No sábado dia 21/setembro tivemos o prazer de participar do sarau do grupo QUEM AMA NÃO MATA, com essas mulheres maravilhosas: Beth Fleury, Sônia Queiróz, Thaís Guimarães e Lúcia Afonso.
O Quem Ama não Mata é um histórico movimento feminista mineiro, de luta contra toda forma de violência à mulher, antirracista e suprapartidário.
Mirian Chrystus, jornalista e coordenadora do movimento, abriu o evento lembrando a intrínseca relação do movimento com a poesia. Desde sua origem, nos anos 80 do século passado, no ato público na Igreja de São José em Belo Horizonte. A abertura do manifesto de repúdio aos assassinatos das mineiras Heloísa Balesteros Stancioli e Maria Regina de Souza Rocha era uma poesia anônima da Idade Média em que o homem, antes de partir para as cruzadas, entrega à sua senhora a chave do cinturão de castidade - um ato de amor. Mil anos depois os homens diziam que "matavam por amor".
E em 2018 o Manifesto que marcou a volta do Movimento foi, também, escrito em tom poético, embora o propósito fosse a denúncia à violência contra as mulheres. E agora o movimento está, em parceria com a Academia Mineira de Letras, promovendo os Sábados Feministas.
Neste, quatro grandes mulheres foram convidadas a falarem sobre a relação da poesia com o feminismo nas vidas de cada uma.
Primeiro, Lucia Afonso, psicanalista e criadora da revista de poemas "Silêncio".
Sônia Queiroz, professora aposentada da UFMG e editora
Thais Guimarães, poeta e pesquisadora sobre a expressão poética das mulheres de 1500 a 1930
E por último Beth Fleury, socióloga a pesquisadora da Fiocruz, onde desenvolve pesquisa e reflexão sobre a formação de homens violentos.
E cada uma delas fez um depoimento emocionante, além de declamar poesias autorais. Em todos os depoimentos cada mulher da platéia se via na história. Como disse a Beth no seu depoimento, o último deles, casos - eventos, memórias - desse século, a gente costuma dizer "outro dia mesmo..." contrastando com "no século passado"... pois a maioria presente somos mulheres da segunda metade do século passado, anos 80, quando acontecia a primeira manifestação do QUEM AMA NÃO MATA, estávamos casando - da primeira ou da segunda vez - tendo filhos... E tomando consciência do mundo, da América Latina e do Brasil... no Brasil, especificamente, o processo de democratização, a Constituição em 1988... e, no plano pessoal, estávamos, ao mesmo tempo, lendo Simone de Beauvoir e conhecendo o feminismo interseccional, o feminismo negro, o feminismo decolonial, em suma, os feminismos.
E, nesse sábado, passando essa história pela minha cabeça , a partir dos quatro depoimentos, me lembrei de novo de um filme francês que resume meu sentimento naquele sábado:
MARVIN... na cena final: o protagonista numa colina depois da estreia da sua peça, olha pro lado e se vê quando criança. E ela está sorrindo pra ele... e ele sorri, também, pra ela... sem legendas. Penso que cada pessoa saiu do filme e fez a sua própria legenda a partir da sua história e dos seus afetos.
A minha: O sentimento de orgulho pessoal de ter me transformado na pessoa que sou agora... de ter construído essa história de empoderamento, diante das violências que sofríamos. Ainda sofremos, mas aprendemos um pouco - ou um tanto - a lidar com elas... Principalmente através da arte e da poesia. E, também, a lidar coletivamente, compartilhando experiências, vivências, emoções... e poesia.
Assim, publicamos aqui uma das poesias de cada uma delas:
Acabei de ler e reler! Extasiada com tantas verdades em forma de poemas!
ResponderExcluirAbraços carinhosos querida
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