segunda-feira, 6 de novembro de 2017

CARNAVAL 2018 – AMOR E POLÍTICA, NA CAMA E NO MUNDO!!!

Com a maior honra e alegria recebemos o samba do SBC para o carnaval 2018... estamos que não nos aguentamos de chiques. É só olhar abaixo na letra do mesmo que verão o autor e entenderão nossa chiqueza gente!!! 

Já em processo de gravação, nossa "Grande Diretoria Musical" promete para final de novembro a grande festa de lançamento do samba. Será no Bar Opção, data a ser marcada (final de novembro, princípio de dezembro). Todos receberão a letra para ensaiarmos e fazermos muitíssimo bonito na nossa já famosa terça feira de carnaval, que no próximo ano de 2018 cairá no dia 13 de fevereiro.



Sejamos nós

Ronaldo Coisa Nossa (Ronaldo Antônio da Silva)

Politicamente extrovertidos

Contra o comodismo assumidos

SBC chegamos nós soltando a voz

Descontentamentos fluidos

Soltando a voz SBC sejamos nós!



Sonho paz, amor, saúde, educação

Indignado, lamentando a depravação

Povão em cima do muro é crucificação

Cai humilhado, arrasado em depressão



Quem vota acredita, merece respeito

Adeus preconceito, discriminação

Samba desabafando batendo no peito

Cantando almejando maior atenção



SBC chegamos nós soltando a voz!

Soltando a voz SBC sejamos nós!



E este samba maravilhoso nos inspirou o tema para o Carnaval 2018: 

AMOR E POLÍTICA... NA CAMA E NO MUNDO...

Já sabem que cada ano temos um tema em que nos inspiramos pra fazer nossa festa. Já tivemos “Preconceito não, Liberdade sim”, já tivemos “Morcego... Vendo a vida de cabeça pra baixo”, entre outros. Neste ano de 2017 tivemos “Mulheres do Brasil”, nossa homenagem às mulheres brasileiras de todos os segmentos, raças, idades, etc.

Pois é... em época de muita polarização, desentendimentos, superficialidades, inimizades, radicalismos e coisas tristes como estas, temos a coragem de propor este tema como uma oportunidade de aprendermos um pouco sobre o AMOR e a POLÍTICA, pois o objetivo último (e primeiro) do SBC é VIVER MELHOR...

Conte todos os números que existem entre o 8 e o 80... cada um deles pode ser uma opinião sobre qualquer assunto, que não precisamos seguir, mas respeitar ... a liberdade de SER e de OPINAR ... e, mais ainda, de buscar conhecimentos para além da mera opinião (e, pior, transformar a mesma em dogmas)...

E
debater... só assim seremos SUJEITOS construtores de um mundo mais bonito... este é o desejo (e a ação) do SBC. A metáfora, linda... vi num filme , não me pergunta qual: a menininha quebrou um espelho grande, transformando-o em muitíssimos pedacinhos... ficou triste... mas a vó, sábia, disse a ela: querida, olhe pra cada pedacinho desse espelho, você vai se ver de mil jeitos diferentes, cada um deles é uma verdade, sobre você e sobre o mundo... 

E, claro, nosso tema é fundamentado. Nossa “pesquisa antropológica” (ou “googlelística”) sobre o AMOR e sobre POLÍTICA, compartilhando... não necessariamente nessa ordem... 

O que é Política?


O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. 

O termo também pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes.


Nas conversas SBCenses sobre política surgiram essas ideias: “A política é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana”. Como o ser humano depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. “Tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo”.



E ainda: “A tarefa da política está diretamente relacionada com a grande aspiração do homem moderno: a busca da felicidade.”


Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje. Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porém, o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossa ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem consequências e somos responsáveis por nossa ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós.

Nossa ação política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com a família, relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos parte integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou fazer parte de uma pastoral ou trabalhar como voluntário em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político. Precisamos conhecer melhor as propostas, discursos e ações dos políticos que nos representam.

E também relembramos o texto esquecido:

O analfabeto político (Bertolt Brecht)

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.



Agora... nossa grande SBCense Hanna Arendt nos dá uma convincente noção de política... adotada pelo SBC. Releiam nosso post de 25 de setembro de 2013, foi nesse dia que ela foi integrada à galeria dxs SBCenses famosxs.

Para ela, a “verdadeira política” está intimamente relacionada à LIBERDADE... e mais... à LIBERDADE MUTUAMENTE GARANTIDA... LIBERDADE ENTRE IGUAIS... e ela conta pra gente como esse conceito antigo de política vinculada à liberdade (do tempo de Aristóteles) foi se perdendo... e foi tomando conta a identificação de política com domínio, com violência... com essa distorção do significado de política não estaria sendo disseminado o imobilismo, um sentimento de inutilidade de qualquer ação, fazendo com que não nos reconheçamos como sujeitos históricos, como seres capazes de interromper o “fluxo inexorável dos acontecimentos”? Super atual não é?

E o que é o amor?


Ou melhor...de que amor queremos falar? Já sabem também: o SBC combate a “ideologia do amor romântico” em todos os níveis de relação, pois este modelo de amor parte da idealização... do outro e da própria relação, do próprio amor... e, idealizando, perdemos nossa humanidade e também cobramos do outro algo fora do humano, por isso que da idealização passamos ao desprezo, o que gera sofrimento demais, pro outro e pra mim mesmx... Combateremos, sempre, este modelo de amor, nosso lema é desconstruí-lo e construir algo do humano, da alegria, dos bons encontros e do prazer. Vale a pena ler de novo nosso post de 08 de julho de 2014: Estrutural (e cruel) é o amor romântico.


Queremos construir todos os tipos HUMANOS de amor: desde EROS, o amor sensual, amor paixão, passando pelo amor FILEO, que o SBC valoriza demais,  o amor-amizade, fraternal, social... passando também pelo amor STORGE, o amor conjugal, familiar, doméstico... e chegando ao amor ÁGAPE: amar ao próximo como a ti mesmo, o  amor incondicional, ou seja, não espera nada em troca, amar a humanidade... em tempos de radicalismos, maniqueísmos, fascismos, precisamos muito aprender este amor.

Os quatro tipos de amor acima aprendemos com a cultura grega. Mas tem também a cultura afro, onde o AXÉ, princípio que torna possível o processo vital, é considerado o arqueiro do amor entre os povos, a energia que cria e mantém os relações sagradas entre pessoas, amigos, ou entes que se amam. Muito AXÉ pra todos nós... no carnaval e na vida!!!




Já no budismo o AMOR está intimamente relacionado à LIBERDADE (não em expectativas, muito menos na sua necessidade pessoal), ao RESPEITO (a si mesmx e ax outrx), ao DESAPEGO e ao CRESCIMENTO mútuo.

Todas as visões de AMOR valem para todos os níveis de relação!!! Na cama e no mundo..., assim como a política!!! Pois não fazemos política na cama? claro que sim!!!


Então... para concluir e voltando a Arendt (e amigxs SBCenses: Habermans, Marilena Chaui, entre outrxs) falamos de novo na nossa reunião de planejamento do carnaval 2018 sobre as distorções tanto do amor quanto da política: em síntese, a “práxis” da autonomia, que vem a ser a constituição do sujeito, se é transformada em individualismo acontece que “para eu ser sujeito transformo o outro em objeto” e aí aparecem os privilégios, a violência... e isso é um grande dificultador... da solidariedade, da união, da perspectiva coletiva de construção de um mundo melhor.


"A alegria é o que sentimos quando percebemos o aumento de nossa realidade, isto é, de nossa força interna e capacidade para agir.
A tristeza é o que sentimos ao perceber a diminuição de nossa realidade, de nossa capacidade para agir, o aumento de nossa impotência e a perda da autonomia. A tristeza é o caminho da servidão individual e política, sendo suas formas mais costumeiras o ódio e o medo recíprocos. "


(não sei qual é a edição atualizada, mas são as capas do mesmo livro)
“Essa visão generalizada da política como algo perverso, perigoso, distante de nós (passa-se no Estado), praticado por “eles” (os políticos profissionais) contra “nós”, sob o disfarce de agirem “por nós”, faz com que seja sentida como algo secreto e desconhecido, uma conduta calculista e oportunista, uma força corrupta e, através da polícia, uma força repressora usada contra a sociedade. Essa imagem da política como um poder do qual somos vítimas tolerantes, que consentem a violência, é paradoxal pelo menos por dois motivos principais. Em primeiro lugar, porque a política foi inventada pelos humanos como o modo pelo qual pudessem expressar suas diferenças e conflitos sem transformá-los em guerra total, em uso da força e extermínio recíproco. Numa palavra, como o modo pelo qual os humanos regulam e ordenam seus interesses conflitantes, seus direitos e obrigações enquanto seres sociais. Como explicar, então, que a política seja percebida como distante, maléfica e violenta? Em segundo lugar, porque a política foi inventada como o modo pelo qual a sociedade, internamente dividida, discute, delibera e decide em comum para aprovar ou rejeitar as ações que dizem respeito a todos os seus membros. Como explicar, então, que seja percebida como algo que não nos concerne, mas nos prejudica, não nos favorece, mas favorece aos interesses escusos e ilícitos de outros? Que aconteceu a essa invenção humana para tornar-se, paradoxalmente, um fardo de que gostaríamos de nos livrar?”



Esta é a visão distorcida (mas super operante) de política... que queremos combater... para construir a política libertadora... a do sujeito coletivo

O que precisamos... e queremos... é a construção do sujeito coletivo... e para isso é preciso reconhecer o outro enquanto sujeito, é preciso o reconhecimento recíproco... e, claro, isso não acontece sem conflito... mas conflito não é violência, não precisamos recear o conflito pois ele gera crescimento (quando aberto e bem conduzido)...aí sim construiremos a união, a solidariedade, o respeito, o amor... e isto é política!!!

Quando o poder (o “poder sobre”, o “poder de dominação”)... e o dinheiro se sobrepõem à solidariedade vemos a construção do autoritarismo, a injustiça e a exclusão. Quando a solidariedade é o modelo podemos ver a construção do NóS.



Enfim... nossa inscrição na Belotur... é a de número 683. Nosso desfile, como sempre na terça, em 2018 dia 13 de fevereiro...

Concentração na Rua Vila Rica com Francisco da Veiga... as 14 horas... saída as 16 horas e dispersão as 18 horas... já sabem que gostamos demais da dispersão não é¿



PERCURSO: seguiremos a rua Vila Rica por um quarteirão, viramos a direita na rua Apolo... mais um quarteirão viramos a direita de novo na Henrique Gorceix... até a Francisco da Veiga... aí descemos a Francisco da Veiga e já chegamos à esquina com Vila Rica de novo... a dispersão...


E recordando nosso lembrete (dado no início deste post) :

O LANÇAMENTO DO SAMBA “Sejamos nós” no Bar Opção (final de novembro... princípio de dezembro). Levaremos cópias da letra pra todo mundo ter e decorar pro carnaval viu!!!



AGUARDEM!!! Evento do face... what zap... ligações... contamos com os SBCenses e amigxs para divulgação...



E nosso último lembrete: relembrando que o SBC é ECOLóGICO (além de aberto, inclusivo, anárquico, democrático e feminista... não necessariamente nessa ordem...), nossa decoração de carnaval (e estandarte também) será de reciclagem DVDs e CDs que não prestam (como no SBC: tem gente que não presta... são as melhores pessoas...). Então... quem tiver e quiser doar entre em contato. Faremos decoração no percurso, no estandarte, nas fantasias... não me perguntem a ligação de amor e política com CDs e DVDs... mas que tem... tem...rsrs




Abraços carinhosos a todxs... até lá!!!



SantuzaTU










domingo, 22 de outubro de 2017

Conversas SBCenses: SOBRE AMOR DE MÃE E PADRÕES CULTURAIS FEMININOS


A mãe, depois de chocar a filha com uma notícia bomba sobre sua vida, conta que está pra morrer, o médico tinha lhe dado uns meses de vida. E nesses poucos meses as duas conseguem resgatar (ou seria superar...) a relação entre as duas. Não “resgatar” nesse sentido piegas propagado na nossa cultura cristã, o do perdão e essas melosidades... mas num sentido autêntico, de abertura dos conflitos e da superação dos mesmos até a HUMANIZAÇÃO... e o RESPEITO... o alicerce do amor.

Acima uma descrição pessoal do filme “Como nossos pais”, de Lais Bodanzky, mesma diretora de “Bicho de 7 cabeças”, lembram? A seguir uma das sinopses:

“Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma super-mulher sem falhas nem vontades próprias”.

...e a seguir nossas conversas:

- Eu fiquei muito mais afetada com o lance da relação da Rosa com a mãe do que na relação dela com o marido. Me parece até que os conflitos na relação com o marido são, em grande parte, decorrentes dessa matriz feminina construída na relação com a mãe.

- Eu estou no sanduiche... rsrs... conflitos como filha e como mãe... tento fazer tudo para agradar minha mãe, pra ser “quem ela queria que eu fosse”... claro que não tenho êxito nesse projeto... rsrs... pois só o teria se fosse perfeita... e ela aproveita de qualquer virgulazinha, qualquer deslize, para me “arrasar”... sutilmente me diz que não passo perto de nenhuma das sobrinhas, tão dedicadas com suas mães (sou filha única, pra piorar...). E fico oscilando entre a raiva dela e a culpa de não ser a filha que ela queria... e dá-lhe sofrimento.

- E a culpa está pertinho da onipotência não é? são dois lados da mesma moeda... e desemboca na desumanização... pois, enquanto mãe, “digo” pra minha filha, profissional e mãe da melhor qualidade, que ela “falha” como dona de casa... e, mesmo quando não quero dizer, ela “entende” que estou dizendo... e, claro, combate isso agressivamente... e está aberto o conflito... e ficamos, as duas, como na metáfora da pantera presa na rede, se debatendo e cada vez mais se prendendo, sem perceber o movimento certeiro que a levaria à liberdade.

- Pois, a pergunta é (melhor, as perguntas são...): para que serve, no nosso mundo, a onipotência da mulher? o que reproduzimos com essa onipotência tão enraizada? e... como ela nos faz sofrer... e como podemos nos libertar?

- Claro que já tinha pensado muito sobre a questão da onipotência da mulher, como ela se forma e pra que ela se presta no nosso mundo. Já muitas vezes, em conversas de mulheres, falávamos sobre nossa dificuldade de permitir o “caos”: metáfora (mais ou menos, às vezes é real mesmo...)  que usamos para descrever o estado que uma casa precisa ficar para o “marido moderno” (aquele que diz que já superou o “ajudar” e que está “participando” enxergar o que precisa ser feito. Por que essa coisa de dizer que “participa” e esperar que a mulher te “mande” fazer... porra!!! vamos combinar!!! Não é 50-50!!! Você tá cansado de saber que numa empresa tem a pessoa que planeja, administra, executa, neh!!! Então... só executar não é, definitivamente, participar 50-50...

- Agora bora olhar nosso lado... nossa dificuldade de “permitir o caos”... então... a onipotência da mulher... essa característica que tá na nossa alma (metaforicamente falando... pode ser também  no nosso sangue, ou no nosso espírito...) essa coisa de querermos ser as melhores, as perfeitas... em TUDO!!! Que arrasa com a gente... que nos faz sofrer... pois o que mais queremos é aquela participação 50-50... aprendemos com nossas mães!!!!
E ficamos o tempo todo, a vida toda!!! Cobrando e ressentidas com a não participação... mas a gente não permite!!! Por que não tem ninguém que faça nada em casa como nós!!!...

- E como aprendemos e internalizamos essa merda!!!???  Ora... sempre buscamos o reconhecimento, sermos amadas (os), característica humana... e, de alguma forma sutil do tamanho de uma patada de elefante (algumas dizem que do tamanho de uma manada de elefantes... rsrs) as mães “dizem” às filhas, quase que durante toda a vida, que somente seremos amadas se formos “perfeitas”.  Elas nos mostram “sutilmente” que não somos capazes. Ora, se a auto estima vem em decorrência desse reconhecimento, me reconhecer é estar sempre me sentindo incapaz...

- e, em sequência, se constrói a onipotência de estar a vida toda mostrando pra mãe (e pro resto do mundo) que somos capazes DE TUDO!!! Que somos perfeitas... que somos capazes de ser

Ótima esposa
Ótima mãe

Ai ficamos insatisfeitas com isso: “É verdade que nos falaram que seriamos realizadas enquanto esposa e mãe... A sacanagem que nos fizeram é que “disseram” que era Só !!!    aí buscamos mais... e o mercado “precisou de nós”... e fomos... e nos realizamos... mas não conseguimos “abandonar” o “só”... e ficamos na tripla jornada, porque não tem ninguém que faça “cuidar dos filhos e da casa” como nós... sexo? acabou... porque fica da quarta jornada... aí estamos exaustas...

- e a onipotência se espalha... “precisamos” ser perfeitas para ser amadas... essa também é a base para nossa exploração estética: consumo de cosméticos, academias, precisamos ser perfeitas... e MAGRAS!!! e LINDAS!!! Tudo isso para recebermos o amor do outro (primeiro da mãe...) para nos amar!!!

- Olha isso: a necessidade do reconhecimento faz parte do ser humano... mas, para sermos livres, precisamos abrir mão dessa necessidade... é arriscado… mas somente assim podemos construir nossa identidade: quem queremos ser... e mais: construirmos juntas: também não adianta você achar que superou colocando uma outra mulher pra fazer o serviço de casa... você estará reproduzindo uma sociedade de exploração da mulher!!!  O que temos que fazer é a construção social dessa libertação... mas passa pela superação dessa nossa onipotência, que se presta à reprodução de uma sociedade patriarcal, machista ... e, no nível pessoal, à reprodução do sofrimento (“sofrer e fazer sofrer o outro com o seu jeito de ser”).

- Olha... e a primeira virtude, o fundamento das outras todas virtudes, é a HUMILDADE... tão distorcida e confundida com humilhação nessa nossa cultura muito mais de objetos (reprodutores) do que de sujeitos (construtores...). A humildade de se reconhecer num lugar (de alienação e de sofrimento)  e desenvolver estratégias para sair desse lugar... e construir um lugar mais bonito... e, tenho a convicção de que mais bonito será nunca só... sempre juntxs... sempre compartilhando... experiências... possibilidades... alegrias e tristezas... e juntando forças...

Abraços carinhosos...


Santuza TU





domingo, 26 de março de 2017

RESSACA DE CARNAVAL

Nosso encontro de ressaca do carnaval 2017 foi no dia 18 de março... foi pouca gente... o suficiente para a festa e os bons encontros... anarquistas existenciais presentes estão lendo o livro e A D O R A N D O ... inclusive fazendo o papel de marqueteiros do mesmo: - Nós não vendemos livros... fazemos novxs amigxs!!! Todos maravilhosxs...

No tema “ressaca de carnaval” o assunto foi relações afetivas e metáforas interessantes sobre isso. Olhem a letra desse samba antigo, do baú, Jorge Aragão,  super “ressaca de carnaval”:

Não entendi o enredo Desse samba amor
Já desfilei na passarela do teu Coração
Gastei a subvenção Do amor que você me entregou
Passei pro segundo grupo e com razão

Meu coração carnavalesco Não foi mais que um adereço
Teve um dez na fantasia Mas perdeu em harmonia
Sei que atravessei um mar De alegorias
Desclassifiquei o amor de tantas alegrias

Agora sei Desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor, por comissão
Fim do carnaval Nas cinzas pude perceber Na apuração perdi você.


Não é lindo¿ desarmonizou... perdeu na apuração... deve ser assim...

Mas o pessoal da academia tem outras metáfora, qual seja:
“A pessoa passa por uma análise de currículo, entrevista e prova prática... aí começam a namorar, ou melhor, começa o estágio probatório ... que dura três anos, com uma avaliação por ano. Porque se não desenvolve bem o papel a pessoa pode ser reprovada. Caso isso aconteça a pessoa poderá entrar com recurso, que pode ser avaliado e aceito (ou não)... se aceito volta ao estágio probatório... caso não seja aceito teremos que criar novo edital”. kkkk... tudo de bom. Trata-se de uma metáfora conhecida pela maioria dos acadêmicos e que pode (e deve) ser aplicada às relações afetivo-sexuais... dá certo gente!!!

Depois dessas conversas super SBCenses vamos ao nosso encontro propriamente dito. O primeiro objetivo e mais importante, nosso grande sonho (do SBC), era o de entregar doação de cheque a uma instituição, no caso foi o Lar Santa Gema Galgani, no caiçara, bairro onde o SBC está desfilando, e onde o mesmo começou a se construir. Primeira aprendizagem: não se diz mais ASILO e sim INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANENCIA PARA O IDOSO... ficou um pouco longo, para resumir podemos dizer LAR DO IDOSO, no caso em questão é o LAR DAS IDOSAS. Pessoas super simpáticas (já incluídas no SBC) fazem parte da administração do Lar Santa Gema como voluntárias. E nos contam que o lar estava passando por sérias dificuldades e que ia até fechar, mas foi resgatado e agora está funcionando bem, claro que sempre precisando da ajuda, melhor, da participação da comunidade local, que conhece pouco da instituição. 

Ficamos, então, de fazer parcerias com esta instituição, com o objetivo de trocas com a população ao redor. Programamos para final de maio ou princípio de junho uma Rua do Lazer no quarteirão da rua Apolo (entre Vila Rica e Henrique Gorceix, nos moldes da que já fizemos na Francisco da Veiga e que foi muito bem sucedida.

Lembram do projeto do SBC do Mercado das Pulgas¿ Então... faremos de novo na Rua do Lazer, já estamos recebendo doações: roupas femininas e masculinas (e infantis), acessórios, livros, CDs, coisas de casa... pratiquem o desapego!!! É só nos comunicar pelo what zap (99636 22 88)  que buscamos onde você marcar. Podemos pensar agora na renda para uma creche, o que acham¿

Enfim, a pessoa chega já aflita: errei de festa!!! estava no boteco a um quarteirão pra baixo, cheguei lá e já estava tomando uísque... (a pessoa não toma cerveja na quaresma... promessa... aí toma uísque... pode uma coisa dessas!!!), quando começou o parabéns... aí fui cumprimentar a Santuza... “não, eu não sou a Santuza!”... ow, desculpaí... errei a festa!!!
Então... ele encontrou a Santuza e trocamos abraços oxitocinados... aqueles do lado esquerdo com o lado esquerdo do outro, ou seja, do lado do coração.

E, por último, mais uma ressignificação SBCense... pois o SBC adora resignificar palavras, fazendo contribuições fundamentais para orientar a vida para um "melhor bem viver"... pois bem, a palavra do momento é: AMANTE... somos amantes, todos... Geraldo é amante de Júlio, Fê é amante de Maria, Maria é amante de Geraldo, e por aí vai... porque amante significa ... pessoa que ama... simples assim...

E por aí vai a festa...

Até a próxima...










terça-feira, 7 de março de 2017

Nosso quinto carnaval em BH: MULHERES DO BRASIL!!!

Deu tudo mais ou menos certo: ou seja, uma aprendizagem fundamental pra vida, pra quem é SBCense, é a “convivência com o imperfeito”... pois não é essencialmente humano¿ A questão humana fundamental não é buscar a perfeição... é buscar a alegria! A liberdade!

Começamos com o pré carnaval. Relato da nossa diretoria de eventos na sua busca dos adesivos  “SBC...FORA TEMER!!!” para o carnaval... isso foi no sábado. Na volta pra casa, o ônibus lotado, parecia que tinha um bloco de carnaval dentro do mesmo. E todo mundo cantando e gritando, inclusive a trocadora. Daí um grupo de mulheres do “bloco” começa a cantar : “Eu não espero o carnaval chegar pra ser vadia... sou todo dia... sou todo dia!”. Isso arrepiou nossa diretoria. E começaram a trocar ideias: - lembra daquele post sobre queer¿ - Isso! Uma redefinição da palavra, a palavra queer era usada super pejorativamente, na Inglaterra, para designar gay... aí o que eles fizeram¿ apropriaram da expressão e a resignificaram!!! Queer passou a ser uma expressão que significa “a liberdade para sair dos padrões e ser quem você queira” (livre interpretação do significado). – Daí a associação: a expressão VADIA está sendo ressignificada! VADIA: MULHERES LIVRES!!! MULHERES QUE BUSCAM “SER” PARA ALÉM DOS PADRÕES, MULHERES QUE SE PERMITEM DESEJAR... (sim, porque na farsa histórica dos papeis internalizados a qual nos submetemos, nossa aprendizagem é a de sermos objetos de desejos... e para isso nos preparamos durante a vida... quase nunca sujeitos desejantes).

Nessa conversa ficamos sabendo que o refrão é de uma música de Pablo Vittar, cantora, compositora, performer e drag queen brasileira... SUPER SBCense!!! Ah... e tinha também o adesivo: “Me beija que eu não sou golpista”... muito solicitado... Amar Sem Temer também...


Outra de pré carnaval, agora na quinta anterior, em Ouro Preto, no desfile do bloco Vermelho e Branco. Conversa na porta dos banheiros químicos (vocês não acreditam que tinha três banheiros masculinos e um feminino!). As mulheres começaram a ocupar os banheiros masculinos. Ai um homem (aproximadamente 30 anos, branco, classe média aparentemente) se dignou a fazer o seguinte comentário: - eu não acho que esta atitude seja empoderamento... mininx!!! As mulheres na fila não quiseram nem saber... viraram pro homem e, delicadamente, disseram a ele, entre outras coisas, ou melhor, várias coisas em torno da simples ideia: - e quem deve (ou pode) dizer pra nós o que deve ou não ser empoderamento¿¿¿ você!!! Ora, ora, meu caro... não estamos mais “pedindo” a vocês, homens, para definirem pra nós o que seja (ou não) empoderamento... quem define isso somos nós!!! Palmas, palmas, palmas... saímos empoderadas da fila...

Bloquinho de criança pré carnaval: o pai ia levando o filho de mais ou menos 7 anos, fantasiado de homem aranha... a fantasia devia ser de quando a criança tinha uns 3 ou quatro anos... imaginem o tanto que estava incomodando o menino, era um macacão e a roupa estava entrando no rego da criança, que não conseguia nem andar, dava dó... e a pessoa (SBCense) atrás vendo isso já criou uma imagem mental do que seria aquela situação: sabe aqueles pais ausentes, que ficam com a criança de tempos em tempos¿ aí ele  só tinha aquela fantasia e a criança implicou de usar... aí foi... tava risível e de dar pena... e de refletir...


O desfile do SBC: primeiro na pizzaria do Leo... choveu de cachoeira e a rua ficou limpinha... então foi chegando gente... Ai... é uma delícia abraçar pessoas, já conhecidas e ainda não... dar abraços apertados, oxitocinados... dizem que abraço do lado esquerdo com o lado esquerdo dx outrx passa mais energia, é mais oxitocinado... aí a pessoa só lembra depois do automático pelo lado direito... aí ela fica que nem uma mãe de santo... passa pro outro lado, volta pro lado esquerdo pra sentir a diferença, vai de novo pro lado direito pra confirmar... e vai abraçando... aí vão chegando as pessoas fantasiadas... lindas... de todas as idades, cores, sabores...



Chegam os músicos... e vai marchinha, marcha rancho, samba... até umas 16:30 horas... aí começa o desfile... como combinado, cada ano nosso desfile é menor, vamos só “rudiar” o quarteirão e paramos no bar do Marquinhos, antigo Cartolinha...

E o SBC praticando a inclusividade... e a reciprocidade... só quem também pratica também a inclusividade se inclui e se sente incluidx... três lindxs amigos, super SBCenses, meio que comandaram o desfile, ela fotografando e filmando, o outro soltando confete e serpentina... e por aí vai...



E já na rua Henrique Gorceix nossa grande mestra na bateria, com sua  visão e sensibilidade, viu uma senhorinha lá em cima na varanda da casa. Aí comandou a bateria, parou, virou todo mundo pro lado da casa e começou a cantar uma marcha rancho... sabem a diferença da marchinha de carnaval para a marcha rancho¿ a marchinha é agitada, geralmente com letras preconceituosas e machistas, temos que situá-las historicamente e inclusive isso serve para compararmos com os dias de hoje e como o machismo é naturalizado (ainda...); já a marcha rancho é mais lenta no ritmo e na melodia, as letras são mais românticas... as pessoas maiores de 40 adoram... eu... ADORO!!!
Voltando ao desfile e a parada na varanda, foi ao som da marcha rancho (acho que “A estrela Dalva, no céu desponta...!”) ... a senhorinha ficou emocionada... e saiu da varanda... e todo mundo gritou: Volta! Volta!!! E ela voltou... emocionadíssima... e todo mundo ficou também... e dá-lhe mais marcha rancho... seguimos um tiquinho e outra senhorinha em outra varanda... a mesma cena... lindíssima... seguimos e viramos a rua Apolo... e aí, vocês nem acreditam!!! Entramos no asilo!!! E todo mundo adorou!!! Marcha rancho de novo... combinando com as marchinhas para seguir o cortejo... aí começou outro chuvão!!! Chegamos no buteco... o que o SBCense adora... duração do desfile:1 hora em ponto.

Continuamos dentro do buteco com nosso famoso Sr. Marcelo e seus sambas históricos... e aí, alguma chuva depois, São Pedro nos contemplou um  arco íris
ma – ra – vi – lho – so !!! meu cel já estava cheio, não tirava mais fotos... outras pessoas fizeram isso mas ainda não nos encaminharam... aguardamos.  E foi assim... lindo, como sempre... não! ...como diz o Mestre, “melhor ainda”!!!


Tristezas de carnaval: claro, gente!!! Não vamos idealizar... tudo no humano tem pelo menos dois lados, o alegre, prazeroso, e o triste, ruim... o importante é saber reconhecer os lados e nos posicionar em relação ao ruim (preconceituoso, machista, desumano, sujo... e tudo mais) nos posicionar combatendo...

E valorizando (e nos apropriando do mesmo...)  o lado bonito, alegre, prazeroso... e por ai vai... pois é: tem gente que não sabe valorizar o carnaval como uma autêntica manifestação dx brasileirx.  Nós sabemos fazer política assim! Política aqui no sentido mais amplo da palavra, política combina com dança, com alegria, com humor, pois não é política a música citada no começo deste post, a ressignificação da palavra VADIA¿ política é pra fazer na cama e no mundo (e vice versa)...

Na parte Tristezas de carnaval, fora os banheiros impraticáveis, os homens mijando na rua, as brigas de casal...ficamos sabendo de vários casos de truculência da polícia... e, entre eles, a publicação da nossa querida SBCense Luciana Cezário (sim... você já é SBCense!) é a melhor denúncia, escrita de uma forma corajosa e leve, bonita. Segue trechos em que ficamos emocionadxs ao ler:

“Nos últimos anos em BH vivi coisas muito bonitas na comunhão da festa na rua. Mas nesse sábado de carnaval, “eu chorei, na avenida eu chorei”. O dia estava bonito. Céu azul, bombas de amor e de papel, balões coloridos e ato contra a LGBTfobia. A rua nos brindava com a possibilidade de viver as diferenças, aprender a convivialidade, tão difícil, em festa.
Mas ficou o desgosto... Meninos de rua que brincavam o carnaval foram segregados da festa. Entraram no meio do cordão e dançavam, se divertiam! Crianças pobres pretas que contrastavam com as crianças brancas que, protegidas por um cordão reservado a elas, brincavam o carnaval com suas mães. Crianças pobres pretas que “brilham mais do que milhões de sóis e que a escuridão conhecem também”. Traziam em seus corpos toda a carga da rua. Não tinham fantasia, tinham o olhar de quem já tinha vivido muitas coisas – coisas de adultos (mas não quaisquer adultos). Tinham a corporalidade de quem decide sobre si, sobrevive. Suas presenças eram dor e alegria ali, na vida da cidade. Agradeci, intimamente, àqueles meninos por me permitirem conviver com eles em festa. Mas então, tudo ficou opaco...
Um senhor branco que trabalhava na organização do bloco aproximou-se e expulsou – sim, ele EXPULSOU VIOLENTAMENTE – os meninos. Tentei reagir, junto com minha irmã. Foi pior. Sua cara era de desprezo – “pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos”. Ele ficou com mais raiva: retirou os meninos à força de dentro do cordão, os empurrou, como quem dissesse: “sai cachorro!”. Um deles tropeçou, caiu. Os filhos de Gandhi foram excluídos do carnaval que canta o afoxé.
Não precisava de força. Os meninos não reagiram. Não resistiram. Estão acostumados a ser expulsos. Eles se foram, desapareceram no asfalto. Não puderam brilhar, não participaram do carnaval de luta e resistência, não foram bem-vindos na festa, não puderam celebrar a ocupação do espaço público. Não puderam dançar o axé que canta a dor do povo negro e sublima em alegria e resistência. Não puderam ouvir sobre “o Olodum, a onda que virá”, no bloco que canta as seqüelas racistas. Não puderam. Quiseram, mas não puderam... Poucas pessoas do bloco parecem ter percebido o acontecimento. Ninguém fez nada para impedir. O senhor branco continuou com ar prepotente como se fosse o dono do bloco...  
Optei por não tirar foto ou tentar descobrir seu nome, porque não é minha intenção expor o problema como uma questão individual. É coletiva. E, portanto, precisa ser pensada coletivamente. O carnaval cresceu, a rua impõe questões importantes, há que se pautar posicionamentos. Espero que o senhor branco (cujo comportamento não representa uma atitude isolada) se reveja e que os blocos nos quais ele participa revejam sua presença ou seu modo de participação.”
Obrigada, Lu, pela bela e profunda reflexão... sim, o carnaval é (deve ser...) uma festa inclusiva, de luta, pois não há revolução sem dança... e devemos, sim, aprender a fazer carnaval, a fazer política, a lutar e a conviver. Tudo isso nos orientando pelo sentido estético, o sentido do bom, do bonito pra vida. Aprendamos a fazer da sua frase um “mantra”: “Que o carnaval seja momento de cura social e não nova ferida aberta na cidade”... Amém... Assim seja...

Ultimo assunto carnavalesco (ou carnavalístico...): APROPRIAÇÃO CULTURAL. Nossa... este assunto merece outro post... São aquelas conversas SBCenses super enriquecedoras, que valem a pela ser compartilhadas pois, imaginamos, devem enriquecer outras pessoas. Fazer refletir...

Só uma introdução ao tema: a pessoa queria, dentro do nosso tema MULHERES DO BRASIL, se fantasiar de india... nada demais... SIM!!! Tudo demais!!! Trata-se de uma apropriação cultural!!! A mulher é branca e quer se fantasiar de india, quer fazer uma “homenagem” às indias (ou às indigenistas¿) Vixi gente!!! Isso gerou uma polêmica daquelas... O que é e o que não é “apropriação cultural”¿ Tomar saquê é uma apropriação cultural¿ apreciar a arte de outras culturas vem a ser uma apropriação cultural¿ Apropriação cultural não faz parte da globalização? Não fazemos uma certa confusão entre “a cultura é de todos” e a “indústria cultural($$$)”¿

Oficialmente, o conceito de apropriação cultural: “a adoção indevida de elementos específicos de uma determinada cultura por membros pertencentes a outra”. Não oficialmente podemos explicar da seguinte forma: quando indivíduos, geralmente brancos, privilegiadxs, acostumados a ter "tudo", se apossam de elementos de uma cultura que desconhecem ou até mesmo ignoram. Ou seja, a apropriação cultural tem a ver com a cultura dominante (europeia no nosso caso) se ver no direito de usar elementos de outras culturas, sem nem saber o que significam e, as vezes (como já aconteceu na história), destruindo o significado e a própria cultura e identidade do outro.

O samba, hoje  reverenciado e todos enchem a boca para dizer que é um marco nacional, foi uma apropriação cultural, pois é um ritmo negro,  Quando ele surgiu foi visto como coisa de “malandro”, como perseguido e reprimido, inclusive pela polícia. E agora ele é de todos? Quando se tornou de todos? Ou melhor, quando ele virou interessante? A capoeira também...

Algumas pessoas se viram, na maioria das suas argumentações, na posição de “branquelas”, europeizadas... aquela posição do colonizador que “se acha” e acha que pode tudo... outras se viram na posição radical (de ir na raiz e, as vezes, abrir conflitos desnecessários, que impedem a comparação por semelhanças, já que a comparação implica em buscar semelhanças e diferenças). E, por fim, as que só souberam e praticaram o “abrir perguntas” e da “arte” de permanecer com as mesmas, sustenta-las, suportar a ansiedade da “não resposta pronta” (o que pode ser escravizador... ou submetedor...).

São lindas,  interessantíssimas, as pessoas que tem incertezas, dúvidas... e não sentem necessidade de dar opiniões cheias de "verdades" em tudo... melhor, procuram saber mais... são SBCenses...

Só uma coisa ficou certo entre todxs: a arte, a necessidade imperiosa... de se praticar o 
R E S P E I T O  ao que é diferente de você...


ÔCHI... e terminamos por aqui...


Abraços oxitocinados a todxs...


Santuza TU

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

CARNAVAL SBC 2017: MULHERES DO BRASIL!!!

SBCenses queridxs!!!

Passado Natal e Ano Novo já vamos programar nosso Carnaval...

Como sempre, e sabendo que o SBC, como anárquico que é, "queer", contra qualquer padronização, não temos camisetas. Mas todo ano trabalhamos um tema que serve de pretexto para ótimas reflexões antropológicas, filosóficas, culturais (a nossa parte B). Nossa Presidenta sonha com o desfile, lá pelo mês de novembro, e começa a usar a capacidade bovina, a de ruminar. E troca ideias, recebe sugestões, e vai elaborando o mesmo.

Então, feito isso, vamos ao lançamento do tema: MULHERES DO BRASIL!!!

Uma grande (e justa) homenagem às mulheres brasileiras, tão pouco conhecidas de todxs nós. Sim!!! temos grandes mulheres em todas os segmentos, e conhecemos muito pouco. Pois o tema começou a ser ruminado nos diversos encontros de gênero durante o ano de 2016, a propósito dos 10 anos da Lei Maria da Penha (aí nossa primeira sugestão!!!), a propósito de congressos sobre a Mulher Latino Americana e Caribenha, entre outros... e a Presidenta, em todos esses encontros, procurava uma camiseta, uma lembrança, nos stands ao redor dos eventos... e quase que só encontrava Frida!!! nada contra Frida... mas NENHUMA mulher brasileira!!! e temos tantas mulheres importantes, maravilhosas, referências... 

Além disso, no ano de 2016 tivemos uma grande mulher, que nos representa: Dilma (nossa segunda sugestão).  Que sofreu um impeachment (ou melhor, um golpe) carregado de machismo... e que teve (e tem...) uma postura impecável e grandiosa. Nos representa e será, com certeza, homenageada no nosso carnaval.

Dilma Roussef

Maria da Penha
Então, continuando o caso da construção do tema: a segunda etapa foi a pesquisa COOGLElística. Ai a surpresa. Se você entra no GOOGLE e digita: Mulheres Brasileiras, olha os sites que aparecem:

- brasileiras gostosas, sexo
- mulheres brasileiras fudendo
- vídeos de sexo
- brasileiras nuas
- as brasileiras mais belas.

Aí tentamos: Mulheres brasileiras famosas. Resultado:

- famosas de biquíni
- famosas nuas

Aí, tivemos a curiosidade de pesquisar Homens brasileiros. Resultado:

- 14 diferenças entre homens brasileiros e americanos
- o homem brasileiro de hoje
- só 5% o homem brasileiro tem pênis pequeno
- Homens brasileiros sarados e gostosos
- pesquisa salarial

Bom assunto, né? nada contra sexo... e sim contra nossa objetalização (perceberam que objeto sexual ou objeto de admiração?). Precisamos refletir/conversar mais sobre isso...

Aí tentamos: Mulheres brasileiras de destaque: começam a aparecer referências bacanas de mulheres:

- "18 brasileiras que fizeram a diferença", na Revista Forum, tem ótimas mulheres para nos inspirar para o carnaval. Alguns exemplos:

Cassandra Rios: Pseudônimo de Odete Rios, foi uma escritora brasileira de ficção, mistério e principalmente romances que envolviam a temática da homossexualidade feminina e erotismo, sendo uma das primeiras escritoras a tratar da sexualidade da mulher desta forma;

Leila Diniz: Foi uma atriz brasileira, à frente do seu tempo. Quebrou tabus em plena ditadura. Chocou a sociedade brasileira ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia e ao falar sobre sua sexualidade sem o menor pudor (quem tiver grávida aproveita a barriga para fantasias de Leila Diniz!!! boa a barrigona linha pra fora...);


Nísia Floresta Augusta (1810 -1875): Primeira mulher brasileira a defender publicamente a emancipação feminina. Pioneira na luta pela alfabetização das meninas e jovens;

Do mesmo artigo:  Mulheres na luta pela independência –Anita Garibaldi, catarinense, que participa das lutas republicanas durante a Guerra dos Farrapos, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e posteriormente luta pela unificação da Itália, na Europa;  

E, entre as mulheres abolucionistas, nossa querida Chiquinha Gonzaga, grande SBCense (fácil fazer uma roupa parecida com as que ela usava).

Aprofundando nossa pesquisa, selecionamos SBCenses brasileiras famosas por segmentos:

- no esporte: 
de Maria Esther Bueno, que obteve fama internacional para o tênis brasileiro nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado (ótima inspiração para fantasia, aquela sainha e uma raquete, simples...); passando por  Marta - a melhor jogadora de futebol do mundo, Paula e Hortência no volei; até Ketleyn Quadros, judoca nas olimpíadas 2016, quando o Brasil nunca havia conquistado uma medalha em provas individuais femininas. Pesquisem, tem muita mulher phoda no esporte no Brasil. 





- na música: 
desde já famosas SBCenses (Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran) - Carmem Miranda... passando por grandes roqueiras (Rita Lee), Elis Regina, Nara Leão, até nossa querida mineira Ana Carolina, sem esquecer Cássia Eller... nossa!!! são tantas mulheres maravilhosas... faça uma visita às funkeiras... e a Mc Soffia... conhecem? Menina pretinha, prestem atenção na letra... vale a pena... AHHH : Elza Soares!!! Mulher do fim do mundo...
Pense numa camiseta (ou numa túnica) com a imagem da Elza e o cabelo trabalhado na purpurina e no confete... lindo!!! pense e faça você mesma...





- Mulheres Indígenas:
Fora os sites de sempre sobre mulheres (- meninas indígenas nuas – delícia do Brasil) você encontrará um livro: Mulheres indígenas, direitos e políticas públicas, nele tem muitas imagens ótimas de índias, além do conteudo excelente... tem também o site "mulheres indígenas inspiradoras". Tem a Catarina Paraguaçu, tem a índia Potira, vale a pena pesquisar... e a fantasia (e maquiagem) de índia é fácil de improvisar e fica linda!!!




-  cientistas brasileiras:
O que encontrei de mais interessante foi recente publicação da Revista Exame: 7 cientistas brasileiras que foram premiadas pela Unesco, dentre elas Elisa Brietzke

pós-Doutora em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),  é professora em Psiquiatria e Saúde Mental da faculdade de Medicina da Unifesp. "O paradigma do envelhecimento acelerado no transtorno bipolar" é o nome de seu estudo premiado pela Unesco. 

Outras cientistas brasileiras:

"Para navegar contra a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão"
Nise da Silveira foi uma renomada médica psiquiatra brasileira, alagoana, aluna de Carl Jung. Nise  recusava-se a aplicar técnicas agressivas em seus pacientes psiquiátricos. Em vez disso, usava o desenho e a pintura para que eles se expressassem e retomassem o contato com a realidade.
                                 "À criatura humana assiste o mesmo direito ao livro que ao pão"

 Bertha Maria Julia Lutz foi uma bióloga brasileira especializada em anfíbios, pesquisadora do Museu Nacional. Foi uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. Para lutar pelo nosso direito de votar, ela organizou até um vôo num aeroplano, de onde lançou folhetos sobre o Congresso Nacional

Super SBCenses!!! olhem as frases... então, você poderá fazer uma túnica bem fresquinha e escrever na túnica a frase da pessoa (e colocar o nome da pessoa depois da frase). Pronta sua fantasia para o desfile do SBC. 

- Mulheres negras: 
As mulheres (e os homens...) do SBC poderiam homenagear (e também denunciar)  tantas mulheres que nos trouxeram tantas riquezas do seu continente... (e foram... e ainda são, tão violentadas, muito mais do que a mulher branca).  Tereza de Benguela, Carolina de Jesus, Maria Felipa de Oliveira, entre tantas... Fora Elza Soares, que já está aqui... pesquisem...



- na poesia e na literatura:
ai... aí eu parei e fiquei sonhando por mais de um mês. Não dá pra citar todas... vale a pena pesquisar...


"Erótica é a alma"
Adélia Prado

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"
Cora Coralina
"Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução."
Elisa Lucinda







Ai gente... vocês não imaginam o trabalho que essa presidenta me dá... afff... fico esgotada... e super feliz!!! de re-conhecer e conhecer novas pessoas, idéias, frases super SBCenses, que traduzem nosso conceito de "Bem viver"... É um prazer surreal...

Então... as sugestões: você (mulher ou homem!!! claro!!!) gosta de uma mulher que está aqui, ou não !!! se inspira nela... faz uma pesquisa COOGLElística... aí resolve: primeiro você pode vestir uma roupa parecida, e fazer uma maquiagem da pessoa... e por aí vai...
segundo você pode pegar uma camiseta (ou uma bata, ou um vestido), de preferência de uma só cor... e aí escrever uma frase da pessoa, entre aspas, e depois citar a pessoa... pronto!!! você pode também fazer na camiseta (ou na bata), em silk, o rosto da pessoa.

Bem, esta última alternativa, conversando com SBCenses, um deles sugeriu uma amiga que já fez uma camiseta pra ele, fazendo o cabelão da pessoa em miçangas, ficou lindo!!! é uma ótima ideia... não só as miçangas, como também qualquer "trabalho" em cima do rosto da  pessoa que você vai homenagear... e tem também uma outra SBCense que lembrou que tem um "silkador" (não sei bem, seria um aparelho bem rudimentar que faz a imagem só em preto e branco)... no que a outra SBCense já sugeriu: o que é limitação pode virar uma SUPER arte gente!!! aí a gente faz a coisa (o silk meio "desfigurado", digamos "vulto") que REMETE à pessoa... e põe o nome da pessoa embaixo... vai ficar LINDO!!! Essas pessoas prometeram de experimentar e fazer algumas por encomenda...

Enfim... AHHH... falta também nosso estandarte... claro, inspirado nas MULHERES DO BRASIL!!! quem quiser contribuir mande sugestões aqui no blog ou no face: sbccoletivo.

Aguardamos... animadíssimxs para o carnaval!!!

E antes, lançamento do livro: Diário do SBC, que conta nossa história... lá pra final de janeiro e princípio de fevereiro...

Inté...