A propósito do Dia Internacional das Mulheres, próxima terça-feira 8 de março, fizemos uma ótima roda de conversa, e aí está nosso resumo:
O Dia Internacional da Mulher é comemorado em vários países no
dia 8 de março. No Brasil, muitas
pessoas acreditarem que a data está relacionada a um incêndio em uma fábrica de
tecidos nos Estados Unidos. Embora essa seja a narrativa mais
conhecida, quando se fala sobre a origem da data comemorativa, ela não é
verdadeira.
A verdadeira história é outra: O primeiro registro remete a 1910. Durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, Clara Zetkin (na foto acima, com Alexandra Kollontai), feminista marxista alemã, propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, cujo primeiro objetivo seria promover o direito ao voto feminino. A reivindicação também inflamava feministas de outros países, como Estados Unidos e Reino Unido.
No ano seguinte, em 25 de março, não no dia 8, ocorreu um
incêndio na fábrica em Nova York, que matou 146 trabalhadores -- incluindo
125 mulheres, em sua maioria mulheres imigrantes judias e italianas, entre 13 e
23 anos. A tragédia fez com que a luta das mulheres operárias estadunidenses,
coordenada pelo histórico sindicato International
Ladies' Garment Workers' Union (em português, União
Internacional de Mulheres da Indústria Têxtil), crescesse ainda mais, em
defesa de condições dignas de trabalho.
Então... as russas soviéticas tiveram um papel central no estabelecimento do 8 de março como data comemorativa e de lutas. Por “Pão e paz”, no dia 8 de março de 1917 no calendário ocidental, e 23 de fevereiro no calendário russo, mulheres tecelãs e mulheres familiares de soldados do exército tomaram as ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo). De fábrica em fábrica, elas convocaram o operariado russo contra a monarquia e pelo fim da participação da Rússia na I Guerra Mundial. A revolta se estendeu por vários dias, assumindo gradativamente um caráter de greve geral e de luta política. Ao final, eliminou-se a autocracia russa e possibilitou-se a chegada dos bolcheviques ao poder. A atuação de mulheres russas revolucionárias como é considerada imprescindível para o início da revolução.
“A história real do 8 de março
é totalmente marcada pela história da luta socialista das mulheres, que não
desvincula a batalha pelos direitos mais elementares -- que, naquele momento,
era o voto feminino -- da batalha contra o patriarcado e o sistema
capitalista”, ressalta Diana Assunção, integrante do coletivo
feminista Pão e Rosas.
Pois é... fica evidente que houve
uma articulação histórica para esvaziar o conteúdo político do 8 de março,
transformá-lo em “uma data simbólica inofensiva” e em um nicho de mercado,
apagando sua origem operária. “Recebemos flores, elogios e chocolates, na
tentativa de esconder o conteúdo subversivo do significado desse dia, que é
questionar o patriarcado”.
E atualmente, a cada 8 de março, homens e mulheres de todas as idades vão às ruas para manifestarem apoio às conquistas e para lutarem por mais direitos e por respeito. Trata-se de um dia de celebração das vitórias conquistadas, assim como da luta ainda necessária pelos nossos direitos. como uma jornada de trabalho justa, igualdade salarial, direito a escolher nossos representantes na política, direito às escolhas que envolvem nossos corpos... e a luta contra a violência que nos atinge no privado e no público, desde as mais sutis até o feminicídio.
E é preciso que essa luta se estenda, para além das manifestações do dia 8, para os vários ambientes onde estamos (família, trabalho, escola, ambientes públicos), assim como por todo o ano.
Por fim, precisamos falar do
universo LGBTQIAP+. Uma sigla que engloba diferentes tipos de pessoas
marginalizadas, das quais várias são mulheres. As lésbicas e trans são as que
mais sofrem preconceito, por não se encaixarem no padrão tradicional da
sociedade, que já mostrou que têm dificuldades em aceitar o diferente.
As ações do Dia Internacional
da Mulher devem envolver todas as mulheres: lésbicas, trans, cis, brancas,
negras, indígenas, ricas e pobres. Todas nós
temos que ter os mesmo direitos
garantidos, todas devemos poder ser quem
quisermos e sonharmos ser.
A cada 8 de março, as mulheres trazem à tona questionamentos sobre a hipocrisia em torno das homenagens que recebem apenas nessa data. Em todos os dias do ano, o gênero feminino é o principal alvo da violência e da desigualdade.
E nesse 8 de março de 2022, aqui em Belo Horizonte, estaremos, a partir as 16.30 horas na Praça da Liberdade, de onde sairemos numa manifestação do 8M, que reúne coletivos feministas tanto na celebração das conquistas como na luta ainda necessária pela igualdade de direitos.
SBC presente!
Não desperdice com flores, chocolates e "elogios" que "mascaram" nossas lutas e nos "colocam em lugares que não podemos escolher" e .. Vamos à luta, juntxs!
Até lá...
Abraços carinhosos a todas, todos e todes...
É isso aí, Santuza! Não vamos permitir que deturpem também o significado desse dia luta!
ResponderExcluirSim Juraci! Bora lá na terça
ResponderExcluirEstarei lá, com toda certeza!
ExcluirÓtimo!!!
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