segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

BONS ENCONTROS

Francesco Alberoni, jornalista, escritor e professor de sociologia italiano, hoje com 93 anos.  Publicou,  em 1979, "Enamoramento e Amor", o seu livro mais traduzido e mais vendido, o primeiro da trilogia  "A amizade" (1984) e "O erotismo"(1986).

Alberoni desenvolveu a "teoria dos movimentos coletivos". onde explica o processo histórico como o resultado de dois tipos de forças: por um lado, as utilitárias e econômicas, que transformam e inovam mas não criam solidariedade social, e, por outro lado, as representadas pelos movimentos, que só podem surgir da solidariedade social. 

No livro ENAMORAMENTO E AMOR ele explica o enamoramento como um movimento... e a única diferença para outros movimentos sociais é que o enamoramento é realizado a dois... E o enamoramento, como movimento, vai "desembocar" em três possibilidades: o DESENAMORAMENTO - neste caso o ruim é que quase sempre não acontece para os dois ao mesmo tempo; a segunda possibilidade é o que ele chama de PETRIFICAÇÃO - e é o que, normalmente, chamamos de AMOR, ou seja, a "institucionalização" do sentimento... e aí, quase sempre, o mesmo vai acabando; e a terceira possibilidade é o que ele chama de AMOR - uma "instituição aberta", a se construir permanentemente.

No livro O EROTISMO Alberoni parte da premissa de que os homens diferem das mulheres - não pela "natureza", mas porque "aprendemos", ou seja, somos histórico e culturalmente diferentes - no que diz respeito à sensibilidade, fantasias, desejos e reações. Na primeira parte do livro ele estuda as diferenças entre o erotismo masculino e o feminino. Na segunda, o sonho da mulher, sua sensibilidade tátil, corpórea e o desejo que a percorre de deixar uma marca indelével por onde quer que passe. Na terceira, o sonho do homem: o que a palavra seduzir significa para ele, o seu medo de se envolver com o amor e a maneira que adota para melhor lidar com a sexualidade. Alberoni fala, também, do ciúme em todas as suas formas e das contradições impostas pela sociedade: ela manda que as pessoas seduzam, sejam agradáveis mas se mantenham fiéis. Por fim, ele coloca a possibilidade de convergência: o encontro entre o erotismo masculino e o feminino, à luz da psicologia e da poesia.

Por último, no livro A AMIZADE, Alberoni afirma que essa  é a única relação afetiva incompatível com a ambivalência. Já vimos que, no enamoramento podemos odiar a pessoa amada. Podemos ser ambivalentes em relação aos nossos pais ou aos nossos filhos. Não podemos, ao contrário, ser ambivalentes em relação ao amigos. Caso aconteça a ambivalência, a amizade sofre e, se a ambivalência continua, desaparece. É este, provavelmente, o motivo pelo qual os amigos preferem ver-se de quando em quando, quando têm vontade, em lugar de viveram juntos. Uma convivência contínua cria, inevitavelmente, motivos de dissabor, de ressentimento, pequenas coisas que, no entanto, somando-se, se podem tornar grandes. A convivência tende a consolidar as relações afetivas mas, ao mesmo tempo, divide. Os enamorados escolhem esta estrada a este risco porque tendem à fusão. A amizade, pelo contrário, prefere renunciar à fusão a favor do encontro. O encontro é sempre positivo. A amizade , então, pode ser definida como uma série de bons encontros.

Li essa trilogia lá pelos idos dos anos 80 - século passado, e foi, como costumamos dizer nas nossas reuniões SBCenses, "o livro que mudou minha vida" (no caso, os livros). Verdade que a amizade não "cobra", o amor (como o conhecemos e vivenciamos) costuma cobrar. Xs amigxs, passamos tempos sem ver algum ou alguma e, quando nos reencontramos, parece que "foi ontem"! Recomeçamos a conversar como se o tempo não tivesse passado, assim são as amizades.

E foi por isso que me lembrei, na semana passada, dessa trilogia, particularmente da AMIZADE: pois foi um belo reencontro, há cerca de 15 anos não nos víamos. Nos encontramos no Bar do Museu, Clube da Esquina, em Santa Tereza. Ele mora agora em Araxá. E o encontro já começou com piropa, pois no SBC o conceito de piropa foi ampliado, fazemos piropa tanto quando queremos "dar uma cantada" quanto piropamos também os amigos e amigas, neste caso significando um elogio, um empoderamento, pois não é que "ganhamos o dia" com um empoderamento? 

E ele disse: Minina, tem 30 anos que não nos vemos! e você continua a mesma! E eu respondi: Não Dommingos! Tem uns 15 anos homem! Nos conhecemos já neste século! E já começamos a rir... pois é, a piropa "não colou", vai querer exagerar assim lá em Araxá!

E o Dommingos me trouxe seu livro:


Um livro todinho escrito sem a letra A! É doido, o homem (só de perto) ...  e ele tem um outro livro, este voltado para a alfabetização, que é todo escrito sem as vogais!!!

E, continuando no tema AMIZADE, ele dedica o livro à amiga que o ilustrou com lindas imagens:

Esthergilda Menicucci, faleceu aos 82 anos, em 2014. Reconhecida e premiada internacionalmente, Esthergilda tornou-se um dos principais nomes das artes plásticas de Minas Gerais, em mais de 50 anos de carreira, com destaque para a pintura e a escultura. Sua última exposição "Formas e Espírito", apresentou 20 esculturas em bronze e 24 pinturas de seu acervo, e aconteceu na Casa da Fazenda, sede da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História (ABACH).


 E fiquei conhecendo um "novo" Domingos: pois não é que o cara já teve uma banda de rock! e era o cantor. Ai o cantor da banda naquele dia lá no Bar do Museu - grande GERE! -  seu amigo, o chamou para uma canja. E aí está o Dommingos cantando... meio que destreinado ... rsrs... mas super valeu... Bom demais nosso reencontro. Obrigada querido amigo!

Às amizades... e ao amor movimento... tim-tim


Até a próxima...



4 comentários:

  1. Amei essa explicação e só tenho a concordar!

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  2. Uma explicação bastante complexa,para explicar um sentimento milenar: a amizade. Mas desta vez o tema busca estabelecer o amor e a amizade em um só patamar e colocar esse amor de amigos como um amor realmente incondicional. Com o que concordo plenamente pois ao longo de meus anos pude confirmar que o amor que realmente resistiu ao tempo, às turbulências da vida, distâncias e dificuldades foi o amor dos amigos verdadeiros. Comprovado e reafirmado agora por Santuza,cujo reencontro depois de exatos 17 anos,nos deixou mais unidos que nunca. Assim,viva o amor, a amizade e o SBC e sua forma ímpar de aproximar as pessoas. Obrigado querida por este momento de felicidade incomparável e único que vivemos. E que venham muitos outros. De seu novo e antigo amigo. DOMMINGOS

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  3. Querida! E como esquecer desses livros lindos que você me apresentou? Vez ou outra os releio, são preciosos! Adorei seu texto! 🌸😘

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  4. Maravilha, amiga Santuza! Perfeito posicionamento e classificação: amor/amizade. Obrigada pelo texto!

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