quarta-feira, 9 de julho de 2025

SBC combatendo desinformação

 

O Curupira, um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro, é conhecido como um ser mítico que protege a floresta. Sua lenda tem origem nos povos indígenas, sendo muito famosa no Norte do Brasil, sobretudo no Amazonas e Pará. Essa lenda é bastante antiga, havendo menção a ela do século XVI. É retratado, frequentemente, como um anão que possui os cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente). É importante reforçar que a descrição física do curupira pode variar de acordo com o local em que a lenda é reproduzida. Em certos locais, o curupira é careca; em outros, tem o corpo cabeludo e dentes verdes. De toda forma, as características que se sobressaem são as citadas: baixa estatura, cabelos vermelhos e pés ao contrário. Além disso, destaca-se sua grande força física.

O Curupira como protetor da floresta voltava-se contra todos aqueles que a destruíam e, por isso, era visto com temor pelos indígenas. Estes acreditavam que o curupira aterrorizava e matava aqueles que entravam na floresta para caçar ou derrubar árvores e ofereciam presentes quando entravam na floresta para impedir que fossem vitimados pelo curupira. A lenda fala que o curupira adorava receber fumo e cachaça como presentes. Além de aterrorizar os caçadores, o curupira também era responsável por fazê-los se perder na floresta e esquecer o caminho pelo qual sairiam dela. Uma forma de atormentar os caçadores era o ato de o curupira assoviar continuadamente. Para fugir dele, caso ele te encontre no meio da floresta, é necessário realizar um nó em um pedaço de cipó. Agora, achar por conta própria o curupira na floresta é quase impossível, pois seus pés ao contrário tornam sua localização improvável.

Curupira é oriundo do tupi e existe divergência entre os especialistas a respeito do seu significado. A definição mais conhecida é a que determina que curupira significa “corpo de menino”, mas existem outras definições, como “coberto de pústulas” ou “pele de sarna”.

Não se sabe exatamente quando surgiu a lenda do curupira, mas se sabe que ela é uma das mais antigas lendas brasileiras porque foi uma das primeiras a serem mencionadas pelos portugueses que se estabeleceram no Brasil. Em 1560, o padre jesuíta José de Anchieta, estabelecido em São Vicente (atual litoral do estado de São Paulo), fez uma menção ao curupira. Essa menção constava em uma carta escrita por ele e que foi reproduzida pelo historiador Luís da Câmara Cascudo: "É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios e que os brasis [indígenas que habitavam o Brasil] chamam 'curupira', que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras cousas semelhantes como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos curupiras que não lhes façam mal"

Outros relatos sobre o Curupira estão ligados ao jesuíta português Fernão Cardim, em 1584, ou ao padre Simão de Vasconcelos, em 1663, e ao padre João Daniel, em 1797. Essas menções reforçam o fato de que a lenda era de fato bastante conhecida e difundida pelo território brasileiro. De qualquer forma, foi associado a entidades "demoníacas" no século XIX, como se vê no primeiro relato que se sabe sobre o mito, este citado, de Anchieta.

Não é fora do comum a associação de mitos da nossa terra com "entidades demoníacas", realizada pelos europeus, nossos colonizadores...  até mesmo a distorção desses mitos, no caso um personagem alegre, brincalhão, se transformava numa figura a ser temida. Distorção semelhante foi feita também, em relação à Exu, orixá guardião da comunicação, que faz parte das religiões originárias da África, como Candomblé e Umbanda - uma das entidades mais conhecidas e cultuadas pelos adeptos dessas religiões no Brasil. 'Demonizado" desde a época das primeiras traduções inglesas de palavras iorubá em meados do século XIX, Èṣù foi traduzido como "diabo" ou "satã". O primeiro exemplo conhecido disso veio do "Vocabulary of the Yoruba" de Samuel Ajavi Crowther (1842), onde suas entradas para "Satanás" e "Diabo" tinham Exu em inglês. 

 As instituições religiosas autoritárias e repressoras, que desejam a nossa submissão, geralmente fazem essas distorções em relação à figuras míticas ligadas à alegria... pois a alegria é revolucionária, rompe com padrões enfiados "goela abaixo". E tanto a figura de Exu quando o Curupira são descritos como  "matreiros, brincalhões, moleques, animados, espertos e de pensamento ágil... às vezes tornam-se insolentes e desrespeitosos, porque não ligam para as convenções sociais".

O Curupira é, também, conhecido em outros países. O mito, além de ter surgido entre os nauas, povo indígena que habitava a região do Acre, segundo alguns estudiosos,  foi sendo transmitido para outros povos, como os caraíbas e, por fim, os tupi-guarani; e pode, também, ter relação com seres míticos de outras culturas, como o chudiachaque, presente na cultura inca, por exemplo. Os estudiosos costumam também relacionar o curupira com uma lenda que é conhecida no Paraguai e na Argentina. Essa lenda argentina e paraguaia é sobre o curupi, conhecido como o protetor das florestas e dos animais, porém também um ser com grande apelo sexual. Além disso, os estudiosos falam que, à medida que o mito foi se espalhando, o curupira foi ficando conhecido por outros nomes, como caapora. A caapora é mais conhecida como caipora e é muito relacionada com o curupira e também com o saci-pererê, por causa da quantidade de semelhanças existentes entre essas lendas.

Lendas folclóricas são histórias contadas pelo povo de um lugar há muito tempo. Essas histórias, ou mitos, foram transmitidas de uma geração a outra pela oralidade, ou seja, pela fala. Cada país - ou região -  tem suas lendas próprias, ainda que muitas vezes as origens sejam incertas e mesclem traços culturais de outros povos. No Brasil, a maioria das lendas e personagens do folclore surgiu da união entre as culturas indígena, negra e europeia. Ou seja, o Curupira tem "amigos", como a  IARA, entidade do folclore que se relaciona às águas, por isso também é chamada de Mãe D’Água; o SACI-PERERÊ,  personagem mais famoso do folclore brasileiro; a CUCA (na verdade trata-se de uma feiticeira com poderes de encantar e raptar crianças, como vemos na cantiga popular Nana Neném: 'Nana, neném | Que a Cuca vem pegar | Papai foi na roça | Mamãe foi trabalhar" ; o TUTU, também conhecido como Tutu Marambá, também personagem que amedronta crianças, como o Boi da Cara Preta, o Bicho Papão (e a própria Cuca). O Tutu é de origem  europeia, mas em solo brasileiro se transformou e ganhou esse nome como influência da cultura africana, já que “tutu” vem de “quitutu”, uma palavra de origem angolana que significa “ogro”, segundo o historiador e folclorista Câmara Cascudo. "Tutu marambáia | não venhas mais cá |que o pai do menino | te manda matá". Temos outros personagens maravilhosos no nosso Folclore: BOTO, MULA SEM CABEÇA, LOBISOMEN, NEGUINHO DO PASTOREIO, CAIPORA, ...

Por que estamos falando do Curupira? Pois não é que esse personagem foi escolhido como novo mascote da COP30! Que maravilha! Muito pertinente... 

Todos os anos, países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) se reúnem para a Conferência do Clima (COP), com o objetivo de discutir e tomar decisões sobre como reduzir as emissões de gases do efeito estufa, combater o aquecimento global e outros problemas relacionados à preservação do meio-ambiente. E neste 2025, uma figura folclórica brasileira terá destaque especial.

Neste ano, ocorrerá a COP 30 em novembro, em Belém, no Pará. E a nova gestão da Secretaria de Comunicação da Presidência da República escolheu como mascote para a nova edição da conferência o Curupira, um ser mítico do folclore brasileiro que, de fato, tem tudo a ver com o objetivo da reunião.

Pois, voltando aos nossos personagens folclóricos, se o Tutu tem origem europeia e se abrasileira e se transforma, também um personagem muito conhecido entre nós é o ...

Pinóquio (em italiano Pinocchio) é uma personagem de ficção cuja primeira aparição se deu em 1883, no romance As aventuras de Pinóquio escrito por  Carlo Collodi, e que desde então teve muitas adaptações. Esculpido a partir do tronco de uma árvore por um entalhador chamado Geppetto numa pequena aldeia italiana, Pinóquio nasceu como um boneco de madeira, mas que sonhava em ser um menino de verdade. O nome Pinocchio é uma palavra típica do italiano falado na Toscana e significa  pinhão (em italiano padrão seria pinolo).

Pinóquio é associado à mentira porque é um personagem que conte muitas mentiras. Na adaptação cinematográfica, ele é um boneco cujo nariz crescia a cada vez que ele contava uma mentira. Ele é egoísta e não confiável. 

"Dizem que a mentira tem pernas curtas. Mas, desde cedo, aprendemos que ela tem mesmo é o nariz comprido. Basta lembrar de Pinóquio, personagem bastante presente no imaginário infantil ocidental, que recebeu como castigo por sua má conduta um nariz expansível e retrátil. Assim, toda vez que faltasse com a verdade , seu nariz cresceria e denunciaria a farsa. O boneco é uma referência para as crianças do significado das mentiras e da internalização das regras. Alguns pais fazem questão de relembrar com insistência a história aos pequenos, na forma de sutis ameaças – “Não conte mentiras, pois seu nariz vai crescer igual ao do Pinóquio!”. Pois bem, uma artimanha muito eficaz para as crianças, já que a identificação com o personagem é muito forte". 

Pois o Pinóquio da nossa Minas Gerais foi logo "deturpando" todo o significado do Curupira:  “Excelente escolha para representar o Brasil e nossas florestas: anda pra trás e pega fogo”, escreveu no X nesta quarta-feira, 2. 

... Pois 'andar pra trás' é não reconhecer a cultura e o folclore do nosso País !!! É distorcer significados com o objetivo de nos submeter, nos escravizar... como se faz desde que o Brasil foi "invadido"... 

Enquanto isso, combatendo o colonialismo atual, o imperialismo, a unipolaridade dominadora ... é que a gente avança na construção de um mundo multipolar e faz o mundo inteiro voltar os olhos ao Brasil... e seremos protagonistas nessa construção, junto com nossos 'hermanos'...

Combatendo outros pinóquios:


Lembrando: 17 de julho, dia do protetor das nossas florestas, CURUPIRA, salve, salve!!!

E terminamos com samba! Música de Jorge Mirim / Rodrigo / Sérgio Fernandes.

Grande Bezerra da Silva -  uma crítica contundente e direta à corrupção e à hipocrisia presentes na sociedade, especialmente entre os políticos e figuras de autoridade. Bezerra da Silva, conhecido por suas letras que abordam a realidade das favelas e a vida dos marginalizados, utiliza esta canção para expor a indignação e a revolta contra aqueles que abusam do poder e traem a confiança do povo.

Pra tudo tem um samba!!! E bora pra rua defender o Brasil e nossa soberania!!!


Abraços carinhos a todos os amigos e amigas que nos acompanham...

Santuza TU



Um comentário:

  1. Sempre conheci estes seres do folclore, adorava ver historia de Monteiro Lobato ,Saci. Sou.cristã evangelica, amo saber sobre folclore, so não vou em quadrilhas ,poraue é como se estivesse louvando santos

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