quinta-feira, 6 de março de 2025

E OSCAR 2025...



Nesta terça, 4, já cantamos a adaptação  da marchinha Aurora, escrita por Mário Lago e Roberto Roberti em 1941: Se você fosse sincera,  ô ô ô ô, Aurora, Veja só que bom que era, ô ô ô ô, Aurora.

Agora assim:

"Se você fosse sincera, ô ô ô ô, Anora. Devolvia o nosso Oscar, ô ô ô ô, agora"...

E a Fernanda Torres foi homenageada em todo o Brasil, com máscaras, com homens e mulheres vestidxs de preto e com o Ocar na mão... E com o Boneco (ou a Boneca) no Recife!

Ganhamos!!! Ganhamos o OSCAR de melhor filme estrangeiro!!! 

Para nós o grande valor do filme ter sido projetado nos EUA e no mundo é a abertura de possibilidade de inúmeras pessoas aqui no Brasil que não viveram essa época, ou seja, pessoas de final de século passado e pessoas deste século,  ficarem sabendo do que aconteceu de 1964 a 1985, a ditadura militar... Imprescindível as pessoas saberem o que significa a construção, o processo, de uma democracia - ainda frágil no nosso país. 

Assim, pode ser que essas (e outras que viveram essa época e negam, por ignorância, alienação, ou por interesses) pessoas sejam incitadas a verem outros filmes sobre tal época. Na internet cabe tudo de bom e tudo de ruim, de alienação. Nosso convite é para largarem um pouco  o Tictoc, o Insta, o WhatsApp e procurarem bons filmes. Só entrar na internet, gente! E pesquisar "Filmes para conhecer o Brasil", "Filmes sobre a ditadura no Brasil", encontrarão ótimos filmes...

E conversamos sobre uma das nossas indicações, grande cineasta brasileira:


Lúcia Maria Murat de Vasconcelos, nasceu no Rio de Janeiro em 1948, cineasta brasileira e ex-integrante da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Lúcia entrou para a faculdade em 1967 e como estudante de economia participou do movimento estudantil. Com a edição do AI-5, em dezembro de 1968, entrou para a luta armada integrando o MR-8. Presa pela repressão do regime em 1971, passou três anos e meio encarcerada. A experiência da prisão e das torturas durante a ditadura militar exerceu forte influência em sua obra. Em 2004, tratando desse tema em Quase dois irmãos, ganhou o Prêmio de Melhor Filme Ibero-Americano do júri oficial e de Melhor filme do júri popular do Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata.

“O Oscar é um evento muito voltado para os filmes americanos, ou de língua inglesa, pelo menos. O Oscar foi criado por Hollywood e existe basicamente em função do mercado americano. O que teve de diferente é que nos últimos anos começa a abrir mais, quando O Parasita foi premiado como Melhor Filme. Mas continua sendo muito difícil. Em Melhor Filme Estrangeiro, ele concorre com outros filmes de língua não inglesa”, disse Murat, sobre o Oscar 2025. Mas o grande prêmio de Ainda Estou Aqui, para a cineasta, é outro: furar a bolha dos filmes que tratam sobre a ditadura militar brasileira e levar o tema a um público muito maior que a média. “A gente sempre fez filmes sobre a ditadura, mas é o primeiro que atinge um grande número de espectadores. Passou de 5 milhões no Brasil. Esse é o grande mérito”, escreveu Lucia.

Ela faz filmes que revelam o Brasil por dentro. Além do Quase dois Irmãos, o SBC recomenda:

A nação que não esperou por Deus: O documentário de 2015 gira em torno da tribo indígena Kadiwéu que vive no Mato Grosso do Sul. A diretora visitou a tribo primeiramente em 1999 para gravar outro filme e  em 2013/2014. Nesses quase 15 anos, a luz elétrica, a televisão e as igrejas evangélicas chegaram ao local, além da luta de terra dos Kadiwéu contra os pecuaristas. A intenção é analisar os diferentes caminhos da tribo perante os acontecimentos. 

Com Cabra Marcado Para Morrer (1985) - escrevemos sobre esse filme em 14 de fevereiro, homenageando Elizabeth Teixeira, leiam no blog - o diretor Eduardo Coutinho voltava à comunidade de camponeses que tentou filmar nos anos 1960 mas tinha sido interrompido pela ditadura militar. A intenção do documentarista, lá trás, era fazer um filme de ficção com os locais sobre o assassinato de um líder deles. O filme inicial nunca aconteceu e o resultado, 17 anos depois, foi o início de um documentário sobre a trajetória dos remanescentes. Da mesma forma, com A Nação que Não Esperou por Deus, a diretora Lucia Murat  documenta, 15 anos depois, a situação dos mesmos. O filme é um bom retrato da influência do homem branco. Murat justapõe as imagens dos mesmos personagens “antes” e “depois”, o que ilustra bem a dimensão da passagem do tempo. Não são mais índios que “apenas” usam shorts Adidas, mas que comem macarrão - e se recusam a acender vela para defunto, por influência da nova religião.

Que bom te ver viva, documentário drama de 1989  sobre ex-presas políticas da ditadura militar brasileira analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e como sobreviveram à esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional, que é um amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas mulheres.

O Mensageiro, filme de 2024 dirigido por nossa Lúcia, é um drama nacional ambientado no Brasil durante a Ditadura Militar, selecionado para o Festival do Rio de 2023. A história gira em torno de Vera (Valentina Herszage), uma jovem que, em 1969, é presa em uma fortaleza militar devido ao seu envolvimento político. Durante seu encarceramento, ela conhece o soldado Armando (Shico Menegat), um jovem de origem rural. Diante das crueldades e torturas que presencia, Armando aceita levar mensagens de Vera para sua família, o que o aproxima de Maria (Georgette Fadel), mãe de Vera. Apesar das profundas diferenças sociais e de origem, uma relação afetiva improvável começa a se desenvolver entre o soldado e a mãe da prisioneira. O filme explora essa conexão, mostrando como, em meio aos horrores da repressão, é possível encontrar momentos de humanidade e solidariedade. Anos depois, Vera, agora com 70 anos e professora universitária, reflete sobre política, perdão e as lições de Hannah Arendt em suas discussões com os alunos, mostrando como as marcas do passado ainda influenciam o presente.

Voltando ao Ainda Estou Aqui, será ótimo o filme para  provocar o  letramento - Visão de mundo... e do Brasil. Trazer esse filme - e outros,  para a atualidade é muito importante, pois vivemos, no mundo e no Brasil, um processo de facistização que pode ser traduzido, entre outras características, essa de considerar "o outro" como não humano e, portanto, pode ser aniquilado, destruído, morto, enfim... E isso acontece todo dia aqui no Brasil, de forma explícita e de forma sutil ( do tamanho de uma patada de elefante, como dizem os SBCenses), com populações "minorizadas" (pois, na verdade, não são as minorias: negros, indígenas, mulheres, LGBTQIA+)  ...

Daí que passamos para outros destaques do Oscar, vale a pena dois outros Óscares: 

- O melhor documentário: NO OTHER LAND. Ainda na quarta feira de cinzas já estávamos recebendo nos nossos grupos o filme... e vimos na quarta mesmo, de ressaca de carnaval... e choramos muito. É muito triste o que o ser humano faz com nós mesmxs! 


Assistam... Vale da pena...

E outro Oscar: "Flow", filme da Letônia, venceu o Oscar de melhor animação


É a história de um gato preto - em Ouro Preto, no Espaço Casa da Árvore, temos uma gata preta, a Minerva, é uma musa do Espaço. Acreditem, ela já está saciada e pede ração, aí a gente bota a ração e ela chama seu amigo, um gato branco, para comer. Alguns o chamam de Hóspede, eu o chamo de Invasor, está sempre por lá, rondando o espaço e a Minerva.

Normalmente solitário, o gato do Oscar,  após a destruição de seu lar por uma grande inundação, encontra refúgio em um barco habitado por várias espécies. Para sobreviver, ele precisa se adaptar e colaborar com os outros, apesar das diferenças. O longa, que não possui diálogos, foi inteiramente produzido com o software livre Blender. Dirigido pelo cineasta letão Gints Zilbalodis venceu o Globo de Ouro de Melhor Animação em janeiro.

Por último, comentamos sobre a trilha sonora do filme Ainda estou aqui: dizem que são 26 músicas, não contamos, mas são lindas... Cantamos algumas delas...

É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo, do saudoso Erasmo Carlos;

Baby, de Caetano, Gal Costa cantando;

Jimmy, Renda-Se, de Tom Zé.


E outras músicas brasileiras... e uma música francesa:

Je t’aime moi non plus“, de Serge Gainsbourg e Jane Birkin, que na época foi proibida de tocar em rádios de diversos países... 


E a gente cantava fazendo amor...
A vida presta!!! O amor presta!!! a liberdade presta!!!



Abraços carinhosos...
Santuza TU



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