Tzvetan Todorov, filósofo e linguista, nasceu na Bulgária em 1939 e morreu em 2017, em Paris. Suas obras estão traduzidas em vinte e cinco idiomas.
Roland Barthes (1915-1980) |
Em Paris Todorov estudou Filosofia da Linguagem com Roland Barthes, um dos mais respeitados teóricos do estruturalismo.
O estruturalismo, apesar de ser tomado como uma corrente de pensamento, é um modo ou método de análise das ciências humanas que teve sua origem na psicologia e perpassou a linguística, a sociologia, a antropologia e a filosofia no século passado, ganhando destaque entre intelectuais franceses. Basicamente a intenção do método estruturalista, para qualquer uma dessas ciência, é identificar estruturas gerais de um todo, analisando as suas partes.
Em sua obra: “ A conquista da América: A questão do outro ”, Tzvetan Todorov analisa a conquista da América sob a questão do outro, a qual ele estabelece como unidade de ação a percepção que os espanhóis têm dos índios nesse contexto de conquista, além de expor suas pesquisas a respeito do conceito de alteridade, existentes na relação de indivíduos pertencentes a grupos sociais diversos, cujo objeto central justifica-se na própria situação do autor, que é imigrante na França, um país onde supostamente a relação entre nacionais e estrangeiros é historicamente marcada por um xenofobismo não declarado.
“Se a compreensão não for acompanhada de um reconhecimento pleno do outro sujeito, então essa compreensão corre o risco de ser utilizada com vistas à exploração, o saber será subordinado ao poder.”
Com uma narrativa literária e muito fluente, Tzvetan Todorov tem por objetivo – devidamente explicitado no epílogo – fazer com “que se recorde o que pode acontecer se não se conseguir descobrir o outro”, isto é, Todorov busca através da apresentação da história da colonização da América discutir a questão da Alteridade.
“… compreender leva a tomar, e tomar a destruir… A compreensão não deveria vir junto com a simpatia? E ainda, o desejo de tomar, de enriquecer à custa do outro, não deveria predispor à conservação desse outro, fonte potencial de riqueza?”
O livro é dividido por capítulos em que o autor nomeia: Descobrir, Conquistar, Amar e Conhecer. E já em suas primeiras linhas percebe-se que essa titulação não é em vão. Todo o decorrer da obra é marcado pelo sangue, ambição e “cegueira”… É realmente uma obra escrita por um europeu arrependido que tenta retratar os abusos cometidos por seus antepassados. Para quem quer compreender a Conquista da América essa é uma leitura obrigatória.
Leitura fluente e impactante, nos transporta para o período pré-colonial da América e nos faz imergir nesse universo dolorido do nosso passado. Todorov não poupa palavras para descrever as mazelas impostas aos colonizados.
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Querida Rochelle, queridas pessoas que nos acompanham,
Muito feliz de ter tido oportunidade de falar sobre meu método, minha forma de trabalhar, como terapeuta, palestrante... e de viver, pois aplico o movimento TAP sempre na minha vida e nas minhas relações.
Então, fiquei de mostrar mais um pouco como se faz, um processo metodológico, e ai vai, me servindo, como exemplo, do autor acima e seu livro A conquista da América: A questão do outro, que nos ensejou, recentemente, um diálogo bastante interessante e construtivo sobre alteridade e empatia:
Diretrizes para leitura análise e interpretação de uma unidade de leitura e desenvolvimento do processo TAP (este é o título, que mais parece um livro do Jorge Amado - ou do Nietzsche... muito longo, porém elucidativo):
Alteridade é um termo abordado pela filosofia e pelas ciências sociais (sociologia, antropologia, ciências políticas, etc.). Em latim, a origem da palavra alteridade está na palavra alteritas. O radical ALTER significa "outro", enquanto ITAS remete a "ser", ou seja, em sua raiz, alteridade significa "ser o outro". A alteridade é a qualidade ou estado do que é outro ou do que é diferente. Está relacionada com a capacidade de perceber a si mesmx ou a seu grupo social, não como o padrão, mas como "outro".
Empatia: O termo advém do grego EMPATHEIA, formado por EN-, “em”, mais PATHOS, “emoção, sentimento” . Aristóteles usava o termo "em-pathein" no sentido de "animação do inanimado". Na psicologia e nas neurociências contemporâneas a empatia é uma "espécie de inteligência emocional" e pode ser dividida em dois tipos: a cognitiva — relacionada com a capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e a afetiva — relacionada com a habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.
Encontramos diferenças na apreensão dos dois conceitos: tem gente que encontra semelhanças e tem gente que acha que são completamente diferentes. Praticando a alteridade, ou seja, respeitando as diferenças... sigamos:
Ambos (alteridade e empatia) envolvem a capacidade de se colocar no lugar do outro, mas a empatia pressupõe compartilhar das mesmas emoções básicas e causas materiais, enquanto a alteridade depende do reconhecimento das diferenças. Ainda, ter empatia é um processo individual, enquanto a alteridade vai mais pro coletivo, ainda que praticada no nível relacional até (ou desde) os pares.
. "A alteridade é o reconhecimento de que existem pessoas e culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras. Reconhecer a alteridade é o primeiro passo para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante, onde todas e todos possam expressar-se, desde que respeitem também a alteridade alheia."
. "A alteridade é o reconhecimento da individualidade e das especificidades do outro ou de um outro grupo. Exercer a alteridade é agir com empatia, respeito e tolerância".
. "No nível de relação íntimo, afetivo-sexual, extremamente necessário se faz a prática da alteridade: "amar o semelhante é um amor narcísico, amar a imagem de si mesmx".
. "Por isso é que "amar dá trabalho!". E pouca gente se dispõe a isso, preferem "praticar" o amor romântico, idealizado, e ficar repetindo esse modelo por toda a vida".
. "Reconhecer o "lugar de fala" do outro significa praticar alteridade".
. "E a "não alteridade" significa, tanto no plano macro como no plano micro, "exterminar" o diferente, o que vem a ser o fascismo. Ou "submetê-lo", o que vem a ser o autoritarismo, o machismo, a dominação".
. "E as redes sociais estão aí para "explorar" ao máximo essa ambiguidade própria do humano... "Tudo que me salva pode me matar".
E assim continuamos nossa conversa...
Faça, também a sua reflexão ... e pratique alteridade... e empatia... dá trabalho, mas a vida ficará mais bonita...
Obrigada Rochelle... e abraços carinhosos a todas, todos e todes...
Santuza TU
Muito obrigada, por tão bem elaborado e elucidativo texto.Parabéns pela competente aula! Estou motivada a conhecer a obra deTodorov citada.
ResponderExcluirConheça ! Vale a pena...
ExcluirComo o mundo atual está necessitando dessas práticas!!Parabéns pelo texto!Abraços!
ResponderExcluirGrata... SantuzaTU
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