Pois bem... desde o primeiro turno até agora, depois do segundo, estamos conversando virtual e presencialmente, recebendo várias opiniões de SBCenses do interior de Minas e da Capital. Das várias reflexões sobre o assunto selecionamos duas delas para compartilhar:
A primeira:
TU, penso que, na verdade, quem "ganhou" as eleições não foi direita, esquerda ou centro... sabe quem foi? a GRANA, sendo mais específica, as "emendas parlamentares", ou as "emendas pix". Ou seja, quem ganha eleições é quem tem DINHEIRO, isso é visível, transparente, principalmente no interior, onde eu estava. Daí que fico pensando que nossa democracia burguesa é extremamente frágil! Está longe, muito longe, de ser a democracia descrita na camisa de um jovem companheiro de viagem... Tive coragem de pedir a ele pra tirar uma foto... e te mandei... E eu estava, nessa viagem de volta, um tanto quanto desesperançada, mas vendo a camisa vestida por um jovem, isso me resgatou a esperança. E me lembrei de uma frase da Luiza Erundina, nossa grande estadista, deputada federal: O DESÂNIMO É CONSERVADOR... A ESPERANÇA É REVOLUCIONÁRIA...
Muito obrigada pela reflexão, querida amiga SBCense, muito nos acrescenta. Precisamos, mesmo, pensar sobre como reproduzimos essa democracia burguesa, e como podemos realizar o movimento de superação da mesma... E os dizeres da camisa nos dá a dica: DEMOCRACIA: AMIZADE CÍVICA. DIVERSIDADE, TOLERÃNCIA POLÍTICA, ÉTICA, DIÁLOGO, SUSTENTABILIDADE. TRANSPARÊNCIA. INOVAÇÃO...
Como se fosse uma sequência de pensamentos, uma costura, ou um tricô, como costumamos dizer, recebemos a reflexão de amigo SBCense que também estava no interior:
TU, no domingo por volta das 19.30, 20 horas, a conversa começou assim: - Fuad ganhou em Belo Horizonte! Que bom! - Mas ele não é de esquerda! Porque vocês estão comemorando? - Estamos comemorando o que dá pra comemorar: a vitória contra o fascismo, a ultra direita... - Mas porque fascismo? - Entendemos o fascismo como um governo que despreza uma classe social, o pobre, o trabalhador, e defende os interesses de outra classe social, a elite, os privilegiados. Fascismo é, também, o negacionismo, a perseguição à cultura, à educação e ao livre pensamento. Por exemplo, a "militarização das escolas"... - Mas as escolas militares são bem melhores do que essas que estão por aí, em que a qualidade de ensino é péssima! E o que estão ensinando é essa tal de ideologia de gênero, o comunismo e coisas desse tipo! ... E a conversa terminou assim: - Peraí, deixa eu ver se entendi: Você, que viveu a maior parte da sua vida na segunda metade do século passado, está querendo me dizer que escola legal é a que deve ensinar que em 1964 aconteceu a Revolução, que os militares tomaram o poder para salvar o Brasil... do comunismo, por exemplo... e que, para isso, prenderam, mataram e/ou "expulsaram" do país as pessoas que pensavam diferente, artistas, políticos, escritores, cientistas, professores, pessoas que faziam qualquer tipo de crítica. E que é melhor ensinar essas coisas do que ensinar o respeito à diferença, a pluralidade, entre outras coisas... é isso?
A conversa acabou... mas eu continuei pensando: onde essa pessoa se informa? o que ela lê, ouve, vê? ... E concluí - provisoriamente - temos um nível de informações muitíssimo maior do que há algum tempo atrás. No entanto as pessoas tendem a procurar aquelas informações que reforçam seus pressupostos sobre o mundo... o contraditório, que poderia "abrir" a mente, quase sempre é negado, afastado do campo de referências... E, ainda mais, temos uma mídia hegemônica que alimenta o conservadorismo, ou seja, a "conservação" os valores tradicionais, a manutenção do status quo. Mesmo que sua própria experiência de vida esteja lhe dizendo outras coisas, pensar é difícil, ainda mais pensar diferente, fora da caixa...
Sim, querido, às vezes é desanimador vivenciar esse tipo de "diálogo"... Mas... sigamos... sem perder o mínimo de possibilidade Me lembrei de algo aprendido há algum tempo: é inerente a toda realidade os limites e as possibilidades. Se o meu olhar se direciona aos limites, isso pode me desesperançar... porém, mesmo numa realidade onde os limites são amplos, se o meu olhar - e a minha ação - se dirige às possibilidades, vou ampliando as mesmas, e - ao fim e a cabo - vou "transformando" aquela realidade... essa é uma visão esperançosa... e revolucionária. E assim é o nosso Coletivo SBC.
E recebemos um vídeo curtinho:
Renato de Almeida Freitas Junior, 40 anos, jurista, político, ativista e ex-líder estudantil, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Atualmente exerce o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná. Nos representa...
E no final do vídeo a fala é do Mano Brown, líder do
grupo de rap Racionais MC's.
Essa fala aconteceu há 6 anos nos arcos da Lapa
no Rio de Janeiro, em comício do PT pró Haddad
Presidente. Ele foi vaiado e em seguida Caetano
Veloso assumiu o microfone e reforçou a
importância das palavras do rapper.
Mais um vez... sigamos... vivendo... e aprendendo... e agindo, no possível, de maneira transformadora.
Abraços carinhosos a todas as pessoas que nos acompanham...
Excelentes reflexões para iniciar o estudo desses duros tempos que vivemos. Sou uma mulher de 2 séculos. A metade da minha vivida comemorei as conquistas dos trabalhadores expressa na CLT. A outra metade que vivo agora encontro trabalhadores precarizado combatendo a CLT.... A conversa começa pelos novos modos como a vida se produz...
ResponderExcluirNão sou anônima... Não consegui assinar. Sou Jô Moraes...kkk
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, querida Jo. Santuza
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