sábado, 3 de setembro de 2022

Conversas SBCenses: sobre o México

 


Primeiro texto que recebemos, da nossa querida SBCense Polly, que relata sua viagem ao México em 2018 com um grupo de amigxs, ... "éramos sete pessoas", relata ela... e, de lá, ouvíamos com ansiedade relatos do "atentado" em Juiz de Fora  (onde está o Adélio agora??? quais os motivos para o mesmo ser tão "escondido"???)... assim como ouvíamos com esperança os relatos do movimento das mulheres "ele não".... e, claro, voltamos do México, naquele ano, para as eleições... e perdeu a democracia... e o resultado, quatro anos depois - estamos vivenciando... e nos mobilizando para retomarmos o estado democrático de direito e um país mais justo e distributivo, pois - nos diz a Polly - "a pobreza e a fome está nos doendo muito".

E, a seguir, o relato da Polly:

"A cultura mexicana apresenta elementos que demonstram influência tanto dos povos pré-colombianos que viviam naquele território quanto dos colonizadores espanhóis. É possível reconhecer ainda uma série recente de manifestações típicas estadunidenses, dada a proximidade com aquele país".

"Pesquisei, antes de ir na nossa viagem, sobre a História do México, pois "quanto mais você sabe sobre algo mais você VÊ as coisas... e quanto mais você VÊ mais você busca conhecer", não é isso TU? A seguir um pouco da minha pesquisa, com acréscimos das minhas impressões e vivências:

Os Olmecas compunham a primeira grande civilização a se instalar no México, mais precisamente na sua região centro-sul, e tiveram seu apogeu entre os anos de 1200 a 600 a.C. Diversos povoados se desenvolveram posteriormente ao sul de onde hoje fica o território mexicano, os quais tinham na agricultura a sua principal atividade comercial.

Destaca-se a presença dos Teotihuacan, que construíram uma cidade de mesmo nome entre 100 a.C. e o ano 700 da era atual, considerada a maior cidade da era pré-colombiana. Eles são, de certa forma, contemporâneos dos maias.

A civilização Maia é uma das mais importantes de todo o continente americano. O seu apogeu ocorreu entre os anos de 250 e 900 da era atual. Essa civilização se desenvolveu por grande parte da América do Norte, com forte presença no México e também na América Central. Os maias são conhecidos pelas grandes construções características de suas cidades, bem como pelas contribuições no campo da Matemática e no sistema de escrita. O declínio dos maias aconteceu no século X e se estendeu por vários séculos, incluindo o período da chegada dos colonizadores europeus na América.

É importante mencionar ainda o desenvolvimento das civilizações Tolteca e Asteca no território mexicano. A segunda é considerada a última grande civilização pré-colombiana, e a população sob o seu domínio chegou a aproximadamente cinco milhões de pessoas. Os astecas foram conquistados pelos europeus em 1521, dois anos após a chegada dos colonizadores espanhóis na região de Veracruz, no México. Como resultado, a população nativa foi escravizada e, em parte, dizimada. Além disso, milhares de pessoas foram convertidas ao catolicismo, introduzido a partir de 1523.

O México conquistou a sua independência da Espanha em 1821. Em 1823, foi estabelecida a república mexicana. O país passou por um período ditatorial, entre 1876 e 1909, comandado por Porfirio Díaz.

"O aprofundamento das desigualdades sociais nesse ínterim, dentre outras questões político-sociais, fez eclodir a Revolução Mexicana em 1910, que teve duração de uma década. Data desse período o Movimento Zapatista, liderado por Emiliano Zapata, um dos principais nomes da revolução. Em meados do século XX, o país passou por um importante processo de expansão e desenvolvimento de sua economia, que se viu novamente em crise na década de 1980.

O início dos anos 2000 foi marcado pela chegada do Partido Ação Nacional ao poder, oposição ao então predominante Partido Revolucionário Institucional, que estava há décadas à frente na política nacional. A retomada do poder pelo PRI ocorreu nas eleições de 2012 e teve continuidade em 2018. O partido permanece até hoje na liderança governamental do México.

O México é o maior país falante de espanhol do mundo. Além desse idioma, diversas línguas nativas também são faladas no país. As religiões cristãs possuem o maior número de adeptos, e muitas das festas e datas comemorativas de grande importância no México apresentam elementos de caráter religioso e espiritual, mas não necessariamente associados ao cristianismo. O que me impressionou no México foi a impressão que tive da incorporação que eles tiveram da colonização espanhola, inclusive via religião católica, porém com uma manutenção das suas crenças e da sua cultura. Este aspecto aparece nos museus, nas praças das cidades, na arte e na cultura em geral, tanto da cidade do México quanto no país como um todo.



Uma das principais celebrações mexicanas é o Dia dos Mortos, uma homenagem colorida, com desfiles e oferendas àqueles que já nos deixaram. A figura da La Catrina, conhecida como caveira mexicana, é bastante associada a esse feriado. Outras datas de grande importância são o Dia da Independência (16 de setembro) e o Dia da Virgem de Guadalupe (12 de dezembro), padroeira do México. 

E outra coisa que fiz, antes (e depois) da nossa viagem, foi ver alguns filmes mexicanos:

"A vida é uma festa", filme de 2017, um desenho animado maravilhoso que aborda a questão da morte na cultura mexicana.


E o maravilhoso ROMA: Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.   O filme, uma autobiografia do diretor mexicano Alfonso Cuarón, foi vencedor do Oscar em 2019.

E mais recentemente, na Netflix, vi o espetacular A NOITE DO FOGO, filme de 2021 da diretora Tatiana Huego Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, três amigas ocupam as casas daqueles que fugiram e se vestem de mulheres quando ninguém está olhando. Enquanto magia e alegria abundam no próprio universo impenetrável delas, suas mães treinam as três garotas para se protegerem dos grupos de sequestradores que atuam na região, até que um evento altera a rotina do povoado. “Às vezes a percepção do que vemos não é real”, explica o gentil professor, um dos poucos elos, no filme,  de afeto em espaço público. O filme também questiona a diferença entre essência e aparência, entre o real e sua representação. "Assim, fornece um cinema ao mesmo tempo verossímil e surreal, algo possível quando a realidade se aproxima do absurdo". 


A culinária mexicana foi listada pela Unesco como patrimônio cultural imaterial da humanidade. Dentre os principais pratos estão o pozole, feito à base de milho cozido e outros vegetais, o mole poblano, um molho escuro e espesso que leva diversos ingredientes, dentre eles o chocolate, e as enchiladas.
No México encontramos pelo menos cinco cores diferentes da espiga de milho, inclusive o preto, muito saboroso. E o abacate... comemos de todo jeito, principalmente com muita pimenta, a GUACAMOLE:

Corte os abacates na metade, tire o caroço e remova a polpa; Amasse com um garfo (podem ficar pedacinhos do abacate); Em um recipiente, misture o abacate amassado, cebola picadinha,  pimenta,  coentro e tomate picadinho. Acrescente o sal e o suco de limão. Lá eles comem com NACHOS, uma espécie de torrada; aqui criamos o hábito de comer com torradas ou como acompanhamento do peixe, é delicioso.

O que não falta na cidade do México são os museus, mais de 150, alguns tão grandes que um dia de visita não dá para a metade do mesmo, como o Museu Nacional de Antropologia, uma verdadeira aula de História do ser humano. Mas a experiência mais linda, para nós, foi a visita ao museu Frida Khalo, onde nos emocionamos com a história e a arte dessa grande mulher latino-americana: "Não quero que pense igual a mim... quero que PENSE!"
Frida Kahlo nasceu e morreu na casa azul no bairro de Coyoacán, Cidade do México, onde é o museu... a casa parece, ainda, habitada por ela... e é como no filme FRIDA, que revi quando voltei... lindíssimo...
                                                                                                                                    



Da cidade do México fomos para San Cristóbal de las Casas,  uma das principais cidades turísticas do sul do país. Ela é o principal ponto turístico de Chiapas, o estado do extremo sul do México que faz fronteira com a Guatemala. Chiapas é o estado mais pobre do México; entretanto é um estado riquíssimo em cultura e belezas naturais. Os próprios mexicanos valorizam muito a cultura do sul do país. As pessoas da cidade nos contam que o dinheiro estava nos estados do norte, pois várias indústrias americanas se transferiram para essa região do México, porém, são estados que não possuem muita cultura, pois incorporaram a cultura americana. A riqueza cultural e também natural está no sul, dizem eles. 

Realmente, é na região sul do país que se localiza a maior parte das cidades turísticas. E San Cristóbal de las Casas é uma delas. Essa é uma cidade muito peculiar, uma cidade pequena, com cara de interior, como a nossa Ouro Preto em Minas Gerais,  por exemplo. Riquíssima em cultura, arte, artesanato, além das belezas naturais E onde encontramos pessoas de várias partes do mundo, inclusive no Hostel onde ficamos.  E não confundam, como uma pessoa do nosso grupo, São Cristóvão, o protetor dos viajantes, com São Cristóvão de Las Casas. Não se trata de uma pessoa só, são duas: São Cristóvão... e De las Casas, o espanhol Frei Bartolomeu de Las Casas, defensor de indígenas e africanos, bispo em Chiapas em meados do século XVI. É que aquela pessoa procurava por todo canto da cidade por uma imagem de São Cristóvão de Las casas, até que entendeu que "não existia esse santo!"... só o São Cristóvão mesmo...

O principal ponto turístico de San Cristóbal de las Casas fica fora da cidade que é o Canyon del Sumidero. Esse é o principal canyon do México. Rodeado pela floresta,  é um lugar muito bonito em que é possível fazer um passeio de barco para admirar a beleza natural.


Outra opção de turismo não é nada tradicional. Em Chiapas, nasceu o grupo guerrilheiro chamado Exército Zapatista de Libertação Nacional, EZLN.Movimento zapatista inspirou-se na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfírio Días que desencadeou a Revolução Mexicana em 1910. Existem guias de San Cristóbal que levam turistas para conhecer comunidades zapatistas; lá eles explicam como sua comunidade se organiza, como é a gestão do movimento e por que lutam: pretendem a autonomia das comunidades indígenas e um estilo de vida com dignidade e liberdade. O movimento defende uma gestão autônoma e democrática do território, a participação direta da população, a partilha da terra e da colheita. Todas as pessoas andam com toucas para não identificarem os rostos e mesmo assim não é possível tirar fotos. Esse é o tipo de passeio de quem busca algo diferente; também chamado de "turismo político".

  E aqui termina o relato da Polly sobre o México. Agradecemos imensamente.

E pensamos: talvez o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), maior produtor de arroz orgânico da América Latina,  realize este projeto do TURISMO POLÍTICO...     Se já o faz deveria, no nosso entendimento, intensificá-lo, quem sabe com o nosso próximo Presidente! Pois precisamos MUITO  nos conhecer e nos situar histórica e politicamente... 



E o assunto em pauta nos remete ao nosso grande artista Antonio Carlos Belchior (1946-2017), cantor, compositor, músico, produtor, artista plástico e professor cearense:  


E terminamos com sua música, esperando nossa próxima contribuição, para conhecermos um pouco mais sobre nossa América Latina.

Abraços...





4 comentários:

  1. Amei conhecer um pouquinho sobre a história do México! Parabéns 👏 👏 👏

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  2. Assunto interessante, a gente lê rápido. Cultura sempre em nossas histórias.

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  3. 👏👏👏👏👏🍀

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  4. Parabéns, a meu ver intercâmbio cultural sempre traz novidades, obrigado.

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