sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

SBC em Ouro Preto: VITORIOSAS... SOMOS...

 

Ivan Lins nasceu em 1945 no Rio de Janeiro. Agora com 78 anos, é um destacado compositor, tendo músicas gravadas por nomes consagrados como Elis Regina (CartomanteMadalenaAos Nossos Filhos), Simone (Começar de Novo), Quarteto em Cy (Abre Alas), Gel Costa (Roda Baiana), Jane Duboc (De Alma e CorpoAos Nosso Filhos) Zizi Possi (Demônio de Guarda) e Emílio Santiago (Velas Içadas). 

Vítor Martins, na foto com Ivan Lins, nasceu em 1944 em Ituverava (São Paulo), ficou famoso ao compor, com Ivan Lins, a canção Abre Alas, iniciando uma profícua parceria que durou décadas. Entre os intérpretes de suas canções, além do próprio Ivan, constam artistas brasileiros, como Elis Regina e Simone, e internacionais, como George Benson, Ella Fitzgerald, Sara Vaughan, Quincy Jones e Barbra Streisand.


Em 1991, com o parceiro Ivan Lins, fundou a gravadora Velas  (Atual Galeão), responsável pelo lançamento de artistas como Lenine, Belô Veloso, Guinga e Chico César, entre outros.


E, nos anos 80 do século passado, Ivan Lins gravou a música Vitoriosa. Essa música foi tema da novela Roque Santeiro, também dessa década. Aliás, uma década marcada, aqui no Brasil, pela abertura política e pela vitória contra a ditadura que se estabeleceu no nosso país em 1964; e, ainda pela nova Constituição, em 1988. 

E eu estava, no segundo casamento, tendo meus dois filhos. Em 1985 nasceu Laura... que fez 15 anos em 2000. E, na sua festa, pediu para, ao som dessa música, descer triunfante a escada da casa onde foi a festa.

Agora, dezembro de 2023, relembramos a música... pois foi super oportuna para a comemoração da conquista do nosso Espaço Casa da Árvore em Ouro Preto. 

Vejam no Instagram: @casadaarvore.ouropreto

E, ouvindo de novo a música VITORIOSA, não teve jeito de não ser instigada...

Falamos em pontos de vista: se a gente olha para um ponto de vista acha linda a música... e é mesmo! e é, também, estimulante, empoderadora... imagina as mulheres, jovens adultas, na década de 80... realmente, não sabíamos como se gozava e tínhamos vergonha de perguntar, conversar, trocar ideias... imagina que, outro dia, assisti uma palestra antes da minha, que era sobre combate à violência, a primeira era sobre sexualidade feminina e a palestrante nos contou que somente em 1998 foi "descoberto" o clitóris interno, e é grande por dentro! e ali fica o ponto G!!! 

Então, não ter vergonha de aprender como se goza é, realmente, libertador... Vejam um trecho da música:

Quero toda sua pouca castidade

Quero toda sua louca liberdade

Quero toda essa vontade

de passar dos seus limites

E ir além...

Sim... todas queremos... e aí começo a pensar em outro ponto de vista  possível...vejam o vídeo:


Esse quero me encasquetou ... por mais românticas que sejamos... sim, todos e todas nós somos, todos e todas aprendemos a idealizar o ser amado... e aí mora o perigo ... necessário o movimento da idealização (no enamoramento) para a humanização e a busca do "NÒS". Porque necessário? por que relações HUMANIZADAS são CONSTRUÍDAS, como tudo no humano, enquanto que as relações romantizadas, idealizadas, reproduzem o modelo "dominação-servidão", repercutem em sofrimento desnecessário... e, acreditem, estamos impregnados e impregnadas desse modelo, tanto o homem "doce e feminista", que não VÊ a  reprodução, no automático, do modelo machista da sociedade em que vivemos... quanto a mulher "liberada", que busca relações simétricas, e que, por um triz, cai no modelo de "ser do jeito que ELE quer que eu eu seja"... e faz isso "por amor". Ou seja, estarmos atentos e atentas é imprescindível... às vezes penso que posso estar sendo "paranoica"... mas, não!!!... me deixa com a minha paranoia! É ela que pode me proporcionar o caminhar para a abertura de conflito e para a construção de relações sujeito-sujeito, ou seja,  objetivo é sair dela, conversar, rir junto... e caminhar para a construção do NÓS...

Há pouco tempo recebi um videozinho do insta, mais de uma vez, de algumas mulheres no processo de "tomada de consciência" desse processo de "repetição do modelo", muitas vezes "travestido" de "modernidade". Era mais ou menos assim:  

Romantismo nas várias épocas: 

Anos vinte - as moças conversando, uma delas disse: aí ele pulou o muro lá de casa, me trouxe flores, e depois recitou um poema pra mim, depois me pediu em casamento, pro meu pai, lógico... e agora eu tô noiva!!! E as outras: ai, que lindo!!!

Romantismo anos 50: aí ele fez uma serenata pra mim, me pediu em namoro, me convidou pro baile a noite... e as outras: ai... que lindo!!!

Romantismo 2024: estamos ficando há três anos e até hoje ele não me assumiu, mas ele disse que eu sou mais especial do que todas as outras meninas que ele fica. E ele me mostrou seu story onde aparece  a ponta do meu cabelo! E as outras: Ai, que lindo! que homem!!!

Desse jeito: o que mudou? o que não mudou? Fica em aberto ... para nossa reflexão.

E, conversando sobre tudo isso,  recebi também de amiga SBCense a indicação de livro:


História inesquecível de uma menina que deseja estudar para poder encontrar sua voz e falar por si mesma. Adunni nasceu e cresceu em uma aldeia rural na Nigéria. Aos catorze anos, ela é uma mercadoria, uma esposa, uma serva. Mas, acima de tudo, ela é inteligente, engraçada e curiosa, com uma energia contagiante. A mãe de Adunni lhe disse que a educação é a única maneira de não se calar — de não perder a capacidade de falar por si mesma e decidir o próprio destino. Depois da morte da mãe, o pai da garota a vende para ser a terceira esposa de um homem que está ansioso para ter um herdeiro. Adunni consegue fugir do casamento arranjado, apenas para ser vendida para uma família rica, à qual deverá servir. Mas, ao contrário de tantas outras garotas forçadas a uma vida de servidão, Adunni não será silenciada. Apesar dos obstáculos aparentemente intransponíveis em seu caminho, Adunni nunca perde de vista o objetivo de escapar da vida em que nasceu para poder construir o futuro que escolheu para si — e ajudar outras meninas como ela a fazer o mesmo. 

 "Estou muito animada com este livro... Na Nigéria e em todo o mundo, meninas lutam pelo direito de aprender. Sou grata a Abi por mostrar os desafios que as nigerianas enfrentam e o poder de suas vozes", diz Malala Yousafzai 

E o  The New York Times publicou o seguinte comentário:  "A voz original e corajosa de Adunni articula poderosamente uma raiva retumbante contra o patriarcado tóxico da África... Daré atrai o leitor com uma personagem vívida cujas circunstâncias terríveis contrastam com sua criatividade natural e uma vontade feroz de sobreviver... Ao longo de sua angustiante jornada de amadurecimento, contada com entusiasmo e compaixão, Adunni nunca perde a 'voz alta' que torna a história de Daré e sua protagonista tão inesquecíveis." 

Terminando,  "vislumbro" a possibilidade da construção de relações simétricas, humanizadas, mais prazerosas, mais bonitas, quando pensamos nessa construção nos vários níveis de relação, valorizando igualmente todos os níveis,  desde a cama, as relações afetivo sexuais, até as relações mais amplas, o exercício da cidadania, com solidariedade, companheirismo, construção humana, enfim. 


Mãos Dadas, de Carlos Drummond de Andrade, no seu livro Sentimento do mundo, de 1940:

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Obrigada Drummond... Obrigada a todas as pessoas que nos acompanham... 

Boas conversas para 2024, desejamos a todos e todas...

SANTUZA TU


4 comentários:

  1. Jose francisco seniuk12 de janeiro de 2024 às 21:30

    Revigorando postagem para a vida presente, para os homens e mulheres do presente.

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    1. Sim... Obrigada pela leitura e pelo comentário José Francisco,!!!

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  2. O tempo presente é fundamental para limpar o caminho para o futuro. Vivemos agora a dor da perda de nossa ciclista-palhaça numa sociedade que continua misógena e cruel

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