quarta-feira, 19 de novembro de 2025

O LIVRO DA SEMANA

 

Escrevo O Que Eu Quero era o título dos panfletos escritos pelo líder negro sul-africano Bantu Steve Biko que também deu nome a seu livro.

Biko nasceu em 18 dezembro de 1946 na África do Sul. Formado em medicina, ele foi um dos idealizadores do Movimento de Consciência Negra e desenvolveu Programas de Assistência à Comunidade em seu país.

Biko acreditava no combate ao sistema de opressão e submissão a que estavam subjugados. Ele foi sem sombra de dúvida um dos maiores nomes do ativismo contra o apartheid Sul Africano.

Steve Biko usava o pseudônimo de “Frank Talk” (Falando Francamente) para publicar seus escritos onde a ‘consciência negra’ destaca-se como um dos principais temas. Em um dos textos Steve Biko faz uma definição sobre a Consciência Negra: “... Procura provar que é mentira considerar o negro uma aberração do “normal”, que é ser branco. É a manifestação de uma nova percepção de que, ao procurar fugir de si mesmos e imitar o branco, os negros estão insultando a inteligência de quem os criou negros.”

Biko foi brutalmente assassinado em doze de setembro de 1977 pela polícia racista do apartheid. Os cinco policiais que o torturaram só confessaram o crime vinte anos após de sua morte. Ele ainda é inspiração para aqueles que lutam contra a segregação racial, que não precisa ser instituída por lei para fazer parte da realidade. 

O Movimento de Consciência Negra tinha como objetivo o resgate da autoestima e dos valores ancestrais do seu povo, a partir da consciência de si - redefinição do "self" negro. 


"Definida brevemente, portanto, a Consciência Negra é, em essência, a realização pelo homem negro da necessidade de se unir a seus irmãos em torno da cauda de sua opressão - a negritude de sua pele - e operar como um grupo para se livrar dos grilhões que os prendem a servidão perpétua".

E mais: a libertação não é uma meta distante, e sim uma prática diária de resistência, de orgulho, de reconstrução. 

Em resumo, o que a Consciência Negra propõe:

1. libertar o EU do "cativeiro psicológico;

2. romper com o colonialismo e suas estruturas de poder;

3. unir os negros em torno de sua identidade e dignidade;

4. rejeitar alianças paternalistas com os chamados brancos progressistas, que não compreendem a luta racial; e as ilusões da igualdade racial sobre opressão;

5. transformar o presente num caminho para um futuro verdadeiramente livre.

O dia da Consciência Negra no Brasil é celebrado em 10 de novembro, data que marca a morte de Zumbi doa Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um dos mais importantes símbolos da resistência negra no pais. A data foi escolhida para homenagear a luta e a contribuição dos africanos e afro-brasileiros na formação da sociedade brasileira. Ela foi oficialmente instituída em 2003, com a Lei número 10.639, que também tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. O objetivo é promover a conscientização sobre a importância da cultura negra e combater i racismo e a discriminação racial no Brasil.
Sabemos o tanto que ainda precisamos caminhar nesse sentido. Me lembrei de uma história que aprendi com Rubem Alves, há muito tempo atrás. Ele dizia: Essa história não é minha, meu é só o jeito de contar... e contava sobre "a águia que quase virou galinha", uma história que surgiu naquela África do tempo do apartheid, mesma época do Biko e da Consciência Negra, um 'mestre' dizendo a seus discípulos: "Vejam a que estado os brancos nos transformaram! Águias que andam que nem galinhas! Precisamos voar de novo!"
Inclusive nessa época gravei um vídeo, pois essa 'história mudou minha vida', como costumamos refletir no SBC:


Esperando que aproveitem para reflexão tanto no nível pessoal quanto no nível de cidadania, vivam de maneira produtiva esse feriado de 20 de novembro.

Abraços carinhosos às pessoas que nos leem,

Santuza TU




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