quarta-feira, 18 de maio de 2022

segunda oficina SBCense TÁ CAINDO FLOR

 

. Não sei onde eu li ou ouvi sobre nós, mulheres, e nossa ancestralidade (e, talvez, nosso "conceito" de amor, aprendido e internalizado...), mas sei que não inventei o seguinte: 'Dizem' que nas sociedades primitivas as tarefas, ou funções, eram distribuídas (talvez, nessa época, sem nenhuma atribuição de valor maior ou menor a essas funções). Estamos falando da época pré-histórica, período neolítico, cerca de 12 mil anos atrás, quando o ser humano "descobriu"  uma forma nova de obter alimentos, através da agricultura. E, com isso, foi deixando de ser nômade e 'se fixando' a terra (claro que isso não aconteceu de uma hora pra outra numa tarde fria de quarta ou quinta feira). Então, os homens saiam para a caça e às mulheres era destinada a tarefa de colheita e preparo da alimentação, além da fabricação dos recipientes para se preparar a mesma e, também, das tarefas de cuidados com o povo que estava nascendo... E nessas atividades que exigiam ficarem juntas durante algum tempo, as mulheres "aprenderam" a conversar umas com as outras muito mais do que os homens, que saiam à caça e se dispersavam... Isso explicaria o desenvolvimento "ancestral" desse tipo de inteligência entre as mulheres, ou seja, a inteligência verbal ou linguística, junto com a inteligência emocional. 

. Pode parecer muita "puxação de brasa pra nossa sardinha", mas confesso que não vejo falar disso numa reunião entre homens. E é o que acontece entre nós mulheres: com facilidade nós já vamos conversando sobre nossas vidas, nossas relações, nossas emoções, nossas dificuldades... enfim, parece "orgânica" uma troca afetiva... Assim como, para nós, mulheres plugadas no mundo, fazermos o movimento desse nível pessoal para a ampliação de visão, ou seja, para a "política" num sentido mais amplo, para a visão crítica do mundo em todos os níveis de relação, e para a elaboração de ações possíveis... como é o caso dos projetos SBCenses.

. Pois, "emendando" nosso assunto  (este eu sei citar a fonte, disse nossa terceira participante da conversa), acabo de ler um ótimo 'presente' de aniversário: o livro "Por que amamos" de Renato Nogueira, que cita em seu terceiro capitulo, "Amar é contar histórias": a Sherazade salvou sua vida (e a de outras mulheres do reino) contando uma história que não tinha fim ao sultão que desposava as moças do reino e depois da primeira noite mandava matá-las. Essa leitura me lembrou também o saudoso Rubem Alves, que "usou" do mesmo mito para nos dizer que as mulheres podem (e devem) ser 'agressivas' ( no sentido de 'ir de encontro a...", ou assertivas, como queiram) na fala; e que os homens também podem (e devem) ser receptivos, como o sultão, com o ouvido, pois o ouvir é "ativamente receptivo".  Pois bem, voltando ao capítulo 'amar é contar histórias', chegamos ao propósito do SBC, com este projeto TÁ CAINDO FLOR e com todos os nossos projetos, tanto os construídos até agora quanto os que vão se seguir: QUE HISTÓRIA QUEREMOS CONSTRUIR, ou QUE HISTÓRIA DE AMOR, NÓS DO SBC,  QUEREMOS CONTAR? pois este é o nosso propósito! Construir\contar uma história bonita de crescimento humano através das trocas entre amigxs, do enriquecimento mútuo, assim como uma história de ações concretas, somando e multiplicando forças e possibilidades, a partir de competências de cada um|a de nós, no sentido de um mundo mais justo e bonito.

. Tá feio esse mundo injusto e desigual que estamos vivendo não? e, para tal construção, lembrando o Betinho, Herbert de Souza,  irmão do Henfil, quando voltou ao Brasil depois do exílio, final de anos 80 do século passado, que disse não ficar envergonhado se fosse chamado de 'assistencialista', o que ele queria, de imediato, era contribuir para matar a fome de tantos brasileiros à época. E agora estamos em situação parecida, ou seja, precisamos matar fome e frio de muitas pessoas, para criarmos condições de consciência política, consciência de cidadania e luta por direitos.


















. Nesse ponto da conversa (e da produção da oficina, isso tudo fora as folhas do começo do nosso post), surgiu o assunto bastante pertinente: SEDUÇÃO... uma de nós lembra grande brasileiro Celso Furtado, grande economista, fundador da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) e, como Betinho, também refugiado político nos tempos sombrios da ditadura. Depois que ele volta do exílio, escreve dois livros 'contando histórias' da criação da SUDENE, "A fantasia organizada" e do seu exílio, "A fantasia desfeita". Num desses livros ele conta que em 1968 Sartre veio ao Brasil e foi a Recife participar de um encontro entre progressistas da época. Então, o Celso era o único que sabia traduzir o francês, e teve o privilégio de traduzir Sartre, que ele colocou como uma pessoa extremamente sedutora, como são "as pessoas inteligentes".  E eu, mulher e psicóloga que, até então, tinha a sedução como uma característica estereotipada do feminino, tive a oportunidade de resignificar este conceito: pois a sedução indiscriminada é aquele em que o|a sedutor|a, além de não apresentar objetivo claro, deseja o outro como "escravo", submisso|a; já a SEDUÇÃO INTELIGENTE é quando "eu te seduzo e te quero como sujeito dos seus propósitos, objetivos, desejos, nos juntando para escrever e contar um história, HISTÓRIA ESTA QUE SEJA NOSSA, NÃO SOMENTE MINHA NEM SOMENTE SUA, MAS NOSSA. Ou seja, um "bom encontro" de desejos.
                                              Celso Furtado (1920-2004)
. Todxs nós concordamos sobre a beleza dessa ideia,  que está essencialmente ligada ao conceito de POLÌTICA, e que é esta a ideia dos projetos SBCenses, todas e todos e todes aqui se envolvem "onde os olhos brilham"...

. Voltando a nossa oficina:  temos, ainda, a produção de um tanto de flor pendurada, cada uma numa espécie de corda, produção que parece, segundo grande SBCense, meio "tosca" a primeira vista... mas que, juntas, penduradas no teto ou numa outra corda, darão um efeito decorativo lindíssimo no nosso cenário no dia do evento.

. E temos também, abaixo,  alguns "modelitos" para o TÀ CAINDO FLOR, semi prontos, já a partir do nosso estoque SBCense de retalhos em flores:


















. E por falar em AMAR É CONTAR HISTÓRIAS, quem disse que nosso modelo de ''casamento juntividade', esse padrão de morar juntos quando casamos, é bacana, ou seja, é um modelo de amor? Pois não foi nesse ponto que uma de nós contou uma história bacanérrima, que nos fez refletir sobre este assunto? Ela nos contou que conhece um casamento que está muito melhor depois que eles "separaram" geograficamente, por questões práticas, digamos... ou seja, cada um mora numa cidade e, quando um\a vai se encontrar com o\a outro é ótimo! rola "pena pra tudo quanto é lado" , segundo uma pessoa desse casal. Isso não é nada novo, segundo outra de nós, na roda: Lembram do Aluísio de Azevedo(1857-1913)? Aquele do livro 'O Cortiço', livro que todo mundo que fez "vestibular"  leu (ainda recomendam este livro para o ENEM?). Então, muito antes do Cortiço precisamente em 1895, na sua primeira edição, ele escreveu "O livro de uma Sogra", onde teoriza sobre o casamento: O amor pode até durar para sempre, mas é possível amar alguém todo dia?  Aluísio de Azevedo  assegura que não. "Não há estômago que resista a faisão dourado todos os dias; o melhor acepipe, se não for discretamente servido, enfastiará no fim de algum tempo".  

. Continuando no tema AMOR e, como sempre no SBC,  juntando com POLÍTICA, conhecem o padre que vai celebrar nesta quarta dia 18, o casamento da Janja e do Lula?  Don Angélico! Com certeza será um ato POLÍTICO de AMOR! E a frase do dia de Don Angélico:

"AMAI-VOS... NÃO ARMAI-VOS..."
Com essa frase nos enchemos de esperança na construção de um Brasil mais justo e bonito ...



. Por fim, para nos aquietarmos com a notícia de que nosso projeto teria que ser adiado (provavelmente será no primeiro sábado de julho), nos reportamos ao nosso já citado em outros posts (veja nosso post de 28 de abril de 2021), sobre ARTE e POLIÍTICA), uma inspiração do SBC, Ho Chi Minh (1890-1969), que diz que justamente quando eu quero MUITO qualquer coisa é que, em vez de ser tomadx pela ansiedade e correr com as organizações, é que faço bem devagarzinho... para tudo DAR MUITO CERTO. É o que queremos para todos os projetos SBCenses e, particularmente, para este TÁ CAINDO FLOR,  pois TODOS os nossos projetos são elaborados e desenvolvidos por pessoas em que "os olhos brilham"... 

. Ainda a tempo: em virtude dessa onda de frio resolvemos, nós do SBC, doar nosso estoque de roupas do MERCADO DAS PULGAS que estávamos recebendo para usarmos no projeto TA CAINDO FLOR, para o Movimento Nacional dos Moradores de Rua, através da Pastoral de Rua situada a Rua Além Paraíba, 208, bairro Lagoinha Belo Horizonte. Estamos, portanto, fazendo nova campanha de arrecadação de roupas, tanto para o nosso evento TÁ CAINDO FLOR  quanto para continuação do MERCADO DAS PULGAS, assim como, em situações  como a que estamos vivendo, juntarmos tudo e encaminharmos para distribuição  emergencial. Nossa gratidão a todxs que já doaram e nosso pedido de novas doações e compartilhamentos da campanha. 

Abraços carinhosos...






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