segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Sarau SOBRE O AMOR

 



"Palco" montado, a espera dos(as) convidados(as) ...

Vocês não imaginam o espaço gostoso que é a COMUNA CULTURAL. Só quem vai sente e confirma.

Somos recebidos pelo Café CUNCUN, um pão de queijo recheado que é a maior delícia... os chopes do SARUÊ, do pilsen (mais leve) ao ipa (mais forte), pra todos os gostos... a drinqueria ANDARILHO... e o MARIA Cozinha Brasileira, entre tantos pratos deliciosos, a LÍNGUA é de "comer de joelhos"... pra quem gosta de língua (molhadinha)... a Iza não gosta, gosta de outras coisas...

Enfim, as primeiras convidadas, queridas Rita e Mari. Rita cantou e Mari estreou numa performance de "profissa"...



Mas, antes, abrimos nosso sarau, com o tema AMOR (acho que já é o quarto sarau do SBC sobre esse tema, e são sempre ótimos) fazendo referência à teoria SBCense sobre o AMOR: pois as emoções são, também, "aprendidas" - ou internalizadas, e reproduzidas, culturalmente - e: "nossa sociedade não deseja nem alimenta pessoas que andem de cabeça erguida, pessoas livres, sujeitos"... Portanto, nós do SBC pensamos que o conceito de amor que internalizamos - em todos os níveis de relação - servem para reproduzir relações assimétricas, de dominação, de senhor-escravo. Dito isso, ufa... "ainda bem!" pois se esses conceitos são culturalmente internalizamos, podemos mudá-los! Podemos  - e devemos - nos colocar como sujeitos, não apenas objetos (reprodutores) da cultura, mas, também e fundamentalmente, como construtores - de relações mais bonitas, simétricas, de sujeitos-sujeito - e de um mundo mais bonito e mais justo. Ou seja, a submissão não faz parte da natureza feminina, tampouco o "servir"...

Nessa toada é que o SBC realizou uma "pesquisa antropológica" sobre a arte enquanto reprodutora,  como, também, a arte enquanto impulsionadora dessa construção enquanto sujeitos. Particularmente a música e a poesia REPRODUZ conceitos de amor sofrimento, amor idealização, "só sei viver se for por você", aí... detesto Djavan nessa música! ... e por aí vai...

Nossa "pesquisa antropológica" categorizou músicas e poemas:

- de lama: de falta de amor, de perda, de amor, do amor (íntimo) como única via de prazer e trocas nas relações... "Aí, como esse bem demorou a chegar, eu já nem sei se terei no olhar, tanta ternura que eu quero lhe dar" (Dolores Duran); porém, esse tipo de literatura (e de música) tem um papel interessante: a gente canta até rir da gente, daí cria-se a possibilidade de superação, de enxergarmos outras possibilidades, outros níveis de relação que são prazerosos e também dão sentido à vida;

- "PIROPA": é diferente de lama, "canta" um amor mais alegre, aliás, trata-se de importação de palavra espanhola - aprendemos com Chico Buarque - na Espanha se diz PIROPO, que pode ser cantada do tipo assédio, ou cantada "gostosa", aquela que é correspondida: "Você voltou, meu amor, alegria que me deu, quando a porta abriu, você me olhou, você sorriu, ai... você se derreteu e se atirou..." (Vinicius de Moraes, segundo Chico nosso melhor piropeiro. Ainda segundo ele, nosso melhor representante de "lama" é o Lupicínio Rodrigues. 

- A Fatinha gosta de lama, e adorou a ideia de que lama serve para caminhamos para a superação, o que chamamos de "Arte Libertadora", que a outra Iza - que gosta de língua -  também adora:

                                                             


E os prints acima são  manuscritos da nossa querida Antonieta Shirlene, que não iria mas mandou esses dois poemas libertadores, ou seja, que falam da relação simétrica, do amor entre sujeitos. 
Mas ela foi, e falou o poema de sua autoria, que tem para nós o tema AMOR E POLÍTICA (visão de mundo), pois o SBC acredita que fazemos AMOR E POLÍTICA na cama e no mundo:

Obrigada querida Antonieta...

E recebemos a honrosa visita da Carmélia, grande poeta do Vale do Jequi, que recém lançou seus livros, e foi dizer pra nós alguns poemas dos mesmos:


Por fim - só uma pequena resenha ... gente! nada como a presença e a participação presencial - o capixaba Junior Fornazi, grande fotógrafo e publicitário já SBCense, nos apresenta a grande Maria Antonieta Tatagibaprimeira poetisa Capixaba a lançar um livro. A poeta alcançou na década de 1920 um sucesso inimaginável para uma escritora.

Nascida em São Pedro de Itabapoana, Mimoso do Sul, em 1895, foi autora de produções poéticas, sob o título “Frauta Agreste” elogiado pela crítica literária, suas obras eram publicadas em jornais e revistas do Espírito Santo e também do Rio de Janeiro. 
Com a morte do pai ela teve que assumir as responsabilidades financeiras da família, fazendo com que desistisse de seguir carreira na medicina, sua vontade inicial, voltando-se às letras e ao magistério. Seu nome consta no quadro de “Honra ao Mérito - Intelectualidade Feminina Espírito-Santense” publicado na revista “Vida Capixaba” em 1928.
Maria Antonieta, morreu aos 31 anos de idade em 13 de março de 1928, vítima de tuberculose. O corpo de Antonieta foi sepultado em São Pedro do Itabapoana.
 

Do querido Junior Fornazi, uma foto muito bacana minha, dizendo um poema da Maria Antonieta:

MORRER MOÇA


“Os amados dos deuses morrem novos” – Byron

Que bom morrer quando se é moça e amada!
Indiferente, forte,
Triunfar de quimeras enganosas
E ir dormir entre rosas
Frias rosas na face macerada
O alvo Sonho da Morte!
Morrer quando se é moça é dita imensa
Às eleitas cabida…
A ventura é perfume que se evola
E quase não consola…
Tão ligeira, tão leve, não compensa
Os espinhos da vida.
Morrer moça é morrer quando se deve!
É ser no último arranco

Da alma que foge, um lindo sol de estio E, bem longe, o sombrio
Espetro da velhice a triste neva
Sobre o cabelo branco.
Morrer moça… É assim que vou morrer!
É a boca que, fremente,
Beijaste em horas de Paixão e Sonho
Num túmulo tristonho
Breve irá se ocultar no florescer
Do verão mais fulgente.

E terminamos com lindo poema, que fala sobre o amor entre sujeitos, os "bons encontros", de Gibran Kalil Gibran, poeta Libanês... Líbano, país do Médio Oriente que faz fronteira com Israel. Convidando a conhecermos mais sobre essa região, sua cultura e seu modo de vida:

O SBC agradece à COMUNA CULTURAL, e a presença de todos e todas...




Até nosso próximo sarau, provavelmente ainda em novembro.


 




















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