Por Tadeu Oliveira Romão
Em fins da década de 1960, eu era apenas uma criança que vivia
correndo atrás de uma bola de meia no fundo do quintal da nossa
casa em Corinto, fruto de influência futebolística dos irmãos mais
velhos. Meu pai, embora fosse um homem de princípios rígidos e
não aceitasse de modo algum que os seus filhos jogassem “pelada”,
era complacente quando se tratava das equipes de futebol da cidade.
Natural do pequenino distrito de Contria, incrustado no caminho
entre Corinto e Pirapora, meu pai se revelava um amante do esporte
bretão. Torcia pelo Guarany de Corinto e pelo Cruzeiro e quando
era indagado sobre se já havia jogado futebol, ele pigarreava e
deixava escapar um sorriso maroto dizendo que não, mas que assistiu
lá em Contria, uma das maiores goleadas já vista na história do futebol.
Dizia ele que na época em que, com a expansão do ramal para
Pirapora, não tardou para que o futebol chegasse ao lugarejo, talvez
por obra dos funcionários da Central do Brasil.
Assim, os habitantes locais começaram a praticar rachões chegando,
inclusive, a formar um escrete local.
E para preencher o vazio e a morosidade com que o tempo passa nas
tardes dos domingos, convidaram um time de Corinto para fazerem um
amistoso com o escrete recém-formado. Eis que chegou o grande dia!
Logo cedo, marcaram o campo de terra batida com cal, passaram uma
mão de sebo nas chuteiras para amaciar e encheram a bola de couro
G18. Ainda contaram com a cortesia do time visitante, que emprestou o
jogo de camisas do segundo quadro para os titulares locais e arrumaram
uma pessoa que entendia das regras para ser o juiz. Meu pai fazia um
suspense e já ia direto para o final da partida. O resultado? 42 a 0 para
o time de Corinto.
Se consideramos que os dois tempos equivalem a 90 minutos, dividindo
pelo número de gols tomados, teremos que o time de Contria tomava um
gol a cada dois minutos e oito segundos. Bastava por a bola no meio de
campo, tirar a saída e logo logo o goleiro do time da casa corria mato
adentro para buscar a bola, pois não havia gandula nem redes no gol.
Papai soltava uma sonora gargalhada e dizia que o placar só não foi maior
por causa da luta empreendida pelo goleiro com as macambiras ao buscar
a bola no meio do mato, atrás do gol.
E a crônica nos leva às "conversas SBCenses" de sempre:
- O primeiro comentário foi sobre Pelé: Edson Arantes do Nascimento,
mineiro de Três Corações, atualmente com 82 anos, internado recentemente,
estado estável porém com saúde bastante precária. Pele é considerado o
Rei do Futebol, Atleta do Século (passado), melhor artilheiro do mundo.
Algumas pessoas o criticam pela sua posição (ou falta de posição)
política durante o tempo em que atuou enquanto jogador. Ele não se
posicionava em relação às questões politicas do seu tempo, ou seja, o tempo
da ditadura militar no Brasil, não se posicionava sobre o racismo, dizem.
No entanto, vejam a sua fala quando em 1969, se comemorou o seu milésimo
gol, no Maracanã:
"Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas
pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí.
Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa.
Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus.
Muito obrigado".
Daí o comentário de SBCense: "Essa fala do Pelé, na época, já era considerada
comunista! Essa mania de lacração que temos atualmente, muitas vezes sem
nem procurar entender a época, o contexto histórico, essas coisas. Vocês já
pensaram o que se podia dizer naquela época? Já imaginaram o tanto de
gente que fugiu do Brasil por causa da ditadura, o tanto de gente presa, morta ... "
Então pulamos para uma uma outra referência bastante interessante
A Netflix aproveita que o futebol está em alta para lançar
uma minissérie documental que polemiza: A “caixa preta” da FIFA
(Federação Internacional de Futebol) será escancarada ao longo de
uma produção com quatro episódios intitulada Esquemas da FIFA.
São abordados vários detalhes dos bastidores da associação que
representa o futebol mundial, desde o estrelato nos campos até os
escândalos de corrupção. Em meio a tudo isto, está em jogo um dos
esportes mais adorados do mundo e responsável por trazer os mais
diversos sentimentos à várias nações no mundo.
E depois dessa boa indicação, partimos para a segunda crônica do nosso SBCense Tadeu:
Olá Santuza!
ResponderExcluirVejo que tem aproveitado meus textos junto aos SBCenses! Muito grato por divulgá-los!
Quanto Tadeu com TH, depois te conto essa historia.
Beijos carinhosos!
Tadeu Oliveira Romão
Nós do SBC tb agradecemos Tadeu... ou Thor...vc e Antonieta já se tornaram uma espécie de correspondentes nossos...
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