Reificação (do latim res: "coisa"; em alemão: Verdinglichung, literalmente: "transformar algo em coisa" ou Versachlichung, literalmente: "objetificação") ou coisificação... Trata-se de uma operação mental que consiste em transformar conceitos abstratos em objetos, ou mesmo tratar seres humanos como objetos. No marxismo, o conceito designa uma forma particular de alienação, característica do modo de produção capitalista. Implica a coisificação das relações sociais, de modo que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca.
Entendendo alienação como distanciamento de nós mesmos, o que vai permitir nos tornarmos objetos e, por outro lado, o objeto, a "coisa", ganhar vida - o celular, o dinheiro, a tecnologia, e assim por diante...
Theodor Adorno (1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973) foram membros de um grupo de filósofos conhecidos com a Escola de Frankfurt. Ambos criaram o termo Indústria Cultural e analisaram a atuação dos meios de comunicação de massa na sociedade. É importante ressaltar que na sociedade capitalista, a cultura se torna uma mercadoria.
Coisificação (o mesmo que reificação) é o ato de transformar ideias em coisas concretas. Segundo o texto Técnica, corpo e coisificação: notas de trabalho sobre o tema da técnica em Theodor W. Adorno, o processo de coisificação das relações sociais é mediado pela técnica, que torna as pessoas semelhantes às máquinas, trazendo à tona toda a violência e barbárie presentes no ser humano, que foram culturalmente dominadas.
Para Adorno, a técnica é supervalorizada e fetichizada a tal ponto que as pessoas se relacionam com ela de forma exagerada e irracional, tornando-a o ponto central da vida. No processo de coisificação, as pessoas perdem os traços de subjetividade e individualidade, passando a compor um coletivo de pessoas que tem a vida mediada pela técnica.
Pois é isso... esta cena triste da relação com o celular, no lugar da relação entre as pessoas, é um exemplo desse processo de reificação, onde a tecnologia ganha vida e nos tornamos coisas. A tecnologia, um produto humano, ganha vida, e nos submete, viramos escravos e escravas, enfim, "perdemos" a vida!
Não é que a tecnologia seja, em princípio, a favor ou contra a vida... nós é que precisamos usá-la para a vida, para as relações bonitas e prazerosas entre nós... e não para nos tornarmos objetos, permitirmos que nossa vida seja "coisificada". Tarefa dificílima...
E como, entre nós do SBC, "pra tudo tem um samba", lembramos do lindo Paulinho da Viola:
"AS COISAS ESTÃO NO MUNDO
SÓ QUE EU QUE PRECISO APRENDER..."
Sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo
A forma de se viver
Só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo
Só que eu preciso aprender
Obrigado pela reflexão, Santuza. Acho que teremos muito a crescer quando compreendermos e interpretarmos bem os fundamentos da |coisa| como objeto material e abstrato de direito no Brasil.
ResponderExcluirVoltei aos tempos de UFMG Faculdade de Educação .Excelente reflexão Santuza.pela nossa (re)humanização sempre!
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