"O amor é extremamente seletivo. Se eu te amo, quero que você me ame de volta. E não quero que você ame outra pessoa. E não quero que outra pessoa te ame... E assim por diante. Então isso restringe as relações humanas... Enquanto o ódio é generoso! E caloroso... Ele une todos as pessoas contra outras pessoas. É por isso que é usado por políticos tão frequentemente. Eles não clamam por amor, clamam por ódio. "Você deve morrer lutando contra o inimigo". O governo nunca diz que você tem que amar uns aos outros. E a única forma de escapar da tentação do ódio é o humor".
E nossa conversa começou com a citação acima de Umberto Eco (1932-2016), escritor, filósofo, semiólogo, linguista italiano de fama internacional.
E o primeiro comentário foi do Luiz: - No nosso estilo SBCense de praticar a "superação" do raciocínio maniqueísta, a fala do grande filósofo está certa mas está errada também. Vou explicar: Está certa nos padrões conhecidos de raciocinar, tanto o conceito de amor quanto o conceito de política. Sim, aprendemos a pensar o amor desse jeito exclusivista, possessivo, o amor romântico. E aprendemos, também, a "política" de alimentação do ódio, é a mais comum, pelo menos nos últimos duzentos anos! Mas pode ser diferente, gente!!! A própria história nos diz que podemos ser sujeitos, podemos rever conceitos, padrões aprendidos, e criar outros conceitos orientadores das nossas ações, ou seja, podemos mudar o curso da história, tanto no micro quanto no macro!
E a Marina, concordando com o Luiz, trouxe para a atualidade o debate: - Gente, agora só se fala nos "tarifaços" do Trump. E ouvi outro dia um comentarista trazendo uma comparação dos tempos atuais com os anos 20 pra 30 do século passado. Lembram da grande recessão dos EUA, a Grande Depressão? Foi uma forte recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década de 1920. Pós euforia econômica, pós primeira guerra mundial, EUA já maior economia do mundo... a especulação financeira, o boom das bolsas... aí a crise, a decadência do liberalismo econômico, pois toda essa prosperidade estava amparada em bases extremamente frágeis. Os efeitos da crise para a economia dos Estados Unidos foram imediatos e espalharam-se pelo país como um efeito dominó. E também pelo mundo. O período mais crítico foi de 1929 a 1933. E essa crise explica, dá uma pista do motivo pelo qual o fascismo e os ideais de extrema-direita tiveram tanta repercussão nos quadros políticos da Europa durante a década de 1930. E repercutiram na Segunda Guerra Mundial.
A Helena, SBCense cinéfila, comentou: - Ótima síntese Marina! Você falando e eu lembrando de um filme imperdível, chocante, dessa época: A noite dos desesperados.
They Shoot Horses, Don't They? Nome do filme em inglês (Eles matam cavalos não matam? filme estadunidense de 1969, dirigido por Sydney Pollack, com roteiro de Robert E. Thompson e James Poe baseado no romance de Horace McCoy They Shoot Horses, Don't They?.
Sinopse: "Durante a Grande Depressão, nos anos 30 nos EUA, uma imensa maioria da população carecia de uma vida digna, sofrendo com o desemprego. Foi nessa época que, entre outras oportunidades inusitadas, apareceram os concursos de dança, que testavam ao extremo a resistência dos competidores em troca de comida, roupas e alguns míseros trocados".
Vale lembrar - o livro surgiu em 1935, durante a depressão econômica que se seguiu ao crack na Bolsa de 1929. A época era de crise, o desemprego adquiria níveis astronômicos e, nesse quadro, as maratonas de danças tornaram-se populares. As pessoas dançavam sem parar, até que só restasse um casal no salão para receber o prêmio. Os milhares de dólares faziam toda diferença para os deserdados da terra. O livro retratava com dureza esse universo competitivo e cruel.
E a frase They Shoot Horses, Don't They? - só um pequeno spoiler - é dita no final do filme, uma metáfora chocante sobre como somos levados à nossa desumanização, a nos odiarmos uns aos outros, a nos destruirmos, ser humano matando ser humano.
Marcamos para rever o filme, numa rodada dupla, pois nossa outra grande cinéfila, Duda, lembrou outro filme, mais atual, desde século:
https://youtu.be/zG3TfjAhs30?
No filme, Rainer é um professor a quem foi designada a tarefa de instruir seus estudantes de Ensino Médio sobre o Estado Autocrático. A escola está oferecendo alguns cursos de uma semana e Rainer ministra o de autocracia, após o professor do outro curso, o de anarquismo, que Rainer preferia, recusar-se a trocar de matéria. Seus alunos, parte da terceira geração após a Segunda Guerra Mundial, não acreditam que uma ditadura poderia surgir na Alemanha moderna. Então Rainer começa um experimento para mostrar o quão fácil é manipular as massas.
Professor favorito entre as crianças, Rainer decide deixar seus alunos desenvolver o assunto e pede a eles que construam sua própria autocracia. Durante este processo, vemos o impacto nos alunos, em suas relações internas e com outras pessoas da escola, família e cidade, incluindo o próprio professor. E o final é trágico...
Todos e todas nós já tínhamos visto os filmes, mas, como disse, ficamos de rever os dois sob essa ótica da atualidade, a crise do capitalismo, os "tarifaços", a fragilização da Europa, a "nova" corrida armamentista... a emergência do mundo multipolar, a China, o Sul Global... e as nossas subjetividades nesse quadro, assim como nossas relações.
Pois concluímos, voltando ao início com o Umberto Eco, que nosso movimento, necessariamente, é para a construção de sujeitos críticos e atuantes, em todos os níveis de relação, de um conceito de AMOR diferente daquele exclusivista, idealizador... desumano, enfim. Um amor que reúna humanidade, respeito, trocas simétricas, um AMOR POLÍTICO, um amor capaz de reunir, de criar o sentido de pertencimento e de construir um mundo mais bonito. Um AMOR ESPERANÇA, de pensamento aberto e de prática de possibilidades, do micro ao macro.
Um AMOR ALEGRE, melhor combate ao fascismo.
👏👏👏
ResponderExcluirMassa!!!!
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Faça amor, não faça guerra!!!
Amar com alegria no coração! Maravilha!!!
ResponderExcluir👏👏👏❤️❤️❤️🙌🙌🙌
ResponderExcluirMuito bom Tu! O riso é mesmo revolucionário! 😃😀😄
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