domingo, 31 de maio de 2020

Artes na Pandemia "Num Piscar"

Num Piscar

exilados de repente
sem contagem regressiva
tudo diferente
sem despedidas
distância compulsória
afeto na voz, no olhar
o relógio arrasta e o céu mais limpo
o rebanho segue a trajetória
medo fatigante
fé na ciência, gente prudente!
gente errante, fé no comandante
novo comportar
minha casa, meu mundo
trabalhador mascarado no coletivo
patrão de suv protestar
catástrofe humana
o mal oculto diminue o povo
festa todo final de semana
no palácio
prática da ocasião
no mínimo imoralidade
tamanha pandemia
população não
vale o capital
salvação
aposta na medicina
o mercado espia o lucro
esperança
a natureza afronta a humanidade e
na natureza há livrança
piscar os olhos é
perigoso avultam novidades
ao minuto

Carlitos Brasil

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sábado, 30 de maio de 2020


Amigo, inimigo e adversário




Tenho a convicção de que devemos redefinir certas palavras! Conceitos são definidos e reproduzidos de tal forma que determinam nossa forma de pensar, sentir e agir.  Hoje me preocupo com os conceitos de amigo, inimigo e adversário. Aprendemos a colocar o adversário na categoria de inimigo e isso é o principio do fascismo.

Santuza Fernandes Rodrigues
Pré-candidata a Vereadora em Belo Horizonte pelo Movimento 65 do PC do B

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Artes na Pandemia "A HISTÓRIA CONTINUA"

A HISTÓRIA CONTINUA

Depois, que vc vê?
Uma atitude geral de equilíbrio?
A humanidade vítima ou seguindo incólume
rumo ao
capital?
Somos arrogantes, dominadores, exploradores
E depois?
Esperar outro massacre?
Políticas agressivas, irresponsáveis, destrutivas?
Monstruosidade sem responsabilidade
Semeamos solidão, ilusão,indiferença
Intolerância, repugnância e violência
O vento contrário traz de volta as atrocidades
É depois?
Mudar o que foi é impossível
Catar apesar de
Os brotos foscos de esperança
Será trabalho de nossas mãos
Para criar um novo enredo
Pois elas serão artefato da imagina(ação)
A história continua
Nova cena eu e vc criamos

O planeta e as criaturas pulsam
Só o que fizermos por eles
Criará uma nova narrativa:
Com sabedoria
Para transformação
E modo de usar

Claudete Coutinho, Psicanalista, Psicopedagoga, Escritora
@claumacou
Divinópolis

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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Artes na Pandemia

O projeto "Artes na Pandemia" é uma realização do SBC Coletivo, grupo aberto de amigos, idealizado por Santuza Rodrigues e outros co-fundadores, que desenvolve várias ações sociais e culturais, além de promover o carnaval do bloco Samba Bobagem e Cerveja (SBC).
Este projeto tem como objetivo provocar uma experiência artística aos interessados, utilizando como temas o isolamento social e o momento político-social no cenário da pandemia.
A participação é aberta ao público em geral que queira apresentar sua visão do momento atual em forma de arte.
Os participantes podem desenvolver sua experiência nas formas de poema escrito ou declamado (gravado em video), crônica, fotografia, música, pintura entre outras que abordem o tema.
Os trabalhos escritos passarão por revisão textual e, junto aos demais, serão publicados no blog do SBC Coletivo, http://sbccoletivo.blogspot.com/?m=1 e replicados em outras páginas envolvidas.

Venha nos mostrar seu olhar, seu pensamento, sua arte!

Envie seu trabalho artístico para:
sbccoletivo@gmail.com



segunda-feira, 18 de maio de 2020

BIOGRAFIA


Santuza Fernandes Rodrigues

DSC01344.JPG
Nasci em Salinas, norte de Minas. Mudei com minha família para Belo Horizonte aos 10 anos, para a região da Savassi.

Estudei em colégio de freiras, o Santa Marcelina, e depois fiz o curso normal (ensino médio) no Instituto de Educação. Fiz o curso de Psicologia na Universidade Católica, me formei em 1976.

Casei, descasei, tive um casal de filhos e tenho agora um casal de netos.

Trabalho como terapeuta, palestrante e facilitadora de treinamentos de relações humanas. Desenvolvo projetos na área da Educação, na área da Cultura e da Arte, e projetos relacionados ao empoderamento e ao combate à violência contra a mulher.

Sou co-fundadora e articuladora do SBC (Samba Bobagem Cerveja) grupo de amigxs que realiza projetos sócio culturais: o bloco de carnaval, o mercado das pulgas (doações de roupas para população de rua, abrigos, comunidades carentes e creches), entre outros.
O SBC me incentivou a escrever crônicas, e daí surgiu o blog: sbccoletivo.blogspot.com... e, do blog, o livro “Diário do SBC”, com meu “apelido” de escritora Santuza TU. O livro conta a história do grupo e a construção de um “conceito de bem-viver”.

Minha consciência política ocorreu por volta dos anos 80, a partir da consciência de gênero e das violências sofridas por nós mulheres, desde as mais sutis, as micro violências, até o feminicídio. Me tornei feminista e “política” no sentido mais amplo do termo (“política fazemos na cama e no mundo”).

Me filiei ao PC do B - Partido Comunista do Brasil, onde fui acolhida carinhosamente, me tornei militante política na causa dos Direitos Humanos, dos Direitos das Mulheres, e na causa da Cultura e da Arte.

Participo atualmente do MPM – Movimento Popular da Mulher, do CMDM – Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, da Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e do Comitê de Equidade de Gênero da PBH (plataforma ONU 50/50)

Também participo do Fórum da Cultura Leste em Belo Horizonte. E da diretoria do PSIND – Sindicato dos Psicólogos.

Se você se identifica com essas causas – Direitos Humanos, Direitos das Mulheres, das minorias, combate à violência; Educação, Cultura e Arte -  queremos contar com suas sugestões de ações concretas nessas áreas e áreas afins.

Acompanhe e multiplique nossas idéias!



Obrigada,

Santuza
Figura1.jpg

Sobre "piscar no claro"

“Não adianta piscar no escuro” ... uma frase que já ouvi há bastante tempo, numa conversa entre pessoas da área de marketing e publicidade. As pessoas se referiam a frase no sentido de “não adianta você ter um bom produto ou uma boa ideia e não falar dela, não publicizá-la, não divulgá-la... ninguém vai ficar sabendo. Óbvio, piscando no escuro ninguém vê a sua piscada... rsrs”... portanto, devemos “piscar no claro”, falar dos nossos produtos (e|ou ideias), compartilhar, trocar, aperfeiçoar... enfim... que nossos produtos e ideias se efetivem em função de um mundo melhor.

Mas esta frase, desde que a ouvi, tomou um sentido maior pra mim. E eu pensei sobre ela mais amplamente, na vida. “Piscar no claro” veio a significar assumir meus desejos, transformá-los em projetos, compartilhar, crescer com eles, juntar pessoas a fim de potencializar os mesmos... e, enfim, correr riscos... de dar certo (ou não...) do sucesso (ou não...) como diria Caetano... rsrs

Miguel de Unamuno, filosofo espanhol pré-existencialista, viveu até 1936 e é conhecido principalmente por sua obra O sentimento trágico da vida, onde ele cria o termo “refinado egoísmo”, que quer dizer, numa livre interpretação: no medo do não se fica no não, não se cria a chance do sim... não é isso o que fazemos muito¿ e, ao praticarmos o refinado egoísmo, vamos tornando as nossas vidas mais pobres...

Este assunto tem também a ver com Freud, que dizia em seu melhor livro (eu acho) O mal-estar na civilização (também em livre interpretação): todxs nós somos educadxs para a evitação do sofrimento e não para a busca do prazer. Poucas pessoas, especiais, conseguem fazer uma reviravolta na vida e orientá-la para a busca de prazer. Porém, nesse nosso conceito de busca de prazer, o sofrimento, de jeito nenhum, deixa de fazer parte da vida!!! Só que ele não é mais a referência, portanto, como uma linha numa agulha, o sofrimento entra e sai pelos poros, e se continua a orientação da busca do prazer, sim, na busca do prazer os poros estão abertos... ao contrário, na evitação do sofrimento, fecha-se os poros e não entra também o prazer... a vida fica pela metade...



Não têm, Freud e Miguel, tudo a ver com “piscar no claro” ¿¿¿

Meu depoimento pessoal a respeito: como muitas mulheres da segunda metade do século passado, branca, classe média, fui educada para esses padrões: a esposa e mãe, bela recatada e do lar. E pra cumprir “bem” esses papéis a alienação era necessária, a alienação política, econômica, e principalmente a alienação dos próprios afetos, a alienação histérica, que contribui para a “assimilação perfeita dos papéis”. Mas como, por sorte nossa, nada no humano é perfeito, fui cometendo algumas “piscadas no claro” que me fizeram o que sou hoje: entrar pra faculdade de psicologia talvez tenha sido uma das primeiras delas; disvirginar foi outra, acreditem, naquela época era um ato revolucionário; casar pra sair de casa foi uma “meia piscada no claro”, pouco tempo depois de separei; ai, pelas deusas!!! Casei de novo e cai de quatro na armadilha do “destino de toda mulher”... filhos, dona de casa, alienação... 20 anos... e foi, lá pelos anos 80, a sensibilidade às micro violências diárias sofridas, junto com reflexões e busca de conhecimento, que foi me fazendo ser feminista e, necessariamente, política... primeiro política num sentido amplo (como disse uma amiga, “política a gente faz na cama e no mundo”); depois política no sentido partidário, claro, me identificando com a “esquerda” enquanto “projeto de um mundo melhor”.
E aqui estou... com toda disposição pra luta pelo SIM, embora sabendo do NÃO... disposta aos riscos... às frustações... aos sofrimentos... mas trabalhando com as alegrias, com a construção, com o processo... e para o resultado positivo, que é de mais trabalho, mais construções...

Aí eu me sinto, assim, um tanto quanto tendo construído uma autenticidade, para além do que fui “criada para...”, no sendo da definição de Almodóvar com a personagem Agrado no filme Tudo sobre minha mãe: “autenticidade é quanto mais você se aproxima daquilo que sonhou pra si mesmx”... e me sinto mitida, desse jeito mesmo: MITIDA, não supermitida (arrogante...) nem submetida (submissa ao meu “destino”)... Orgulhosa de mim mesmas e das pessoas que estão comigo nesta caminhada

É isso... convido a todxs para a construção, juntxs,  de um projeto bacana para uma Belo Horizonte melhor, cada um com a sua PISCADA NO CLARO...

Abraços carinhosos...

Santuza TU
Santuza Rodrigues