Não existe possibilidade de, em nos encontrando na festa de70 anos de grande amiga dos anos 80 do século passado, não conversarmos sobre o passar do tempo... sobre perdas, lembranças ... e chorarmos e rirmos... quase ao mesmo tempo.
Ela, a aniversariante, trajando um lindíssimo vestido vermelho, meio soltinho e vaporoso, que a deixava a vontade para o esbanjamento na dança e na alegria; os cabelos presos num displicente "coque" e um sapato baixo e confortável, claro, para o esbanjamento que já dissemos.
E todas (e todos) nós, também, esbanjando elegância, alegria, vitalidade... "parece que foi ontem!" todas nós dizíamos, continuamos "as mesmas", algumas de nós apresentando suas filhas adultas - nos anos 80 quase todas tinham menos de cinco anos - e algumas filhas, agora, completamente "a cara" das mães naquela época...
Essa é uma característica da amizade: passa-se o tempo, a gente se encontra e "parece que foi ontem"... o tempo não "envelhece" a amizade. Lembramos Alberoni, escrevemos sobre ele em post do dia 30 de janeiro deste ano, também a propósito de "bons encontros":
Francesco Alberoni, jornalista, escritor e professor de sociologia italiano, hoje com 93 anos. Publicou, em 1979, "Enamoramento e Amor", o seu livro mais traduzido e mais vendido, o primeiro da trilogia "A amizade" (1984) e "O erotismo"(1986).
"No livro A AMIZADE, Alberoni afirma que essa é a única relação afetiva incompatível com a ambivalência. Já vimos que, no enamoramento podemos odiar a pessoa amada. Podemos ser ambivalentes em relação aos nossos pais ou aos nossos filhos. Não podemos, ao contrário, ser ambivalentes em relação ao amigos. Caso aconteça a ambivalência, a amizade sofre e, se a ambivalência continua, desaparece. É este, provavelmente, o motivo pelo qual os amigos preferem ver-se de quando em quando, quando têm vontade, em lugar de viveram juntos. Uma convivência contínua cria, inevitavelmente, motivos de dissabor, de ressentimento, pequenas coisas que, no entanto, somando-se, se podem tornar grandes. A convivência tende a consolidar as relações afetivas mas, ao mesmo tempo, divide. Os enamorados escolhem esta estrada a este risco porque tendem à fusão. A amizade, pelo contrário, prefere renunciar à fusão a favor do encontro. O encontro é sempre positivo. A amizade , então, pode ser definida como uma série de bons encontros".
Quanto à memória, não é verdade que, com a idade, nossa memória diminui... de jeito nenhum! Na verdade nossa memória se torna pontual, ou seja, lembramos o que nos interessa, e lembramos muuuiiiitoooo... mas para as coisas menos importantes, nosso HD já está cheio, aí a gente deleta...
E, numa certa altura da conversa, apareceu a piada sobre os três Ks que matam os velhos: Katarro, kaganeira e keda.
Inevitável lembrarmos com saudade e admiração da pessoa que nos reuniu. Pensamos que ela seria, agora, como grande artista italiana, Barbara Alberti:
Escritora, roteirista, dramaturga e personalidade da TV italiana, atualmente com 81 anos, seu ultimo livro TREMATE TREMATE, deste ano de 2024.
E por falar em memórias e afetos, depois do parabéns a banda tocou, em homenagem à aniversariante, essa música que ela adora... e todas e todos nós também ...
Oi Santuza,
ResponderExcluirseu texto está muito bonito.Uma boa crônica da festa em estivemos juntas.
Me emocionei bastante assim como também na festa!
“Avelhice é anárquica por natureza”
Genial essa afirmação! Uns mais que outros têm que se esbaldar para” contornar os precipícios “
Há um certo imperativo no envelhecer: tudo pode se reduzir à última vez.É vero,Alberti!
Também sinto que nossa mentora esteve na festa, comemorando a aniversariante .
Parabéns mais uma vez,Santuza!
Escrever depois de,ajuda a repetir, a prolongar os bons momentos!
A crônica faz parte da festa!
Bjs
Sônia Macêdo
Sônia querida! Que bom que vc gostou, amei seu comentário... Obrigada, bjs
ExcluirTuza que homenagem fofa para sua amiga aniversariante. Que tal retocarmos "velhice" e transformá-la em amadurecimento? A nossa geração não é de velhos, mas de pessoas maduras e experientes. Bjus
ResponderExcluirObrigada ju... Abraço carinhoso
ResponderExcluirMuito bom Santuza.”A velhice é anárquica por natureza” , amizades, memórias…Minha forma de anarquia foi dançar a noite toda ao som da banda maravilhosa. Velhos ainda tem corpo!!!
ResponderExcluirSim querida!
ResponderExcluirSantuza, embora não conheça qq uma de vocês, me senti contemplada no texto maravilhoso. Tanto que vou enviar para as amigas que, juntas, construimos história de vida. Obrigada!
ResponderExcluirQue bom, Márcia! Obrigada
ExcluirSantuza, que texto lindo! Bacana demais! Imagino a alegria irreverente que rolou na festa da nossa amiga! Espero estar com vocês, na próxima! Beijo
ResponderExcluirMarília
Sim Marília, não perca a próxima. Bjs
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