terça-feira, 9 de dezembro de 2025

NOSSAS MULHERES

'QUE SEJAMOS LIVRES PARA SER O QUE SOMOS, E QUE POSSAMOS SER MAIS DO QUE SONHAMOS' 


Albertina de Sá, tivemos a honra de conhecê-la, apresentada pelo seu filho mais velho, Jair, na noite de  ontem. Na foto em 2021.  E graças ao seu dedicado filho ela teve a sorte de ver seu livro publicado. 

Passamos a noite lendo o livro... e nos encantando com sua história e com seus poemas e crônicas.
Resgatamos nosso projeto de 2017: NOSSAS MULHERES... e acrescentamos Albertina de Sá como uma das 30 mulheres desse projeto. 
Pois a ideia do mesmo é nos conhecer, nos admirar... e nos 'usar' como modelo, referências para o processo de construção da nossa identidade: quem somos nós, mulheres brasileiras... como queremos nos construir, ser para nós mesmas e ser no mundo. Se não nos conhecemos, como nos construir enquanto sujeitas livres? E temos mulheres maravilhosas aqui na nossa terra, artistas, cientistas, poetas, desportistas... e tudo mais

Albertina vem a ser um grande exemplo para nós. E Jair, nosso já querido SBCence, conta que, numa reunião de lançamento de um curso de aviação, de repente ela levanta a mão e pergunta: "MULHER PODE?"... "deixaram"... e essa mulher, nascida em 1925, foi uma das primeiras, no Brasil,  a pilotar um avião! E ela quis mesmo isso, mudando de domicílio e morando em hotel, o que não era nada comum na época. 

Mas ela não foi somente aviadora. Lendo sua história e seus poemas e crônicas, temos a convicção de que, principalmente na segunda metade do século passado, sua época, cada limitação se transformava num desafio. Criou uma escola na "roça", criou o "mobral"(hoje EJA) à noite na escola, veio pra cidade e fez direito, defendeu os direitos de sua filha 'especial', cuidava da fazenda de gado, construia e reformava  imóveis na cidade... e escrevia suas crônicas e poemas! Lendo o livro vamos do riso com o pinto do Geraldo até o choro com a história do Zé e da Maria Clara, passando por emoções outras - ternura, empoderamento, liberdade, construção, auto estima, empatia ... 

O livro tem uma produção primorosa, um trabalho de dedicação do Jair, junto com o Guilherme Horta na direção de arte e organização de Hugo Almeida. Além disso temos videopoemas narrados por Beatriz Magalhães e fotografias de Beatriz Nogueira. 

Nossa esperança é que o Jair, em 2026, anime de fazer mais exemplares e relançar esse livro maravilhoso. Prepararemos um lindo lançamento. No mais nosso muitíssimo obrigada, querido Jair... por trazer, compartilhar sua mãe conosco. Abraços carinhosos...

Santuza TU

Sarau RENASCER 2... a missão

Finalmente!!! Conseguimos recuperar gravações do nosso sarau... muito mal feitas, mas é isso que temos... nos servem como ótimas lembranças ... para 2026 projeto de aperfeiçoamentos... m
Mais uma vez obrigada a todas as pessoas - todas já  SBCenses - que participaram ... 

   https://youtu.be/nmzwvp2CMa8?si=94KftuXTlswpfdhQ

Na primeira parte temos lindos e lindas amigos(as) novos(as), sejam muito bem vindas(os) ao SBC. 

Temos o problema com o microfone... temos uma linda flauta "superando" anarquicamente o problema... no final tudo dá certo, não sendo assim não é o final ainda. Temos o "desfocamento", ou seja, pessoas se apresentando fora do alcance do vídeo... uma anarquia... Mas prestem atenção ao conteúdo, lindos poemas, lindas falas... 

E, por fim, a troca do microfone... melhorou demais...

A Biláh fez uma linda homenagem ao nosso querido SBCence Rogério Salgado, nos apresentando o livro organizado por Luiz Otávio Oliani, uma seleção de poemas do Rogério, comemorando 50 anos de arte... sorte nossa ele no SBC... 

https://youtu.be/y6pU5qOJ9C0?si=3kMCQLJBTYy4l27Z

E na segunda parte: microfone novo, outros maravilhosos artistas apresentando sua arte, que privilégio o nosso!!! Embora às vezes "desfocado", ou seja, não aparecendo o(a) artista, vale a pena assistir esses(as) lindos(as) e sua arte maravilhosa.
Dá pra baixar o vídeo do Youtube e fazer o seu vídeo queridas e queridos!

Enfim, prometemos uma melhor técnica para o próximo ano, com o mesmo - ou mais - calor humano.

Abraços carinhosos a todas as pessoas que nos acompanham,
Santuza TU


quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

ULTIMO SARAU DE 2025 - E JÁ COMEÇOU O CARNAVAL!

Estávamos no ponto do busão, olhando ao redor... e vimos um "renascimento" no velho tronco ... a natureza nos ensina muito, é preciso aprender a ver... Daí surgiu a poesia:

Renascer é como uma flor que brota das cinzas, 

Das dores, das noites sem lua...

Assim como das noites de lua mais cheia!

É o sol que nasce, é a chuva que cai, 

É a vida que pulsa, é o coração que sai...

Renascer é se encontrar...

É descobrir que a força está dentro de você, 

É se levantar, é se sacudir!

É seguir em frente, mesmo com medo de cair...

Renascer é se reinventar...

É encontrar uma nova direção.

É se abrir para o novo, é fazer morrer o velho...

É se transformar, é se encontrar de novo.

Renascer é viver ... É ousar ser!

E sentir a vida ...  sentir a emoção...

É se entregar, é se deixar levar ...

E se encontrar,... e se amar!

Renascer a cada dia...

Resgatar meu eu mais forte, mais bonito, mais humano

Fazer morrer o que me faz mal

Para que floresça meu eu mais amoroso...

Primeiro meu amor próprio, 

Para que eu possa amar o outro mais plenamente,

Para que eu seja capaz de trocas mais simétricas.

Todo renascimento precede uma morte...

Fazer morrer  meu eu insensível, 

Para que renasça meu eu solidário

Renascer... renovar... brotar

A esperança... o esperançar ...

A força... a coragem de mudar ... o companheirismo... . o entusiasmo (deus dentro)

Enfim, que renasça um eu melhor... um nós...  e um mundo melhor ... 

Assim começou nosso sarau RENASCER... depois veio a anarquia: o microfone não funcionava, não conseguimos tocar as músicas selecionadas, nosso anfitrião sumiu... nossa intenção era gravar todo o encontro mas o celular também não funcionou... no entanto, como acontece sempre no SBC, a coisa foi ficando linda, muita gente nova, alegre, no espírito SBCense, uma participação maravilhosa... e, ao final, só confraternização e novas amizades... assim somos nós, assim é o SBC.


Tivemos momento brincadeira de corações, como podem ver, e fizeram até meme da foto Lu e eu, foi muito divertido. E nosso poeta - nossa grande conquista SBCence - Rogério Salgado, levou amigos e amigas, até aniversariante que comemorou com a gente. Obrigada querido!

                                                                                          


Tivemos também lançamento de agenda para 2026, lindíssima!


E foi divertida a improvisação da nossa "passagem de apresentações" no sarau. Como podem ver na foto, a querida Geralda nos emprestou sua bolsa, que significava "o que você deseja fazer morrer ... para fazer viver (ou renascer)  o que?"... 

E nosso sarau terminou com o convite a todas as pessoas, as presentes e as que não foram, para o grande evento SBCense no próximo domingo, na rua Vila Rica, onde faremos nosso carnaval 2026:
Adega & Espeteria Brothers

Nosso parceiro Rafael organizando grande encontro do SBC no dia 7.dezembro:

Bateria aberta! Blocos amigos convidadíssimos! Venha com seu instrumento e se integre à bateria, que será regida em grande ensaio a partir das 13 horas pelo nosso mestre Carlitos Brasil. Só alegria!!!

Faremos o lançamento do nosso tema de carnaval 2026: 

                                          A ARTE SALVA!


E terminamos com mensagem atribuída a Drummond:
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com um outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente...” 

Abraços carinhosos às pessoas que nos acompanham,

Santuza TU










quinta-feira, 27 de novembro de 2025

O FILME DA SEMANA... DO ANO ...

 

O amor é espera... ou estraga tudo?  Pergunta do filme. Não é pra responder, pode ser pra 'permanecer com a pergunta', pode ser às vezes espera e às vezes 'estraga tudo'...

Até o meio do filme, capitulo V talvez, a gente vai entendendo as personagens e a ligação entre elas. Do meio em diante a gente só chora, emoção a flor da pele, identificações com todas e com cada uma delas. Talvez nesse capítulo, a cena do Camilo fazendo com uma caneta num papel um círculo duas, três, quatro, cinco vezes, então a mosca - ou formiga, não sei bem -  ali dentro do círculo  roda, roda mas não consegue sair daqueles círculos - apenas com uma caneta! - essa cena que me fez desabar... e dali em diante "apenas senti" todas as personagens, me vi em cada uma delas...

O filme: O FILHO DE MIL HOMENS, nos cinemas e na NETFLIX,  uma adaptação do livro de 2011 de Valter Hugo Mãe, nome artístico do escritor, poeta, artista plástico, apresentador de TV e cantor português.


Sinopse: Combinando realismo mágico e drama, a trama conta a história do pescador Crisóstomo, um homem simples e solitário que, aos 40 anos, se sente vazio pela ausência de um filho que nunca teve. Em busca de preencher essa lacuna, seu caminho cruza com o de Camilo, um adolescente órfão, que ele decide adotar e construir uma família atípica. Incentivado pelo garoto, Crisóstomo procura uma companheira e se aproxima de Isaura, uma mulher desonrada que vive um casamento falido com Antonino, um homem extremamente fragilizado.

Dirigido por Daniel Rezende, cineasta, montador e diretor brasileiro que ganhou destaque em 2002 quando montou o aclamado filme Cidade de Deus. Ele conta sobre a construção "da palavra e do silêncio" no filme, pois no livro o Crisóstomo "fala muito", já no filme só as imagens - e a belíssima interpretação do Rodrigo Santoro - falam por si só. 

Além do Rodrigo Santoro, maravilhosa atuação de Johnny Massaro:


                                                                                Juliana Caldas:

Miguel Martines, o Camilo:

e muitos(as) outros(as)... E Zezé Motta é a narradora!

Carol Tilkian, psicanalista, pesquisadora de amor e relações humanas, diz: "Ele - o filme -  não fala apenas sobre paternidade, filiação ou encontro; fala sobre o gesto humano de tentar costurar sentido onde a vida deixou espaços abertos. Fala sobre como cada vínculo é uma aposta diante do impossível de garantir: amar alguém sem possuir, acolher alguém sem preencher totalmente, criar um laço sem apagar as próprias feridas. O filho de mil homens nos lembra que ser família não é ter origem, é construir destino. E que, diante do desamparo que nos acompanha desde o início, encontramos no outro não uma cura, mas um espelho que nos permite existir de forma mais inteira. Um convite para pensar as relações não pelas faltas que nos formaram, mas pelas presenças que podemos escolher sustentar"

Nós entendemos que o filme fala muito mais: fala sobre expandir o conceito de família, fala sobre preconceito, machismo, capacitismo, homofobia... 

Nos dá uma linda referência do masculino: para além do padrão conhecido de "força", o masculino pode "ser - praticar a alteridade, a emoção. 

Fala sobre a angustia, a dor que traz o sentimento de inadequação em relação aos padrões sociais que nos moldam. 

Fala sobre "quem sou eu e qual é o meu lugar no mundo"; fala sobre "aprender a relacionar", crescer com o outro e o outro crescer comigo. 

E fala sobre sonhar...  sonhar outros sonhos fora aqueles que nos ensinaram, aqueles 'limitados'. 

E fala sobre esperança... ou esperançar ... para além (ou ao contrário) da romantização (leia-se idealização) do mundo, das pessoas e de nós mesmas(os), a esperança no real, que se dá na construção de relações mais verdadeiras... e de um mundo mais bonito.

Bora 'arregaçar as mangas' e "superar" a formiga - ou mosca - que não conseguia sair do círculo de caneta?

E o menino Camilo ainda nos dá ótimas dicas de leitura:





Ele, Camilo, aparece no filme lendo o livro de Krishnamurti... diz o nosso diretor Daniel Rezende que toda a equipe do filme leu este livro... e numa outra cena um livro do Valter Hugo Mãe, acho que um desses dois acima, que são livros infantis desse precioso autor ... que também é poeta e músico:

Abraços carinhosos a todas as pessoas que nos acompanham,

Santuza TU







quarta-feira, 19 de novembro de 2025

O LIVRO DA SEMANA

 

Escrevo O Que Eu Quero era o título dos panfletos escritos pelo líder negro sul-africano Bantu Steve Biko que também deu nome a seu livro.

Biko nasceu em 18 dezembro de 1946 na África do Sul. Formado em medicina, ele foi um dos idealizadores do Movimento de Consciência Negra e desenvolveu Programas de Assistência à Comunidade em seu país.

Biko acreditava no combate ao sistema de opressão e submissão a que estavam subjugados. Ele foi sem sombra de dúvida um dos maiores nomes do ativismo contra o apartheid Sul Africano.

Steve Biko usava o pseudônimo de “Frank Talk” (Falando Francamente) para publicar seus escritos onde a ‘consciência negra’ destaca-se como um dos principais temas. Em um dos textos Steve Biko faz uma definição sobre a Consciência Negra: “... Procura provar que é mentira considerar o negro uma aberração do “normal”, que é ser branco. É a manifestação de uma nova percepção de que, ao procurar fugir de si mesmos e imitar o branco, os negros estão insultando a inteligência de quem os criou negros.”

Biko foi brutalmente assassinado em doze de setembro de 1977 pela polícia racista do apartheid. Os cinco policiais que o torturaram só confessaram o crime vinte anos após de sua morte. Ele ainda é inspiração para aqueles que lutam contra a segregação racial, que não precisa ser instituída por lei para fazer parte da realidade. 

O Movimento de Consciência Negra tinha como objetivo o resgate da autoestima e dos valores ancestrais do seu povo, a partir da consciência de si - redefinição do "self" negro. 


"Definida brevemente, portanto, a Consciência Negra é, em essência, a realização pelo homem negro da necessidade de se unir a seus irmãos em torno da cauda de sua opressão - a negritude de sua pele - e operar como um grupo para se livrar dos grilhões que os prendem a servidão perpétua".

E mais: a libertação não é uma meta distante, e sim uma prática diária de resistência, de orgulho, de reconstrução. 

Em resumo, o que a Consciência Negra propõe:

1. libertar o EU do "cativeiro psicológico;

2. romper com o colonialismo e suas estruturas de poder;

3. unir os negros em torno de sua identidade e dignidade;

4. rejeitar alianças paternalistas com os chamados brancos progressistas, que não compreendem a luta racial; e as ilusões da igualdade racial sobre opressão;

5. transformar o presente num caminho para um futuro verdadeiramente livre.

O dia da Consciência Negra no Brasil é celebrado em 10 de novembro, data que marca a morte de Zumbi doa Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um dos mais importantes símbolos da resistência negra no pais. A data foi escolhida para homenagear a luta e a contribuição dos africanos e afro-brasileiros na formação da sociedade brasileira. Ela foi oficialmente instituída em 2003, com a Lei número 10.639, que também tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. O objetivo é promover a conscientização sobre a importância da cultura negra e combater i racismo e a discriminação racial no Brasil.
Sabemos o tanto que ainda precisamos caminhar nesse sentido. Me lembrei de uma história que aprendi com Rubem Alves, há muito tempo atrás. Ele dizia: Essa história não é minha, meu é só o jeito de contar... e contava sobre "a águia que quase virou galinha", uma história que surgiu naquela África do tempo do apartheid, mesma época do Biko e da Consciência Negra, um 'mestre' dizendo a seus discípulos: "Vejam a que estado os brancos nos transformaram! Águias que andam que nem galinhas! Precisamos voar de novo!"
Inclusive nessa época gravei um vídeo, pois essa 'história mudou minha vida', como costumamos refletir no SBC:


Esperando que aproveitem para reflexão tanto no nível pessoal quanto no nível de cidadania, vivam de maneira produtiva esse feriado de 20 de novembro.

Abraços carinhosos às pessoas que nos leem,

Santuza TU




quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A ARTE SALVA...

 

Em dezembro de 2022 conversamos com a linda Rita Von Hunty sobre a arte: PARA QUE SERVE A ARTE? 

Rita diz, ou melhor, nossa SBCense diz: PARA NADA! ... se entendermos "servir"  como "ser útil" ao consumo, ou seja, a arte não deve ""se submeter", ser subserviente a uma cultura do consumo, a uma sociedade onde o dinheiro ganha vida e nós nos transformamos de sujeitos a objetos (consumistas: que só consomem - e se deixam consumir). 

Por outro lado, a ARTE pode (e deve) servir para ajudar a causar perplexidade, estranhamento, para abrir perguntas e incitar o raciocínio  - e ação -  transformadores. Aí a arte cumpre com seu papel: o de ser, sempre, um LEVANTE contra a servidão.

E é nesse espírito que o SBC vem fazer dois convites, ou melhor, três, numa ordem anárquica como quase tudo no SBC:

1. O primeiro diz respeito à foto que abre nosso post, do ensaio que tive a honra de participar: Para terça feira próxima, dia 18.novembro, no antigo Cine Brasil:


https://www.eventim.com.br/artist/cine-theatro-brasil/3-de-minas-um-causo-poesia-e-cancao-4014998/

2. o Segundo, antes do primeiro, no próximo sábado dia 15 as 9 horas na Assembleia, convite do nosso querido amigo poeta Rogério Salgado: 


Amigão de Salinas, monge poeta Aníbal, está em Barão mas mandou poema que, com certeza, falaremos no evento:

CANTO DAS ÁGUAS


“No princípio, Deus criou o céu e a terra, e o espírito de Deus movia- se 

sobre as águas"  (Gênesis)


Águas de fontes cristalinas que jorravam  bíblicas da terra prometida  

para o mar  dos cristãos, hoje vão sujas, sem vida, em lenta procissão, de súbito revoltas em violenta inundação.


ÁGUAS DE MINAS

 (OLHOS D’ÁGUA NA MENINA DOS OLHOS DAS MINAS GERAIS)


águas revolvidas, minas em explosão

águas dragadas por estranho dragão

águas servidas com tanta poluição

águas queridas, sede no Sertão

águas de minas, onde estão?

saindo das entranhas, descendo montanhas, em que direção?


ÁGUAS VIVAS, 

seiva da Terra-Mãe-manancial, suor

 que não mais irrigam o Vale do meu coração?

águas de minas quer tão-só dizer águas minerais?

águas de minas serão águas mínimas amanhã?

águas de minas serão apenas matéria-prima?

e as águas gerais de minas, minas preciosas gerais, águas públicas, 

da lavadeira, do pescador, da infância, dos barcos, dos peixes, 

da lua cheia, dos poetas, ficaram nos postais?


Eu, poeta de água doce, publico aqui o “canto das águas” e  convido à reflexão 

nas águas claras, profundas e cristalinas das nossas minas gerais :


E nesse canto tranquilo

Que possa te encantar

Convoco águas novas

Em trovas que eu sei cantar

E que rolam transparentes

Sem pressa de chegar

Cascatas douradas

Palavras de bem-estar

Sombra e água fresca

O que você desejar

Num cordel amistoso

Um rio descendo pro mar

Com tudo a que tem direito

Quem não perdeu a raiz

E que vai bem satisfeito

Vivendo de rimas e “climas” e feliz.


Pois:


ÁGUA PURA É CULTURA !

Água clara, gema rara

Água fresca lava a alma, refresca, purifica e acalma,

 Oh, Minas Gerais!...


Água para o índio , Y

Água para o branco, H2O

Água tratada, COPASA


Água para Narciso é espelho

Água para o peixe é casa

Água para o homem é vida

Água para a vida é sagrada!


Água mole em cabeça dura tanto bate

Água dura em pedra mole, estalactite

Água pouca em terra crua, eucalipto

Água e fogo em terra nua, apocalipse


Valei-me,  São Francisco Rio Doce  Jequitinhonha Mucuri  Rio Pardo

 Yara e Nossa Senhora!


Águas de minas, voltem pra trás

Já não quero mais ir a mar nenhum

Eu quero mesmo é amar

Montanhas e águas de Minas Gerais!...


Aníbal, querido amigo, monge e poeta, obrigada pelo lindo poema...

3. Enfim, terceiro convite, pra domingo ou semana que vem, qualquer dia, imperdível, quase duas horas e meia de filme, não cansa, parece que são três filmes - ou três atos de uma peça de teatro - como Lars von Trier, cineasta dinamarquês, no filme Dogville, de 2003 (no cine Unimed, no Minas Tenis Clube da rua da Bahia, ingressos "baratim d+ da conta"):
O Agente Secreto, filme do pernambucano Kleber Mendonça Filho, acompanhamos esse cineasta desde os anos 90, como fazemos também com Almodovar, muito interessante acompanhar a evolução desses cineastas, assim como os dois falam de suas origens geográficas - Brasil (Nordeste, Recife), e Espanha (particularmente Madri e Barcelona) - nos convidando, através de cada filme, a conhecer os lugares.
Seu último Filme antes do Agente Secreto, Retratos Fantasmas, mostra Recife da sua infância e Recife agora, os cinemas maravilhosos transformados em "templos evangélicos", muito triste... Ficamos com vontade de pegar a ideia e fazer um filme sobre Belo Horizonte e as pessoas do interior de Minas que vieram morar aqui... e, sem deixar suas origens, vieram a amar essa Belo Horizonte... Eu, por exemplo, de Salinas, norte de Minas... e tantos outros e outras do Vale, que nos encontramos no Taboca quase toda semana, para conversar, falar poesias e cantar...

Enfim, voltando ao Agente Secreto, o próprio Kleber já disse em entrevista que aproveitou coisas do Retratos Fantasmas para este último filme, às vezes dá a impressão de uma sequência. Mas o Agente... é um filme de suspense, humor, história do Brasil, tudo junto e misturado. Para quem não viveu essa época, conversem com as pessoas que viveram, como elas estavam, o que viviam nesses anos 70, 80... um ótimo pretexto para conhecer - e apropriar - da nossa história. 
E construirmos a mesma, prospectivamente, daí o convite para o próximo sábado... e terça dia 18...
Até lá...
E pra mais adiante, nosso sarau, último do ano, dia 4.dezembro, no TABOCA. Mas já podem começar a divulgar e chamar amigas e amigos...



Abraços carinhosos às pessoas que nos leem,

Santuza TU