Nosso post de 3 de setembro passado repercutiu... conversamos mais sobre o assunto, e uma "velhinha" de cerca de 70 anos, carinha de 50, fofa, cheia de vida, plugada, navega nas redes - e nos livros - e tem muitíssimos assuntos a compartilhar, desde tecnologia até as relações humanas em geral, cidadania a relações íntimas... Foi ela que inspirou o slogan SBCense AMOR E POLÍTICA NA CAMA E NO MUNDO... pois essa linda mulher compartilhou conosco sua experiência e suas reflexões sobre o assunto... e todas e todos nós 'mergulhamos' nas suas reflexões.
E um de nós, um homem, me manda, como se ele tivesse gravado, a fala da 'velhinha', de tanto que afetou a ele essa fala, aliás, a todos e todas nós... para ele a 'velhinha' traduziu um conceito SBCense de relação íntima - assim como todos os outros níveis de relação, pessoal, social e pública - pois relacionar, na sua essência estruturante, vem a ser crescer com - e através - do outro.
A seguir o relato do nosso querido SBCense, com sua autorização, sem revelar sua identidade a pedido do mesmo:
TU, você sabe que eu tenho 40 anos... pois eu fiquei completamente apaixonado por aquela pessoa linda que fiquei conhecendo no último encontro do SBC. Eu já sou apaixonado pelo SBC, pela filosofia de vida e pelos conceitos relacionais do SBC... agora apaixonei completamente por uma SBCence! Como se diz no SBC como maior declaração de amor, de tesão, eu "dava pra ela até pendurado no lustre". Mas trata-se de algo mais, um encantamento, que eu diria, teórico, um "tesão intelectual", como também dizemos por aqui.
TU, cheguei em casa e tentei quase que "transcrever" o depoimento dela, como se fosse "uma fita gravada" (muito antigo isso, né, do século passado... rsrs) do nosso encontro... pois essa 'teoria', como ela diz, vem a ser uma referencia estruturante, tanto para as relações afetivo sexuais como para todos os outros níveis de relação...
Pois bem, ela começou cantando - e a danada tem uma voz linda, além de tudo - uma música que, segundo ela, disseram que a traduzia... porém ela não acredita e nem pactua com isso. Pois, pra ela, afeto - qualquer, e todo, tipo de afeto - não tem idade! E, ela acrescenta, nem gênero...
"Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá!", ela lembra nosso grande e querido Milton Nascimento.
Daí ela lembra de um filme:
Ruth Gordon é Dame Marjorie “Maude” Chardin, uma mulher de 79 anos de espírito livre. Ela cresceu na Europa e ali se casou. Pelos números marcados em seu braço, sabe-se que ela esteve em um campo de concentração nazista; Bud Cort é Harold Chasen, um garoto de 20 anos, rico e obcecado com a morte. Ele dirige um carro funerário e vai a cerimônias fúnebres de estranhos. Quando encontra Maude, que também tem esse estranho hábito, ele se apaixona pela primeira vez. Ele fica encantado com a visão peculiar da vida dela, que vê beleza em todas as coisas e é excessivamente despreocupada, em contraste com sua própria morbidade. Ambos formam um vínculo imediato, e Maude mostra a Harold os prazeres da arte e da música e o ensina como "aproveitar ao máximo seu tempo na Terra". Enquanto isso, a mãe de Harold determina, contra a vontade do filho, que ele deve encontrar uma mulher para ter um relacionamento estável. Uma a uma, Harold assusta e aterroriza suas pretendentes, praticando atos de automutilação, autoimolação e seppuku, uma espécie de ritual suicida japonês.
A obsessão de Harold pela morte é evidente desde o início do filme, quando ele organiza elaborados e bizarros rituais de simulação de suicídio e frequenta funerais como uma forma de escapar da monotonia de sua vida. Ele se vê em uma espécie de isolamento emocional, sentindo-se desconectado do mundo ao seu redor. Sua busca constante por morte e seu comportamento excêntrico são manifestações de seu vazio interior e da busca por algo mais profundo. Apesar de sua obsessão pela morte, Harold não é um personagem negativo; sua busca por significado é, na verdade, uma tentativa de lidar com o vazio e a falta de propósito que sente em sua vida. Essa luta é intensificada pela relação com sua mãe, uma mulher dominante e desinteressada, que tenta controlar sua vida e decisões.
Por outro lado, Maude é uma "velhinha" com uma perspectiva de vida totalmente oposta à de Harold. Uma mulher excêntrica, transgressora, cheia de energia e amor pela vida, que tem uma abordagem irreverente em relação à sua própria existência. Ela vive sem medo da morte e acredita que a vida é para ser aproveitada ao máximo, independentemente da idade. Maude não apenas ignora as convenções sociais, mas também as desafia com seu comportamento imprevisível, o que a torna uma figura única.
O que começa como uma amizade improvável entre dois personagens tão diferentes se desenvolve ao longo do filme em uma relação profunda e transformadora. Maude, com sua visão única da vida, torna-se uma espécie de "mentora" de Harold, mostrando-lhe que a vida deve ser abraçada, e não temida. Através de suas interações, Maude ensina Harold a valorizar as pequenas coisas, a ser mais espontâneo e a encontrar alegria nas experiências cotidianas. Apesar da diferença de idade, a relação entre os dois vai além da amizade. Harold e Maude se apaixonam. E a relação deles questiona as normas sociais e os tabus sobre o que é aceitável em um relacionamento. O filme não trata essa diferença de idade como um problema, mas sim como uma metáfora para a capacidade humana de transcender as expectativas e se conectar com os outros em um nível mais profundo.
Ensina-me a Viver explora a complexa relação entre vida e morte de uma forma única e humorística, o humor negro, que serve como uma ferramenta para abordar questões profundas como a morte, o vazio existencial e as convenções sociais. Harold, obcecado pela morte, encontra em Maude alguém que não tem medo da morte, mas que vive cada momento de sua vida com uma intensidade vibrante. Maude vê a morte como uma parte natural do ciclo da vida, e seu comportamento e filosofia de vida refletem essa perspectiva. Para ela, a morte é apenas um fim inevitável, e enquanto isso não acontece, o mais importante é viver com liberdade, criatividade e prazer. Harold, por outro lado, tem dificuldade em entender essa visão. Ele vê a morte como uma forma de escape de suas frustrações e desesperança. A amizade com Maude, no entanto, muda sua perspectiva, fazendo-o perceber que a verdadeira liberdade está em viver plenamente, em vez de temer o fim inevitável.
Enfim, o filme que a nossa querida "velhinha" nos indica continua a ser uma obra cult, que desafia as expectativas e nos inspira a viver de forma mais verdadeira e livre... como praticamos no SBC.
E aí, voltando à música GAROTOS, ela nos conta um diálogo aprendido com o filme:
- Pois você acredita que, recentemente, um 'boy' me fazendo uma piropa, como costumamos no SBC, me pergunta se eu o ensinaria sobre sexo quando a gente transasse. E eu então respondi: - Não querido! Não costumo "ensinar"! Aliás, numa transa ninguém ensina nada a ninguém, pois se assim fosse estaríamos construindo a possibilidade de reproduzir o modelo autoritário, esse que costumamos aprender na nossa cultura, e reproduzimos em todos os níveis de relação, o modelo autoritário-submisso. Por outro lado, nós temos a 'responsa' de tentarmos construir outro modelo, também em todos os níveis, o modelo sujeito-sujeito, o modelo de crescimento mútuo.
E é, portanto, nesse sentido que te faço um convite: - VAMOS APRENDER JUNTOS? Pois cada pessoa é única e cada transa vem a ser um desvirginamento para nós dois, querido... Vem comigo desse jeito, vamos nos descobrir?
- Ai TU... morri... Já pensou se conseguimos construir esse modelo? Me apaixonei, por ela e pela ideia de sexo dessa maneira, assim como essa construção em todos os níveis de relação, como você já nos mostrou várias vezes nas suas crônicas aqui no blog
Enfim, obrigada TU, pela existência do SBC, por você existir e nos apresentar essa "velhinha"...
Grande abraço oxitocinado,
EU
Ai eu, TU, morri também, de alegria, de orgulho pessoal... convicção de que estamos no rumo certo da construção de relações mais bonitas e prazerosas. Obrigada querido EU...
Abraços a todas as pessoas que nos seguem, oxitocinados ...
Santuza TU
...
Obrigada Tú, gosto muito de ler vcs
ResponderExcluirGostei muito! Só não
ResponderExcluirconcordo que 70 anos é “velhinha”.
Senão, como eu fico?!!
Kkkkk
Beijos
Gláucia
Tú, A-M-E-I o último SBC sôbre virgindade!!!!
ResponderExcluirSen-sa-ci-o-nal!!!!!
Sou fã: sua fã e das coisas que vcs fazem no SBC!
Um sucesso!!!
BEBELA