro.

Aí foi a vez do representante da Belotur, Sr Gelton. Ele começou citando o Vereador Gilson (que falou sobre a superação de trincheiras) e dizendo que ... "não há trincheiras quando o lado é um só". Citou também Marilena Chauí, quando ela diz sobre participação e co-responsabilização, e até contou um caso interessante sobre a confusão do cidadão entre o público/privado, um caso de um roubo de flores na Praça da Liberdade, em que a pessoa que "roubou" disse... "é de todo mundo, posso levar prá casa".
Mas aí começaram as manifestações, principalmente de representantes da Cidade Jardim, que estavam indignados por causa da desclassificação (que foi feita pelo Sr. Gelton), afirmando a sua prepotência e exigindo desculpas. Após intervenção do Vereador Pedro Patrus, o Sr Gelton explicou : foi construido regulamento de forma compartilhada (com escolas e blocos) - de novo várias manifestações: isso era mentira, não foram convidados... Sr. Gelton continua: item do regulamento não cumprido (atraso de dois carros, da Cidade Jardim), no caso a desclassificação foi justa com os outros blocos e escolas. ...
Continuando a fala: ele reforça a idéia do Ver. Gilson de aprender com o modelo de Recife e Olinda. Fala da estigmatização da palavra burocracia e sugere ... onde se lê burocracia, pode ser planejamento. Fala da Praça Santa Tereza, de lixeiras usadas como mesa, da decisão do povo de descer para a Praça do Cardoso... algumas pessoas manifestaram nesse ponto: na quarta feira, tinha jogo do galo, aí a praça estava cheia de banheiros!
O representante da Belotur falou também que não pode responder por outras instituições que não cumpriram a promessa de verbas; assim como de iniciativas, diante de recursos limitados,  de buscar parcerias, como uma com o Sebrae, que pretende desenvolver a capacitação em empreendedorismo e em captação de recursos e outros assuntos pertinentes, para o pessoal de Escolas de Samba, Blocos Caricatos, e também os blocos de rua serão convidados.
Enfim, quando o representante da Belotur falou em seguir regulamento houve outra manifestação: seguir regulamento sim, interpretar regulamento de uma forma unilateral é que é o problema... Todo monopólio é pernicioso, se afirmou entre as pessoas presentes. E quando o Sr Gelton falou em terminar e se despedir pois tinha outro compromisso, ele foi contestado por todos os presentes, inclusive pelo Vereador Pedro Patrus, o sentimento manifestado foi de desrespeito. Ela saiu e deixou um representante.

A audiência continuou, agora com a fala do representante da PM, Cap. Gibran, cpc-p3@pmmg.gov.br,  que sugeriu reuniões mensais e que afirmou que ..."queremos, exigimos, ser envolvidos no carnaval de 2014". Um dos presentes denunciou a violência da polícia contrapondo a ausência de ocorrência de qualquer tipo de problema entre os foliões e citou o caso do seu instrumento ter sido quebrado pelo cassetete de um policial. O capitão respondeu esclarecendo não ser essa a conduta que se recomenda entre eles. Foi sugerido um treinamento específico para a atuação nesse tipo de evento. Sobre a questão de ultrapassar horário, ele citou a frase “a flexibilidade faz parte de uma negociação firme".

Uma representante da Associação do Bairro Santa Tereza se manifestou e reclamou veementemente o fato de tanto esta Associação como nenhuma outra não terem sido convidadas para essa audiência, assim ela foi convidada para compor a mesa. O Santa Tereza recebeu mais de 20.000 pessoas no carnaval e é considerado o palco do mesmo, assim, a Associação quer participar de todo o processo.

O Mestre Conga, importante representante do carnaval em Belo Horizonte há muitos anos,  foi convidado a falar e reivindicou a volta dos CDs gravados com antecedência, a volta dos concursos de Cidadão samba e Rainha do Samba, a escola de samba funcionar o ano inteiro e o preenchimento na Praça da Estação da terça feira de carnaval.

A Secretária de Planejamento lembrou do Plano de Ações Governamentais que, estando agora na época da realização do mesmo, a ações têm que ser previstas.

A fala da representante da BHTrans (deusuite@pbh.gov.br): "via pública é lugar onde as pessoas exercem cicadania", ressaltou "todas as pessoas"... e o papel da BHTrans é o de conciliar interesses... em princípio, as vias não são feitas para carros... recomendou o Programa "A Rua é nossa" nos domingos, por exemplo, a Av Bandeirantes, que fecha o trânsito todo domingo para atividades de participação do cidadão, entre outras. Ressaltou que o planejamento tem que ser feito junto com a população e que fizeram o que puderam no carnaval, diante do encaminhamento a respeito dos blocos feito pela Belotur.

Em seguida o Sr Tiago Araujo, representante do Conselho Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura iniciou a sua fala. Nessa hora o Ver. Pedro Patrus avisou que estavam faltando 10 minutos para terminar a audiência e que talvez houvesse uma continuidade de maneira informal. Infelizmente tive que sair, pelo avançado da hora, e não pude ver o encerramento do evento.

Contamos com toda a diretoria do SBC para acompanhar e compartilhar com toda a diretoria todas as reuniões que acontecerem daqui para frente, pois consideramos de suma importância a participação do SBC no planejamento do nosso próximo carnaval.

Obrigada a todos.

Santuza

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