sexta-feira, 21 de março de 2025

Filme da semana

 


Em Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, seu filme para a Netflix, a atriz e diretora Amy Poehler foca no momento em que a importância do feminismo e da sororidade entre mulheres bate à porta na juventude

O que acontece quando se junta uma garota de uma cidade pequena do Texas com o movimento feminista? Uma revolução! 

Sinopse: Inspirada por uma nova amiga confiante e pelo passado rebelde  da mãe - como antiga integrante do feminismo punk dos anos 90 -  Vivian (Hadley Robinson), uma adolescente tímida,  decide começar uma mobilização na própria escola. Começa a elaborar e circular textos anônimos na escola, convocando à revolução feminista.

O filme é baseado na obra homônima de Jennifer Mathieu.

Amy Poehler. Vivian Carter está cansada. Cansada da direção da escola, que nunca acha que os jogadores do time de futebol estão errados. Cansada das regras de vestuário machistas, do assédio nos corredores e dos comentários babacas dos caras durante a aula. Mas, acima de tudo, Viv está cansada de sempre seguir as regras, os padrões que nos aprisionam. 
No século passado, a mãe de Viv era dura na queda:  integrante das Riot Grrrls nos anos 90, era revolucionária...  Inspirada por essas histórias, Viv pega uma página do passado da mãe e cria um fanzine feminista que distribui anonimamente para as colegas da escola. Era só um jeito de desabafar, mas as garotas reagem. Logo Viv está fazendo amizade com meninas com quem nunca imaginou se relacionar. E então ela percebe que o que começou não é nada menos que uma revolução feminista no colégio.

O livro - e o filme - trazem  reflexões sobre regras impostas pela sociedade até no jeito que a mulher se veste... Assim como precisamos - nós, mulheres -  estarmos atentas sobre como reproduzimos esse mundo patriarcal e machista. Sim, pois fazemos parte dele. Daí começou nossa conversa:

. Vi a sinopse do Filme, indicado por minha filha hoje com 40 anos, e gostei. Ela me indicou dizendo que me identificou como "a mãe de passado rebelde"! Me senti orgulhosa, lisonjeada com a semelhança apontada por ela. Então fui ver o filme... e adorei! Claro que não é um filme francês, rsrs... no entanto serve de pretexto - ou pré-texto, nós fazemos o texto - para boas conversas e aprofundamentos. 

. A propósito, no dia 8 de março tivemos o nosso 8M, vários coletivos de mulheres se encontrando na Praça Raul Soares e caminhando em direção à Praça Sete para lá nos reunirmos com outros coletivos... muitas manifestações, muitos discursos, muitos encontros... Pois bem, já estávamos atravessando as avenidas que contornam a praça Raul Soares para começarmos nossa caminhada, o caminhão já se colocando para abrir o cortejo, e as falas continuavam. Foi quando ouvimos uma manifestante ao microfone: - Podemos ser frágeis? Penso que ela queria a resposta: SIM!!! pois sua fala girava em torno da necessidade de nossa humanização. Pois não é que o grito, em resposta, foi: NÃO!!! Nossa impressão foi que ela se assustou com a resposta... e gritou, em retorno: - Podemos sim!!! e continuou falando algo a respeito da nossa cultura que deseja que internalizemos que temos que ser sempre fortes, a fim de desempenharmos os papéis destinados a nós, de esposa perfeita, mãe perfeita... etc.

Já estávamos, umas cinco mulheres, seguindo a passeata, e continuamos a conversa - não sem antes rirmos do susto da pessoa ao microfone - e de nós mesmas. Concordamos que a obrigação de sermos fortes, perfeitas, nós vamos internalizando desde que nascemos. Temos que ser ótimas em tudo, ótimas esposas, ótimas mães, ótimas donas de casa... e ótimas profissionais ... e, ainda mais, lindas!!! e magras!!!

Daí outra das cinco continua a reflexão: concordo com a internalização dos padrões de forte, perfeita, etc... por outro lado, também internalizamos profundamente o estereótipo de fragilidade - para sermos "protegidas", para buscarmos, sonharmos com o "salvador", o "príncipe encantado", o "protetor" - este também é um estereótipo do patriarcado, não acham? 

No que concordamos.: ficamos oscilando entre essas duas polaridades, a frágil, meiga, a ser protegida...  e a forte, perfeita, que dá conta de tudo... e identificamos um "esticamento" entre essas duas posições - o maniqueísmo, ou/ou -  que nos desgasta enormemente, que nos faz sofrer, assim como causa danos às relações ao nosso redor. 

E mais: essa polarização constrói a impossibilidade de nos humanizarmos, nos descobrirmos - ou nos construirmos - enquanto serem humanos que somos. Esta é a grande estratégica de uma cultura que nos deseja objetos, reprodutoras - e infelizes... e perpetuadoras de relações assimétricas, de dominação e servidão, que vem a ser, também, uma característica dessa nossa sociedade.

. Então, disse outra de nós: com essa "descoberta", a "saída" é a busca do equilíbrio entre forte e frágil?

No que a outra respondeu: não se trata de busca de equilíbrio, e sim de busca de superação. Aquela superação dialética que já conversamos através de grande SBCense, Marx: Nem forte, nem frágil, HUMANAS, que contém forte e frágil...

Temos o direito de sermos frágeis quando "ser forte" nos descaracteriza; e temos o dever de sermos fortes quando ser forte não significa ser perfeita e, sim, torna-se necessário para a nossa humanização...



Abraços humanos e carinhosos a todas e todos que nos acompanham...
Santuza TU



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