Em
época de Carnaval é interessante lembrar algumas expressões caídas em desuso e
comparar as práticas sociais e culturais de tempos passados com as de hoje: o
que mudou e o que se mantém na forma de festejar o Carnaval? Qual o lugar e o
significado da máscara, o símbolo dessa festa guiada pela imaginação? O que vem
a ser esse tal de Entrudo?
Vamos
primeiro à MÁSCARA, tão falada ultimamente... e ao nosso "pai dos
burros", como dizia meu pai, no tempo dele era o dicionário, agora a
Wikipédia, a enciclopédia livre, quem nunca pesquisou...
Uma
máscara é um acessório utilizado para cobrir o rosto, utilizado para diversos
propósitos: lúdicos (como nos bailes de máscaras e no carnaval), religiosos,
artísticos ou de natureza prática (máscaras de proteção). A palavra tem,
provavelmente, origem no latim mascus ou masca = "fantasma", ou no
árabe maskharah = "palhaço", "homem disfarçado". Muitas
vezes tribos africanas usam máscaras em cerimônias de passagem entre a vida e a
morte.
A
máscara é possivelmente o mais simbólico elemento de linguagem cênica através
de toda história do teatro. Seu uso, provavelmente, remonta à representação de
cabeça de animais em rituais primitivos, quando ou o objeto em si ou o
personagem que o usava representavam algum misterioso poder.
Funções
da máscara: disfarce; símbolo de identificação; esconder a sua identidade;
transfiguração; representação de espíritos da natureza, deuses, antepassados,
seres sobrenaturais ou rosto de animais; participação em rituais (muitas vezes
presente, porém sem utilização prática); interação com dança ou movimento;
fundamental nas religiões animalistas; mero adereço; prevenir contágios de
outras pessoas.
Símbolos
da máscara: Às vezes a máscara deixa de ser um mero adereço e passa a se tornar
um símbolo de caráter enganoso. Vemos isso nas histórias em quadrinhos a
máscara não esconde somente a identidade, mas transforma a vida de quem a
possui. Os super-hérois colocam as máscaras e se transformam naquilo que não
são na frente dos outros. A máscara é um modo de disfarce que não faz as
pessoas saberem quem somos nós (esconde a identidade).
Enfim,
as máscaras aparecem durante as festividades de Dionísio (Deus do vinho).
Nessas festas todos bebiam, cantavam, dançavam e usavam máscaras, feitas de
folha de parreira, por acreditar que Dionísio estaria presente entre as
pessoas. A máscara teatral grega possuía diferentes funções quando em cena,
tais como proporção maior que a face do ator e os traços expressivos
acentuados, para que todo o público pudesse assimilar o caráter do personagem.
Agora,
o CARNAVAL é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através dessa festa
os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade
do solo e pela produção. A origem do Carnaval vem, portando, de uma
manifestação popular anterior à era Cristã, tendo se iniciado na Itália com o
nome de Saturnálias - festa em homenagem a Saturno. As divindades da mitologia
greco-romana BACO e MOMO dividiam as honras nos festejos, que aconteciam nos
meses de novembro e dezembro.
Durante
as comemorações em Roma, acontecia uma aparente quebra de hierarquia da
sociedade, já que escravos, filósofos e tribunos misturavam-se em praça
pública. Com a expansão do Império Romano, as festas tornaram-se mais animadas
e freqüentes. Na época ocorriam verdadeiros bacanais.
No
início da era Cristã, começaram a surgir os primeiros sinais de censura aos
festejos mundanos na medida em que a Igreja Católica se solidificava. Querendo
impor uma política de austeridade, a igreja determinava que esses festejos só
deveriam ser realizados antes da Quaresma.Os italianos adotaram, então, a
palavra Carnevale, sugerindo que se poderia fazer Carnaval - "ou o que
passasse pelas suas cabeças" antes da Quaresma, numa espécie de abuso da
carne.
Passou
a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C... É um período
de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da Idade Média. A palavra
"Carnaval" está relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da
carne marcado pela expressão "carnis valles", que acabou por formar a
palavra "Carnaval", sendo que "carnis" em latim significa
carne e "valles" significa prazeres. Sobre a origem da palavra não há
unanimidade entre os estudiosos. Há quem defenda que a palavra Carnaval deriva
de carne vale (adeus carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Outra
interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus
navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta
interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da Primavera, com
cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como
em Roma e, posteriormente, entre os Teutões.
O Carnaval da Antiguidade era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres. O Carnaval prolongava-se por sete dias nas ruas, praças e casas da Antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro. Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que bem quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.
No
período do Renascimento as festas que aconteciam nos dias de carnaval
incorporaram os baile de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros
alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros
tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual. O
Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade
vitoriana do século XIX. A cidade de
Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.
Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no
Carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.
No
Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos
carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos,
tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam,
decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai
a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No
século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa
popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As
músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.
A
primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi
criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa
Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval
de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba
no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de
Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era
mais bonita e animada.
O
carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil.
Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no
ritmo do frevo e do maracatu. É de Pernambuco que surgiu um dos ritmos mais
alucinantes da festa momesca: o envolvente e contagiante frevo. "E a
multidão dançando, fica a 'ferver'..." Daí o surgimento da palavra
"frevo".
Paralelamente,
existe o maracatu, cortejo de origem africana, altamente expressivo. O berço
dos maracatus foram as senzalas, quando os negros prestavam homenagem aos seus
antigos reis africanos. Mesmo com o fim da escravidão, os cortejos continuaram.
Daí o maracatu ganhou as ruas, tornando-se uma das peças essenciais do carnaval
pernambucano.
O
Axé, ou axé music, é um gênero musical surgido no estado da Bahia na década de
1980 durante as manifestações populares do Carnaval de Salvador, misturando
frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu
e outros ritmos afro-latinos. No entanto, o termo Axé é utilizado erroneamente
para designar todos os ritmos de raízes africanas ou o estilo de música de
qualquer banda ou artista que provém da Bahia. Sabe-se hoje, que nem toda
música baiana é Axé, pois lá há o Samba-reggaerepresentado principalmente
pelo Bloco Afro Olodum, o Samba de Roda, o Ijexá - tocado com variações
diversas por bandas percussivas de blocos afro como Filhos de Ghandi, Ilê Aiyê
e Muzenza, entre outros -, o Pagode produzidos por algumas bandas e até uma
variação de frevo. A palavra "axé" é uma saudação religiosa usada no
candomblé e na umbanda, que significa energia positiva. Já o ENTRUDO chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado por estas
festas carnavalescas que já aconteciam na Europa. Considerado uma das festas
populares mais animadas e representativas do mundo, tem sua origem no
entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam umas nas outras, água, ovos e
farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha
um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje
no Carnaval.
A
festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI, recebendo o nome de Entrudo -
isto é, introdução à Quaresma, através de uma brincadeira agressiva e pesada.
O
evento tinha uma característica essencialmente gastronômica e era marcado por
um divertimento entremeado com alguma violência. Fazia-se esferas de cera bem
finas com o interior cheio de água-de-cheiro e depois atirava-se nas pessoas.
Os
mais ousados, no entanto, começaram a injetar no interior das "laranjinhas
ou limões-de-cheiro", substâncias mau cheirosas e impróprias e a festa foi
perdendo sua alegria. Foi exatamente esse Entrudo violento que aportou no
Brasil.
Na
segunda metade do século XIX, o jornal Diário da Bahia e a Igreja Católica
criticavam e pediam providências às autoridades policiais contra o Entrudo.
Quando se aproximava o domingo anterior à Quaresma, todo mundo
"entrudava". Apareciam pelas ruas em forma de bandos os
"Caretas" envoltos em cobertas, esteiras de catolé, folhas de árvores
e abadás - uma espécie de camisa de manga curta bastante folgada, atingindo a
curva dos joelhos, que os negros usavam. No Entrudo, molhava-se quantos
andassem pelas ruas, invadia-se casas para molhar pessoas e não se importava
que fosse gente doente ou idosa. Em 1853 o Entrudo passou a ser reprimido com
ordens policiais. Mesmo assim, as "laranjinhas" e gamelas com água
continuavam existindo. Foi exatamente neste período que o Carnaval começou a se
originar de forma diferente, dividindo-se em duas classes: o Carnaval de Salão
e o Carnaval de Rua. O Carnaval de Salão tinha a participação de brancos e
mulatos de classe média; o Carnaval de Rua, contava com negros e mulatos
pobres.
Em
1860 o Teatro São João começou a realizar arrojados bailes de mascarados, na
noite de sábado, iniciando as festas com músicas baseadas em trechos da ópera
italiana "La Traviata".
Em seguida, eram tocadas valsas, polcas e quadrilhas. O evento contava com a
participação das pessoas de bom nível social, que trocavam os bailes realizados
em suas casas pelo do teatro. Na época, havia o perigo do homem formado e do
negociante serem vistos mascarados. Em razão disso, casas de fantasias e
cabeleireiros, como os famosos "Pinelli" e "Balalaia"
mantinham especialistas em disfarces.
Como
os bailes carnavalescos não estavam ao alcance de todos, nem de acordo com a
moral de muitos, era necessário estimular a sua ida para a rua. Por isso, os
sub-delegados foram autorizados a distribuir gratuitamente máscaras a quem
quisesse brincar o Carnaval. Várias comissões passaram a ser nomeadas pelo
chefe de polícia e a comissão central, juntamente com outras comissões
paroquianas que distribuíam máscaras, facilitavam a aquisição de outros adereços,
bem como a providência de banda de música. Os comerciantes logo aderiram à
ideia de olho no melhor faturamento, e começaram a adotar o Carnaval em
substituição ao Entrudo.
Em
1870 os mascarados avulsos, estimulados pela polícia, e os bailes públicos começaram
a ganhar terreno, embora o Entrudo ainda se mantivesse vivo. O ambiente para a
realização do Carnaval passou a ficar melhor com o surgimento do "Bando
Anunciador", que saía às ruas convidando todos para os festejos. Nos
clubes e teatros, foram surgindo competições entre os grupos e famílias que
ostentavam roupas e jóias para mostrar quais associações e entidades eram mais
elegantes e grã-finas. O pioneiro Teatro São João passou a organizar seus
bailes com um ano de antecedência.
Em
1878, o grupo de Carnaval de rua, "Os Cavaleiros da Noite", aparecia
pela primeira vez num salão em grande forma, no Teatro São João, causando um
verdadeiro "ti, ti, ti". Dois anos depois - com um número maior de
bailes por toda a cidade -, Salvador contava com 120 mil habitantes, que
concentravam recursos financeiros e grande poder político. Havia, portanto,
dinheiro, poder e fartura, e todo esse esplendor passou, então, a ser retratado
nos salões e bailes de Carnaval. Só para se ter uma ideia, as roupas, adereços,
enfeites, chapéus, bebidas, jóias, sapatos e meias usadas nas festas eram
importadas das melhores casas de Paris e Londres.
Ao
mesmo tempo, palanques e bandas de música proliferavam na cidade. Surgiam
também vários clubes uniformizados, como "Zé Pereira", "Os Comilões"
e "Os Engenheiros", fantasiados com "Cabeçorras" e outras
máscaras. Como as comemorações cresciam, convencionou-se que o Campo Grande
seria o lugar para os mascarados se reunirem nos dias de Carnaval e, de lá,
saírem em bandos.
Em
1882, o comércio iniciou o costume de fechar as portas na terça-feira de
Carnaval, a partir das 13 horas. O Carnaval de máscaras e o desfile dos clubes,
ficavam então, mais animados depois das 14 horas.
Cinco
anos antes da Proclamação da República, a cidade, habitada por cerca de 170 mil
pessoas, organizou o seu primeiro grande Carnaval de rua. Era uma festa com
grande influência europeia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela
época, com luxo, requinte e comentários elogiosos.
Fortemente
influenciado pelo requintado Carnaval de Veneza, na Itália, e mesclando a
presença de tipos do popular Carnaval de Nice, na França, o Carnaval de
Salvador deu o primeiro passo rumo à popularização com a participação de muita
gente nas ruas.
Então,
nossa ideia é recuperar essa tradição do Carnaval, em parte, na parte legal de
alegria, brincadeira, encontro de blocos, bobagens no melhor sentido a palavra,
abraços oxitocinados, beijos demorados e cheiros alucinados...
(a
fonte de pesquisa sobre o entrudo é a Entursa)
SantuzaTU
SantuzaTU
vivendo e aprendendo com esse SBC... obrigada TU, estaremos lá na terça... beijos Cinara
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