quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Nossa CASA DA ÁRVORE, em Ouro Preto

 

Primeiro vocês deem um "pulinho" no blog, na postagem de 1 de dezembro do ano passado, para verem como estava, nessa época, nosso espaço em Ouro Preto no Morro de São Sebastião. Reunimos uma turma para a passagem de ano...e, como dizem os ouropretanos, "aqui, num dia só, acontecem as quatro estações". No último dia de 22 fez um dia lindo e passeamos na Cachoeira das Andorinhas, uma pequena caminhada de quatro km... uma delícia. A noite fomos no Bar da Nida, o melhor de Ouro Preto, samba da melhor qualidade, despedida do ano em grande estilo. Já no dia primeiro de 23 amanheceu um dia nublado, uma chuvinha fina, parecia que estávamos entre as nuvens lá no alto do São Sebastião. Então, passamos o dia vendo a posse do nosso novo Presidente... e nos emocionando... e nos esperançando... "Dias melhores virão"... claro, com nossa luta, nosso trabalho!

Naquela época só existia, como poderão ver nas fotos deste post, além dos nossos três chalés, a Casa da Árvore, o Chalé da Lua e o Chalé do Sol, um "pedacinho" de espaço da Casa da Laura, uma copa/cozinha improvisada pelo nosso querido Duca para que nos reuníssemos e tomássemos juntos nosso café da manhã...e, a tarde, aquele vinho delicioso para o clima de Ouro Preto, geralmente com uma encomenda de massa do Bastião, que fica na pracinha de São Sebastião, a uns cinco metros o nosso espaço. Também na pracinha tem uma mercearia, onde descobrimos um pão francês delicioso e uma linguiça de gomo... era, também, nosso lanche... muito bom!

Bem... passamos este fim de semana na Casa da árvore, e me deu uma vontade danada de compartilhar, de novo, com vocês, este espaço... não que já esteja prontíssimo, mas já está bastante diferente daquele de janeiro. Pois, logo depois da passagem de ano, foi dada continuidade à Casa da Laura, que fica encima do espaço copa/cozinha. E está ficando lindíssima!

Fotografamos detalhes, tanto dos três chalés como do espaço como um todo... a seguir:


Na entrada da Casa da Árvore (a segunda entrada, a primeira é a da Casa da Laura) temos uma "grutinha" com imagens, além do nosso santo protetor, São Sebastião,  Nossa Senhora Aparecida, também nossa santa protetora...












E, descendo a escadinha de pneus para a casa da árvore, olhando à sua esquerda você se depara com este trabalho lindíssimo de pau-a-pique, uma parede da Casa da Laura, também foi nomeada uma "Guardiã" do nosso espaço. As energias são positivas e envolventes...


Vista da Casa da Árvore...


E detalhes desse lindíssimo chalé, além da escadinha de pneus...
Vejam outras fotos do mesmo - cozinha, jantar, banheiro, varandas - no post de 1.dezembro.22. 

















Continuando nossa caminhada, depois da Casa da árvore, nos deparamos com um "forno" que mais parece uma escultura, onde existia uma pequena cozinha anteriormente,  no caminho para o Chalé da lua:

E, subindo a escadinha para o chalé da lua, lembramos mais uma vez do "ready-made" tema do nosso post de 2.dezembro.22, o cofre no meio do mato, que foi motivo até de poema:



A seguir, detalhes do Chalé da Lua... para casais, com uma banheira de hidro... vejam mais fotos no post de 1.dezembro:


E uma vista desse Chalé, com a "famosa" MESA DO ELEFANTE:

 
Caminhemos para o Chalé do Sol...  descansando um pouquinho...

...no caminho tem uma fonte:

E, a seguir, detalhes do Chalé do Sol (vejam mais fotos, inclusive a do SOL, da cozinha, banheiro, mezanino, no outro post de 1.dezembro.22) :

 
Voltando do Chalé do Sol nos deparamos com outra vista linda do Chalé da Lua:

E voltamos à nossa área de lazer, em frente à copa/cozinha que tínhamos recém construída e improvisada no reveillon, do lado da casa da árvore. Vejam no nosso post anterior ... e vejam agora como está. Encima a Casa da Laura, detalhes nas fotos:


Enfim, é com muita alegria que apresentamos a vocês, de novo, nosso espaço CASA DA ÁRVORE quase pronto. Os chalés já funcionando para temporadas e fins de semana.

Breve teremos inauguração do espaço... porque tudo precisa ser comemorado... 

À VIDA... AOS BONS ENCONTROS...  e  AO   S B C, UM CONCEITO DE BEM VIVER...

Fotos e texto: SantuzaTU




quinta-feira, 17 de agosto de 2023

O assunto da semana no SBC: Vamos conhecer o MST?

 

João Pedro Stedile, atualmente com 69 anos, é um economista e ativista social brasileiro. Graduado em economia pela PUC do Rio Grande do Sul e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México. Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Stedile atua na causa da Reforma Agraria, Agroecologia e das causas populares.

E o livro que ele cita no seu depoimento na CPI do MST no dia 15.agosto, nesta terça-feira, SELVA, de Alexandre Saraiva, ex-delegado da PF, narra operação de maior de apreensão de madeira ilegal no pais, que derrubou o então ministro do meio ambiente Ricardo Salles, no governo Bolsonaro. Salles, agora, Depurado Federal e relator dessa CPI do MST.

Esse depoimento histórico foi uma verdadeira aula:  traz, de uma maneira transparente, duas visões de mundo que se relacionam com uma discussão que, embora não seja atual, é urgente para o futuro do Brasil. Ora, muitos e muitas de nós do SBC já presenciamos ou ouvimos relatos de tentativa de reforma agraria no nosso país. Me lembro muito bem de João Goulart... e, para os mais novos, é só dar uma olhadinha do google:

"...Governo João Goulart foi de 1961 a 1964 e ficou marcado na história brasileira por ter sido um mandato abreviado por conta do golpe civil-militar de 1964. Esse governo ficou marcado pela radicalização e instabilidade política. As tentativas de reforma (entre elas a reforma agrária) conduzidas pelo presidente eram impopulares entre as elites, que eram, naquele momento, apoiadas pelos norte-americanos, e que se organizaram com os militares para derrubar o presidente e instalar uma ditadura".

Assim como no google também temos informações sobre o MST. A seguir um resumo:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um movimento de origem social que defende a reforma agrária no campo brasileiro. Ele surgiu em um contexto histórico-econômico marcado pela luta da sociedade civil organizada em prol da democracia e possui uma função importante em defesa das populações campesinas brasileiras.

O MST é um movimento de origem popular, ligado ao campo brasileiro, que tem como objetivo promover a luta dos trabalhadores rurais em prol da reforma agrária (redistribuição mais justa das terras). Esse agrupamento, principal movimento social do país, tem como enfoque as questões ligadas ao espaço rural, com destaque para a defesa da melhor distribuição de terras, em oposição ao cenário de concentração fundiária que prevalece no Brasil.

Assim, nesse contexto, o principal objetivo do movimento é o estabelecimento de uma política de reforma agrária no campo brasileiro. No entanto, ao longo das décadas, novas discussões foram sendo incorporadas à luta do MST, como a defesa da agricultura familiar, da agroecologia e da preservação ambiental.

A origem do MST data de décadas anteriores, e foi alimentada pelo agrupamento de entidades autônomas, com destaque para a participação da sociedade civil organizada ligada ao campo brasileiro. A data oficial da fundação do MST é janeiro de 1984.

Nesse marco histórico, ocorreu o 1º Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra, na cidade de Cascavel (Paraná). Esse encontro possibilitou a fundação das bases ideológicas e práticas do MST enquanto um movimento social civil organizado que tem como objetivo a promoção da reforma agrária no Brasil.

Destaca-se que o contexto histórico de fundação do MST está ligado, primeiramente, ao período do governo militar no Brasil, marcado pela ainda maior concentração de terras no campo brasileiro. O movimento não concordava com a forma de distribuição de terras realizadas pelo governo federal brasileiro da época. Ademais, o surgimento do movimento está ligado ainda ao processo de redemocratização brasileiro, em um momento de luta pela volta da democracia e pela maior participação da sociedade civil no governo.

Enfim, o SBC assistiu esse depoimento como se fosse um filme, ou uma aula... e aprendemos muito:


. Aprendemos que existem movimentos que promovem acumulação, e, de alguma forma, sabemos quem financia esses movimentos; e existem movimentos lícitos, que enfrentam as desigualdades sociais e promovem uma maior distribuição;  e estes movimentos sofrem tentativas de criminalização, e é o que a CPI vem tentando...

. Aprendemos, também, que essa tentativa é feita a partir de raciocínios que tomam parte pelo todo, a fim de gerar acusações infundadas, gerar "verdades fabricadas"; como uns poucos depoimentos mostrados para demonstrar o "miserê" e a exploração em acampamentos, quando a realidade é a de 500.000 famílias em 5.000 assentamentos, como foi explicado e, inclusive, com o convite reiterado aos parlamentares para visitarem alguns assentamentos.

. Aprendemos com citação de Marx, e com o exemplo de pessoa estudiosa do mesmo no tempo da ditadura, o ex-ministro Delfim Neto, sobre o termo "lupem" (no alemão: trapo, farrapo, pessoa desprezível): pessoas desprovidas de consciência de classe e consciência política, que podem servir aos interesses de outra classe social a qual elas não pertencem. O cinismo e a absoluta ausência de valores podem contaminar toda a consciência de uma classe em que elas estão inseridas e que se pretende revolucionária. Pois bem, todo movimento ou todo grupo social, e o MST não está fora disso, é susceptível ao "lupesinato", e este tipo de oportunismo é combatido, segundo depoimento do Stedile, com princípios organizativos importantes, quais sejam: tudo é lidado e resolvido no coletivo, através de comissões; a divisão de tarefas e clara e comprometida, todo mundo lava prato, por exemplo; a disciplina e rígida, o combinado é cumprido; e, por último, ESTUDAR é uma prioridade em todo o movimento, trata-se de regra básica o combate à ignorância. 

Inclusive o Programa Nacional de Educação  na Reforma Agrária - PRONERA, foi criado em 1998, no tempo da governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo na liderança dessa construção a primeira dama Dona Ruth, com o objetivo de proporcionar educação aos jovens e adultos em situação de reforma agrária. O que diferencia o PRONERA das demais políticas públicas é o seu caráter participativo que não só o originou como também faz parte de seu funcionamento.


. Aprendemos, muito, também, sobre a agricultura brasileira e seus modelos:

Nos últimos 30 anos , disse Stedile, "...a agricultura brasileira se confronta em três modelos de exploração da agricultura. O primeiro é o latifúndio, não como sinônimo de grande propriedade, mas como modelo"... "é um modelo em que o capital é predador da natureza, ele não se interessa em produzir, quer se apropriar dos bens da natureza para acumular riqueza".

O segundo modelo, seguiu Stedile, "... é o agronegócio: são grandes propriedades que usam técnicas mais avançadas de sementes transgênicas, mecanização e agrotóxicos. Produzem o quê? Produzem commodities para exportação, que não necessariamente representam distribuição de riqueza".

(Na prática, produz riqueza concentrada e gera pouco emprego. De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, havia 15,1 milhões de trabalhadores em atividades agrícolas, sendo dois terços na produção familiar. Os demais, 3,9 milhões, eram assalariados e apenas 40% tinha carteira de trabalho assinada. No total, aproximadamente 10% tinha empregos formais. Comparando-se com os dados de 2006, a população ocupada no meio rural caiu de 16,5 milhões para 15,1 milhões - estes dados encontramos em artigo publicado no "Outras Palavras" por Glauco Faria.

Continuou Stedile; "Uma parcela do agronegócio eu acredito que 'vai para o céu', porque elas estão se dando conta de que podem ganhar dinheiro e aumentar a produtividade com outras práticas", o que ele chamou de agricultura consciente, ou regenerativa. "Agora, o agronegócio que só pensa em lucro está com os dias contados.

"O outro modelo é a agricultura familiar, que se dedica a produzir alimentos que, em geral, não usam agrotóxicos e é respeitoso ao meio ambiente, sabe que não pode derrubar árvores".

O que nos pareceu óbvio nessa "aula" é a conexão - negada por uma elite brasileira desde nossa história de "colonização" - da atividade agrícola realizada de forma predatória com grandes prejuízos ao meio ambiente que, a médio e longo prazo, inviabilizam a própria produção, ou seja, uma "cobra que morde o próprio rabo". Esse modelo, que ocorre em outros níveis na nossa sociedade, ou caminha para ser substituído por modelos baseados numa distribuição mais justa, maior solidariedade e humanidade, ou caminhamos para o autoextermínio...

Por fim, a CPI foi extremamente elucidativa sobre a questão da REFORMA AGRÁRIA aqui no nosso país, e a enorme resistência histórica de uma elite brasileira a esta reforma, elite essa representada ali naquela CPI e no parlamento,  em sua maioria: Ficou evidente que, efetivada a Reforma agrária - que consta na nossa Constituição de 1988 - o MST poderá deixar de existir... e que essa reforma é um fato tanto nos EUA quanto na China, dois países opostos ideologicamente.

Daí concluímos sobre a necessidade de representatividade ...  e de luta pelos direitos,  dos negros, dos povos originários, das mulheres, do povo do campo ... enfim, dessa população brasileira tão secularmente explorada e submetida aos desmandos de uma elite predatória. E que essa representatividade não se restrinja à "lutas identitárias", que esteja ligada à luta maior, a luta de classes, à luta por um  Brasil - e um mundo - mais justo, mais equânime, mais solidário e mais bonito.  Enfim, essa CPI também escancara a estratégia dessa elite ali representada, que não se resume a criminalizar o MST, mas os princípios que ele defende: a promoção da reforma agrária e e combate à pobreza no campo. E essa questão é algo que não diz respeito somente ao campo, mas também à cidade, já que o alimento consumido na cidade se relaciona com a distribuição das propriedades rurais e à forma como ele é produzido. "A redução efetiva da desigualdade no país passa necessariamente por aí", como termina aquele artigo citado no "Outras Palavras".


Por fim, encontramos uma entrevista do Stedile de 2012 no Programa Provocações, naquela época conduzido pelo grande Antônio Abujamra. Tem, também, uma aula dele no ICL(Instituto Conhecimento Liberta)... para quem se interessar.


Abraços a todos e todas e até nossa próxima provocação, também, junto com Stedile: ESTUDEMOS!!! BUSQUEMOS CONHECIMENTOS PARA ALÉM DO PRONTO E QUE NOS É ENFIADO GOELA ABAIXO! ENFIM, PRATIQUEMOS A CONSCIÊNCIA CRÍTICA! E NOS LIBERTEMOS DESSA DOMINAÇÃO CULTURAL QUE NOS É IMPOSTA!







terça-feira, 8 de agosto de 2023

SARAU S B C 03.agosto.23: "EMOÇÕES: combustível para a vida"


Com essa bela imagem de obra de Sara Ávila de 1998 o espaço cultural Comuna nos presenteou com o card/convite. 
Presentes no nosso Sarau a Alice e o Tiago, obrigada mais uma vez aos dois pelo espaço super bacana.
E, como combinado no sarau anterior, pai e filho, Aluísio e André nos ofereceram uma deliciosa degustação de queijos da Fazenda Boa Esperança em Itaguara. Qualquer dia faremos um sarau por lá...
Nosso querido Cláudio Sousa fez uma transmissão ao vivo no Jornal Alto Astral News... O SBC agradece enormemente...

Começamos com um trechinho do hino do SBC:

Agora é hora, é hora do SBC, 
samba bobagem cerveja,
c vai querer? ou c vai correr?

Em seguida apresentamos nosso tema:
EMOÇÕES - COMBUSTIVEL PARA A VIDA 
e vocês vão entender o título viu?
Começamos com uma frase:
"As emoções são artefatos culturais"... 
vamos refletir sobre essa ideia:
animal sente? quem tem animal em casa? cachorro sofre?
fica alegre quando o dono ou a dona chega? qual a diferença
do cachorro para o ser humano?
A PALAVRA.... A LINGUAGEM... 
a gente sabe dar nome para as emoções...
E... quando nomeamos... aí "aprendemos" as emoções...

E, na nossa cultura, aprendemos as emoções NOBRES...
É como se, desde quando aprendemos a falar, já
aprendemos a categorizar as emoções, a coloca-las numa prateleira... 
no alto da prateleira estão as
emoções nobres, aquelas que temos que ter, ou fingir que
temos... essa aprendizagem vem junto com o romantismo,
a aprendizagem de idealização... e a aprendizagem do
maniqueísmo... céu/inferno, bom/mal... amigo/inimigo...

E vai descendo a prateleira... e chega nas emoções
terríveis... as "más" emoções... que não podemos ter... até
o fundo da prateleira... eu acho a inveja a mais terrível...
no entanto, a inveja é ótima! uma ótima dica para o
desejo... mas esse é um outro sarau...

Agora eu pergunto: reprimir, negar... as emoções, faz com
que elas desapareçam, deixem de existir?

Claro que não... elas estão presentes nas minhas ações e
eu NÃO tenho consciência disso... essa é a questão... 
Um filósofo brasileiro, Rouanet, Sergio Paulo, fala sobre a
razão louca: ou seja, a loucura não está nas emoções, e
sim na razão que "APRENDE" a eliminar as emoções...
em vez de desenvolver a sabedoria de estar sempre
usando as mesmas a nosso favor...

E a arte está sempre nos ajudando a nos compreender e
compreender o mundo:
Me lembrei de uma música, me ajudem:
"Quando a gente tenta
de toda maneira
dele se guardar
sentimento ilhado, morto, amordaçado,
volta a incomodar"...
Obrigada Fagner, a música faz intensificar as emoções,
faz aumentar a compreensão, faz juntar o pensar e o sentir...
Enfim, conversar sobre as emoções, este é o nosso sarau...
E o vídeo do nosso querido Zum Noronha, que filmou e fotografou:

Ai eu me lembrei de uma dica - um fio condutor do nosso
sarau - que, há "trocentos" anos atrás, eu aprendi, que serve para
"reconhecer" as emoções:
A palavra é: M A R T A
Essa palavra nos ajuda a reconhecer o que podemos dizer
de emoções PRIMÁRIAS, ou emoções brutas, outras
emoções são derivadas - ou secundárias - dessas cinco:
Vamos ver se conseguimos reconhecer essas emoções?

M MEDO
A ALEGRIA
R RAIVA
T TRISTEZA
A AMOR
.....................................
Então... o convite agora é para procurarmos na arte, na música,
poesia, literatura, coisas que nos ajudem a ver como
essas emoções são retratadas, ver as emoções derivadas
e também como são retratadas... e, enfim, desenvolver a
sabedoria de criticar o que aprendemos, internalizamos,
através da arte (porque a arte reproduz a cultura) ... 
Assim como a competência para, além de reconhecer, CRIAR
arte ... que nos ajude a vivenciar todas as emoções a favor
do nosso crescimento como seres humanos e seres
relacionais...

Bora começar com o MEDO:
LENINE foi o que encontrei de  mais bonito (e certeiro) sobre essa emoção ...  e quem 'declamou' essa 'música' do Lenine foi nosso grande Rômulo, do Asa de Papel:
Aqui só um trechinho:
"O medo é medonho
o medo domina
o medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
medo de calar a boca, medo de escutar
medo de passar a perna, medo de cair
medo de fazer de conta, medo de iludir

Medo de se arrepender
medo de deixar por fazer
medo de se amargurar pelo que não fez
medo de perder a vez
medo de fugir da raia na hora H
medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo que dá medo do medo que dá
Medo que dá medo do medo que dá"

Vale a pena ouvir a música:

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Nossa segunda emoção: ALEGRIA:
Dois pequenos textos foram lidos pela Iza:

"Pode-se ficar alegre consigo mesmo durante certo tempo, mas a longo prazo a alegria tem de ser compartilhada por duas pessoas"  Henrik Ibsen 

"Era prazer? Era. Mas era mais que prazer. Era alegria. A diferença?. O prazer só existe no momento. A alegria é aquilo que existe só pela lembrança. O prazer é único, não se repete. Aquele que foi, já foi. Outro será outro. Mas a alegria se repete sempre. Basta lembrar". Rubem Alves.
................................................ 

.Nossa terceira emoção: RAIVA:


Nossos amigos Júlia e Paulinho leram frases de filósofos sobre a raiva:
"Evite sentimos corrosivos como o rancor, a raiva e as mágoas, que nos tiram noites de sono e em nada afetam as pessoas responsáveis por causa-los" (dizem que do Nietzsche)
"A raiva é um veneno que bebemos esperando que outros morram" (dizem que do Shakespeare)
Enquanto a Lispector, Clarice, nos diz essa pérola sobre a raiva:
"A raiva é a minha revolta mais profunda de ser gente? Ser gente me cansa. Há dias que vivo da raiva de viver", da Clarisse Lispector.

E com essa introdução, falamos da raiva citando o livro: "4 gigantes da alma" ...O autor - Myra e López, Emilio, sociólogo espanhol - procura identificar origens biológicas
e sociais de cada emoção - medo, ira (agressividade, raiva),
 amor e ... dever, emoção social, segundo ele - as outras 3 são
emoções naturais. O livro se equilibra muito bem entre o
científico e a autoajuda. A primeira parte do livro - medo e ira - é
perfeita: surpreendente e convincente - o medo é a
emoção que nos faz retrair e a raiva é a emoção
mobilizadora...

E refletimos: A raiva reprimida pode se transformar em ressentimento...
que pode nos matar ... 
Ou pode se transformar em arte...
E também pode evoluir para o fascismo...

Assim como o medo "fabricado" na nossa cultura, que pode produzir o
preconceito - medo do diferente... e também  o fascismo....

E lembramos Lupicínio Rodrigues, VINGANÇA, emoção derivada da raiva, transformada em arte:
Aqui o próprio Lupicínio interpretando VINGANÇA...
.................................

A quarta emoção da nossa palavra chave: MARTA: 
TRISTEZA:
A coisa mais bonita que já li sobre tristeza está no livro
CARTAS A UM JOVEM POETA, de Rainer Maria Rilke,
As Cartas a um Jovem Poeta, escritas entre 1903 e 1908
para Franz Xaver Kappus, um admirador dele e aspirante
a poeta, se tornaram a obra mais conhecida de Rilke, pelo
fato de que nela o autor se expõe diretamente, como
quem faz uma confidência, dando dicas a Kappus não
somente sobre a arte da escrita, mas também sobre a
vida, o amor, a solidão e o novo papel da mulher.
E  um trechinho dessa carta foi falado pela nossa convidada Denise Gomes:
"Quero conversar de novo com  o senhor por um momento, meu caro Kappus, embora não possa dizer quase nada que o ajude, quase nada de útil. O senhor teve muitas e grandes tristezas que passaram. E diz que mesmo esta passagem foi difícil e perturbadora. Mas, por favor, avalie se essas grandes tristezas não atravessaram o seu íntimo, se muita coisa no senhor não se transformou, se algum lugar, algum ponto do seu ser não se modificou enquanto o senhor estava triste. São são ruins e perigosas as tristezas quem carregamos em meio às pessoas para dominá-las; como doenças que são tratadas de modo superficial e leviano, elas apenas recuam e,  após uma pequena pausa, irrompem ainda mais terríveis. Essas tristezas se acumulam no íntimo e constituem a vida não vivida, desdenhada, perdida, de que se pode morrer. Se nos fosse possível ver além do alcance do nosso saber talvez pudéssemos suportar nossas tristezas com mais confiança do que nossas alegrias. Pois elas são os instantes em que algo de novo penetrou em nós, algo desconhecido; nossos sentimentos se calam em um acanhamento tímido, tudo em nós recusa, surge uma quietude, e o novo, que ninguém conhece, é encontrado bem ali no meio, em silêncio.
...
Se ainda posso acrescentar algo, é o seguinte: não acredite que quem procura consolá-lo vive sem esforço, em meio às palavras simples e tranquilas que às vezes lhe fazem bem. A vida dele tem muita labuta e muita tristeza e permanece muito atrás dessas coisas. Se fosse de outra maneira, nunca teria encontrado aquelas palavras.
Seu, 
Rainer Maria Rilke,
Suécia, 4 de novembro de 1904"




Em seguida cantamos com nossa querida Neide... e Caetano... Veloso:
"A tristeza é senhora
desde que o samba é samba é assim
a lágrima clara sobre a pele escura
a noite a chuva que cai lá fora
solidão apavora
tudo demorando em ser tão ruim
mas alguma coisa acontece
no quando agora em mim
cantando eu mando a tristeza embora
cantando...
cantando...

E emendando com uma música antiga, do século passado, de Niltinho e Haroldo Lobo:

"Tristeza, por favor vai embora, minha alma que chora, está
vendo o meu fim, fez do meu coração a sua fantasia, já é
demais o meu penar, quero volta aquela vida de alegria,
quero de novo cantar....
Laraiala... laialaialaiala... quero de novo cantar..."

...................................

... e chegamos à emoção 5 do nosso esquema MARTA: 
AMOR... 
TÃO CANTADO, DE FORMAS TÃO
DISTORCIDAS... E TAMBÉM DE FORMAS TÃO BONITAS...

Palco aberto para cantarmos o amor em prosa e verso e
música.... 

E teve Rupi Kaur, poeta indiana, do seu livro Outros jeitos de usar a boca :
"Acima de tudo, ame como se fosse a única coisa que você sabe fazer
no fim do dia, isso tudo não significa nada
esta página onde você está
seu diploma, seu emprego
o dinheiro, nada importa,
exceto o amor e a conexão entre as pessoas
quem você amou e com que profundidade você amou
como você tocou as pessoas a sua volta
e quanto você se doou a elas".

E teve nossa querida Márcia falando seus poemas, do livro APNÉIA:

e, por último, nossa música "medida certa" (somente a letra, falada por mim...):

Desafio aceito     Bora pesquisar
O que o amor não é      E o que o amor será...
É nessa roda de samba    Que vamos prosear
O que o amor não é    E o que o amor será...

Amor não é posse     Não é submissão
Mas é dar e receber     Na medida certa do coração

Amor não é sofrer      Não é bater nem machucar
A violência está     noutro lugar

Amor não rima com dor     E sim com liberdade
Respeito e admiração       Mesmo que não rime na canção

Antes de tudo o amor próprio     Pra rimar com alegrias
Do encontro com o outro     Pra passar ótimos dias

É nessa roda de samba       Que vamos prosear
o que o amor não é       E o  que o amor será... bis

Desafio cumprido
Vamos construir e multiplicar Um novo conceito de amor
E é nessa roda de bamba que todos vão sambar
Cantando o que o amor não é 
cantando o que o amor será...



Terminamos nosso sarau, durou mais ou menos uma hora e meia ... e foi emocionante... 
Obrigada pela presença todas as pessoas que também participaram ouvindo e com brilho no olhar...

Desafio cumprido... e próximo sarau anunciado para primeira quinta feira de setembro, que cairá no feriado do dia 7... deveremos começar mais cedo para nos divertir mais...
Até lá... 



sexta-feira, 4 de agosto de 2023

SBC no FESTIVALE, em Itaobim

 ITAOBIM: pedra verde. A 611 Km de Belo Horizonte, estivemos nessa agradável cidade do Vale do Jequitinhonha, entre os dias 22 e 25 de julho, para participar do 38 Festivale, além da posse da recém criada ALVA Associação Literária do Vale. 



Posse dos 40 acadêmicos no dia 23 de julho, convite do nosso querido Tadeu Martins, o de número seis...

Irmã de um dos acadêmicos, grande torcida, muitas palmas, camiseta com poema do mesmo...

Jota Neris, grande amigo, o acadêmico de número 40...

E, na saída, nos encontramos com a Dilma, esposa de um dos acadêmicos, que comentou:
- Nossa, em quarenta acadêmicos, somente seis ou sete mulheres! já estamos em tempos de busca de 50/50, no mínimo 30% de representatividade, principalmente com o discurso progressista da posse, que fala uma sociedade igualitária e emancipacionista...
- Mas é que nós, mulheres, não temos tempo pra escrever, são tantas tarefas no nosso dia a dia... disse outra amigo do lado.
- Ainda outro dia vi pesquisa da ONU sobre o tempo, constatando que o tempo dos homens dedicado aos filhos, não me lembro muito bem, mas seria em torno de 20%, enquanto que as mulheres dedicam cerca de 60% do seu tempo para isso.
Pois é... ainda precisamos de muitas mudanças históricas...
 

O entardecer na cidade... foto de Santuza TU





Na praça do evento, uma simpática casinha de pau a pique e exposição de "bandeiras" de todos os Festivales, desde o primeiro em 1980; além da feira de artesanato, no Vale temos grandes artistas artesãs e artesãos.

E a camiseta com vocabulário típico do Vale! Nigucim... dito dessa forma... e com o verbete: EXPRESSÃO MINEIRA CAPAZ DE SUBSTITUIR TREM, QUANDO O TREM EM QUESTÃO, QUE PODE SER QUALQUER COISA, É PEQUENO DEMAIS...
E o exemplo de uso da palavra: Nó, bicho, esse nigucim aqui num entra nesse trem nem f%$*#@... contando para amigas num intervalo de oficina, uma delas interpretou "BOBAGEM"... rimos muito...

Por falar em oficinas, as representantes do SBC  tiveram a honra de receber de Renato Paranhos, Diretor Executivo da FECAJE,  crachá para participar como OBSERVADORAS das oficinas, somente na segunda e na terça, já que, infelizmente, voltaríamos na terça a noite, ou seja, perdemos metade do festivale! Mas valeu demais o que ganhamos nessa outra metade. 
E a pessoa ficou "MITIDÉRRIMA"...
Deixa ela... deixa ela que ela é professora... aposentada... e vai participar de oficina no FESTIVALE!!!
Deixa ela!!!

A seguir depoimento da nossa querida SBCense Antonieta Shirlene:

O Festivale não é apenas um festival de música e artes. É uma experiência única no nosso Vale do Jequitinhonha. É quando Minas Gerais se transforma num grande palco onde se aprende e se ensina. Se aprende com as músicas, com as poesias, com as peças teatrais e também com as brincadeiras. No Festivale aconteceram várias oficinas e eu tive a oportunidade de participar como Observadora  de uma delas.
As oficinas aconteceram na Escola Estadual de Itaobim. Num ambiente bastante agradável, espaçoso e bem apropriado para o acontecimento que ali estava sendo proposto. A oficina em que participei chamava-se Brincadeiras Afro Brasileiras e foi dirigida pela educadora Stefanny Elias Silva. Com grande maestria a mesma conduziu sua oficina com leveza e profissionalismo demonstrando grande conhecimento de sua arte. 
Um exemplo deste conhecimento, foi transformar a conhecida música "como pode um peixe vivo viver fora da água fria? Como poderei viver sem a sua companhia?"
Esta música foi transformada em uma grande experiência de reconhecimento do valor do outro e da sua importância no convívio social. 
Foi um momento emocionante para todos. É a arte de resignificar uma música. Outras músicas e brincadeiras foram feitas levando uma grande integração entre os participantes.
Foi muito gratificante participar como Observadora e também aluna.

Outra oficina que participamos, no curto espaço de tempo mas de forma altamente produtiva, foi a do nosso querido Walter Dias, WalDi (uma brincadeira...) : "Técnica e Postura Vocal", somente numa manhã aprendemos muito, respiração, postura, aquecimento vocal... Obrigada, grande professor!


E uma manhã de aula com o nosso querido Tadeu  Martins, nos trouxe riquíssimos conhecimentos sobre a história do Vale. 

 
E ele chega a essa história, nossa história do Jequitinhonha, os índios Borun, pejorativamente chamados de Botocudos pelos portugueses, nos contando sobre "a dominação cultural", tão antiga e tão cruel com nossos povos primitivos. Uma bela aula, que nos proporciona a tomada de consciência e a ampliação da visão do nosso Jequi, de Minas e do nosso Brasil. Gratidão, Tadeu, grande acadêmico !

Enfim, como prezamos enormemente no SBC, revendo amigas e amigos e fazendo novas grandes amizades... e ouvindo casos engraçados... e rindo juntos...

- E você trabalha com que? 
- Eu ajudo o peixe... 
(momento de latência... gargalhadas...)
Obrigada pelo carinho Vilmar, vulgo Shampoo
 
Querida Maricota, só energia boa... dançamos até...

E aproveitamos o ensaio na praça pra cantar com a linda Herena Barcelos (acadêmica de número 39) e  amigos e amigas que da banda...

Grande Tiba, de Salinas, obrigada pelo acolhimento naquela bela casa, com as amigas Ceci, de Valadares, Cida, de Almenara (vamos aproveitar em Ouro Preto a ideia da caixa d'água abandonada se transformar num "Centro Cultural"), e o grande acadêmico Cláudio Bento (o 31 dos 40 empossados...).

E, por fim, as "piropas" do Vale. Como sabem, piropa é um termo muito usado no SBC, diz sobre "cantadas", as boas cantadas, as engraçadas, as que ocorrem em mão dupla e resultam bons encontros:
Dizem que o home do Vale adota uma timidez meio fake, ele nem te olha de frente, só assim de vesgo e com a cara meio abaixada...  e vai chegando de ladinho e pergunta:

C é casada?
Não
Seu namorado tem ciúme docê?
Tenho namorado não...
Vixi que esse trem tá ficando perigoso...

C gosta de tapioca?
Gosto... 
Amanhã vou fazer uma tapioca procê viu?

- Mas c num assusta se qualquer hora minha boca encostar na sua não viu?...

E assim vai indo a piropa...

Enfim, voltamos na terça... E continuamos acompanhando o Festivale:

A noite literária, na quarta...

E a última noite desse festival maravilhoso...

Acompanhem outros momentos no Youtube...


E até o 39o   Festivale...
Abraços carinhosos

Santuza TU