domingo, 6 de março de 2022

Conversas SBCenses: aos amigxs artistas|professorxs, uma singela homenagem


"Sem a música a vida seria um erro", já dizia nosso grande filósofo SBCense Nietzsche. Foi a primeira pessoa que lembramos ao sair do cinema depois do filme "A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS", título em português, por sinal, lindíssimo e adequado. A singeleza e a profundidade do filme que nos tocaram os nossos afetos,  imensamente. E ensejaram nossas reflexões.   

Em inglês Lunana: Um Iaque na Sala de Aula”, filme de 2019,  dirigido por Pawo Choyning Dorj. SINOPSEO professor Ugyen Dorji, de 20 e poucos anos, sonha em se mudar para a Austrália e ser um cantor famoso. Em seu último ano de contrato com o governo, ele é mandado para Lunana, onde deve assumir uma escola infantil. 

Lunana é uma aldeia onde se localiza a "escola mais distante do mundo", no Butão, pequeno país no extremo leste do Himalaia, entre a China, a India e o Tibet, conhecido por seus mosteiros budistas, suas fortalezas e suas paisagens impressionantes, que incluem desde planícies subtropicais até montanhas íngremes e vales. Sua capital é Thimpu. E esse pequeno país é também famoso por uma política de "Felicidade Interna Bruta".



Com uma população de 771.612 em 2020, Butão se preocupa tanto em manter o seu povo em harmonia e feliz que, ao invés do governo medir o PIB Produto Interno Bruto, eles adotaram um índice diferente: FIB Felicidade Interna Bruta. Eles medem o desenvolvimento do país pelo nível de felicidade da população. Avaliam alguns indicadores como bem estar psicológico, preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, educação, diversidade cultural, entre outros. E, não só medem mas também tentam basear suas decisões no impacto que elas teriam sobre a população. O SBC já conversava sobre o Butão e o FIB desde 2012, leiam nosso post de 20 de maio desse ano.

E esse singelo (e profundo...) filme do Butão vai nos envolvendo com o sentido da música nas nossas vidas: além de aproximar, unir  as pessoas, pode também contribuir para o movimento de ressignificação das nossas vidas... assim como também sobre o sentido do TRABALHO.


Na nossa conversa sobre o filme,  juntamos o já mencionado Nietzsche com Ferreira Gullar e Guimarães Rosa, para conversarmos sobre a arte e a vida... e o trabalho (de professor e professora, entre outros...). O Ferreira, já concordando e acrescentando ao Nietzsche, explica o sentido da arte: "A arte existe porque a vida não basta". E o Rosa, outro grande SBCense, já entra dizendo sobre a arte de educar: "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende"





E o filme "A felicidade das pequenas coisas" nos diz e nos faz refletir sobre tudo isso... e muito mais. Uma frase síntese do filme que junta a música, a arte e a educação: 

                                                    "Educar é TOCAR o futuro".



Continuando nossa conversa, lembramos de um diálogo de um francês com uma jovem americana, profissional de marketing, na série "Emily em Paris" (Netflix): "Vocês, americanos, vivem para trabalhar...e nós, franceses, trabalhamos para
viver”.


E reportamos, também, a um outro filme muito bacana, que fala sobre o sentido do trabalho na vida: "A Partida", filme japonês dirigido por Yojiro Takita, vencedor de Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009, este filme foi uma espécie de "orientador" do nosso primeiro carnaval em 2013: "qualquer coisa feita com profundo cuidado, dedicação, precisão, delicadeza, não tem jeito de dar errado, sairá maravilhosa"... (post de fevereiro de 2013). Esta  é a grande "descoberta" do violinista do filme sobre o sentido do trabalho na sua vida, trabalho este que lhe causava, a princípio, total repugnância... e, aos poucos, ele foi descobrindo a beleza (e o sentido) do mesmo.

 
E foram dessas lembranças... e juntando com "A felicidade das pequenas coisas", que nos ocorreram  perguntas... interrogações, perplexidades sobre o sentido da vida... e do trabalho. Pois, ao contrário do que nos é ensinado na nossa cultura ocidental (nos ensinam muito mais a termos "respostas pra tudo"), perguntar é uma sabedoria, abre nosso espírito para o novo, para a produção do conhecimento enquanto sujeitos.

Pois bem: 

. Será que através dessa busca do sentido do trabalho nas nossas vidas não faríamos a "apropriação" do valor do trabalho ...  e por aí se criaria a possibilidade de desencadear a "revolução", uma mudança desse paradigma "capitalista" que nos faz "perder" o significado do trabalho (e da vida) ?

. Os teóricos de esquerda costumam falar da teoria e da prática (ou práxis). Mas nós acreditamos que a tomada de consciência se dá a partir dos AFETOS. Este movimento  de SER AFETADO POR... inclui a teoria e a prática. Mas pode ser, essencialmente, a partir dos afetos,  que buscamos/construímos reflexões, teorias orientadoras, e isso interfere na nossa prática de vida... e quando vejo a prática transformada estou de novo afetadx e vou me transformando em SUJEITO (ou sujeitos, nos juntando e ampliando nosso poder...), produtores e produtoras do conhecimento libertador.

. E aí é que se inclui a ARTE enquanto libertadora. Porque a arte nos mobiliza, a arte tem esse poder de tocar os nosso afetos. Por isso ela pode ser transformadora, revolucionária... A arte nos provoca, e se topamos essa provocação caminhamos para as ressignificações necessárias à uma visão/ação no mundo de forma transformadora, subversiva e revolucionária... e essa reflexão/ação cria também a possibilidade de rompermos com a fragmentação Teoria Afeto Prática (cabeça, coração, mãos) própria de um sistema que nos deseja alienadxs e reprodutores... e nos transformar em SUJEITOS (das nossas vidas) e transformadores do mundo... alguns hão de dizer que isso é uma utopia... mas tratando o "impossível como se fosse possível" acreditamos que podemos "CAMINHAR", construir...

E lembramos também da nossa grande SBCense Emma Goldman, já a temos como referência revolucionária desde 2013 (veja nosso post de 24 de agosto desse ano). Essa mulher maravilhosa  desde cem anos atrás, nos lembra que a DANÇA também é uma arte: "Se não posso dançar, não é minha revolução". 

Para terminar, mais uma pergunta: o Cine Belas Artes agora é da UNA Centro Universitário. Antes do filme tem uma propaganda com artistas mineiros, muito bacana, que fala disso. Grandes empresas investindo na Cultura e na Arte são louváveis e devem ser reconhecidas. Além de ser um ótimo marketing. No entanto nos ocorreu a pergunta: essa empresa está valorizando seus professores no concreto, ou seja, através de salários dignos e pagamentos em dia? Ai, sim, é um autêntico marketing, que inclui a aparência e o conteúdo, de forma coerente. 



E, por fim, nosso projeto Cineclube retornará em breve... pois temos também essa arte como uma das mais provocadoras.

Até... abraços carinhosos


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