sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Um filme e dois livros pra "virar a chave"

Filme do Reino Unido de 2022, da diretora Sophie Hyde. 
Sinopse: em "Boa Sorte, Leo Grande" Nancy Stokes é uma professora que acabou de se aposentar. Apesar de ter tido uma vida satisfatória, existe uma coisa que ela nunca teve: Nancy nunca fez um sexo digno de chamar de bom. Na verdade, Nancy nem sabe se o que ela fez foi de fato sexo. Mas isso são águas passadas, Nancy está obstinada em seu plano de ter, pelo menos uma vez, uma noite de sexo prazerosa. E tem tudo desenhado em sua cabeça: ela chamará um jovem trabalhador do sexo e reservará (anonimamente) um bom quarto em um hotel. Ela até sabe o nome do jovem: Leo Grande. Leo sabe o que faz e sabe que faz bem o seu trabalho. Apesar de parecer somente mais uma cliente e mais algumas horas de trabalho, Leo está certo que essa é a coisa que mais intrigou ele, e que Nancy é também uma pessoa diferente.

"O filme argumenta pela legalização do trabalho sexual, mas reconhece a realidade de abuso que subsiste por trás dele. Desenha a jornada de empoderamento físico, sexual e emocional de sua protagonista feminina, de seu encontro com a própria autonomia, mas não sente a necessidade de cancelar a importância da conexão humana para que esse processo aconteça. Boa Sorte, Leo Grande entende que o mundo é complicado, e seres humanos mais ainda, mas postula que a única forma de navegá-lo de forma saudável é com a ajuda um do outro".

Mas Boa Sorte... é muito mais... o site OMELETE diz que é um DRAMÉDIA... muito apropriado esse termo. O filme começa tenso, a protagonista Nancy (Emma Thompson) está nervosa, sem saber o que fazer... 'tomada' pelas 'certezas do conhecido' e pela 'segurança dos julgamentos' .... como sofremos com esse 'jeito de ser' aprendido, duramente internalizado e reproduzido por nós! ...  E se transforma em riso quando ela, convidada a incluir o novo na vida,  começa a relaxar. Rimos de nós mesmas, qual mulher nunca fingiu um orgasmo? e quantas de nós ainda nem sabemos? Pois precisamos nos conhecer... Emma Thompson (explêndida: fingindo um orgasmo e "tendo" um orgasmo...), no lançamento do filme no festival de Berlim, declara: "as mulheres sofreram lavagem cerebral para odiarem o próprio corpo".

E a cena real, terminando o filme, três mulheres saem com a expressão iluminada... e correm para o banheiro. Duas são amigas, a terceira não as conhece. E esta entra no box pra fazer xixi e começa a rir. Saindo do box ela pergunta às outras duas se gostaram do filme. A resposta é afirmativa. E elas perguntam porque ela estavam rindo. Então ela conta que ficou imaginando ela mesma e as outras duas correndo pro banheiro pra dar uma "masturbadinha". Pois saímos do filme nessa vibe. O filme fala sobre descoberta. Nossa descoberta do DIREITO ao prazer. Sim! o prazer é um direito! e quem fez a gente acreditar que direitos são dados? Claro que não! Temos que lutar por eles! E as três acrescentaram: como diz o filme, essa "aprendizagem" deveria ser um SERVIÇO PÚBLICO! Despedimos nos desejando boa sorte...

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Neste romance - ficção nacional  Frei Betto ergue sua voz em defesa dos indígenas, perpetuamente esquecidos pela sociedade brasileira e oprimidos pelos grupos que os exploram desde o "descobrimento".

 "Tom vermelho do verde" é um livro de denúncia, mas também um romance histórico que cativa o leitor desde as primeiras páginas e o impressiona com o profundo conhecimento da cultura indígena apresentado pelo autor.

"No momento em que os povos originários sofrem pressões para que suas terras sejam exploradas por companhias mineradoras e madeireiras que causam danos ecológicos irreparáveis, Frei Betto nos revela o drama vivido pelos Waimiri-Atroari a partir da construção da rodovia BR-174 em suas terras, na década de 1970. Drama até então conhecido apenas por estudiosos de culturas indígenas e que se prolonga até hoje, cujas consequências não se restringem às vítimas inocentes. Pelo contrário, atinge proporções catastróficas e imprevisíveis à medida que a floresta amazônica é arrasada e seus povos originários são dizimados".





Frei Betto é considerado uma das vozes mais ativas na luta pela justiça social na América Latina. Escritor consagrado, vencedor de dois prêmios Jabuti, tem mais de cinquenta livros publicados no Brasil e no exterior, que refletem sua trajetória como militante político e talentoso ficcionista. Temos o filme "Batismo de sangue" baseado no seu livro... e temos também ótimos livros infantis, "Um estranho dia de Zacarias" é um deles.



Em entrevista de lançamento do livro "Tom vermelho..." ele lembra Eduardo Galeano, que nos  relata a dizimação das nações indígenas das américas, com a entrada dos europeus,  no seu livro de 1971 "As veias abertas da América Latina". Diz, ainda, que para a preservação do futuro da vida no planeta, é preciso mudar radicalmente o "senso do eu" para o "senso do nós". E, sobre o Brasil agora, com a vitória do campo progressista, um programa mínimo, ou o primeiro passo seria a demarcação das terras indígenas e kilombolas. Importantíssimo, também, a criação de uma cultura plurinacional. E, falando em lançamento, teremos aqui em Belo Horizonte no Auditório da Cemig (Av. Barbacena, 1200 - Santo Agostinho), no dia 22 de agosto, quarta-feira), as 19.30h, evento presencial, aberto ao público. Bora!!!

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Por último,  hoje, para continuarmos no movimento de "virar a chave": O BANDIDO QUE VIROU ARTISTA, da Koller Editorial

Antes de tudo uma história de vida. A história da vida do Rapper Sagat B.

Uma infância marcada pela absoluta ausência de sonhos ou perspectivas, uma adolescência subvertida pelas drogas, e uma juventude de crimes.

A soma dessa química destrutiva resultou em três sentenças e 12 anos de vida atrás das duras grades da prisão.

A lição do quanto o crime não compensa enseja e cobre todas as páginas deste livro, que mostra a transformação, que veio por meio do autoconhecimento, pela consciência da necessidade de autorresocialização, que no caso de Sagat B foi possível por meio da leitura e da música ou, em uma palavra, foi viabilizada pela arte.

Toda ressocialização e possível, e a história de vida do Sagat B é um exemplo. Assim como o exemplo de como a arte pode salvar vidas. E o SBC se propõe a essa prática...


A propósito de virar a chave, a "resposta" a uma fala recorrente sobre o nosso sistema capitalista, que tenta demonizar o socialismo e o  comunismo. No tempo de juventude da protagonista do filme de hoje, segunda metade do século passado, o que "aprendíamos" através da "mídia hegemônica" era que "comunistas comiam criancinhas"; que o socialismo e o comunismo "adoram" pobreza. E este julgamento 'pré-conceituoso', continua... para algumas pessoas, dessa idade e outras ainda mais novas, mas que não conseguem começar a "virar a chave", pois não fazem perguntas, não buscam outras mídias, não leem, não buscam outras histórias e se fecham nas "verdades consumidas" de forma alienada... eis a 'resposta':

- Definitivamente, o socialismo e o comunismo NÃO adoram a pobreza. Na verdade, quem AMA a pobreza é o capitalismo, pois não vive sem ela. Para alguns poucos ficarem ricos inúmeros outros estão sendo explorados, escravizados, submetidos. E alienados, se transformam em "massa de manobra".
Por isso precisamos, também, ter como projeto para um governo progressista, a transformação de escolas de tiros em bibliotecas.  

Terminando por hoje com o presente|convite à reflexão:

Até nossa próxima "virada de chave". Abraços carinhosos...


2 comentários:

  1. Sempre acredito na reflexão dos fatos e no empoderamento de todas as pessoas sem julgamentos. A saída do estado normotico se faz necessário quando ha o reconhecimento das fraquezas e nos infelizmente não nos preparamos socialmente para as amargiras da vida.

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