sábado, 19 de março de 2016

Filosofias SBCenses: o lado A e o lado B da mulher na história




Vocês se lembram do post de 02.03.2015 sobre as pessoas e os LPs?
Leram? Se ainda não, aproveitem agora...
Trata-se de uma riquíssima teoria psicológica SBCense... digo riquíssima pois é uma “teoria aberta”, ou seja, a partir da metáfora podemos ir refletindo e nos vendo e encontrando melhores jeitos de ser no mundo.

É a (divertida, sem deixar de ser profunda...) comparação das pessoas com os LPs... o nosso lado A e o lado B... e não se trata do maniqueísmo de pensar que um lado é o bom e o outro é o ruim, e sim do que tem de bom e de ruim em cada lado, como se apropriar e utilizar cada lado para a vida, para o belo, para o prazer.

Pois bem, a propósito do tema deste mês (mulheres e feminismo) e a partir dessa teoria aconteceu uma outra riquíssima filosofia... reflexão... sobre o que chamamos de Lado A e Lado B da mulher, o lado A construído cultural e historicamente no Brasil a longo do último século até os dias de hoje... e o Lado B, também construído historicamente, pois somos serem históricos, objetos (reprodutores...) e sujeitos (construtores e construtoras...) da história.

Uma grande SBCense levou um texto  da historiadora  Carla Bassanezzi Pinsky, extraído de livro já super recomendado no nosso blog: A Nova História da Mulher no Brasil. Então nos servimos deste texto para “filosofar”, ou seja, elaborar o perfil da mulher forjado ao longo deste último século, que vem a ser a nossa matriz, os modelos que podem determinar a maneira de ser, de pensar, sentir a agir... e que podem nos enriquecer... ou nos condenar, nos aprisionar... assim como as construções contrárias aos modelos... e que também podem nos aprisionar ou nos libertar.

Em outras palavras: como somos e como deveríamos ser. “São muitas as representações que envolvem a figura feminina em todas as épocas. Dentre elas, há as dominantes, tomadas como modelo e referência”. E, além de influenciar os nossos modos de ser, agir e sentir, interferem nos espaços que ocupamos na sociedade e nas escolhas de vida que fazemos. E temos, ao longo da história, rebeldias, transgressões,... que foram desconstruindo esses modelos e, aos poucos, fazendo uma revolução, construindo novas formas de SER mais livres e autênticas.

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Então... vamos à história: As mulheres foram (e ainda são) identificadas com o seu sexo, confundem-se com ele e são reduzidas a ele. A “pura” e a “puta”; a “santa” e a “pecadora”, vejam aí o lado A e o lado B definindo de forma maniqueísta (ou\ou) as imagens femininas. No Brasil, mesmo com a chegada do século XX, não houveram grandes rupturas, ou seja, permaneceram as heranças europeias e medievais que valorizavam a pureza sexual das mulheres e condenavam as que gostavam de sexo.

Na primeira metade do século XX, não havia dúvidas de que as mulheres eram, “por natureza”, destinadas ao casamento e à maternidade. Este “destino” fazia parte da essência feminina, incontestavelmente. A família era tida como central na vida das mulheres e referência principal de sua identidade. Aí está forjado o lado A.
Um Amor Conquistado o Mito do Amor Materno



Um lado B possível e ótimo como referência: o livro " Um amor conquistado: o mito do amor materno. Para Elisabeth Badinter, feminista francesa contemporânea,  dois fatores estão ligados à formação do "mito do amor materno": a necessidade de assegurar a sobrevivência dos descendentes e a idealização da figura da mãe, a fim de que certa completude se fizesse sentir entre a mãe e a criança. Não se trataria, segundo ela, de "instinto", pois o afeto se formaria da convivência e seria algo "conquistado", como é o caso da paternidade





Badinter em foto de 2003



Mulher de bem, mulher de família, filha obediente, esposa submissa, mãe dedicada, temente a Deus, virtuosa e recatada. O outro lado: mulher da vida, mulher alegre. Ávida, voraz, insaciável (lado B)... ou passiva, frígida, indiferente ao prazer sexual (lado A). Tais modelos rígidos eram marcantes na elite e reproduzidos na classe média. Mas mesmo entre as mulheres trabalhadoras das primeiras décadas do século passado havia adesão aos modelos, na busca por uma maior aceitação social. As noções de honra eram reproduzidas e era senso comum que o homem que roubasse a virgindade de uma “moça honesta” tinha a obrigação de reparar o mal com o casamento.






Lá pelos anos 20 o cinema norte-americano apresentou a figura da vamp... a femme fatale da literatura e do teatro europeu da época. Fazia parte das fantasias masculinas... do Adão pela Lilith (vejam nosso post anterior). Esses fatores contribuíram para alterar padrões da “moça de família” da época. As garotas começaram a aprender a dançar, a pular carnaval, podiam ir sozinhas às compras e à escola. Porém, em vez de contribuir para a autonomia, denotava mais a continuidade da vontade de agradar aos homens e arrumar um “bom casamento”, um “bom partido”. Então, aprimorar os encantos femininos, o poder de sedução, ser “saudável”, passaram  a ser um bom investimento.



Na população pobre o relacionamento dos casais era determinado em grande parte pelas condições concretas de existência e seguiam regras próprias, mais igualitárias. As mulheres em geral trabalhavam e tinham certa independência, então os casais se desfaziam mais facilmente. Tal conduta era diferente dos valores dominantes, então as mulheres eram retratadas como “vadias”, “cheias de vício”, pessoas com “baixos padrões morais”... tudo lado B.

Mas também nas classes sociais mais altas surgiram lado B bastante interessantes, uma minoria de mulheres que teimaram que sua conduta liberada era apenas moderna e não imoral:

 


As "Flappers", no Brasil conhecidas como  “Melindrosas”, foi nos anos 20 um estilo de vida que "desacatavam a tradicional conduta feminina". Vestiam saias curtas, aboliram o espartilho, cortavam o cabelo a moda Chanel, ouviam jazz, tango ou samba  Ansiosas por gozar a vida, apreciadoras do flerte, da dança e do sorriso. Tornaram-se as primeiras mulheres da história moderna a representar o feminino através da indulgência e liberdade. Isto não era simplesmente uma revolução da beleza, era sexual.






As “suffragetes”, reivindicaram direitos políticos e educacionais iguais para todxs (mulheres e homens)

Brasil-feminino-a-mulher-na-constituinte-2


Com a conquista do direito ao voto por países como Inglaterra e EUA, o movimento sufragista ganhou ainda mais força por aqui. O fato de muitas sufragistas fazerem parte da elite política brasileira facilitou a obtenção do voto feminino no Brasil, mais cedo do que a maioria dos países latino-americanos. 

Em 1928, a cidade de Mossoró (RN) tornou-se a primeira cidade no País a autorizar o voto da mulher em eleições, o que até então era proibido (mesmo não constando na Constituição Federal). Foi neste mesmo ano que uma mulher conseguiu liberação judicial para votar — a potiguar Celina Guimarães Viana. Após essa conquista do direito de votar, um grande movimento nacional levou inúmeras mulheres a fazerem a mesma coisa. No ano seguinte Alzira Soriano de Souza elegeu-se prefeita do município de Lajes, no Estado do Rio Grande do Norte, tornando-se a primeira prefeita eleita no Brasil. 


Com a tomada de poder por Getúlio Vargas, o governo apresentou-se favorável ao sufrágio feminino. Em 1931, Getúlio concedeu voto limitado às mulheres, ou seja, somente solteiras, viúvas com renda própria ou casadas com a autorização do marido poderiam votar. Grupos feministas continuaram manifestando-se, alegando igualdade de voto entre homens e mulheres. Então, Getúlio Vargas assinou o decreto n.º 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, o qual determinava que era eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma do código.


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A bióloga Bertha Maria Júlia Lutz foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto à mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Não no Brasil, na Inglaterra, mas foi tema da nossa conversa, citado como "o filme da minha vida", "super atual", "fala muito da gente". As sufragistas (Sufragette), filme de 2015, direção de Sarah Gavron, inspirado no movimento pelo voto feminino do final do século XIX e início do século XX na Inglaterra, retrata a vida de um grupo de mulheres que resistia à opressão de forma passiva, sendo ridicularizadas e ignoradas pelos homens. Elas então decidem se rebelar publicamente e reivindicar seus direitos como mulheres. Conta uma história que se passou há mais de cem anos mas sua carga de urgência e necessidade de mudança é completamente atual. Em uma época na qual igualdade de salários, representatividade e respeito figuram entre os principais objetos de luta das mulheres -  que costumam ser taxadas de "exageradas" pelos preconceituosos de plantão (leiam nosso post "O machismo nosso de cada dia", de 1.3.16) - este filme vem para mostrar que, numa perspectiva histórica, "ontem mesmo", há pouquíssimo tempo, a mesma luta era voltada ao direito ao voto (e,  principalmente, pela dignidade da mulher).




E as artistas e intelectuais modernistas, “afeitas à boemia, ao comportamento sexual mais livre e a formas alternativas de relacionamento afetivo”.


As mulheres tiveram papel tão importante quanto os homens no modernismo. Na foto Pagu, Anita Mafaldi, Tarsila do Amaral, Elsie Houston e Eugênia Álvaro Moreira à frente



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Já nos anos 50... os anos dourados ... o milagre econômico de JK... a industrialização do Brasil. Otimismo pós-guerra... ascensão da classe média... democracia política. O que essa modernidade trouxe de contribuição para a alteração do modelo, da rigidez do lado A para a flexibilização e a possibilidade da construção mais autônoma da nossa identidade?

Nessa época as perspectivas das garotas certamente já haviam se ampliado. A escolaridade da população feminina havia crescido significativamente. Porém, a velha ideia da honra feminina continuava vigorando firme e forte. A Igreja Católica continuava a orientar condutas e impingir modelos. “As garotas desde cedo aprendiam que o casamento feliz coroado pela maternidade e um lar impecável é negado às “levianas”, as que se permitem ter intimidades físicas com homens”. Olha aí de novo os rígidos modelos... lado A e lado B: “Na atualizada classificação moral das imagens femininas, a “leviana” está a meio caminho entre a “moça de família” e a “prostituta”. Pode até fazer sucesso com os rapazes, mas nunca se casa, pois nenhum homem honesto vai querer alguém como ela para “mãe de seus filhos”. Segundo a regra, é o homem quem escolhe a esposa, preferindo as dóceis e recatadas e repudiando as “defloradas” por outro sujeito ou mesmo as de comportamento suspeito, com fama de “emancipada” ou “corrompida, “garota fácil”, “vassourinha” ou “maçaneta” (que passa de mão em mão, namoradeira, promíscua)”. Depoimento de SBCense que viveu sua mocidade nessa época:  “olha que fazíamos uma força danada para viver esse lado B, eu namorada muito, fiz faculdade de psicologia, transei com um namorado por desejo de me desvencilhar do peso da virgindade... mas vivia isso com uma culpa que me corroía, um espécie de ameaça pairava sobre mim, do tipo “você vai ser infeliz pelo resto da sua vida pelas suas escolhas”. Aí, aparecendo o primeiro cara que “me aceitou”, casei rapidamente com ele... e caí de quatro no modelo “in – feliz para sempre”...”

Vamos ao lado A: a “boa esposa” , “esposa perfeita”; a “dona de casa ideal”, a “mulher prendada”, “rainha do lar”. O “espírito materno” foi atualizado. Tudo isso com as facilidades da vida moderna: geladeira, TV, aspirador de pó, entre outros eletrodomésticos que “facilitavam” a vida da dona de casa.
Claro, esse modelo era vivido de forma diferenciada de acordo com a posição sócio-econômica da mulher e da família:  as mulheres de classe alta empregavam com inteligência o orçamento doméstico, era o esperado delas... gastando o necessário (com recepções, festinhas para os funcionários do marido, por exemplo) para uma aparência de distinção; as de classe média dividiam o serviço doméstico com uma empregada e eram encarregadas, além da supervisão das mesmas, de compras da casa, elaboração dos cardápios, embelezamento da casa e costurinhas em geral; já as empregadas domésticas eram representadas de forma nada lisonjeira: “sapeca”, “promíscua”, “debochada”, “burra”... preconceitos raciais tinham grande influência na construção dessas imagens.
Ainda era muito forte nessa época a crença no peso negativo do trabalho fora do lar para a imagem forjada da “mulher ideal”. Tanto que se diferenciou a mulher “trabalhadeira” (expressão elogiosa, desejável para a mulher em todos os grupos sociais... da mulher “trabalhadora” – considerada o oposto da “dona de casa ideal”... “ainda que esta se envolvesse em atividades exaustivas e extremamente relevantes (mas sub-estimadas) para a manutenção dos lares e a construção das economias familiares”. As fábricas eram tidas como antro de perdição. A atividade fabril não é para o sexo feminino, doméstico e maternal por natureza. As oposições sociais diminuíam quando a mulher abraçava uma “profissão honesta”, relacionada a cuidado, assistência e serviço, tipo professora, enfermeira, telefonista, secretária. Diminuíam também quando era por uma “necessidade econômica”, para   “ajudar” o marido... e quando sua profissionalização não comprometesse sua feminilidade. Por outro lado, essas oposições aumentavam quando a mulher argumentava sobre sua escolha de trabalho ser em função de realização pessoal e independência. Pois sua “felicidade” já era definida: O que poderíamos desejar a mais do que ser “a rainha do lar”?

Anos rebeldes... anos 60... o começo da virada, o lado B fazendo história...


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 “Liberdade... autonomia... é a de pensar, sentir e agir... de construir o que queremos ser, nossa identidade... é muito maior do que a do bolso... mas passa por ele”... foi a frase que ouvi de uma espécie de guru lá pelo final dos anos 60... e essa frase internalizada mudou minha vida para sempre... me deu coragem de superar os modelos rígidos, o lado A... e começar a me construir, construir novos valores orientadores para a vida, outro estilo de vida, novas relações fora dos padrões determinados”. Depoimento de SBCense considerada por nós como uma pessoa engajada, contemporânea, plugada no mundo, solteira por convicção, cheia de energia, de amigos, de bem com a vida, feliz (segundo ela “dentro do possível”, a busca é por ser livre, pois buscar “ser feliz” pode nos fazer cair no buraco do lado A, na alienação e na adoção dos modelos prontos e rígidos).

As transformações nos anos 60 (desenvolvimento econômico, industrialização, urbanização, energia elétrica, transporte, comunicações... ampliando o mercado de trabalho, a escolarização dos brasileiros... e brasileiras) ajudaram a modificar os modelos, as imagens da mulher, sua relação com os homens e os significados atribuídos ao feminino. As manifestações estudantis e de segregação racial, a ida do homem a lua, o regime militar no Brasil. E, mais importante dessa época... do século, melhor dizendo... a popularização da pílula anticoncepcional.  Foi com a pílula que a mulher se viu livre da natureza e se apropriou do seu corpo. E "reivindicou o orgasmo".


O movimento hippie trouxe uma nova compreensão da liberdade sexual e do amor




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Apesar de em 1970 as mulheres representarem 50,3% da população e 21% do mercado de trabalho, o papel dela ainda era visto apenas como mãe ou dona de casa. Na imagem: Carlos Lamarca, opositor da ditadura, e Yara Iavelberg treinando tiro, Osasco. (Foto: arquivo histórico)

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Anos 80... 1988... Constituição da República Federativa do Brasil... e o que tem isso a ver com o lado A  e o lado B da Mulher???... TUDO!!! O convite é aprender com a história... para melhorar... resuminho no quadro abaixo da segunda metade do século passado até agora. Olhem bem o ano de 2005... outro dia!!! Pois é... até 2005 no Código Civil e no Código Penal constavam o termo "mulher honesta", ou seja, a mulher ainda era definida "no privado": mulher honesta era (ou é...) aquela fiel, boa mãe, boa dona de casa... reflitam: como se define "homem honesto"? Jamais dessa forma, e sim como bom pagador, que cumpre seus compromissos...


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E em 2006 entra em vigor a Lei Maria da Penha... e o feminicídio continua...

A lei de numero 13.104 altera o Código Penal para prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e inclui-lo no rol dos crimes hediondos. O feminicídio é caracterizado quando a mulher assassinada justamente pelo fato de ser mulher. Sancionada no dia 9 de março de 2015 pela Presidenta Dilma Rousseff, a lei do feminicídio pode ser considerada uma vitória para a igualdade entre os sexos.




E ainda ouvimos (MUITO!!!), inclusive entre nós mesmas:

  • Sou feminina... não sou feminista... pois ainda quero casar (uma compreensão do feminismo como um movimento de mulheres CONTRA os homens, mulheres que não gostam de homens... distorcida... )
  • Não sou machista... nem feminista... sou humanista... (heim???)
  • Feministas são mimimi...
E por aí vai...

Lembrando mais uma vez: a história serve prá gente aprender... e melhorar...

Depoimento de grande SBCense: essa história é fundamental prá gente refletir. Fica claro prá mim que é através do trabalho que conseguimos autonomia. Essa é muito maior do que a do bolso... autonomia de pensar, de sentir, de agir... de SER... mas passa pelo bolso. Pois com a do bolso podemos reivindicar o real compartilhamento com os homens na vida privada. Isso pode condicionar todo o resto. Li que nós, mulheres, continuamos assumindo 70% das responsabilidades domésticas, o que inviabiliza nossa equiparação aos homens no mercado de trabalho. "Se o trabalho doméstico for realmente dividido, as mulheres terão condições de ter uma vida melhor."

E prá terminar por hoje... temos ainda muito a conversar e refletir... recebemos como um PRESENTE um filme que retrata a revolução que pode ser realizada pelas mulheres: "A fonte das mulheres", filme lançado em 2011 na França, dirigido por Radu Mihaileanu.



Com uma delicadeza comovente, a mulheres de uma aldeia norte-africana fazem uma revolução democrática e rompem com os papéis  femininos colocados para elas de uma forma "inquestionável" pela tradição; e fundamentados em argumentos religiosos,  que ajudam a manter uma hierarquia social,  onde os papeis femininos e masculinos são especificados e distintos entre si. E imaginem o que elas reivindicavam: água encanada!!! pois eram elas que buscavam água numa fonte nas montanhas, pois a elas competia o papel de cuidar do lar. A maioria das mulheres não sabia ler nem escrever. Leila sabia... e quando Iname (um espécie de sacerdote) tentou legitimar as agressões dos maridos baseando-se nas escrituras do Alcorão, foi baseada no mesmo livro que ela mostrou que, na verdade, era de igualdade e de uma convivência fundada na paz que as leis de Deus falavam. Então, tudo que se mostrasse diferente disso era uma interpretação possível, um "desvio da escritura... por interesses pessoais". E elas fizeram uma "greve de amor" até conseguirem a água encanada. E fizeram política, e mostraram, também, que o conhecimento legitima a democracia.

E assim terminamos (provisoriamente) nossa conversa sobre lado A e lado B... e lado nenhum quando construímos o que queremos, autenticamente ser... assim vamos nos construindo historicamente.

Abraços carinhosos a todxs...

Santuza TU






































































































segunda-feira, 7 de março de 2016

Conversas SBCenses: Lilith? Quem é essa? amiga de Lucifer???



Tendência SBCense nas conversas durante o mês de março: mulher, machismo, conquistas, relações de gênero...

Mas esta a seguir não começou com este tema, e sim com o "filme que mudou minha vida", que me fez refletir... e alguém tirou do baú: EM NOME DA ROSA... lembram?




Umberto Eco é um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault. Junto com o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, lançou em 2010 "N’Espérez pas vous Débarrasser des Livres". E acaba de falecer, dia 19 de fevereiro deste ano, aos 84 anos. Nossa homenagem...



Romance de estréia de  Umberto Eco, O Nome da Rosa é uma narrativa policial, ambientada em um mosteiro da Itália medieval. A morte de sete monges, ao longo de sete dias e noite..


O filme é de 1986, dirigido por Jean-Jacques Annaud, foi baseado no romance homônimo de Umberto Eco. Sean Connery é o frade franciscano Guilherme de Baskerville e Christian Slater é seu aprendiz Adson von Melk, que são chamados para resolver este mistério mortal em uma abadia medieval.

A história se passa no ano de 1327 – Século XIV - num Mosteiro Beneditino Italiano que continha, na época, o maior acervo Cristão do mundo. Poucos monges tinham o acesso autorizado, devido às relíquias arquivadas naquela Biblioteca.





No Filme, o monge Franciscano e Renascentista, interpretado por Sean Connery, foi designado para investigar vários crimes que estavam ocorrendo no mosteiro. Os mortos eram encontrados com a língua e os dedos roxos e, no decorrer da história, ele verificou que os monges manuseavam (desfolhavam) os livros, cujas páginas estavam envenenadas. Então, quem profanasse a determinação de “não ler o livro”, morreria antes que informasse o conteúdo da leitura.


O Livro havia sido escrito pelo Filósofo Aristóteles e falava sobre o riso: “Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir da verdade, porque a única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade”.

E na história, por trás de “quem matou e quem morreu” aparecem nítidas disputas entre o misticismo, o racionalismo, problemas econômicos, políticos e, principalmente, o desejo da Igreja em manter o poder absoluto cerceando o direito à liberdade de todos. A Igreja não aceitava que pessoas comuns tivessem acesso ao significado de seus dogmas (fundamentos da religião) nem questionassem e fossem contra os mesmos e, por esse motivo, para definir o poder sobre o povo, houve a instauração da Inquisição que foi criada para punir os crimes praticados contra a Igreja Católica que se unia ao poder monárquico.

O período Renascentista que se desenvolveu na Europa entre 1300 e 1650, época em que se desenrola o filme (1327), vinha de encontro a Igreja, exatamente porque o Renascimento pregava a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. Então, o Monge William de Baskerville utilizava-se da Ciência e conseqüentemente da razão para dar solução aos crimes do mosteiro e desagradava, em muito, a Santa Inquisição, na figura do Inquisidor Bernardo Gui que realmente existiu e foi considerado um dos mais severos inquisidores.


Também dessa época temos notícia de várias passagem da Bíblia que foram proibidas... os livros apócrifos. Ou seja, a Biblia foi reescrita várias vezes, de acordo com a ideologia que se queriam passar à sociedade em cada época... dizem, por exemplo, que Nossa Senhora é uma personagem que foi inserida lá pelo século XVI, quando se queria reforçar uma imagem da mulher pura, submissa... e por aí vai. 

E foi nesse ponto que grande SBCense compartilha conosco uma "história apócrifa" que mudou sua vida: a história de LILITH !!! alguém conheçe?

Ela nos passa com seu jeito de contar: gente! os primeiros habitantes do paraiso não foram Adão e Eva... foram Adão e Lilith!!! sim... a primeira mulher foi Lilith, feita do mesmo barro, como Adão... então, Deus criou Lilith... e Deus criou Adão.... os dois do barro... e os colocou no paraíso, o Éden. E viviam felizes...

Mas Lilith começou a focar contrariada com algumas coisas que ocorriam. E começou a questionar muito: como eu tenho que me submeter a você Adão!!! por que isso??? e Adão respondia: porque Deus quer assim!!! não questione... mas ela não se conformava: por que eu por baixo e você por cima!?!? não pode ser diferente? e Adão: deixa  isso prá lá, Lilith, não seja teimosa!!! Mas ela não se conformava... e começou a ficar muito revoltada com Deus.


E Deus ficou sabendo disso... claro, onipotente, onisciente... está em todo lugar... na verdade o Deus Pai cristão é muito autoritário, punitivo... machista mesmo...vocês não acham?

Deus ficou muito irritado com a revolta da Lilith. E, imaginem!!! foi nessa mesma época que, lá no céu, estava acontecendo também uma revolta de Lucifer com Deus também! Lucifer, que era o braço direito de Deus, começa a dar opiniões e criticar o mesmo. Acha que Deus suporta isso!?!?


E foi então, nessa época, que Deus cria as trevas... e manda prá lá Lucifer e Lilith... os primeiros moradores das trevas... 

Lucifer e Lilith ficaram amigos... e Adão ficou sozinho no paraíso... e começou a ficar muito ruim sozinho... então ele faz "contato" (não sei como se fazia àquela época) com Deus: Deus! manda outra mulher prá mim... mas manda uma que seja menos questionadora, mais cordata, por favor!!! e Deus atendeu: durma Adão!!! Adão dormiu e Deus tirou uma costela sua e construiu Eva...





Acredita-se que Lilith costumava seduzir os homens, as crianças, os inválidos e os recém-casados, aprisionando-os e causando-lhes orgasmos extasiantes. Por este motivo, pode representar o ódio contra a família, aos casais e aos filhos. Lilith, entre outras coisas, é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. Ficou na história como a "lua negra" (a face sombria do feminino), como um demônio... relacionada à sombra do inconsciente, ao mistério, ao poder, ao silêncio, à sedução, à tempestade, à escuridão e à morte.


Mas Lilith representa também a força feminina, aquela que busca sua afirmação e a igualdade. E caminhou por aí nossa conversa, perguntas, perplexidades, reflexões: 

  • todxs nós somos impregnadxs da cultura judaico cristã, da qual herdamos as matrizes masculina (Adão) e a feminina (Eva);
  • então... sabe esse desejo inconfessável de ser protegida, de se submeter? matriz feminina de Eva!!!;
  • sabe Adão? só esta a matriz masculina... vive com Eva, sonha com Lilith mas não dá conta... por causa da matriz!!!
  • e você já "descobriu" a Lilith em você?;
  • e como ela se manifestou/manifesta?;
  • você conhece (ou se vê assim...) Liliths travestidas de Evas? sim!!! temos muitas... pois somos constantemente... diariamente... várias vezes ao dia... "sutilmente forçadas" aos papéis de Eva!!!
  • e você conhece (ou se vê assim...) mulher Lilith? percebe constantemente... diariamente... várias vezes ao dia... as ameaças que as Liliths recebem de maneira sutil: claro que podem ser Liliths, mas ficarão sozinhas... sofrerão por isso... e por aí vai...
E, enfim: queremos ser Liliths... queremos romper com a matriz Eva por mais ameaçador que isso possa ser... e queremos nos encontrar com outras Liliths e com Adões que consigam também vencer a matriz Adão, abrir mão dos privilégios que os acorrentam e desejar/construir realmente a igualdade...

Bora arregaçar as mangas??? Dá trabalho mas vale a pena!!!


Abraços carinhosos a todxs os esperançosos e lutadores...

Santuza TU








terça-feira, 1 de março de 2016

CONVERSAS SBCences: o machismo nosso de cada dia...

Cenário: reunião  de final de ano, convocada pelo presidente da empresa. Objetivo: analisar realizações do ano de 2015 e propostas para 2016. São 12 Departamentos, dentre eles o Departamento de Relações Humanas, ocupado por uma mulher. Todos os outros departamentos são ocupados por homens.



Ela ainda sente um frio no estômago quando vai participar dessas reuniões, mas respira fundo e diz a ela mesma: tenho competência, estou aqui pela minha experiência de trabalho e conhecimento... e tenho um bom conteúdo a apresentar...  e se empodera... e vai...

E aí começam as exposições: Departamento de Engenharia, Departamento de Obras... e por aí vai... aí chega a sua vez...

E quando ela se levanta para começar a sua fala é interrompida pelo Diretor de Vendas: Fulana, você está linda! acrescentado pelo Diretor de Obras: Está não... Ela é linda!!!

Nesta hora ao friozinho no estômago se acrescenta as pernas bambas, ela coloca a mão na mesa para não cair... quantas vezes ela já teve esse sentimento... de fragilidade, de intimidação... e respirava fundo e continuava o que estava fazendo dizendo a si mesma: Não vou me submeter...

Mas nesse dia ela respirou fundo e se encheu de coragem (se eu me calar, por mais que responda em ações,  estarei sempre favorecendo a continuidade dessa coisa sutil que arrasa com todas nós...) e... em vez de dizer Obrigada... e centrar na sua fala... pediu ao Presidente licença para expressar seus sentimentos. Todos se assustaram, o Presidente disse: Por favor!!! ... e ela:

- Senhores, me permitam,  antes de apresentar meu relatório de 2015, expressar o que sinto e penso neste momento. Gostaria de contar com a empatia possível dos senhores nesta hora, todos convivem com mulheres (mães, irmãs, namoradas, esposas, filhas) e todos também sabem que vivemos numa sociedade ainda bastante machista, que se manifesta das formas mais sutis, nos detalhes.
Primeiro, imaginem se já não é um tanto intimidador eu aqui rodeada por homens, única mulher. Pensem na situação contrária.
Pois é, temos que fazer um esforço para isso, somos minoria. Então... ser chamada de linda me envaidece, claro, quem não gosta? imagino que os homens também gostem disso, não? sim, nós mulheres temos muito mais dificuldade em expressar tal elogio aos homens, trata-se de uma aprendizagem cultural, conseguem perceber isso?
Então, voltando à questão de recebermos o elogio... trata-se de um elogio... porém, o mesmo, que seria  super bem recebido num outro contexto, aqui só nos causa constrangimento, irritação, raiva... que a maioria das vezes não podemos nem manifestar... a possibilidade de manifestação de tal irritação vem acompanhada de medo de ser interpretada de maneira invertida, ou seja, você está maluca, só estamos fazendo um elogio, você é tratada igualmente!!!
Ora, sabemos que isso não é verdade na prática. Nosso salários são os mesmos por funções idênticas???
Outra coisa bastante obvia no meu entendimento é que entre iguais a pessoa ofendida que se manifesta merece a atenção de reconhecimento dos outros pelos seus sentimentos, merece ser considerada nos seus afetos... e não o contrário, ou seja, ela não merece ser ridicularizada pelo que sentiu...
Para concluir, o que é um elogio num contexto, em outro pode ser para nos intimidar, constranger, submeter... a assim que nos sentimos... com a convicção e esperança de que refletirão sobre o que acabo de dizer, passo agora à apresentação do nosso relatório.
Temos muito a aprender sobre isso. Encontrei um site que traz uma explicação sobre
quatro tipos de "machismos invisíveis"... para nos ajudar a combatê-los no nosso
dia-a-dia:

manterruptingbropriating, mansplaining egaslighting.

São comportamentos batizados em inglês sem tradução oficial.  Precisamos pensar
nas versões em português...

frase-manterrupting
A palavra é uma junção de man (homem) e interrupting (e interrupção) Em tradução livre, manterrupting significa “homens que interrompem”. .Este é um comportamento muito comum em reuniões de trabalho e reuniões sociais... quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens ao redor (colegas, chefe, marido, namorado, amigo, filhos...).

Isso ocorre de forma sutil, não é mesmo? Reunião da síndica com a comissão de obras do prédio (4 mulheres e um homem)... e a síndica: eu gostaria de mostrar a vocês a conveniência de fazermos um corrimão em tal material... interrompida bruscamente pelo único homem: mas é porque a Fulana, que é inexperiente em obras... o material melhor é outro... e vai discorrendo sobre essa tal material... e nenhuma das outras mulheres fala sobre isso, nem se sabe se elas perceberam...

E de repente nos vemos amuadas, caladas, chateadas, reprimidas, roubadas...

Denuncie!!! não deixe isso acontecer!!!

frase-bropriating-1500
O termo é uma junção de bro (curto para brother, irmão, mano) e appropriating (apropriação)
e se refere a quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela em reuniões. Quando colocamos uma ideia, muitas vezes não somos ouvidas. E então, um homem assume a palavra, repete exatamente o que você disse e é aplaudido por isso. Quem já não se viu nesta situação?
Então, uma tentativa de entendimento desse evento: "somos criadas (ainda...) como delicadas, suaves e gentis, jamais como assertivas, enfáticas (quem tem filhos ou netos crianças sabe bem disso quanto entram numa loja de brinquedos... ). Quando nos impomos somos vistas como masculinizadas. Não há dúvidas de que isso atrapalha nossa vida profissional.

O convite: vamos nos manifestar!!! Sejamos conscientes de nossos lugares e de nossa importância na sala de reuniões (e no mundo).
O bropriating ajuda a explicar porque existem tão poucas mulheres nas lideranças das empresas. Além das supostas desvantagens mercadológicas e o preconceito de gênero,
ainda servimos de plataforma para o crescimento de colegas homens, pelo simples fato de sermos menos ouvidas e levadas a sério.

Sejamos as donas das nossas ideias!!! Temos que lutar por isto!!!

frase-mansplaining


O termo é uma junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem
dedica seu tempo para explicar a uma mulher como o mundo é redondo, o céu é azul,
e 2+2=4. E fala didaticamente como se ela não fosse capaz de compreender, afinal é
mulher.

Mas o mansplaining também pode servir para um cara explicar como você está
errada a respeito de algo sobre o qual você de fato está certa, ou apresentar ‘fatos’ variados
e incorretos sobre algo que você conhece muito melhor que ele, só para
demonstrar conhecimento. Acontece muito em conversa sobre feminismo!

“Não há nada que uma mulher goste mais do que ouvir o quanto ela é bonita.” (sim...
mas depende da hora, do contexto e da intenção - que muitas vezes o homem nem
percebe!!!)

“Se ela não gosta de cantadas, ela que não saia na rua.” (ow... mesmo!!!)

“E por que as mulheres simplesmente não respondem pros caras, já que elas não
gostam? (já imaginou a dificuldade dessa resposta? mas... SIM!!! é isso que precisamos
fazer!!!)


A verdadeira intenção do mansplaining é desmerecer o conhecimento de uma mulher. É
tirar dela a confiança, autoridade e o respeito sobre o que ela está falando. É tratá-la
como inferior e menos capaz intelectualmente. Talvez você não tenha percebido isso de
forma tão explícita no seu cotidiano, mas com certeza agora irá prestar atenção na
maneira como seu chefe ou seu marido falam com você, com os elogios desnecessários
ou idiotas que você recebe, nas mensagens bobas de parabéns pelo dia das mulheres.


Atenção!!! O mundo está lotado de mansplaining!!!

O caso do aluno de ensino médio dizendo à professora que ela estava errada numa carta
aos alunos... quando ela escreveu "axs mesmxs" no tratamento de gênero para se referir
a homens e mulheres, como agora neste exemplo... é risível!!! algumas vezes o riso faz a
gente liberar energias negativas e enfrentar melhor esse tipo de coisa...

Outras vezes não existe riso possível: o caso do marido, num domingo pela manhã,
foi procurar queijo na geladeira e não encontrou... e, irritado: "ela não presta prá nada..."
na presença do filho de 5 anos... ela ouviu do quarto... e foi o princípio da separação...

E o caso do homem, médico, mulher formada em psicologia, nunca trabalhou...rsrs... sempre
administrou o consultório do marido, além dos empreendimentos do mesmo... família reunida
e ele sai para o plantão: "alguém tem que trabalhar nesta casa"... risos... foi uma brincadeira,
claro!!! e ela suporta isso por 30 anos...


frase-gaslighting
Gaslighting é a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz. É uma forma de fazer a mulher duvidar de seu senso de realidade, de suas próprias memórias, percepção, raciocínio e sanidade. 

No dia a dia, aposto que vocês já ouviram alguma vez – ou várias:
“Você está exagerando”
“Nossa, você é sensível demais”
“Para de surtar!”
“Você está delirando”
“Cadê seu senso de humor?”
“Não aceita nem uma brincadeira?”
E o mais clássico: “você está louca”.
O termo gaslighting (gaslight: à meia luz) surgiu por causa de um filme com esse nome, de 1944, em que um homem descobre que pode tomar a fortuna de sua mulher se ela for internada como doente mental. Por isso, ele começa a desenvolver uma série de artimanhas – como piscar a luz de casa, por exemplo – para que ela acredite que enlouqueceu.
Uma curiosidade sobre o filme: Para interpretar Paula Alquist, a mulher do filme, Ingrid Bergman, que recebeu o Oscar de melhor atriz, passou algum tempo numa instituição mental estudando uma mulher que tinha sofrido um colapso nervoso.
Ingrid Bergman em cena de Gaslight
gaslighting vem a ser uma forma de manipulação que desencadeia um total esvaziamento da autonomia da vítima. Uma ferramenta presente em muitos relacionamentos, que levam as mulheres a abrir mão de suas escolhas, de suas opiniões e até de cuidar da sua própria vida. É desempoderamento, opressão e controle. E isso ainda ocorre muitíssimo... disfarçado de "proteção" que na nossa cultura ainda se chama de AMOR!!!

Sim!!! todxs nós precisamos ser protegidxs... porém, quando eu precisar eu peço ok? quando
o homem protege a mulher "por amor", acreditando que ela "precisa" de proteção, sem ao menos perguntar à mesma, a este tipo de "amor" corresponde subestima, não acreditar que ela seja capaz.


Saber que estes problemas existem já é parte importante da solução. Estarmxs atentxs a cenas cotidianas semelhantes às descritas aqui e denunciá-las e transformá-las pouco a pouco farão nossas vidas muitíssimo melhores...
Saudações SBCenses.
TU Santuza