Um dos livros mais importantes do Freud, no nosso entendimento, é O Mal Estar na civilização:
"Escrito às vésperas do colapso da Bolsa de Valores de Nova York (1929) e publicado em Viena no ano seguinte, O mal-estar na civilização é uma penetrante investigação sobre as origens da infelicidade, sobre o conflito entre indivíduo e sociedade e suas diferentes configurações na vida civilizada. Este clássico da antropologia e da sociologia também constitui, nas palavras do historiador Peter Gay, “uma teoria psicanalítica da política”. Na tradução de Paulo César de Souza, que preserva a exatidão conceitual e toda a dimensão literária da prosa do criador da psicanálise, o livro proporciona um verdadeiro mergulho na teoria freudiana da cultura, segundo a qual civilização e sexualidade coexistem de modo sempre conflituoso. A partir dos fundamentos biológicos da libido e da agressividade, Freud demonstra que a repressão e a sublimação dos instintos sexuais, bem como sua canalização para o mundo do trabalho, constituem as principais causas das doenças psíquicas de nossa época".
Um interpretação livre de um trecho do livro: A maioria de nós aprendemos a evitar o sofrimento, não aprendemos a buscar o prazer. Alguns e algumas de nós consegue reverter essa aprendizagem e focar a vida na busca do prazer. Ocorre que o foco na busca do prazer não significa a negação do sofrimento, pelo contrário, o sofrimento faz parte da vida, porém o foco muda para a busca do prazer.
Então, é como se prazer e sofrimento entrassem pelos mesmos poros. O sofrimento entra ... eu vivencio o mesmo ... e sai ... e eu reoriento a vida para o meu foco de busca de prazer.
Enquanto que, do modo aprendido na nossa sociedade, "O que muito se evita se convive": Eu fecho os poros para evitar o sofrimento... e ocorre que, com os poros fechados, o prazer também não entra... é o morno, a 'não vida'.
Recuperando esse conceito, a propósito do tema CONFLITO, recebo pequeno trecho da nossa Adélia Prado sobre o sofrimento:
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Recebi muitos retornos sobre o tema CONFLITO... muita gente, além de querendo saber mais sobre o tema, relatando conflitos abertos que geraram mudança, movimento, vida... algumas vezes não na direção desejada, mas sempre na direção de uma maior liberdade tanto interna quando a liberdade para agir e crescer na vida. Foi muito bom, me trouxe alegria e mais vontade de escrever e contar esses casos e reflexões.
Dois deles, um no nível de relações de trabalho e outro, digamos, de gênero... parece que nós, mulheres, estamos mais dispostas a abrir conflitos e crescer com eles.
Vamos ao primeiro na ordem em que recebi, o "conflito feminino":
- "TU, lendo seu texto sobre conflito, a primeira coisa que me ocorreu foi mudar meu conceito: falo muito de busca de equilíbrio e percebi que essa expressão, talvez importada do oriente e erroneamente "adaptada" a nossa sociedade, pode nos levar a grandes distorções. Tendemos a buscar um equilíbrio estático quando, na verdade, equilíbrio é, também, movimento, tudo na vida é movimento. Por isso gostei demais desse "novo conceito" que você coloca: tese, antítese, síntese... que já chega num novo ponto de movimento, ou seja, a síntese, uma conclusão minha a respeito de qualquer assunto, já é uma nova tese, portanto já pode aparecer uma antítese... uma nova síntese... e por aí vai...
Experimentei fazer isso e "enxerguei"... constatei o valor desse movimento, percebi, no movimento, como me sentia viva... foi sobre uma coisa que já ouvi de você, uma "característica feminina" que internalizamos desde que nascemos... "aprendemos" a onipotência, junto com o eterno sentimento de culpa, que você diz que é o outro lado da mesma moeda. Pois então, o movimento de superação desse conflito, eu descobri, trata-se da "descoberta" de que essa "estrutura" serve para desempenharmos - e de maneira 'perfeita' - nossos papéis sociais (grande esposa, mãe perfeita, dona de casa perfeita, grande profissional... e por aí vai... ou seja, nosso papel de 'cuidar do mundo').
Fazendo, na prática, o movimento de superação, percebi que descobri minha HUMANIDADE... abrir mão de ser perfeita, de alguma forma gera perdas, e uma delas é o DIREITO DE RECLAMAR, que foi onde eu vi que, com esse "direito", eu ficava no morno... com meu companheiro e com meus filhos.
Não foi fácil fazer esse movimento na prática... permitir o caos em casa, começar a distribuir tarefas, deixar de fazer em vez de fazer e reclamar... meu filho fez a metáfora de "destampar as panelas"... pois não é que, com esses movimentos, eles começaram a se organizar, conversar mais entre nós, eles mesmos começaram a distribuir tarefas, a aprender coisas e até a gostar de coisas como cozinhar, por exemplo... agora, quando arrumo alguma coisa em casa, eu arrumo pra mim e não pra eles, e encontro prazer em arrumar e não mais o tal do direito de reclamar... nessa categoria as coisas estão se movimentando bem, e quando acontecem conflitos aprendemos a lidar com os mesmos de uma forma mais "amena", como um movimento mesmo...
E o mais legal é que essa experiência de conflito como movimento abriu possibilidades de destampar outros conflitos, parece que diminuiu mesmo o medo dessa palavra, só a ideia do conflito-movimento já nos tira, de alguma forma, o outro conceito de conflito-destruição que tínhamos e que gerava o medo e a "fagocitação" que você disse.
Tô me sentindo tão mais leve! Vou prestar atenção e "aplicar" esse conceito (ou metodologia?) em outros assuntos... parece até que é um exercício, não é? A ideia de conflito movimento nos humaniza... torna-se até mesmo confortável, ao contrário do que aprendemos
Haaa... outra coisa: percebi também um conflito de emoções, ou um conflito interno entre o medo e a coragem... e, nesse conflito, ficamos esperando o medo acabar... mas ele não acaba; então, a questão é AGIR, exercer a coragem...
E, ainda: percebi que acontece uma mudança relacional nesse movimento: Quando as emoções, os sentimentos são expressados, o colocar-se no lugar do outro, a empatia e a solidariedade se tornam possíveis, exercitáveis.
Quero te agradecer por isso...
Nós que te agradecemos querida! Obrigada por compartilhar conosco sua reflexão... lindíssima ... esperamos que ela sirva como pretexto para outras reflexões ou, como aprendi, pré-texto de outras pessoas que, recebendo suas reflexões, façam, como você fez, aquele movimento que já conhecemos, também tão importante para a vida: o movimento TAP, lembra? TEORIA - AFETO - PRÁTICA.
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Vamos ao outro depoimento, agora nas relações de trabalho:
Um querido SBCense nos manda uma reflexão sobre como o conceito que nos leva ao medo e à evitação do conflito é enraizado no ambiente de trabalho.
Dale Carnegie (1888-1955) foi um formador, escritor e orador norte-americano. Fundou o que é hoje uma rede mundial de mais de 3.000 instrutores e escritórios em aproximadamente 97 países que já formou mais de 9 milhões de pessoas no mundo.
“A única maneira de ganhar uma discussão é evitando-a.” Essa famosa sentença de Dale Carnegie permanece relevante quando a pauta envolve conflitos. Sim, conflitos fazem parte de qualquer ambiente social, mas é sempre melhor saber como evitá-los, pois essa é a única forma real de se ganhar: desviando dele ao máximo. E ele "ensina" algumas formas de evitar e sair de conflitos:
1. Desenvolva o controle das emoções: "Controle suas emoções, controle seus impulsos e controle seus pensamentos negativos – evitando conflitos desnecessários – e seja mais realizado na vida pessoal e profissional"
2. Evite fazer críticas desnecessárias: Dale Carnegie é autor de outro grande conselho para quem deseja evitar conflitos: evite criticar as pessoas. “A crítica é fútil, porque coloca um homem na defensiva, e, comumente, faz com que ele se esforce para justificar-se. A crítica é perigosa, porque fere o precioso orgulho do indivíduo, alcança o seu senso de importância e gera o ressentimento.”
3. Preste atenção ao comportamento: Conhecer as características de diferentes estilos de comportamento e entender como modificar sua abordagem reduzirá significativamente o conflito.
4. Substitua a palavra “você” pela palavra “eu”: Isso evitará colocar os outros na defensiva. Pense em como você se sente quando alguém começa com “Você deveria” ou “Você sempre”. Quando alguém começa uma frase com “eu sinto” ou “eu preciso”, você é geralmente mais receptivo.
5. Concentre-se no assunto, não na pessoa: Em vez de dizer: “Você disse que terminaria isso hoje”, tente “O projeto realmente precisa ser concluído hoje. O que precisamos fazer para que isso aconteça?” Se você tornar a discussão pessoal, corre o risco de transformar conflito em combate. Mantendo a conversa sobre o assunto, você reduzirá a defensiva.
6. Use a paráfrase quando necessário: Quando você ouve e parafraseia o que a outra pessoa está lhe dizendo, isso demonstra que você realmente se importa em entendê-la. Dizendo “O que eu ouço você dizendo é ____ Isso é correto? ”É uma das ferramentas de comunicação mais simples e poderosas. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas são menos propensas a serem defensivas.
7. Busque compreensão, não concordância: Faça um esforço para tentar entender o ponto de vista da outra pessoa, em vez de convencê-la da sua.
8. Antes de criticar, faça primeiro uma autocrítica: Não importa qual seja o problema, nunca culpe, critique ou condene seu parceiro, seu colega de trabalho ou qualquer pessoa, antes de se auto avaliar.
9. Comunicação: Falar, isso sim ajuda! Muitos mal-entendidos podem chegar ao fim através de uma discussão adequada e aberta.
Ei, Santuza! Muito bom o seu artigo! Veio a propósito de uma discussão que tive, num dos grupos de que participo, na qual faltou cuidados, de minha parte, na forma como abordei uma discordância de um ponto de vista de um companheiro e a coisa acabou desandando. Fosse depois de ler o seu artigo, teria adotado outra tática.
ResponderExcluirQue bom que te ajudou Juraci! Abraços
ExcluirExcelente artigo e discussão querida Santuza. Vejo que de fato, no mundo da vida, certo é que, “entendemos um ato de fala, quando esse nos torna aceitável”!
ResponderExcluirGrata pelo comentário. Santuza TU
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ResponderExcluirPenso que muito do sofrimento é criação voluntária, e a gente precisa combater isso , porque negativar a vida sempre foi mais fácil do que correr atrás das coisas boas que ela pode nos trazer, afinal de contas, as conquistas podem estar meio longe, ao passo que as tristezas sempre nos procuram.
Ou seja, uma vem a nós , e na outra, nem sempre podemos ir até elas.
Óbvio que sofrimentos temos todos, porque aqui nada é sem fazer barulho, e o mergulho não podemos deixar pra outra encarnação...mas tem gente que prefere acreditar que pode, ou seja, talvez a tristeza também possa ser adiada, a alegria adiantada , e nada será como era no dia de cada um, onde cada coisa no seu lugar e um lugar pra cada coisa, desde que a coisa não seja mandada, a alegria violada, e o teto é de vidro!
ResponderExcluir(isso foi poesia .rs) .Abraços
Obrigada de novo. Abraços. Santuza TU
ExcluirEu fiz esse comentário, aí acima é, logo que o publiquei, saí do blog e fui cuidar da vida. Mais tarde, ao acessar o feicibuqui, vi esse artigo da Santuza novamente e resolvi repetir o comentário, por preguiça, tal qual postei aqui. Foi então que percebi um erro de concordância. Tentei corrigir, mas não consegui. Sou o que se convencionou chamar "analfabaiti". Quando vejo um deslize linguístico, meu ou de uma pessoa amiga, numa publicação, começo a ter urticária e dou um jeito de corrigir ou pedir pra pessoa fazê-lo. Santuza sabe que sou desses; por isso, resolvi não pedir ajuda a ela, supondo que não me ajudaria. Não me perguntem o porquê de não ter pedido pra me ajudar. Comentando o caso com uma outra amiga, também psicóloga (gente da mesma laia), ela me disse: "Deixe lá e olhe para o erro todos os dias... vai-se coçando, até rir de você!" Isso foi há alguns dias. Tive de cortar as unhas, porque já estava começando a sangrar e ainda não consegui rir, mas não desisti.
ResponderExcluirObrigada de novo. Abraços. Santuza TU
ExcluirJuraci! Que ótima dica! Segundo estatísticas da resultado em cerca de 80% dos casos viu? E sua amiga psi te cobrou a sessão? Abraços carinhosos...
ExcluirMinha amiga não cobra de mim, porque, vez ou outra, também me consulta profissionalmente; então, acaba sendo uma troca justa.
ExcluirJustíssima... a brincadeira é em função de um filme que lembrei... confissões mto íntimas... filme frances6otimo...
ExcluirVou ficar olhando esse 6....nao sei deletar... aff
ResponderExcluirVixe! Vou pensar muitas vezes, antes de postar alguma coisa em blogues! Essa perpetuidade das publicações é deveras angustiante! O pior foi perceber que, na justificativa do meu erro, há um erro ortográfico! Chega!
ExcluirRelaxa Juraci... rsrs
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