quinta-feira, 27 de abril de 2023

Feriadão cheio em Ouro Preto

 

Na nossa querida Casa da Árvore, no Morro de São Sebastião, em Ouro Preto... uma outra Ouro Preto, que nos convida a caminhadas, conversas e reflexões... sobre a cidade, sobre as Minas Gerais, sobre o Brasil, nossa História... e nossas cabeças colonizadas (ainda); e sobre o movimento de "virar a chave", a consciência de classe e a necessidade de transformação dos nossos conceitos... e do Brasil.

Dia 21. abril, sexta feira: acordamos com os helicópteros sobrevoando, trazendo os homenageados... vergonha... fomos para a rodoviária fazer protesto... depois, tentar compreender. A melhor pessoa para nos explicar é o nosso grande jurista e filósofo Alysson Mascaro:


Depois disso acompanhamos equipe de filmagem de Ribeirão Preto, que percorreu, além da cidade de Ouro Preto, alguns Distritos e Sub-Distritos, em busca de depoimentos sobre a situação da privatização da água nessa região, o que vem causando grandes transtornos à população: além de valores absurdos cobrados, a qualidade da água muitíssimo a desejar (a cor, o cheiro de cloro insuportável, entre outros aspectos apontados), até bichos encontrados nas caixas d'água... isso tudo registrado para documentário próximo. 


Preferimos registrar a beleza da vegetação dos lugares que visitamos, as flores, os frutos, a natureza ameaçada... pela usura, pelo lucro a partir da exploração e da destruição...







laranjas...


algodão...

abacaxi

                                            pau doce... uma delícia... não conhecia...


                                                     taioba...


As faixas nos distritos dizem dos sentimentos da população... 
E porque isso? GANÂNCIA!!! Imenso lucro para poucos, em troca da morte, da destruição da natureza e dos seres humanos...





Depois desse passeio, outro vídeo nos chamou atenção, porque nos parece, como a fala do  Mascaro, um movimento importantíssimo para a busca de compreensão e a necessidade de tomarmos consciência - e "espalharmos" essa consciência -  da exploração que vivemos: trata-se do vídeo de Eduardo Moreira, do ICL (Instituto Conhecimento Liberta):


E, por fim, uma síntese do que estamos vivenciando e da compreensão disso através da nossa história, é o discurso do Chico Buarque em Portugal. Ressaltou-se mais desse discurso, nas redes, aquele trecho que ele fala da "rara fineza do ex-presidente" de não sujar seu diploma. Porém, o discurso nos traz, através da história que ele conta do seu pai, uma visão da história do Brasil que precisamos resgatar sempre... para fazer o movimento de transformação que tanto precisamos.
O movimento, nós diríamos, de construção da nossa identidade: quem somos nós, para além da identidade que nos é imposta desde quando portugueses, espanhóis, a Europa, enfim... aportou nas nossas terras. Como diz Ailton Krenak, os portugueses chegaram aqui arrasados, doentes e famintos... e  foram "cuidados" pelos nossos nativos que, depois (e até hoje), foram quase destruídos, explorados, expulsos de suas terras, quase exterminados... depois "importamos e escravizamos"  os africanos... as pessoas importantíssimas, que "construíram" nosso pais, e foram invisibilizadas...  
E, voltando ao Chico, na segunda metade do século passado, "fomos escravizados" pelo imperialismo americano... 
Precisamos conversar muito sobre essa história... para construirmos nossa identidade... e nossa liberdade... nossa autonomia... prospectivamente.

As mudanças "revolucionárias" acontecem no macro e no micro... bora arregaçar as mangas...

E terminamos cantado uma das músicas mais bonitas da nossa MPB.  Escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção desse ano. "A vida não se resume em festivais”, disse Geraldo Vandré no palco do Maracanãzinho, diante de 20 mil pessoas que vaiavam a decisão do júri. A multidão estava inconformada com a derrota de sua canção para a bela Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim, interpretada por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Esta música se tornou um dos maiores hinos da resistência ao sistema ditatorial militar que vigorava na época. A composição foi censurada pelo regime e Vandré foi perseguido pela polícia militar, tendo que fugir do país. 
E esta canção se chama PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES (ou CAMINHANDO, mas o primeiro título é mais bonito e apropriado) ... ouçam atentamente a letra...




Abraços carinhosos...








3 comentários:

  1. A ideia de colonizados de dependência não sai da nossa mente. Mas pra remover de vez esta praga que sega a tudo e a todos e valorizar a nossa educação pra desmascarar o mau ,valorizar a nossa riqueza cultural.

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  2. Santuza, parabéns por nos presentear com essa leitura! A frase que me acompanha há muitos anos é: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer!" Obrigado Vandré!

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  3. Quem diz que a escrita poética não é literatura e retrata realidade, sonhos e utopias? Será?

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