"Palco" montado, a espera dos(as) convidados(as) ...
Vocês não imaginam o espaço gostoso que é a COMUNA CULTURAL. Só quem vai sente e confirma.
Somos recebidos pelo Café CUNCUN, um pão de queijo recheado que é a maior delícia... os chopes do SARUÊ, do pilsen (mais leve) ao ipa (mais forte), pra todos os gostos... a drinqueria ANDARILHO... e o MARIA Cozinha Brasileira, entre tantos pratos deliciosos, a LÍNGUA é de "comer de joelhos"... pra quem gosta de língua (molhadinha)... a Iza não gosta, gosta de outras coisas...
Enfim, as primeiras convidadas, queridas Rita e Mari. Rita cantou e Mari estreou numa performance de "profissa"...
Mas, antes, abrimos nosso sarau, com o tema AMOR (acho que já é o quarto sarau do SBC sobre esse tema, e são sempre ótimos) fazendo referência à teoria SBCense sobre o AMOR: pois as emoções são, também, "aprendidas" - ou internalizadas, e reproduzidas, culturalmente - e: "nossa sociedade não deseja nem alimenta pessoas que andem de cabeça erguida, pessoas livres, sujeitos"... Portanto, nós do SBC pensamos que o conceito de amor que internalizamos - em todos os níveis de relação - servem para reproduzir relações assimétricas, de dominação, de senhor-escravo. Dito isso, ufa... "ainda bem!" pois se esses conceitos são culturalmente internalizamos, podemos mudá-los! Podemos - e devemos - nos colocar como sujeitos, não apenas objetos (reprodutores) da cultura, mas, também e fundamentalmente, como construtores - de relações mais bonitas, simétricas, de sujeitos-sujeito - e de um mundo mais bonito e mais justo. Ou seja, a submissão não faz parte da natureza feminina, tampouco o "servir"...
Nessa toada é que o SBC realizou uma "pesquisa antropológica" sobre a arte enquanto reprodutora, como, também, a arte enquanto impulsionadora dessa construção enquanto sujeitos. Particularmente a música e a poesia REPRODUZ conceitos de amor sofrimento, amor idealização, "só sei viver se for por você", aí... detesto Djavan nessa música! ... e por aí vai...
Nossa "pesquisa antropológica" categorizou músicas e poemas:
- de lama: de falta de amor, de perda, de amor, do amor (íntimo) como única via de prazer e trocas nas relações... "Aí, como esse bem demorou a chegar, eu já nem sei se terei no olhar, tanta ternura que eu quero lhe dar" (Dolores Duran); porém, esse tipo de literatura (e de música) tem um papel interessante: a gente canta até rir da gente, daí cria-se a possibilidade de superação, de enxergarmos outras possibilidades, outros níveis de relação que são prazerosos e também dão sentido à vida;
- "PIROPA": é diferente de lama, "canta" um amor mais alegre, aliás, trata-se de importação de palavra espanhola - aprendemos com Chico Buarque - na Espanha se diz PIROPO, que pode ser cantada do tipo assédio, ou cantada "gostosa", aquela que é correspondida: "Você voltou, meu amor, alegria que me deu, quando a porta abriu, você me olhou, você sorriu, ai... você se derreteu e se atirou..." (Vinicius de Moraes, segundo Chico nosso melhor piropeiro. Ainda segundo ele, nosso melhor representante de "lama" é o Lupicínio Rodrigues.
- A Fatinha gosta de lama, e adorou a ideia de que lama serve para caminhamos para a superação, o que chamamos de "Arte Libertadora", que a outra Iza - que gosta de língua - também adora:
“Os amados dos deuses morrem novos” – Byron
Que bom morrer quando se é moça e amada!
Indiferente, forte,
Triunfar de quimeras enganosas
E ir dormir entre rosas
Frias rosas na face macerada
O alvo Sonho da Morte!
Morrer quando se é moça é dita imensa
Às eleitas cabida…
A ventura é perfume que se evola
E quase não consola…
Tão ligeira, tão leve, não compensa
Os espinhos da vida.
Morrer moça é morrer quando se deve!
É ser no último arranco
Da alma que foge, um lindo sol de estio E, bem longe, o sombrio
Espetro da velhice a triste neva
Sobre o cabelo branco.
Morrer moça… É assim que vou morrer!
É a boca que, fremente,
Beijaste em horas de Paixão e Sonho
Num túmulo tristonho
Breve irá se ocultar no florescer
Do verão mais fulgente.
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