quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O ASSUNTO DA SEMANA: um jeito SBCense de falar sobre futebol


THOR, AMOR E TROVÃO, filme de 2022, quarto filme sobre esse super herói.  As SBCenses comentam: Gatão!!!
Mas THOR é um super herói desde os anos 90 do século passado. A história é mais ou menos a seguinte, segundo pesquisa SBCense:

Thor é filho de Odin, rei de Asgard  e se prepara para ascender ao trono, mas é interrompido quando os Gigantes do Gelo tentam recuperar uma caixa fonte de poder. Ele contraria o pai e, com irmão, amiga e guerreiros, vai enfrentar os gigantes. Trava-se uma batalha. Odin, o pai, salva os Argardianos mas pune o Thor pela sua arrogância, tira-lhe todo o poder divino e bane-o para a Terra como um mortal, acompanhado de seu martelo Mjölnir, agora protegido por um encantamento para permitir que apenas os dignos possam empunhá-lo. Para não dar spoiler, Thor fica aqui na Terra como um deus nórdico dos trovões e das batalhas. Usa como arma o martelo, e tem também  o cinto  Megingjord,  que lhe dobra a força. Está associado aos trovões, relâmpagos, tempestades, árvores de carvalho, força, proteção da humanidade e também a santificação, cura e fertilidade; e também  à guerra.

Apresentamos agora outro THOR: aposentado, atua como produtor cultural, radialista e educador musical. Gosta de compor e cantar. Ama a música, a literatura e curte um dedim de prosa boa tomando um cafezim. Pesquisa sobre cultura popular, escreve crônicas e ultimamente tem se dedicado à poesia. Gosta de viajar, da simplicidade das coisas, valoriza o respeito mutuo, a renovação de conceitos e ideias e procura se antenar com o presente. 

 Thadeu Oliveira Romão... que, não sei por que razão, tirou o H do seu primeiro nome. Vai entender...

Enfim, Tadeu sem H nos manda duas crônicas sobre nosso assunto da semana. A primeira delas, a seguir: 

FUTEBOL EM CONTRIA
 Por Tadeu Oliveira Romão

Em fins da década de 1960, eu era apenas uma criança que vivia
 correndo atrás de uma bola de meia no fundo do quintal da nossa 
casa em Corinto, fruto de influência futebolística dos irmãos mais 
velhos. Meu pai, embora fosse um homem de princípios rígidos e 
não aceitasse de modo algum que os seus filhos jogassem “pelada”, 
era complacente quando se tratava das equipes de futebol da cidade.
Natural do pequenino distrito de Contria, incrustado no caminho 
entre Corinto e Pirapora, meu pai se revelava um amante do esporte 
bretão. Torcia pelo Guarany de Corinto e pelo Cruzeiro e quando 
era indagado sobre se já havia jogado futebol, ele pigarreava e 
deixava escapar um sorriso maroto dizendo que não, mas que assistiu 
lá em Contria, uma das maiores goleadas já vista na história do futebol.
Dizia ele que na época em que, com a expansão do ramal para 
Pirapora, não tardou para que o futebol chegasse ao lugarejo, talvez 
por obra dos funcionários da Central do Brasil. 
Assim, os habitantes locais começaram a praticar rachões chegando, 
inclusive, a formar um escrete local.
E para preencher o vazio e a morosidade com que o tempo passa nas 
tardes dos domingos, convidaram um time de Corinto para fazerem um 
amistoso com o escrete recém-formado. Eis que chegou o grande dia! 
Logo cedo, marcaram o campo de terra batida com cal, passaram uma 
mão de sebo nas chuteiras para amaciar e encheram a bola de couro 
G18. Ainda contaram com a cortesia do time visitante, que emprestou o 
jogo de camisas do segundo quadro para os titulares locais e arrumaram
uma pessoa que entendia das regras para ser o juiz. Meu pai fazia um 
suspense e já ia direto para o final da partida. O resultado? 42 a 0 para 
o time de Corinto.  
Se consideramos que os dois tempos equivalem a 90 minutos, dividindo 
pelo número de gols tomados, teremos que o time de Contria tomava um 
gol a cada dois minutos e oito segundos. Bastava por a bola no meio de 
campo, tirar a saída e logo logo o goleiro do time da casa corria mato 
adentro para buscar a bola, pois não havia gandula nem redes no gol. 
Papai soltava uma sonora gargalhada e dizia que o placar só não foi maior 
por causa da luta empreendida pelo goleiro com as macambiras ao buscar 
a bola no meio do mato, atrás do gol.

E a crônica nos leva às "conversas SBCenses" de sempre: 











- O primeiro comentário foi sobre Pelé: Edson Arantes do Nascimento, 
mineiro de Três Corações, atualmente com 82 anos, internado recentemente, 
estado estável porém com saúde bastante precária. Pele é considerado o 
Rei do Futebol, Atleta do Século (passado), melhor artilheiro do mundo. 
Algumas pessoas o criticam pela sua posição (ou falta de posição)
política durante o tempo em que atuou enquanto jogador. Ele não se 
posicionava em relação às questões politicas do seu tempo, ou seja, o tempo 
da ditadura militar no Brasil, não se posicionava sobre o racismo, dizem. 
No entanto, vejam a sua fala quando em 1969, se comemorou o seu milésimo 
gol, no Maracanã: 

"Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas 
pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. 
Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. 
Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus.
Muito obrigado".

Daí o comentário de SBCense: "Essa fala do Pelé, na época, já era considerada
comunista! Essa mania de lacração que temos atualmente, muitas vezes sem 
nem procurar entender a época, o contexto histórico, essas coisas. Vocês já 
pensaram o que se podia dizer naquela época? Já imaginaram o tanto de
gente que fugiu do Brasil por causa da ditadura, o tanto de gente  presa, morta ... "

Então pulamos para uma uma outra referência bastante interessante

:









Netflix aproveita que o futebol está em alta para lançar 
uma minissérie documental que polemiza: A “caixa preta” da FIFA 
(Federação Internacional de Futebol) será escancarada ao longo de 
uma produção com quatro episódios intitulada Esquemas da FIFA.
São abordados vários detalhes dos bastidores da associação que 
representa o futebol mundial, desde o estrelato nos campos até os 
escândalos de corrupção. Em meio a tudo isto, está em jogo um dos 
esportes mais adorados do mundo e responsável por trazer os mais 
diversos sentimentos à várias nações no mundo.

E depois dessa boa indicação, partimos para a segunda crônica do nosso SBCense Tadeu:
A PRIMEIRA CHUTEIRA

 Por Tadeu Oliveira Romão 

Geraldo Pé Roda nasceu e criou-se praticamente dentro do campo do Guarany Atlético Clube. Desde pequeno já engalobava a mãe dizendo que ia catar gravetos para acender fogo e fugia para o campo. Foi lá que ganhou o apelido. Sempre que treinava com a turma, costumava chutar a bola de bicuda e ela saia rodopiando sobre si mesma, capotando rente ao campo de terra batida. Daí, a turma começou a chamá-lo de Pé Roda. Logo, em consequência da inabilidade com a bola, fez com que assumisse titularidade do gol no segundo quadro do alvinegro corintiano. 

Naquele tempo a rigorosidade dos pais era demasiada e com dona Luíza, mãe de Geraldo, não era diferente. Família por criar, ela preferia que os filhos trabalhassem para ajudar em casa ao invés de ficar correndo atrás da bola. Além disso, os times não tinham condições de ajudar os jogadores e muitos deles tinham que comprar seu próprio material, o que ela achava um desperdício.

Geraldo Pé Roda trabalhava de servente de pedreiro e entregava todo o dinheiro para a mãe. Quando precisava das coisas ela passava a quantia necessária, mas tinha de saber “tintim por tintim” com o que gastava seu dinheiro. Certa ocasião, o sapato de Geraldo furou e ela retirou uma quantia do dinheiro guardado e mandou que ele fosse lá à loja de Jair Broto comprar um calçado. O sonho de Pé Roda adquirir a sua primeira chuteira estava prestes a se realizar, bastando dobrar a senhora sua mãe para comprar um par de chuteiras no lugar do par de sapatos. Após muita conversa ele conseguiu botar na cabeça dela que aquilo era um calçado moderno a ser usado em todas as horas, em qualquer situação, sem nenhum problema. E assim, depois de muito blábláblá Geraldo chegou em casa com o tal calçado.

Naquela época, ir à missa aos domingos era obrigação de toda família cristã e temente a Deus. Dona Luíza, católica fervorosa, convocou a família para a missa dominical e tomou o rumo da igreja matriz tendo os filhos a acompanhá-la. Geraldo, que seguia mais atrás trajando roupa de linho, paletó e chuteira nos pés, andava como se tivesse a pisar em ovos para ninguém desconfiar de nada. A dificuldade de se equilibrar no calçamento pé de moleque deixava o seu andar claudicante. Quando entrou na Matriz, que se encontrava num sagrado silêncio sepulcral, a coisa desandou. Ao pisar os azulejos arabescos da igreja, a cada passo dado com um cuidado extremo, ouvia-se um som incomum: crap, crap, crap... Os fiéis, incomodados, viraram-se a um só tempo para verificar de onde vinha aquele barulho esquisito.

À medida que Geraldo adentrava o templo religioso percebeu que aquilo escorregava como quiabo e num átimo...  buffffff!!! Escorregou e caiu estatelado no chão. Dona Luíza, vendo a cena, ficou possessa. Mas segurou a vergonha até chegar em casa para passar um corretivo no pobre e desastroso Geraldo Pé Roda. 

Bem, o mínimo que ela fez para amenizar a vergonha foi ordenar ao filho que cortasse imediatamente as travas da chuteira. E a partir daquele dia, a primeira chuteira de Geraldo Pé Roda tornou-se o seu calçado de passeio e de jogar bola. 

 _(*) Adaptação feita sobre entrevista concedida por Geraldo Fernandes (vulgo, Geraldo Perroda) a Maurílio Xavier no Jornal O Panorama, edição 56 de novembro de 2008, Corinto MG._

E terminamos nossa conversa com música mineira:

Saudade do Skank...
E do Gonzaguinha...



Obrigada querido Tadeu. Seja bem vindo ao SBC!!!
E até a próxima...
Abraços carinhosos...



2 comentários:

  1. Olá Santuza!
    Vejo que tem aproveitado meus textos junto aos SBCenses! Muito grato por divulgá-los!
    Quanto Tadeu com TH, depois te conto essa historia.
    Beijos carinhosos!

    Tadeu Oliveira Romão

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    Respostas
    1. Nós do SBC tb agradecemos Tadeu... ou Thor...vc e Antonieta já se tornaram uma espécie de correspondentes nossos...

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