sábado, 19 de março de 2016

Filosofias SBCenses: o lado A e o lado B da mulher na história




Vocês se lembram do post de 02.03.2015 sobre as pessoas e os LPs?
Leram? Se ainda não, aproveitem agora...
Trata-se de uma riquíssima teoria psicológica SBCense... digo riquíssima pois é uma “teoria aberta”, ou seja, a partir da metáfora podemos ir refletindo e nos vendo e encontrando melhores jeitos de ser no mundo.

É a (divertida, sem deixar de ser profunda...) comparação das pessoas com os LPs... o nosso lado A e o lado B... e não se trata do maniqueísmo de pensar que um lado é o bom e o outro é o ruim, e sim do que tem de bom e de ruim em cada lado, como se apropriar e utilizar cada lado para a vida, para o belo, para o prazer.

Pois bem, a propósito do tema deste mês (mulheres e feminismo) e a partir dessa teoria aconteceu uma outra riquíssima filosofia... reflexão... sobre o que chamamos de Lado A e Lado B da mulher, o lado A construído cultural e historicamente no Brasil a longo do último século até os dias de hoje... e o Lado B, também construído historicamente, pois somos serem históricos, objetos (reprodutores...) e sujeitos (construtores e construtoras...) da história.

Uma grande SBCense levou um texto  da historiadora  Carla Bassanezzi Pinsky, extraído de livro já super recomendado no nosso blog: A Nova História da Mulher no Brasil. Então nos servimos deste texto para “filosofar”, ou seja, elaborar o perfil da mulher forjado ao longo deste último século, que vem a ser a nossa matriz, os modelos que podem determinar a maneira de ser, de pensar, sentir a agir... e que podem nos enriquecer... ou nos condenar, nos aprisionar... assim como as construções contrárias aos modelos... e que também podem nos aprisionar ou nos libertar.

Em outras palavras: como somos e como deveríamos ser. “São muitas as representações que envolvem a figura feminina em todas as épocas. Dentre elas, há as dominantes, tomadas como modelo e referência”. E, além de influenciar os nossos modos de ser, agir e sentir, interferem nos espaços que ocupamos na sociedade e nas escolhas de vida que fazemos. E temos, ao longo da história, rebeldias, transgressões,... que foram desconstruindo esses modelos e, aos poucos, fazendo uma revolução, construindo novas formas de SER mais livres e autênticas.

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Então... vamos à história: As mulheres foram (e ainda são) identificadas com o seu sexo, confundem-se com ele e são reduzidas a ele. A “pura” e a “puta”; a “santa” e a “pecadora”, vejam aí o lado A e o lado B definindo de forma maniqueísta (ou\ou) as imagens femininas. No Brasil, mesmo com a chegada do século XX, não houveram grandes rupturas, ou seja, permaneceram as heranças europeias e medievais que valorizavam a pureza sexual das mulheres e condenavam as que gostavam de sexo.

Na primeira metade do século XX, não havia dúvidas de que as mulheres eram, “por natureza”, destinadas ao casamento e à maternidade. Este “destino” fazia parte da essência feminina, incontestavelmente. A família era tida como central na vida das mulheres e referência principal de sua identidade. Aí está forjado o lado A.
Um Amor Conquistado o Mito do Amor Materno



Um lado B possível e ótimo como referência: o livro " Um amor conquistado: o mito do amor materno. Para Elisabeth Badinter, feminista francesa contemporânea,  dois fatores estão ligados à formação do "mito do amor materno": a necessidade de assegurar a sobrevivência dos descendentes e a idealização da figura da mãe, a fim de que certa completude se fizesse sentir entre a mãe e a criança. Não se trataria, segundo ela, de "instinto", pois o afeto se formaria da convivência e seria algo "conquistado", como é o caso da paternidade





Badinter em foto de 2003



Mulher de bem, mulher de família, filha obediente, esposa submissa, mãe dedicada, temente a Deus, virtuosa e recatada. O outro lado: mulher da vida, mulher alegre. Ávida, voraz, insaciável (lado B)... ou passiva, frígida, indiferente ao prazer sexual (lado A). Tais modelos rígidos eram marcantes na elite e reproduzidos na classe média. Mas mesmo entre as mulheres trabalhadoras das primeiras décadas do século passado havia adesão aos modelos, na busca por uma maior aceitação social. As noções de honra eram reproduzidas e era senso comum que o homem que roubasse a virgindade de uma “moça honesta” tinha a obrigação de reparar o mal com o casamento.






Lá pelos anos 20 o cinema norte-americano apresentou a figura da vamp... a femme fatale da literatura e do teatro europeu da época. Fazia parte das fantasias masculinas... do Adão pela Lilith (vejam nosso post anterior). Esses fatores contribuíram para alterar padrões da “moça de família” da época. As garotas começaram a aprender a dançar, a pular carnaval, podiam ir sozinhas às compras e à escola. Porém, em vez de contribuir para a autonomia, denotava mais a continuidade da vontade de agradar aos homens e arrumar um “bom casamento”, um “bom partido”. Então, aprimorar os encantos femininos, o poder de sedução, ser “saudável”, passaram  a ser um bom investimento.



Na população pobre o relacionamento dos casais era determinado em grande parte pelas condições concretas de existência e seguiam regras próprias, mais igualitárias. As mulheres em geral trabalhavam e tinham certa independência, então os casais se desfaziam mais facilmente. Tal conduta era diferente dos valores dominantes, então as mulheres eram retratadas como “vadias”, “cheias de vício”, pessoas com “baixos padrões morais”... tudo lado B.

Mas também nas classes sociais mais altas surgiram lado B bastante interessantes, uma minoria de mulheres que teimaram que sua conduta liberada era apenas moderna e não imoral:

 


As "Flappers", no Brasil conhecidas como  “Melindrosas”, foi nos anos 20 um estilo de vida que "desacatavam a tradicional conduta feminina". Vestiam saias curtas, aboliram o espartilho, cortavam o cabelo a moda Chanel, ouviam jazz, tango ou samba  Ansiosas por gozar a vida, apreciadoras do flerte, da dança e do sorriso. Tornaram-se as primeiras mulheres da história moderna a representar o feminino através da indulgência e liberdade. Isto não era simplesmente uma revolução da beleza, era sexual.






As “suffragetes”, reivindicaram direitos políticos e educacionais iguais para todxs (mulheres e homens)

Brasil-feminino-a-mulher-na-constituinte-2


Com a conquista do direito ao voto por países como Inglaterra e EUA, o movimento sufragista ganhou ainda mais força por aqui. O fato de muitas sufragistas fazerem parte da elite política brasileira facilitou a obtenção do voto feminino no Brasil, mais cedo do que a maioria dos países latino-americanos. 

Em 1928, a cidade de Mossoró (RN) tornou-se a primeira cidade no País a autorizar o voto da mulher em eleições, o que até então era proibido (mesmo não constando na Constituição Federal). Foi neste mesmo ano que uma mulher conseguiu liberação judicial para votar — a potiguar Celina Guimarães Viana. Após essa conquista do direito de votar, um grande movimento nacional levou inúmeras mulheres a fazerem a mesma coisa. No ano seguinte Alzira Soriano de Souza elegeu-se prefeita do município de Lajes, no Estado do Rio Grande do Norte, tornando-se a primeira prefeita eleita no Brasil. 


Com a tomada de poder por Getúlio Vargas, o governo apresentou-se favorável ao sufrágio feminino. Em 1931, Getúlio concedeu voto limitado às mulheres, ou seja, somente solteiras, viúvas com renda própria ou casadas com a autorização do marido poderiam votar. Grupos feministas continuaram manifestando-se, alegando igualdade de voto entre homens e mulheres. Então, Getúlio Vargas assinou o decreto n.º 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, o qual determinava que era eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma do código.


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A bióloga Bertha Maria Júlia Lutz foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto à mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Não no Brasil, na Inglaterra, mas foi tema da nossa conversa, citado como "o filme da minha vida", "super atual", "fala muito da gente". As sufragistas (Sufragette), filme de 2015, direção de Sarah Gavron, inspirado no movimento pelo voto feminino do final do século XIX e início do século XX na Inglaterra, retrata a vida de um grupo de mulheres que resistia à opressão de forma passiva, sendo ridicularizadas e ignoradas pelos homens. Elas então decidem se rebelar publicamente e reivindicar seus direitos como mulheres. Conta uma história que se passou há mais de cem anos mas sua carga de urgência e necessidade de mudança é completamente atual. Em uma época na qual igualdade de salários, representatividade e respeito figuram entre os principais objetos de luta das mulheres -  que costumam ser taxadas de "exageradas" pelos preconceituosos de plantão (leiam nosso post "O machismo nosso de cada dia", de 1.3.16) - este filme vem para mostrar que, numa perspectiva histórica, "ontem mesmo", há pouquíssimo tempo, a mesma luta era voltada ao direito ao voto (e,  principalmente, pela dignidade da mulher).




E as artistas e intelectuais modernistas, “afeitas à boemia, ao comportamento sexual mais livre e a formas alternativas de relacionamento afetivo”.


As mulheres tiveram papel tão importante quanto os homens no modernismo. Na foto Pagu, Anita Mafaldi, Tarsila do Amaral, Elsie Houston e Eugênia Álvaro Moreira à frente



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Já nos anos 50... os anos dourados ... o milagre econômico de JK... a industrialização do Brasil. Otimismo pós-guerra... ascensão da classe média... democracia política. O que essa modernidade trouxe de contribuição para a alteração do modelo, da rigidez do lado A para a flexibilização e a possibilidade da construção mais autônoma da nossa identidade?

Nessa época as perspectivas das garotas certamente já haviam se ampliado. A escolaridade da população feminina havia crescido significativamente. Porém, a velha ideia da honra feminina continuava vigorando firme e forte. A Igreja Católica continuava a orientar condutas e impingir modelos. “As garotas desde cedo aprendiam que o casamento feliz coroado pela maternidade e um lar impecável é negado às “levianas”, as que se permitem ter intimidades físicas com homens”. Olha aí de novo os rígidos modelos... lado A e lado B: “Na atualizada classificação moral das imagens femininas, a “leviana” está a meio caminho entre a “moça de família” e a “prostituta”. Pode até fazer sucesso com os rapazes, mas nunca se casa, pois nenhum homem honesto vai querer alguém como ela para “mãe de seus filhos”. Segundo a regra, é o homem quem escolhe a esposa, preferindo as dóceis e recatadas e repudiando as “defloradas” por outro sujeito ou mesmo as de comportamento suspeito, com fama de “emancipada” ou “corrompida, “garota fácil”, “vassourinha” ou “maçaneta” (que passa de mão em mão, namoradeira, promíscua)”. Depoimento de SBCense que viveu sua mocidade nessa época:  “olha que fazíamos uma força danada para viver esse lado B, eu namorada muito, fiz faculdade de psicologia, transei com um namorado por desejo de me desvencilhar do peso da virgindade... mas vivia isso com uma culpa que me corroía, um espécie de ameaça pairava sobre mim, do tipo “você vai ser infeliz pelo resto da sua vida pelas suas escolhas”. Aí, aparecendo o primeiro cara que “me aceitou”, casei rapidamente com ele... e caí de quatro no modelo “in – feliz para sempre”...”

Vamos ao lado A: a “boa esposa” , “esposa perfeita”; a “dona de casa ideal”, a “mulher prendada”, “rainha do lar”. O “espírito materno” foi atualizado. Tudo isso com as facilidades da vida moderna: geladeira, TV, aspirador de pó, entre outros eletrodomésticos que “facilitavam” a vida da dona de casa.
Claro, esse modelo era vivido de forma diferenciada de acordo com a posição sócio-econômica da mulher e da família:  as mulheres de classe alta empregavam com inteligência o orçamento doméstico, era o esperado delas... gastando o necessário (com recepções, festinhas para os funcionários do marido, por exemplo) para uma aparência de distinção; as de classe média dividiam o serviço doméstico com uma empregada e eram encarregadas, além da supervisão das mesmas, de compras da casa, elaboração dos cardápios, embelezamento da casa e costurinhas em geral; já as empregadas domésticas eram representadas de forma nada lisonjeira: “sapeca”, “promíscua”, “debochada”, “burra”... preconceitos raciais tinham grande influência na construção dessas imagens.
Ainda era muito forte nessa época a crença no peso negativo do trabalho fora do lar para a imagem forjada da “mulher ideal”. Tanto que se diferenciou a mulher “trabalhadeira” (expressão elogiosa, desejável para a mulher em todos os grupos sociais... da mulher “trabalhadora” – considerada o oposto da “dona de casa ideal”... “ainda que esta se envolvesse em atividades exaustivas e extremamente relevantes (mas sub-estimadas) para a manutenção dos lares e a construção das economias familiares”. As fábricas eram tidas como antro de perdição. A atividade fabril não é para o sexo feminino, doméstico e maternal por natureza. As oposições sociais diminuíam quando a mulher abraçava uma “profissão honesta”, relacionada a cuidado, assistência e serviço, tipo professora, enfermeira, telefonista, secretária. Diminuíam também quando era por uma “necessidade econômica”, para   “ajudar” o marido... e quando sua profissionalização não comprometesse sua feminilidade. Por outro lado, essas oposições aumentavam quando a mulher argumentava sobre sua escolha de trabalho ser em função de realização pessoal e independência. Pois sua “felicidade” já era definida: O que poderíamos desejar a mais do que ser “a rainha do lar”?

Anos rebeldes... anos 60... o começo da virada, o lado B fazendo história...


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 “Liberdade... autonomia... é a de pensar, sentir e agir... de construir o que queremos ser, nossa identidade... é muito maior do que a do bolso... mas passa por ele”... foi a frase que ouvi de uma espécie de guru lá pelo final dos anos 60... e essa frase internalizada mudou minha vida para sempre... me deu coragem de superar os modelos rígidos, o lado A... e começar a me construir, construir novos valores orientadores para a vida, outro estilo de vida, novas relações fora dos padrões determinados”. Depoimento de SBCense considerada por nós como uma pessoa engajada, contemporânea, plugada no mundo, solteira por convicção, cheia de energia, de amigos, de bem com a vida, feliz (segundo ela “dentro do possível”, a busca é por ser livre, pois buscar “ser feliz” pode nos fazer cair no buraco do lado A, na alienação e na adoção dos modelos prontos e rígidos).

As transformações nos anos 60 (desenvolvimento econômico, industrialização, urbanização, energia elétrica, transporte, comunicações... ampliando o mercado de trabalho, a escolarização dos brasileiros... e brasileiras) ajudaram a modificar os modelos, as imagens da mulher, sua relação com os homens e os significados atribuídos ao feminino. As manifestações estudantis e de segregação racial, a ida do homem a lua, o regime militar no Brasil. E, mais importante dessa época... do século, melhor dizendo... a popularização da pílula anticoncepcional.  Foi com a pílula que a mulher se viu livre da natureza e se apropriou do seu corpo. E "reivindicou o orgasmo".


O movimento hippie trouxe uma nova compreensão da liberdade sexual e do amor




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Apesar de em 1970 as mulheres representarem 50,3% da população e 21% do mercado de trabalho, o papel dela ainda era visto apenas como mãe ou dona de casa. Na imagem: Carlos Lamarca, opositor da ditadura, e Yara Iavelberg treinando tiro, Osasco. (Foto: arquivo histórico)

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Anos 80... 1988... Constituição da República Federativa do Brasil... e o que tem isso a ver com o lado A  e o lado B da Mulher???... TUDO!!! O convite é aprender com a história... para melhorar... resuminho no quadro abaixo da segunda metade do século passado até agora. Olhem bem o ano de 2005... outro dia!!! Pois é... até 2005 no Código Civil e no Código Penal constavam o termo "mulher honesta", ou seja, a mulher ainda era definida "no privado": mulher honesta era (ou é...) aquela fiel, boa mãe, boa dona de casa... reflitam: como se define "homem honesto"? Jamais dessa forma, e sim como bom pagador, que cumpre seus compromissos...


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E em 2006 entra em vigor a Lei Maria da Penha... e o feminicídio continua...

A lei de numero 13.104 altera o Código Penal para prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e inclui-lo no rol dos crimes hediondos. O feminicídio é caracterizado quando a mulher assassinada justamente pelo fato de ser mulher. Sancionada no dia 9 de março de 2015 pela Presidenta Dilma Rousseff, a lei do feminicídio pode ser considerada uma vitória para a igualdade entre os sexos.




E ainda ouvimos (MUITO!!!), inclusive entre nós mesmas:

  • Sou feminina... não sou feminista... pois ainda quero casar (uma compreensão do feminismo como um movimento de mulheres CONTRA os homens, mulheres que não gostam de homens... distorcida... )
  • Não sou machista... nem feminista... sou humanista... (heim???)
  • Feministas são mimimi...
E por aí vai...

Lembrando mais uma vez: a história serve prá gente aprender... e melhorar...

Depoimento de grande SBCense: essa história é fundamental prá gente refletir. Fica claro prá mim que é através do trabalho que conseguimos autonomia. Essa é muito maior do que a do bolso... autonomia de pensar, de sentir, de agir... de SER... mas passa pelo bolso. Pois com a do bolso podemos reivindicar o real compartilhamento com os homens na vida privada. Isso pode condicionar todo o resto. Li que nós, mulheres, continuamos assumindo 70% das responsabilidades domésticas, o que inviabiliza nossa equiparação aos homens no mercado de trabalho. "Se o trabalho doméstico for realmente dividido, as mulheres terão condições de ter uma vida melhor."

E prá terminar por hoje... temos ainda muito a conversar e refletir... recebemos como um PRESENTE um filme que retrata a revolução que pode ser realizada pelas mulheres: "A fonte das mulheres", filme lançado em 2011 na França, dirigido por Radu Mihaileanu.



Com uma delicadeza comovente, a mulheres de uma aldeia norte-africana fazem uma revolução democrática e rompem com os papéis  femininos colocados para elas de uma forma "inquestionável" pela tradição; e fundamentados em argumentos religiosos,  que ajudam a manter uma hierarquia social,  onde os papeis femininos e masculinos são especificados e distintos entre si. E imaginem o que elas reivindicavam: água encanada!!! pois eram elas que buscavam água numa fonte nas montanhas, pois a elas competia o papel de cuidar do lar. A maioria das mulheres não sabia ler nem escrever. Leila sabia... e quando Iname (um espécie de sacerdote) tentou legitimar as agressões dos maridos baseando-se nas escrituras do Alcorão, foi baseada no mesmo livro que ela mostrou que, na verdade, era de igualdade e de uma convivência fundada na paz que as leis de Deus falavam. Então, tudo que se mostrasse diferente disso era uma interpretação possível, um "desvio da escritura... por interesses pessoais". E elas fizeram uma "greve de amor" até conseguirem a água encanada. E fizeram política, e mostraram, também, que o conhecimento legitima a democracia.

E assim terminamos (provisoriamente) nossa conversa sobre lado A e lado B... e lado nenhum quando construímos o que queremos, autenticamente ser... assim vamos nos construindo historicamente.

Abraços carinhosos a todxs...

Santuza TU






































































































Um comentário:

  1. I found that Portugal is in fact the most racist place on earth; especially toward African blacks! It’s as if they have never seen a black person before and the Portugee culture is not only backwards (as if you steped in a time machine and went to the year 1899) but the citizens where exceptionally ignorant. It was as if you were talking to a wall rather than a human being. The Portugee also seemed to be trapped in another dimension of space and time because they kept on talking and mumbling about the past rather than the present…it was pretty funny actually. I found this website that offers a Dr.’s opinion about the racism in Portugal and why the xenophobic culture is not just promoted within but exported as well to everywhere else they may be living. Strange since i’ve never heard of racism being described that way before?? Portugal seem to be experts in racism, especially in Canada and the U.S.

    Visit the link below for more information:http://portugalisaracistcountry.blogspot.ca/

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