terça-feira, 29 de outubro de 2024

Conversas SBCenses: sobre as eleições


Pessoas do SBC, algumas mais outras menos, são politizadas, ou seja, estamos sempre conversando sobre visão de mundo, no macro, sobre ações transformadoras, no micro... na "filosofia SBCense: AMOR E POLÍTICA FAZEMOS NA CAMA E NO MUNDO.

Pois bem... desde o primeiro turno até agora, depois do segundo, estamos conversando virtual e presencialmente, recebendo várias opiniões de SBCenses do interior de Minas e da Capital. Das várias reflexões sobre o assunto selecionamos duas delas para compartilhar:

A primeira: 

TU, penso que, na verdade, quem "ganhou" as eleições não foi direita, esquerda ou centro... sabe quem foi? a GRANA, sendo mais específica, as "emendas parlamentares", ou as "emendas pix".  Ou seja, quem ganha eleições é quem tem DINHEIRO, isso é visível, transparente, principalmente no interior, onde eu estava. Daí que fico pensando que nossa democracia burguesa é extremamente frágil! Está longe, muito longe, de ser a democracia descrita na camisa de um jovem companheiro de viagem... Tive coragem de pedir a ele pra tirar uma foto... e te mandei... E eu estava, nessa viagem de volta, um tanto quanto desesperançada, mas vendo a camisa vestida por um jovem, isso me resgatou a esperança. E me lembrei de uma frase da Luiza Erundina, nossa grande estadista, deputada federal: O DESÂNIMO É CONSERVADOR... A ESPERANÇA É REVOLUCIONÁRIA... 

Muito obrigada pela reflexão, querida amiga SBCense, muito nos acrescenta. Precisamos, mesmo, pensar sobre como reproduzimos essa democracia burguesa, e como podemos realizar o movimento de superação da mesma... E os dizeres da camisa nos dá a dica: DEMOCRACIA: AMIZADE CÍVICA. DIVERSIDADE, TOLERÃNCIA POLÍTICA, ÉTICA, DIÁLOGO, SUSTENTABILIDADE. TRANSPARÊNCIA. INOVAÇÃO...

Como se fosse uma sequência de pensamentos, uma costura, ou um tricô, como costumamos dizer, recebemos a reflexão de amigo SBCense que também estava no interior:

TU, no domingo por volta das 19.30, 20 horas, a conversa começou assim: - Fuad ganhou em Belo Horizonte! Que bom! - Mas ele não é de esquerda!  Porque vocês estão comemorando? - Estamos comemorando o que dá pra comemorar: a vitória contra o fascismo, a ultra direita... - Mas porque fascismo? - Entendemos o fascismo como um governo que despreza uma classe social, o pobre, o trabalhador, e defende os interesses de outra classe social, a elite, os privilegiados. Fascismo é, também, o negacionismo, a perseguição à cultura, à educação e ao livre pensamento. Por exemplo, a "militarização das escolas"... - Mas as escolas militares são bem melhores do que essas que estão por aí, em que a qualidade de ensino é péssima! E o que estão ensinando é essa tal de ideologia de gênero, o comunismo e coisas desse tipo! ... E a conversa terminou assim: - Peraí, deixa eu ver se entendi: Você, que viveu a maior parte da sua vida na segunda metade do século passado, está querendo me dizer que escola legal é a que deve ensinar que em 1964 aconteceu a Revolução, que os militares tomaram o poder para salvar o Brasil... do comunismo, por exemplo... e que, para isso, prenderam, mataram e/ou "expulsaram" do país as pessoas que pensavam diferente, artistas, políticos, escritores, cientistas, professores,  pessoas que faziam qualquer tipo de crítica. E que é melhor ensinar essas coisas do que ensinar o respeito à diferença, a pluralidade, entre outras coisas... é isso? 

A conversa acabou... mas eu continuei pensando: onde essa pessoa se informa? o que ela lê, ouve, vê? ... E concluí - provisoriamente - temos um nível de informações muitíssimo maior do que há algum tempo atrás. No entanto as pessoas tendem a procurar aquelas informações que reforçam seus pressupostos sobre o mundo... o contraditório, que poderia "abrir" a mente, quase sempre é negado, afastado do campo de referências... E, ainda mais,  temos uma mídia hegemônica  que alimenta o conservadorismo, ou seja, a "conservação" os valores tradicionais, a manutenção do status quo.  Mesmo que sua própria experiência de vida esteja lhe dizendo outras coisas, pensar é difícil, ainda mais pensar diferente, fora da caixa... 

Sim, querido, às vezes é desanimador vivenciar esse tipo de "diálogo"... Mas... sigamos... sem perder o mínimo de possibilidade Me lembrei de algo aprendido há algum tempo: é inerente a toda realidade os limites e as possibilidades. Se o meu olhar se direciona aos limites, isso pode me desesperançar... porém, mesmo numa realidade onde os limites são amplos, se o meu olhar - e a minha ação -  se dirige às possibilidades, vou ampliando as mesmas, e - ao fim e a cabo - vou "transformando" aquela realidade... essa é uma visão esperançosa... e revolucionária. E assim é o nosso Coletivo SBC.

E recebemos um vídeo curtinho:

Renato de Almeida Freitas Junior, 40 anos, jurista, político, ativista e ex-líder estudantil, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Atualmente exerce o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná. Nos representa... 

E no final do vídeo a fala é do Mano Brown, líder do

grupo de rap Racionais MC's. 

Essa fala aconteceu há 6 anos nos arcos da Lapa 

no Rio de Janeiro, em comício do PT pró Haddad 

Presidente. Ele foi vaiado e em seguida Caetano 

Veloso assumiu o microfone e reforçou a 

importância das palavras do rapper.


Mais um vez... sigamos... vivendo... e aprendendo... e agindo, no possível, de maneira transformadora.

Abraços carinhosos a todas as pessoas que nos acompanham...



3 comentários:

  1. Excelentes reflexões para iniciar o estudo desses duros tempos que vivemos. Sou uma mulher de 2 séculos. A metade da minha vivida comemorei as conquistas dos trabalhadores expressa na CLT. A outra metade que vivo agora encontro trabalhadores precarizado combatendo a CLT.... A conversa começa pelos novos modos como a vida se produz...

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  2. Não sou anônima... Não consegui assinar. Sou Jô Moraes...kkk

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  3. Obrigada pelo comentário, querida Jo. Santuza

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