quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Encerrando a Semana de Arte Moderna

 

Enfim, dia 18 de fevereiro de 2022, 100 anos do
último dia da Semana de Arte Moderna em São
Paulo, um de águas no panorama artístico brasileiro.

Dedicado à música, Villa-Lobos se apresentou com
um pé calçado e outro 
com chinelo, porque estava
com um 
calo no pé. Mas o público achou
desrespeitosa tal atitude e vaiou nosso maior
compositor.


E nós, do SBC - Samba, Bobagem, Cerveja, esse
grupo de amigas e amigos e amiges que se junta
para conversar sobre "bem-viver", usando como
pré-texto a ARTE, encerra nossa série de postagens
sobre o tema relatando nossa comemoração da 
Semana em São Paulo, a convite da ABLAM,
que ocorreu no sábado passado dia 12.02.2022. 


O relato a seguir é 

da nossa SBCense 

Antonieta Shirlene, 

com ilustrações de 

fotos e vídeos que 

recebi de nossxs 

amigxs SBCenses:









 











E chegou o dia de irmos para São Paulo. Saímos de Belo 
Horizonte com a certeza de que teríamos uma missão 
a cumprir: festejar a Semana de Arte Moderna. 
Ao chegarmos a São Paulo nos deparamos novamente 
com a Paulicéia Desvairada de Mário de Andrade. 
São Paulo parece, realmente, desvairada.  Mário de 
Andrade tinha toda razão. A capa do seu livro já nos 
mostra uma São Paulo totalmente diversa. Pelos 
losangos coloridos que representam os milhares de 
paulistas e imigrantes que formam a população daquela 
cidade. Cada um com sua cultura e seus valores. 
Passeando pela cidade, me lembrei do livro de Edgar 
Allan Poe - O homem na Multidão - onde ele retrata o 
indivíduo se tornando invisível numa grande metrópole 
todas as consequências advindas desta triste realidade. 
Em Sampa realmente a gente se sente apenas parte da 
multidão e é muito importante lembrarmos o nosso eu 
pessoal para que não nos deixemos ser sugados pelo 
desvario paulistano. 












Nossa apresentação na Oficina Oswald de Andrade 
foi recheada de significados: estávamos na cidade onde 
aconteceu a Semana de 22, na Oficina Oswald de Andrade,
 no dia12 de fevereiro (início da Semana ) e entre pessoas 
com os mesmos objetivos - o de valorizar os Modernistas e 
não deixar esquecidas suas contribuições à cultura 
brasileira.

Na oportunidade muitos membros da ABLAM - ACADEMIA 
BRASILEIRA DE LETRAS E ARTES MINIMALISTAS ,
promotora do evento que estávamos participando, realizou 
uma importante divulgação de livros dos seus participantes 
e de outros escritores, como foi o livro de  nossa SBCense 
Santuza TU. 

Depois desta exitosa atividade fomos passear por São Paulo.
Tendo como guia nosso amigo Andy, conhecemos os melhores 
lugares que a cidade possa oferecer. Inclusive almoçamos num 
simpaticíssimo restaurante grego com comidas tipicamente 
preparadas e com preço justo. Ficamos ali por um bom tempo 
refletindo sobre o que estávamos vivendo e o que representou 
a Semana de Arte Moderna de 22 para o Brasil para o mundo. 
E como em todo o restaurante grego que se preze, ao 
terminarmos nossos almoços, não  nos esquecemos de 
quebrar os pratos, como faz parte da tradição grega. 

Saímos pela cidade com a sensação de dever cumprido: 
festejamos a Semana de Arte Moderna, relembrando os 
nossos importantes artistas que participaram daquele 
evento reafirmando o espirito contestador 
do mesmo. São Paulo continuará sendo uma Paulicéia 
desvairada com os seus contrastes e sua beleza 
inigualável. 

Muito bem!!! missão cumprida! Obrigada Antonieta... Obrigada Antônia... Obrigada Andy...

Quero acrescentar ao relato da Antonieta algumas lembranças:

1. Duas novas marcas de cerveja ficamos conhecendo em São Paulo: a CACILDS









E a BIRUDÔ... cerveja japonesa!!! Ambas deliciosas...


Além do maravilhoso chopp "com borbulhas de amor" do Jacinto, melhor garçom do mundo, direto do Piauí.

2. A exposição MEDITAÇÔES ZZ, no Centro Cultural Oswald de Andrade, onde ocorreu o evento de comemoração dos 100 anos da Semana e 1 ano da ABLAM:



3. O Livro Cantilenas & Mineirices, do Rogério, Presidente da ABLAM


4. E os dois livrinhos lindinhos do carioca Fábio Carvalho, onde selecionamos dois poeminhas (poetrix...) que tem tudo a ver com o SBC:



5. A teoria psicanalítica antropofágica... elaborada a partir do post do nosso querido SBCense Francisco Savoi sobre o Oswald e o movimento antropofágico, de 5.de fevereiro. Explico: estava elaborando uma reflexão sobre o filme "a filha perdida", que trata das relações mãe-filha/filha-mãe e sobre a construção de nossa identidade feminina, completamente imersa nos meus afetos em relação a estas duas relações (enquanto mãe e enquanto filha), quando recebi vídeo e texto do Chico. Então pensei: pois o Freud não usou de metáfora do Édipo para falar sobre identidade (Édipo, a vida toda, buscou respostas à pergunta "quem sou seu"); assim como o Jung, que também usou da metáfora da banda de Mobius para interpretar a estrutura do aparelho psíquico ? 

Nós usaremos da metáfora antropofágica para explicar/entender a relação mãe/filha e a formação/construção da identidade feminina. Digo formação me referindo ao que está posto culturalmente, e construção seria tudo que podemos/devemos fazer, a partir do que "fizeram conosco", ou seja, de maneira autônoma. Para esta construção é que "descobrimos" a metáfora antropofágica: "eu te engulo e te vomito e me torno eu mesma". Conversaremos mais sobre essa pauta nos nossos próximos posts, quando aprofundaremos sobre o filme "A filha perdida"... fazendo parte do nosso projeto SBC CINECLUBE. Aguardem... 

6. E para encerrar MESMO... conversando sobre o mundo da época e semelhanças com o mundo (e o Brasil) atual, lembramos do filme O OVO DA SERPENTE:

de 1977, do grande diretor Ingmar Bergman. O filme que se passa em 1923 na Alemanha.  Abel Rosenberg é um trapezista judeu desempregado, que descobriu recentemente que seu irmão, Max, se suicidou. Logo ele encontra Manuela, sua cunhada. Juntos, eles sobrevivem com dificuldade à violenta recessão econômica pela qual o país passa. Sem compreender as transformações politicas em andamento, eles aceitam trabalhar em uma clinica clandestina que realiza experiências em seres humanos.

Utilizado como termo para expressar o "prenuncio de mal" ou o "mal em gestação", O ovo da serpente é um dos mais impressionantes filmes do Bergman, que, como ninguém, retratou em linguagem cinematográfica a república de Weimar ou os anos que antecederam o advento da Alemanha nazista.

Bergman, ao exibir situações do cotidiano presentes na história daqueles tempos, demonstrou, com precisão matemática e habilidade artística invejável que, a um observador atento, já era possível vislumbrar nos acontecimentos que se desenvolviam nos anos 20 o nascimento do Nazismo. Nas inesquecíveis palavras do Dr. Vergerus, personagem capital da trama, "é como o ovo da serpente. Através das finas membranas, você pode claramente discernir o réptil já perfeito". 

E comentamos: "É preciso estarmos atentos e fortes... a história não vai se repetir, nem como farsa, tampouco como tragédia!".


E assim nos despedimos, agradecendo a todas as pessoas que participaram desse lindo projeto 100 ANOS DA SEMANA DA ARTE MODERNA NO BRASIL... 

Abraços carinhosos...













7 comentários:

  1. Dever cumprido. Nossa homenagem aos artistas que participaram da Semana foi feita com todo carinho ,exatidão histórica e sensibilidade artística que merecia o projeto .Foi um prazer ter participado e estar junto com todos e todas sbcenses. Obrigada à tod@s.

    ResponderExcluir
  2. Santuza, Antonieta e Sbcenses.
    Apreciei muito esse movimento de comemorar a Semana da Arte Moderna e como foi bacana a adesão das pessoas em participar, cada um trazendo a sua contribuição.
    Espero que 2022 esteja repleto de novos movimentos culturais inspirados e idealizados por esse grupo fantástico.
    Beijos a todos, Ju

    ResponderExcluir
  3. Muito prazer em participar! Parabéns a todos Sbcenses por mais um projeto realizado. Forte abraço!

    ResponderExcluir
  4. Apreciei bastante esta historia sob a cultura, e aprendi algo nao sabido.

    ResponderExcluir