O que acontece quando se junta uma garota de uma cidade pequena do Texas com o movimento feminista? Uma revolução!
Sinopse: Inspirada por uma nova amiga confiante e pelo passado rebelde da mãe - como antiga integrante do feminismo punk dos anos 90 - Vivian (Hadley Robinson), uma adolescente tímida, decide começar uma mobilização na própria escola. Começa a elaborar e circular textos anônimos na escola, convocando à revolução feminista.
O filme é baseado na obra homônima de Jennifer Mathieu.
O livro - e o filme - trazem reflexões sobre regras impostas pela sociedade até no jeito que a mulher se veste... Assim como precisamos - nós, mulheres - estarmos atentas sobre como reproduzimos esse mundo patriarcal e machista. Sim, pois fazemos parte dele. Daí começou nossa conversa:
. Vi a sinopse do Filme, indicado por minha filha hoje com 40 anos, e gostei. Ela me indicou dizendo que me identificou como "a mãe de passado rebelde"! Me senti orgulhosa, lisonjeada com a semelhança apontada por ela. Então fui ver o filme... e adorei! Claro que não é um filme francês, rsrs... no entanto serve de pretexto - ou pré-texto, nós fazemos o texto - para boas conversas e aprofundamentos.
. A propósito, no dia 8 de março tivemos o nosso 8M, vários coletivos de mulheres se encontrando na Praça Raul Soares e caminhando em direção à Praça Sete para lá nos reunirmos com outros coletivos... muitas manifestações, muitos discursos, muitos encontros... Pois bem, já estávamos atravessando as avenidas que contornam a praça Raul Soares para começarmos nossa caminhada, o caminhão já se colocando para abrir o cortejo, e as falas continuavam. Foi quando ouvimos uma manifestante ao microfone: - Podemos ser frágeis? Penso que ela queria a resposta: SIM!!! pois sua fala girava em torno da necessidade de nossa humanização. Pois não é que o grito, em resposta, foi: NÃO!!! Nossa impressão foi que ela se assustou com a resposta... e gritou, em retorno: - Podemos sim!!! e continuou falando algo a respeito da nossa cultura que deseja que internalizemos que temos que ser sempre fortes, a fim de desempenharmos os papéis destinados a nós, de esposa perfeita, mãe perfeita... etc.
Já estávamos, umas cinco mulheres, seguindo a passeata, e continuamos a conversa - não sem antes rirmos do susto da pessoa ao microfone - e de nós mesmas. Concordamos que a obrigação de sermos fortes, perfeitas, nós vamos internalizando desde que nascemos. Temos que ser ótimas em tudo, ótimas esposas, ótimas mães, ótimas donas de casa... e ótimas profissionais ... e, ainda mais, lindas!!! e magras!!!
Daí outra das cinco continua a reflexão: concordo com a internalização dos padrões de forte, perfeita, etc... por outro lado, também internalizamos profundamente o estereótipo de fragilidade - para sermos "protegidas", para buscarmos, sonharmos com o "salvador", o "príncipe encantado", o "protetor" - este também é um estereótipo do patriarcado, não acham?
No que concordamos.: ficamos oscilando entre essas duas polaridades, a frágil, meiga, a ser protegida... e a forte, perfeita, que dá conta de tudo... e identificamos um "esticamento" entre essas duas posições - o maniqueísmo, ou/ou - que nos desgasta enormemente, que nos faz sofrer, assim como causa danos às relações ao nosso redor.
E mais: essa polarização constrói a impossibilidade de nos humanizarmos, nos descobrirmos - ou nos construirmos - enquanto serem humanos que somos. Esta é a grande estratégica de uma cultura que nos deseja objetos, reprodutoras - e infelizes... e perpetuadoras de relações assimétricas, de dominação e servidão, que vem a ser, também, uma característica dessa nossa sociedade.
. Então, disse outra de nós: com essa "descoberta", a "saída" é a busca do equilíbrio entre forte e frágil?
No que a outra respondeu: não se trata de busca de equilíbrio, e sim de busca de superação. Aquela superação dialética que já conversamos através de grande SBCense, Marx: Nem forte, nem frágil, HUMANAS, que contém forte e frágil...
Temos o direito de sermos frágeis quando "ser forte" nos descaracteriza; e temos o dever de sermos fortes quando ser forte não significa ser perfeita e, sim, torna-se necessário para a nossa humanização...
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