Na postagem de 10.dezembro de 2012, com o título IDEIAS SBCenses, iniciamos o projeto GALERIA DE SBCenses FAMOSAS. No caso, FAMOSAS combina com "pessoas"... dos vários gêneros...
Foi uma ótima brincadeira, convidávamos as pessoas SBCenses a nos encaminharem relatos de pessoas admiradas, uma breve história da pessoa e as características que a faziam entrar para a nossa GALERIA, ou seja, pessoas que, de alguma forma, servem de "modelo" SBCense de uma vida bem vivida, com riso, valorizando as amizades e o sentido estético para além do sentido moral, como "reza" nossos "princípios" ... e, além disso, pessoas que pensam - e agem - em função da construção de relações mais simétricas e de um mundo mais digno, mais bonito, mais justo, mais equânime, ou, como diz nosso slogan: AMOR E POLÍTICA, NA CAMA E NO MUNDO.
É como um "exercício de admiração"... e nossa primeira pessoa para a galeria foi Dona Olympia, moradora de Ouro Preto lá pela década de 80 do século passado, que virou nossa madrinha no primeiro desfile de Carnaval em 2013 "De perto ninguém é normal". Depois, nossa segundo "exercício de admiração" foi , em viagem ao triângulo mineiro, Ana Jacinta ou Dona Beja (ou Beija), mulher "insubmissa" do século passado.
Continuamos com o Projeto em 2013, homenageando Adiléa da Silva Rocha, grande Dolores Duran, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, grande Chiquinha Gonzaga... Outras estrangeiras, como Emma Goldman ("Se não tem dança, não será a revolução que queremos") ... Oscar Wilde, que tem o túmulo cheio de beijos no Cemitério Père-Lachaise em Paris. Recebíamos sugestões de SBCenses que se envolviam esse "exercício de admiração", trata-se de exercício muito interessante, que nos provoca, inclusive, o auto-conhecimento.
Foram surgindo outros projetos SBCenses... o SBC funciona assim, de um jeito meio anárquico... Todos os projetos estão sempre "em movimento", nunca terminam...
Pois bem, nessa semana decidimos retomar nosso projeto, pois nos "apaixonamos" por um grande brasileiro, praticamente esquecido por cerca de vinte anos, um médico, cientista, que teve que sair do Brasil mais ou menos no início deste século, para realizar seu sonho:
Nicolelis em 2015 |
Lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência na Universidade Duke (EUA), no campo de fisiologia de órgãos e sistemas. Seu objetivo é integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). Suas pesquisas desenvolvem próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal. Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais.
Nele, Nicolelis expõe sua tese de que o cérebro humano seria o centro do universo e tenta explicar a história, a cultura e a civilização humana com base em um conjunto de princípios-chave recém descobertos da função cerebral: “O Verdadeiro Criador de Tudo é uma estória sobre as criações do cérebro humano e a posição central que ele deveria ocupar na cosmologia do universo”.
Segundo o autor, a mente humana funciona de maneira relativa, ou seja, seguindo a ideia de que todo movimento é relativo, a mente humana também também seria dessa forma ao criar um modelo próprio de realidade, o qual é constantemente renovado com as informações que se obtém do mundo. Tal teoria é denominada por Nicolelis de Teoria do Cérebro Relativístico (TCR).
Com base na TRC, o autor se lançou no ambicioso projeto do supramencionado livro, que consistia em argumentar acerca da posição central do cérebro humano nas diversas áreas do conhecimento científico, não se limitando à neurociência. Em meio a essas explorações, Miguel Nicolelis deparou-se com o livro “A história da arte”, do historiador anglo-germânico Ernst H. Gombrich, o qual, nas palavras do autor, seria o “fio da meada” para consecução de seu projeto:
Desse modo, observa-se que as ideias do autor influenciam também as Ciências Sociais, tendo em vista que, ao colocar o cérebro humano no centro do universo, isso traz implicações profundas que abrangem a forma de se interpretar o passado da humanidade, “como de reconhecer o nosso viver presente, bem como decidir que tipo de futuro queremos para nós e para os nossos descendentes”. Segundo o autor, toda a história da humanidade poderia ser contada e analisada do ponto das particulares abstrações mentais que dominaram cada uma das diferentes civilizações humanas, em diferentes momentos da existência.
Para Miguel, tanto a Física quanto a Arte são definidas por “uma coleção de construções e abstrações mentais gerada pelo cérebro humano e que oferece a melhor e mais acurada descrição – pelo menos até o presente – do mundo natural existente ao nosso redor”.
Por fim, na conclusão do livro, o autor lança um alerta sobre a crescente e cega capitulação da presente civilização às duas poderosas e perigosas abstrações mentais criadas pelo ser humano: Igreja do Mercado e Culto da Máquina. Assim, Miguel discorre que a convergência dessas duas abstrações mentais poderia nos condenar a retornar a um modo tribal de vida, “caracterizado pela existência fraturada e alienada da realidade do mundo natural que criará muitos riscos e incertezas para o Verdadeiro Criador de Tudo.”
E como o Nicolelis está, agora, presente nas nossas mídias alternativas, tanto no seu canal no Youtube como em entrevistas e podcasts em outros canais? Em função do assunto do momento: a Inteligência Artificial... que ele diz que não tem nada de inteligência nem de artificial... o SBC adorou!!! Na nossa conversa sobre o assunto, teve gente que se lembrou dos anos 70, época em que fez seu curso superior, tinha um professor que contava experimentos já existentes em que "a tartaruga - antes comandada por uma máquina - começou, de repente, a andar sozinha..." Assim conta a pessoa, querendo nos dizer que, já naquela época, nos "assustavam" com o que seria a nossa história prospectiva, ou seja, seríamos "dominados" pela máquina. Naquela época líamos Isaac Asimov (1920-1992), escritor nascido na Rússia que vivia nos EUA, autor de obras de ficção científica.
E, na nossa conversa agora, avaliamos que essa "aprendizagem" do medo das novas tecnologias, entre outros "medos", serve muito bem a um sistema que nos deseja alienados... e, portanto, longe de apropriarmos das mesmas a nosso favor, a favor do trabalhador, da qualidade de vida, de uma melhor distribuição das nossas riquezas e de um mundo mais bonito. Quem, então, se apropria, e "usa" para a dominação, para a acumulação, para o enriquecimento de uns poucos?
E assistimos várias entrevistas do Nicolelis... e admiramos a simplicidade e a profundidade de um cientista reconhecido no mundo todo...
Ele costuma falar por metáforas, o que causa um entendimento transparente das coisas. Diz que o cérebro funciona de uma maneira super dinâmica, através das interconexões... É uma grande orquestra que funciona sem maestro. Numa outra entrevista ele diz: "A mente humana é como se fosse uma bolsa de valores, ela não aufere o lucro baseado numa ação ou numa empresa, ela distribui essa função neural pelos bilhões de neurônios. A isso chamamos "modelo distribuído", ou seja, as perdas são compensadas". É o que ele diz, também, sobre a "plasticidade cerebral", a capacidade de "adaptação" do nosso cérebro, ou seja, a capacidade que o cérebro possui de se modificar de acordo com as necessidades e os estímulos do ambiente.
Ou seja, possuímos a capacidade de aprender durante toda nossa vida. Tem uma história de uma velhinha morrendo e as filhas não achavam uma vela... então uma delas pôs um montinho de areia na mão da mãe, que segurou um fósforo, e o acendeu. E a velhinha disse: "Vivendo e aprendendo".
A seguir umas das entrevistas que vimos, esta com o também grande jornalista brasileiro Breno Altman, no programa 20 minutos do canal Opera Mundi:
E terminamos lembrando de exercícios para estimular o cérebro como ler, conversar, rir, fazer amigos, falar poesias, cantar, dançar...Como, por exemplo, lembrando da nossa grande Lygia Fagundes Telles in : “A disciplina do amor (fragmentos)” Ed. Nova Fronteira :
Tão difícil a vida e o seu ofício. E ninguém ao lado para receber a totalidade (ou parte) do fardo. Os analistas, caríssimos, e na maioria, um lixo : um lixo Freud considerava a totalidade dos seres humanos, isso nos últimos anos da sua vida sem muita ilusão. Ele não conheceu seus discípulos. E por acaso é com o analista que se comenta a fita na saída do cinema? O livro. O sabor do vinho, esse gosto meio frisante, hem? E esta pele e esta língua. A minha tiazinha falava muito na falta que lhe fazia esse ombro amigo, apoio e diversão, envelheceu procurando um. Não achou nem o ombro nem as outras partes, o que a fez choramingar sentidamente na hora da morte, mas o que você quer, queridinha?! a gente perguntava. Está com alguma dor? Não, não era dor. Quer um padre? Não, não queria mais nenhum padre, chega de padre. Antes do último sopro, apertou desesperadamente a primeira mão ao alcance : “É que estou morrendo e não me diverti nada!”
Brindemos: À VIDA!!!
Abraços carinhosos...
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