domingo, 7 de agosto de 2022

Mais uma homenagem do SBC a grande cinéfilo


Ai... o cinema francês...

Começamos nosso post com o prazer de compartilhar mais um grande filme do festival Varilux deste ano de 2022, encaminhado por amigo SBCence, segundo ele,  o melhor do festival:

O filme: GOLIAS, direção de Frédéric Tellier, filme de 2021, baseado em fatos reais. "Os mistérios do poder se misturam em um filme emocionante e fascinante do início ao fim", segundo a France Info Culture

Sinopse: Em Golias, na França, France é professora de esportes durante o dia, trabalhadora à noite, é uma ativista contra o uso de pesticidas. Patrick, um obscuro e solitário advogado parisiense, é especialista em direito ambiental. Mathias, lobista brilhante e apressado, defende os interesses de um gigante agroquímico. Seguindo o ato radical de uma pessoa anônima, esses três destinos, que nunca deveriam ter se cruzado, se acotovelam, colidem e se inflamam.

Trata-se de um filme denúncia, segundo nosso SBCense. E o personagem que mais o impactou foi o Mathias, interpretado por Pierre Niney. "Mathias é o lobista da indústria... aquele que passa os seus dias defendendo o que o filme denuncia como indefensável: a renovação da aprovação de um fitossanitário que parte da sociedade denuncia como cancerígeno, isso enquanto o business defende como medida fundamental para garantir a subsistência da agricultura no país.

"O que Golias tem de melhor é a forma praticamente didática com a qual desmonta o discurso dos gigantes da área agroquímica. E para isso é imprescindível que Mathias seja um dos protagonistas. O lobista tão habilidoso quanto desprovido de consciência é visto deturpando fatos, dialogando de modo cortês com políticos, sendo convidado às mesas de discussão – e essa representação não é equivalente àquela conferida aos pequenos agricultores. Além disso, ele é agressivo na utilização de militância cibernética direcionada (trolls, bots, etc.) e se vale das ferramentas da publicidade para criar slogans posteriormente repetidos por autoridades. Esse conjunto deixa muito evidente que toda a defesa dos produtores de agrotóxicos está bem alicerçada em lógicas que nada têm a ver com o bem comum. Os negócios querem a manutenção das lucratividades polpudas, mesmo se isso significar sacrifícios de vidas humanas"... nosso SBCense cita Marcelo Müller Jornalista, crítico de cinema e membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

Feita mais essa indicação de filme francês, passamos à nossa promessa do post  anterior, de 29 de julho: Chico Buarque, música e cinema. Quem acompanha o SBC  do início, desde 2010 pelo menos, já sabe das inspirações que esse grande brasileiro nos traz. Lembramos de post de 26 de janeiro de 2012: Era uma vez um romance... The end com o Chico. Nele contamos o caso do "tórrido romance" da SBCense e da 'herança' do mesmo, uma coleção de DVDs do Chico... e um deles, especial, com depoimentos e passagens de suas músicas em filmes brasileiros.

A relação de Chico Buarque e o Cinema é muito intensa. Desde 1972 com a música Quando o carnaval chegar, para filme com o mesmo titulo... passando por participação em filmes como ator (ele se considera péssimo ator, concordamos discretamente), pequenas participações, também desde o Quando o carnaval chegar, Vai trabalhar vagabundo, entre outros ... e com seus livros adaptados para o cinema, como Benjamim, Budapeste, Estorvo ... 
Fizemos um resumo das mais significativas músicas para o SBC, assim como os filmes, sem deixar de recomendar os livros, pois "como ator ele é um ótimo escritor".

O primeiros deles, na nossa memória afetiva,  a música que o Chico fez para o filme Joanna Francesa, em 1973.  Dirigido por Cacá Diegues, um grande parceiro de Chico no cinema, o filme tinha no elenco Jeanne Moreau no papel título, que foi dublada por ninguém menos do que Fernanda Montenegro.  Uma curiosidade sobre esse filme e sua música, é que Chico é fã incondicional de Jeanne Moreau, e para poder facilitar a vida da atriz, Chico fez uma música com muitas frases em francês. Ficou linda ...
Também de 1973,  o clássico Vai Trabalhar, Vagabundo!, de Hugo Carvana. O filme conta a história de Secundino Meirelles (Hugo Carvana) um malandro carioca que é colocado em liberdade depois de um longo tempo na prisão e dedica seus primeiros momentos a admirar as maravilhas do Rio de Janeiro. Preocupado com seu futuro, ele planeja uma grande virada utilizando seus talentos para trambiques. O filme, que foi premiado no Festival de Gramado de 1974, foi embalado por uma trilha sonora escrita por Chico Buarque e Roberto Menescal, inclusive a trilha foi premiada no Festival de Messina, na Itália. A música tema do filme Vai Trabalhar, Vagabundo! é um dos grandes clássicos da carreira de Chico.

Em 1976,  Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto. Baseado na obra de Jorge Amado o filme, pra quem não conhece, conta a história de Flor (Sônia Braga) uma professora de culinária que se casa com Vadinho (José Wilker) um verdadeiro malandro, morreu num dia de carnaval. Após ficar viúva Flor se envolve com o farmacêutico Dr. Teodoro (Mauro Mendoça),  trabalhador e recatado. Eles se casam, mas como Teodoro não consegue satisfazer Flor, Vadinho volta. Mas apenas Flor o vê. O filme durante 34 anos foi a maior bilheteria do Brasil e ganhou vários prêmios, incluindo Melhor Trilha Sonora no Festival de Gramado. A trilha do filme foi composta por Francis Hime e Chico Buarque, que escreveu para o filme as três variações da música O Que SeráAberturaÀ Flor da Pele e À Flor da Terra. Com o Chico e Milton Nascimento essa música é simplesmente maravilhosa...

Em 1980 outro clássico do cinema nacional 
Bye, Bye Brasil. Com José Wilker e Beth Faria no elenco, o filme conta a história de três artistas itinerantes, Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão. A eles se juntam o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa, Dasdô (Zaira Zambelli), e a Caravana cruza a Amazônia até chegar a Brasília.  A trilha sonora do filme foi composta Chico, Menescal e Dominguinhos. Mas a grande que entrou para história do cancioneiro brasileiro, é a inesquecível Bye, Bye Brasil.

Pulamos a década de 80, quando o cinema nacional entrou em crise e na década de 90 quase foi extinto. Por esse motivo Chico Buarque parou de compor para o cinema. Mas suas músicas apareceram em um filme ou outro. 
Em 98 Walter Lima Jr. pediu para o Chico escrever uma música  para seu filme, A Ostra e o Vento.  O filme, que é a estreia de Leandra Leal nos cinemas, conta com uma valsa instrumental criada por Chico e era usada pelo mesmo para ninar seu neto.


Lembramos de homenagear, junto com o Chico, o grande  JÔ SOARES: Em 2001 temos a trilha musical do filme O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr,. O filme é baseado no livro homônimo do Jô e  a trilha foi composta por Edu Lobo. Chico escreveu junto com ele a música Forrobodó, um delicioso maxixe, pouco conhecido dessa dupla. 


Em 2002 temos o filme LARA, direção de Ana Maria Magalhães, baseado nos livros autobiográficos de Odete Lara, narra as desilusões e as alegrias da atriz ao longo das décadas de 1930, 40 50 e 60. Lara relembra o suicídio dos pais, sua vida amorosa e o ingresso no mundo artístico. 

E um destaque sobre a participação do Chico no cinema brasileiro: o filme de 2006 ZUZU ANGEL dirigido por Sérgio Resende, conta a história da estilista Zuzu Angel que teve seu filho morto durante a Ditadura Militar. No filme Chico Buarque é citado de forma bem contundente, pouco antes de “sair para a morte” Zuzu (Patrícia Pillar) recebe um pacote com uma fita cassete enviado por Chico. Na fita está a gravação de Apesar de Você, um hino contra a repressão da ditadura. Quando ocorre o fatídico acidente, ela está ouvindo a música o que é quase um recado,  um grito de liberdade, em especial na cena. Ao final dessa cena, o filme acaba e toca a música Angélica, escrita por Chico Buarque e Edu Lobo em homenagem a Zuzu Angel.

Voltando a nossa história do DVD Chico e o Cinema, temos abaixo um  depoimento do mesmo ao final desse documentário dizendo que o Chico é de confiança mas "o compositor não é de confiança", pode tentar fazer mas "não sair mais", como na década de 70. E temos, ao final, a linda música ELA FAZ CINEMA, para coroar nossa conversa sobre esse grande cinéfilo.


E depois de um tempo dedicado à literatura Chico nos presenteia com a música    QUE TAL UM SAMBA
Como “Apesar de Você”, em 1970, “Que Tal um Samba?” é em 2022 ao mesmo tempo um samba eterno, popular, mas essencialmente histórico, político. Política aí no sentido contemporâneo: vivida nas ruas, na praia, no futebol (“Fazer um gol de bicicleta/Dar de goleada”), no amor e na arte (“Deitar na cama da amada/Despertar poeta/Achar a rima que completa o estribilho”)... e a receita do samba como remédio para o estrago" do Brasil de 2022, para "juntar os casos", ir à luta" e "zerar o jogo".


Nos divertimos e nos encantamos com essa homenagem. Obrigada Chico! E até nosso próximo encontro...


2 comentários:

  1. Não assisti o filme Golias, mas pelo resumo percebe-se o quão importante estarmos unidos na defesa do planeta Terra. Apesar do tema tratar de produtos químicos não pude deixar de comparar com o atual problema que enfrentamos com a construção do Rodoanel e demais rodovias que passam como furacão dizimando o planeta. Mas relembrar Chico Buarque é relembrar as lutas pelo fim da ditadura. Chico Buarque foi um dos que me inspiram na adolescência com suas músicas de protestos. Apesar de censurado e perseguido não se calou.

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