quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Lançamento do Projeto SBC Cinema e Arte... dia 29.novembro.2021

É com grande alegria que compartilhamos nosso primeiro encontro. O SBC agora tem um CINE CLUBE!


Iniciativa da nossa grande SBCense Antonieta, que realizou a inscrição do SBC no ICEM Instituto Cultura em Movimento, criado em 2002, coisa do Ministério da Cultura. Daí recebemos alguns DVDs, com curtas e longas, do Circuito DIFUSÃO - Cinema e Direitos Humanos. 

Presentes no lançamento do SBC Cinema e Arte: Antonieta Shirlene, Maria José Birro Costa, Maria José Baião Lula de Moraes, Renata Alexsandra, Santuza Fernandes Rodrigues.

Selecionamos dois curtas para o lançamento do projeto: 

. PREFIRO QUE ME XINGUEM

Direção: Marcos Warschauer e Levi Guimarães Luiz

Brasil|2020|14mim|documentário

Sinopse: Quantas margens tem a sua cidade? "Eu sou Eric": com essa assinatura nas mensagens escritas nos muros da cidade, o desenhista em situação de rua Eric Batista chama atenção para a vida com a arte nas ruas e nos faz refletir sobre a desigualdade,  a invisibilidade e os preconceitos vividos pelas pessoas à margem da sociedade. O documentário "Prefiro que me xinguem" acompanha o artista nos faróis e revela um personagem rico e complexo.

. OS ANJOS DO MEIO DA PRAÇA

Direção: Alê Camargo e Camila Carrossine

Brasil|2020|11mim|Animação

Sinopse: Durante uma grande batalha entre anjos e demônios, um dos anjos cai na Terra e acaba aprisionado pelos moradores, que descobrem que eles se alimentam ao realizarem os sonhos das pessoas.

Nossa ideia era usar esses dois curtas como pretexto, ou Pré Texto. Começaríamos o projeto conversando sobre Direitos Humanos de uma forma geral, o que cada um(a) entende|vive sobre o tema. Fizemos, no planejamento, um roteiro dessa maneira. Mas, como no SBC ,quase sempre, as coisas são tão bem planejadas ao ponto de termos a flexibilidade suficiente para alterarmos nosso roteiro a partir das demandas apresentadas "ao vivo" na realização de qualquer projeto... este não foi diferente: em vez de começarmos com os curtas, já fomos  direto conversando sobre "direitos humanos e gênero", e violências que nós, mulheres, sofremos (e também reproduzimos ou alimentamos) tanto nas relações íntimas quanto nas relações com filhas e filhos, e também com nossas mães. Discutimos como é difícil dizer "não"; também como é difícil criar novas formas de convivência para nossas vidas, para além da forma mais conhecida, a "familiar"... recuperamos o Projeto SBCense "Blue Sky"... que pode ser Village, pode ser apart, etc... (veja nosso post de 25.julho.2012). 

Então, surgiu a primeira indicação bibliográfica, que a SBCense que indicou considera imprescindível como crítica ao sistema em que vivemos:



A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884) Friedrich Engels

A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado é uma obra que conecta o capitalismo com o que Engels afirma ser uma instituição em constante mudança - a família. Foi escrita quando ele tinha 64 anos de idade e contém uma visão histórica da família em relação a questões de classe, subjugação feminina e propriedade privada



E foram surgindo outras indicações bibliográficas, na medida em que íamos conversando:

Este livro da Julia Rocha, a propósito de empoderamento feminino, divisão de tarefas domésticas, diferença entre "ajudar" e "participar", saber dizer "não" para o outro dizendo "sim" pra você mesma...









"Os filhos de Jocasta", a propósito de relação filho/mãe... 

Freud, em sua leitura da tragédia grega, escolheu a figura de Édipo como modelo de toda a existência humana. Mas e Jocasta? Silêncio. No entanto, frente à ausência do marido, Laio, é Jocasta quem ocupa todo o espaço junto ao filho Édipo, Tragédia antiga? Para a autora, trata-se de um dos dramas mais modernos, revividos ao longo das gerações pelas Jocastas, essas mulheres-mães que assumem praticamente sozinhas a educação de filhos e filhas. Mulher e psicanalista, para Christiane, é a sombra da mãe, tão diferentemente sentida pelo menino e pela menina, que explica e alimenta o secular antagonismo entre o  homem e a mulher, a permanente guerra dos sexos. Mas Freud nada disse sobre Jocasta. Neste terreno, tudo está para ser feito. E a autora o faz: uma "outra psicanálise", num estilo claro e acessível, a meio caminho entre o discurso analítico e o discurso feminista.











E mais o "Porque amamos", de Renato Nogueira. Subtítulo do livro: O que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor. Assunto muito pertinente ao SBC, vale a pena colocar aqui o sumário do livro, para instigar a leitura.



Bem, estávamos completamente dentro do assunto Direitos Humanos, embora com o desvio "Direitos Humanos e Gênero". Combinamos, então, de deixar este tema para o próximo encontro, não sem antes
recomendar o documentário "O silêncio dos Homens". Só entrar no youtube e procurar, vale a pena.

                                                                              

Daí que partimos para os filmes propostos... e nos emocionamos com os dois curtas exibidos.

Logo após rodada em que cada uma respondeu às perguntas: 
. O que são os direitos humanos para você? 
. O que você pensa/vê sobre direitos humanos na atualidade?...

Tivemos uma super aula com nossa querida professora de história Antonieta Shirlene, que nos expôs sobre os direitos humanos na História:

Não podemos entender os Direitos Humanos hoje sem nos remetermos aos antecedentes históricos:

. Com a queda do sistema feudal e o fortalecimento da classe burguesa, vai sendo implantado, ao longo dos séculos XV, XVI e XVII,  o sistema capitalista. Ao longo do século XVIII , a burguesia, já fortalecida, vai financiar  a Revolução Industrial Inglesa, como também será a protagonista e a grande beneficiada da Revolução Francesa.. Com a queda do Absolutismo na França, a burguesia implanta, naquele país, a República. E é neste contexto que surge, em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Um documento importante historicamente, mas que beneficiará, basicamente, a própria burguesia. Ao analisarmos, hoje, este documento,  podemos verificar que os " direitos humanos " não inclui TODOS os humanos.

. Na primeira metade  do século XX ,  o mundo vive os horrores de duas Grandes Guerras. E pós Segunda Guerra Mundial , acontece a criação da ONU e a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Entretanto, podemos observar novamente que, como aquela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, esta Declaração de 1948 TAMBÉM é excludente.


Depois dessa bela aula de história, novas reflexões e novas indicações:
                           

-  Como, além de professora de história, a pessoa é poetisa, ela termina sua aula com um poema seu:

             Tente

Não entristecer com um menino refugiado morto na praia
Com milhares de pessoas famintas catando lixo para sobreviver
Com jovens negros sendo assassinados por milicianos
Com pais estuprando suas filhas ainda bebês.
Tente...
Se você conseguir, não podemos mais te chamar de homem
Nem de bicho.


- A noite dos desesperados Filme de 1969,  direção Sydney Pollack,  retrata a época da Grande Depressão americana (anos 30 do século passado)), quando é criado um concurso de dança que oferece mil e quinhentos dólares como prêmio para o casal que conseguir ficar mais tempo dançando. Ao final do filme uma cena chocante: um dos casais "sobreviventes" (os casais iam desmaiando, de cansaço ou fome) conversam (sobre aquela miséria humana) e ela diz: Eles matam cavalos, não matam?  (porque não nós, humanos...)












- Arquitetura da destruição 
Documentário do youtube de 1989, acompanha a trajetória de Hitler e de alguns de seus mais próximos colaboradores com a arte. O filme destaca a importância da arte na propaganda, que teve papel fundamental no desenvolvimento do nazismo em toda a Alemanha. Este filme nos fez refletir em como é "considerada", de uma maneira excludente,  a humanidade nos regimes autoritários.












- O pequeno príncipe. Filme de animação, uma crítica muito interessante ao sistema capitalista, acessível a crianças de 10 anos, como foi o diálogo citado na nossa conversa, entre neto e avó,  descrito no nosso post de 6 de outubro de 2021: Na Varanda: Sobre alienação, ideologia... e política. Vale a pena a leitura.
 













- A escolha de Sofia. filme de 1983,  baseado no romance do mesmo nome, de William Styron. Sophie sobrevive a campos de concentração nazista e encontra uma razão ara viver em Nathan, um judeu americano brilhante, instável e obcecado pelo holocausto. Mas a felicidade dos dois é ameaçada pelos fantasmas do passado dela. 











Reparem que algumas lembranças que foram citadas se referem a uma época em que os direitos humanos eram tristemente atacados... guerras, nazismo, fascismo... e fizemos uma analogia com a nossa realidade atual, no Brasil e no mundo. Então lembramos do mais recente filme brasileiro, que retrata uma violência aos Direitos Humanos:




. A última floresta (lançado em março de 2021): filme brasileiro (em parte documentário, em parte baseado no livro A Queda do Céu - Palavras de um Xamã Yanomami) cotado para o Oscar, dirigido por Luiz Bolognesi, com roteiro dele e do xamã yanomami Davi Kopenawa, realizado na aldeia junto com os Yanomami. O filme mostra as vivências e tradições desse povo e sua luta pela sobrevivência, contra as inúmeras ameaças do homem branco. Uma resenha do filme: "... "A última floresta" é eficiente em desmantelar qualquer noção de primitivismo dos povos originários. Os indígenas tinham razão o tempo inteiro, e os acontecimentos dos últimos anos deixam isso muito claro. A destruição da floresta Amazônica causa poluição e falta de água no Sudeste e nas plantações de soja do Centro-Oeste". 
 Para ver na íntegra: https://youtu.be/1vfm122d4ZQ
Também na Netflix, com melhor resolução. 


E fechamos nosso encontro com a pergunta: Direitos Humanos existem? Para quem? 

Como recebemos, na nossa cultura, este conceito, como uma coisa naturalizada! Ou seja, direitos humanos para todos e todas... parece que nem precisamos lutar... e muito... por eles ... os nossos direitos, que são, diariamente, infringidos. Vejam as guerras, vejam aqui no Brasil as chacinas nas favelas,  de populações pobres, negras e negros, jovens mortos queimados em centros de reabilitação, estes casos são muito recentes... vejam as queimadas na Amazônia, tudo em função de "lucro", vejam as aldeias indígenas sendo destruídas! Ou seja, naturaliza-se que Direitos Humanos são "uma coisa dada", o que gera passividade, alienação, o pensamento de que não precisamos lutar, diariamente, por eles. 

Concluímos que a discussão sobre Direitos Humanos pode vir a ser um engodo quando os conflitos são encobertos. E  quando não se propõe uma mudança estrutural, no nosso sistema. Portanto, a palavra chave é CONFLITO... abrir conflitos, para enxergar... e atuar na mudança.

Precisamos da nossa capacidade de nos indignar... MEMÓRIA, JUSTIÇA, VERDADE.

E terminamos com a leitura de um trecho do Ailton Krenak.


Então até nosso próximo Cine Clube. Abraços carinhosos...





5 comentários:

  1. São assuntos pertinente vivencia na sociedade, de reflexão com crítica.

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  2. sim Renata. Contamos com a sua participação. Abraços...

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  3. Entrei para ver por recomendação de Santuzza ,estou vendo que são críticas de reflexão.

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