sábado, 23 de julho de 2022

VIRANDO A CHAVE 2

 

No dia seguinte fomos nas Andorinhas... que não é uma cachoeira, apenas. 
Trata-se de um Parque Natural Municipal das Andorinhas, com suas 
piscinas ... e com muita beleza da natureza:

E a pedra do Jacaré, entre outras atrações maravilhosas que a natureza nos oferece...

E sentamos nas pedras e continuamos nossa conversa:

- Percebo, então, que VIRAR A CHAVE é um movimento para a vida toda... 
exige coragem... e humildade... mas tem um começo: quando "viramos a 
chave" não é que deixamos tudo que está para trás da chave, de jeito 
nenhum! Me parece que significa olhar para trás... e para o que pode ser 
visto, construído depois dessa porta que se abre com a VIRADA DE CHAVE.  

Uma 'teorização' sobre esse tema é o que os cientistas chamam de 
'mudança de paradigma":

Thomas S. Kuhn iniciou sua carreira universitária como físico. As circunstâncias 
levaram-no ao estudo da história e a preocupações de natureza filosófica. 
Múltiplas áreas, desde as exatas até as humanas, convergem para as agudas 
análises, que levam o autor, questionando dogmas consagrados, a ver o 
progresso da ciência não tanto como o acúmulo gradativo de novos 
dados, e sim como um processo contraditório, marcado pelas evoluções do 
pensamento científico. Tais revoluções são definidas como o momento de 
desintegração do tradicional numa disciplina, forçando a comunidade de 
profissionais a ela ligados a reformular o conjunto de compromissos em que 
se baseia a prática dessa ciência. 
Um dos aspectos mais interessantes do livro é a análise do papel dos fatores 
exteriores à ciência na erupção desses momentos de crise e transformação 
do pensamento científico e da prática correspondente.
E temos, em 2013, em comemoração aos 50 anos do livro de Thomas Kuhn, 
o novo livro A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS, onde 
vários autores prestam homenagem àquele que influenciou a todos no 
sentido de "virar a chave":
"As múltiplas possibilidades de abordagem e inserção de "A Estrutura das 
Revoluções Científicas presentes neste livro mostram, não apenas a riqueza 
da obra de Kuhn, mas também como esse autor influenciou de modo diverso 
os diferentes pesquisadores que aqui escrevem. Todos nós, filósofos e 
historiadores da ciência, fomos impactados por Kuhn".

Velha roupa colorida, música de Belchior, lançado no álbum 
Alucinação em 1976, é um hino sobre a dialética do tempo e da 
mudança social: reciclar o velho como novo e, ao mesmo tempo, 
descartar o velho como velho. A mudança é sorrateira, gradual 
e discreta: "você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de 
dizer. meu amigo; que uma nova mudança em breve vai 
acontecer; e o que há algum tempo era jovem, novo, hoje é 
antigo; e precisamos, todos, rejuvenescer".


- Devo ter lido, ainda na década de 80 do século passado,  um 
outro "livro da minha vida" como falamos no SBC, um 
livro que me marcou muito e 'me produziu reflexões': 


Primeira edição em 1982,  Fritjof Capra nos apresenta um 
paradigma holístico de ciência e de espírito: "A dinâmica 
subjacente aos principais problemas de nosso tempo - o 
câncer, o crime, a poluição, o poder nuclear, a inflação, a
carência de energia - é sempre a mesma. Chegamos a uma 
época de mudança dramática e potencialmente perigosa, 
um ponto de mutação para o planeta como um todo. 
Estamos precisando de uma nova visão da realidade, que 
permita que as forças que estão transformando o nosso 
mundo possam fluir como um movimento positivo de 
mudança social".


- E em 1991, no álbum CIRCULADÔ,  Caetano Veloso canta 
"Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial"... 

- E caminhamos pelos lugares mais bonitos do Parque 
das Andorinhas... e caminhamos nas nossas reflexões, para um 
sentido mais amplo do "virar a chave": virar a chave no sentido 
histórico, e virar a chave no sentido político... uma relação 
intrínseca entre essas duas dimensões. 


















- SANKOFA: Esta palavra é proveniente da língua twi ou axante, 
sendo composta pelos termos san, que é “retornar; para retornar”,
ko, que significa “ir”, e fa, que quer dizer “buscar; procurar”. 
Pode ser traduzida como “Volte e pegue” .A palavra Sankofa, 
que na verdade tem dois símbolos que a representam, um 
pássaro mítico e um coração estilizado, simboliza a volta para 
adquirir conhecimento do passado, a sabedoria e a busca 
da herança cultural dos antepassados para construir um
 futuro melhor.














- Lembramos, da Roda de Conversa de ontem, de Catarina 
Mendes e da história da Princesa Isabel ...  
e lembramos de 7 de setembro: 
No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1º proclamou 
a independência às margens do rio Ipiranga..."e o Brasil 
se consolidou como uma nação independente". 
No entanto, temos também uma outra história:
















"Na madrugada de 2 de Julho de 1823, a cidade de Salvador 
amanheceu quase deserta: o exército Português deixou em 
definitivo a província da Bahia. Dizem que o dia nasceu bonito, 
sem as chuvas de junho. O sol brilhou! Os baianos conhecem 
esta data como sendo a Independência do Brasil na Bahia, 
que celebra a vitória dos brasileiros na guerra travada na então 
província da Bahia, por mais de 17 meses (de fevereiro de 1822 
a julho de 1823) contra as tropas portuguesas. Com a vitória 
do Exército e da Marinha do Brasil na Bahia, consolidou-se a 
separação política do Brasil de Portugal. Sendo assim, com base 
nos estudos de Luís Henrique Dias Tavares, historiador, professor 
emérito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o 07 de 
setembro de 1822 é uma data simbólica, não se tratando da real 
data da independência do Brasil, até porque um pedaço enorme 
do país (região Nordeste) ainda não era independente".

- Entendemos, de uma forma mais profunda, que "olhar pela ótica 
do povo, dos movimentos populares, da nossa força enquanto 
sujeitos, para transformar o mundo para "...mais bonito, mais 
justo e equânime"... significa uma "virada de chave" necessária 
e urgente.


- Aqui, um grande SBCense deu um depoimento importante: 
- eu estava na savassi em Belo Horizonte, caminhando no 
sentido do supermercado. Atravessando a rua, na porta de 
uma padaria estava sentada uma senhora com dois pequenos, 
não tinham mais do que 6 anos, talvez. Ela me pediu um 
biscoito pros meninos... e, antes que eu entrasse na padaria e 
comprasse os biscoitos, um senhorzinho, passeando com dois 
cachorrinhos na coleira, super bem cuidados, passando por ali 
ouviu ouviu a senhora e me disse: Não compre! ela é uma 
pedinte profissional, ora fica aqui na porta da padaria e ora na 
porta do supermercado! E repetiu: é PROFISSIONAL! Vive disso!. 
Acho que estou começando a virar a chave, pois em outra ocasião 
eu ouviria isso  e deixaria passar... mas, nesse momento, 
consegui elaborar uma resposta a este senhor, ou melhor 
uma pergunta - na verdade algumas perguntas: - Certamente ela 
não deve ganhar bem com essa profissão, não é mesmo? E o senhor 
acha que ela tem alguma escolha? Teria uma profissão "melhor"? 
Com quem ela deixaria os filhos? Ela poderia "escolher" uma 
creche? Será com com essa - ou com outra profissão - ela ganharia 
o suficiente para oferecer ao filhos uma vida digna? Talvez até ela 
pudesse ganhar o tanto que o Senhor gasta com os seus cachorros... 
Tive medo de falar... mas saiu... e saiu num tom de voz legal, sabe! 
quase como eu mesmo estivesse refletindo, pensando comigo mesmo... 
e ele me ouviu... 
e respondeu: É... é bom tentar compreender... Dei 'bom dia' a ele 
e entrei na padaria... e me senti bem na "virada a chave" 

- E continuamos "VIRANDO A CHAVE", buscando a perspectiva das 
"pessoas invisibilizadas na história"... fazendo " amor e política" em 
todos os níveis de relação - na cama e no mundo - como é um "exercício 
SBCense". E lembramos, de novo, Ailton Krenak, que nos ensina, muito, 
a "virar a chave". Vejam e ouçam o videoclipe da canção O RELÓGIO DO 
JUÍZO FINAL, de Carlos Rennó, Makely Ka e Rodrigo Quintela, interpretada 
por mais de 20 músicos e com fotos de grandes fotógrafos brasileiros, 
ativistas da causa do meio ambiente. A música é baseada na obra de 
Krenak "Ideias para adiar o fim do mundo, e o videoclipe foi feito pelo 
cineasta Marcos Prado:
                                                    https://youtu.be/LoGVGdR4Uxg

- E, terminando nossa conversa, disse uma SBCense: "Olhando 
para o que está acontecendo no mundo hoje, considero que um movimento 
importantíssimo no sentido da "virada de chave" é o que podemos 
verificar de "declínio do império americano" e do mundo unipolar, construído 
desde meados do século passado... para a emergente construção de um  
mundo multipolar. Um maior equilíbrio de poderes muda o mundo. 
Precisamos buscar muita informação sobre isso... e criticar... 
e construir nossas reflexões...". 



Abraços carinhosos e todas, todos e todes... aguardamos mais depoimentos... 

e até nosso próximo passeio-conversas-reflexões.



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