Escrevo hoje, quinta-feira dia 12.janeiro, ainda perplexa, com sentimentos de raiva, medo, e com expectativas de que essa página seja virada de uma forma melhor do que já assistimos na nossa história, que a tal metáfora "do limão fazer uma limonada" seja realizada de uma forma concreta e positiva.
E na terça feira dia 10 o filme ARGENTINA 1985 consagrou nossa América Latina com o prêmio de melhor filme estrangeiro do Globo de Ouro 2023. Não foi a toa que conversamos sobre este filme no nosso post de 20 de dezembro do ano passado: Para que serve a ARTE? Precisamos aprender muito com a Argentina, precisamos reportar a nossa história e descobrir o real significado da "Anistia ampla, geral e irrestrita". Frase que rolava por todo canto no Brasil, desde os manifestos de artistas até as faixas das torcidas organizadas nos estádios de futebol. Decreto de 1979 de João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura, concedeu perdão aos perseguidos políticos, presos e torturados, exilados, os "subversivos", como eles diziam, e pavimentou o caminho para a redemocratização do Brasil. Ao mesmo tempo, o projeto "perdoou" os militares que cometeram abusos em nome do Estado desde o golpe de 1964, incluindo tortura e execução de adversários da ditadura. A lei lhes deu a segurança de que jamais seriam punidos, e mais do que isso, nunca sequer se sentariam no banco dos réus. Dilma, em 2011, criou a Comissão Nacional da Verdade, que "desenterrou" muitos crimes dos militares. Temos alguns filmes no Youtube sobre isso. Porém, a "coisa" esbarrou, de novo, na Lei da Anistia, e ninguém foi punido. "Sei não... mas isso deve ter sido uma "causa oculta" do seu impeachment", comentou um SBCense.
Meu propósito era ler o livro "TORTO ARADO" no final da semana, sábado e domingo. Consegui... entre a TV e notícias no cel... entre o choro com a leitura do livro, a raiva, o medo e a indignação com as notícias, a angústia e a expectativa a partir do decreto de Lula de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. "Sobre a terra há de viver sempre o mais forte", assim termina o livro. E o que parece, a princípio, uma frase de desesperança - se você se coloca no lugar do mais fraco - se transforma numa fala de "comando interno": "Nos tornemos fortes!", só assim caminharemos para a construção de um mundo mais humano, mais bonito...
O SBC é um grupo de amigos e amigas intergeracional - além de aberto, inclusivo, anárquico, democrático, ecológico... e feminista... não necessariamente nessa ordem, como dizem algumas de nós. E as conversas intergeracionais são maravilhosas, pois temos a generosidade de pessoas compartilhando conosco a história que, de alguma forma, participaram; assim como sorvemos da força e da alegria dos mais novos, o esperançar no processo de mudança que precisamos e queremos.
Estávamos, desde nosso post anterior sobre o Primeiro de Janeiro, colhendo dados para nosso post dessa semana, que seria sobre os 37 ministros do governo Lula. A ideia é "participar" de fato, enquanto cidadãs e cidadãos, do governo. E, para participar, precisamos conhecer. Se existe uma coisa diferente da geração que viveu sua juventude na segunda metade do século passado - época da repressão, não podíamos conversar sobre política mas fazíamos "outras políticas" - para outra (ou outras) gerações, essa diferença está, penso eu, no nível de informações que recebemos agora e nas possibilidades que temos de trocas e de formação do que podemos chamar de "consciência política". Me parece até que, com o golpe de 2016 e depois com este des-governo que acaba de sair, nos interessamos - e/ou nos mobilizamos - em procurar saber mais, para desenvolvermos o que chamo de "visão de mundo" e postura e ação diante dessa visão... e não é isso fazer POLÍTICA?
Na segunda-feira, ainda acabando de ler Torto Arado, entre a busca de informações e análise de "mídias confiáveis"... e entre o atendimento a clientes e olhando pela janela, essa chuva que não para... vou... não vou... na manifestação da praça 7... 18 horas... fui... estava lá de sombrinha, meu medo era que a sombrinha furasse o olho de alguém, ou vice-versa... mas sempre me energizo nessas manifestações, física e mentalmente, através dos reencontros e dos fortes abraços...
Nossa reunião SBCense foi pós manifestação, precisávamos trocar informações e impressões sobre o domingo:
Primeira impressão, de SBCense com uma camiseta assim: "nossas ideias são a prova de bala", os dizeres da camiseta já o revelavam... E ele disse:
- Se o resultado das eleições fosse outro estaríamos vivendo uma situação ainda pior, ou seja, terroristas na condução e no controle do país... Democracia dá trabalho.
Tomos nós concordamos... e seguimos nas nossas trocas:
- Qual era/é o plano do golpe? o que eles queriam? só quebrar? E se eles tivessem só ocupado, em vez de quebrar, o que aconteceria?
- Não sabemos... ainda. As interrogações são muitas. Será que queriam a intervenção militar?
- Ouvi de alguém que pediram ao Lula para assinar uma GLO, nem sabia o que era isso. Seria assinar uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem, o que teria como consequência a intervenção dos militares! Ai poderíamos estar retomando 1964!
- Daí uma coisa muito importante: a revisão desse artigo 147 da Constituição Federal de 1988, ou seja, a revisão do "papel" das Forças Armadas, pois em nome da garantia da Lei e da Ordem eles podem "tomar o poder"!
- Então, qual a diferença entre intervenção militar e intervenção federal, esta que Lula assinou?
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