terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Continuando... Semana da Arte Moderna


 
Como Santuza destacou, todo movimento artístico reflete o período que os artistas e escritores estão vivendo. Com a semana de 1922 não foi diferente. O Brasil, como um país periférico que era, e é, reflete também os acontecimentos externos. Por isso, farei um pequeno giro pelo mundo nesse início do século 20. Destacarei três polos principais :  Estados Unidos, a Europa ocidental e a recém criada a União Soviética. 

Em 1922 estamos no período entre guerras e os Estados Unidos viviam a chamada "Era dos loucos anos 20". Nestes anos Estados Unidos tornou-se uma das grandes potências econômicas do mundo. Como Europa estava totalmente destruída, pós primeira guerra, foram os Estados Unidos os grandes exportadores de produtos industrializados para aquele continente. Esta "aceleração econômica" terá uma forte queda com a crise de 1929, quando houve a quebra da bolsa de valores de Nova York.

Enquanto isso a Europa ocidental estava se recuperando dos efeitos da primeira guerra. Nesse período, penso ser importante destacar a ascensão do fascismo, na Itália de Benito Mussolini. Esse regime ditatorial, mais tarde, vai se estender por outros países europeus, até chegar na Alemanha com o nazismo de Adolf Hitler. 

E o que acontecia na Europa Oriental? Em 1922, após a Revolução Russa de 1917, os bolcheviques, vitoriosos na guerra civil russa, criaram a união das repúblicas socialistas soviéticas. 

Todos esses acontecimentos externos se refletem no Brasil. A década de 20 aqui é marcada principalmente por 4 acontecimentos importantes: 

Primeiro, o surgimento de uma emergente burguesia industrial que começava a ganhar força no cenário político econômico brasileiro. Segundo, o grande crescimento urbano e desordenado, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Terceiro, na década de 20 acontecem no Brasil os chamados movimentos tenentistas com destaque para a revolta do Forte de Copacabana. Nessa revolta, militares de baixa patente marcharam na praia de Copacabana, reivindicando a deposição do Presidente Arthur Bernardes e o fim das fraudes eleitorais no Brasil; e eram, também, contrários às políticas governamentais, que atendiam os interesses econômicos das oligarquias rurais.



 E o quarto acontecimento que quero destacar, e o último mas não menos importante:  na década de 20 verificamos o crescimento das ideias anarquistas e comunistas nas grandes cidades brasileiras. Estas ideias eram trazidas para cá principalmente pelos imigrantes italianos. Destaca-se nesse período, a criação do PCB, em março de 1922, no Rio de Janeiro. 

Esses acontecimentos, externos e internos, serão refletidos em maior ou menor parte na Semana de Arte Moderna através das obras de seus artistas. Quero concluir esse breve "giro" pelo Brasil e pelo mundo, ressaltando uma  obra de Anita Malfatti na semana de 22. 

Anita Malfatti (1889-1964)

A obra, é o quadro - O Homem Amarelo. A tela, apresentado por Anita, foi motivo de polêmica pela sociedade elitista da época. O Homem Amarelo, é um retrato, segundo a própria Anita, de um homem pobre, excluído e desconhecido. Um imigrante italiano que lhe pediu que ela o pintasse com uma  "expressão desesperada".

Atualmente a obra faz parte do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.
                                                                 O homem amarelo











                                                                        Antonieta Shirlene




Nenhum comentário:

Postar um comentário