. Isso deve ser propaganda do Zema para privatizar a Cemig....
sábado, 27 de janeiro de 2024
CONVERSAS DE CARNAVAL
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
Das coisas gratificantes da nossa profissão
Primeiro convido vocês a lerem as duas postagens anteriores, a primeira "Uma nova abordagem terapêutica", de 5 de maio de 23; a segunda "O método TAP Teoria Afeto Prática" de 9 de maio do mesmo ano. Nessas duas ocasiões escrevi sobre como trabalho na terapia (e na vida), como acontece, ou melhor, como podemos aprender o que eu penso que seja mais que um método, poderíamos dizer de um MOVIMENTO que, quando "aplicamos" à vida, à visão - e a prática, ou ação - de mundo, de mim mesmx e das - ou nas - minhas relações, nossa vida vai mudando para melhor - não mais feliz, mas mais livre, mais coerente, mais participativa, mais envolvente, mais divertida até...
Pois bem... chega fim de ano sugiro a todos e todas meus clientes fazerem um TAP do ano, o que aprenderam na terapia e colocaram em prática, e os afetos envolvidos nesse processo. Recebo ótimos "relatórios", o que me alegra de montão... me gratifica, me considero muito realizada com a minha profissão e com exercer essa mudança qualitativa na vida das pessoas.
Escolhi um dos relatórios para mostrar pra vocês esse movimento. Trata-se de relatório de uma mulher de 16 anos, que começou a terapia no mês de fevereiro de 23. Em dezembro, na nossa última sessão de terapia, tomamos um vinho juntas e ela me apresentou o relatório. Me emocionei e compartilho com vocês, com a sua autorização, omitindo seu nome... Espero que compreendam e apreciem o "movimento" que aparece neste relatório:
TAP: A MINHA TEORIA, AFETO E PRÁTICA
Esse ano foi um ano de muita luta, luta para me entender, reconhecer cada "erro" e colocar em prática as ações que poderiam mudar a forma na qual eu me via, via minhas relações e o mundo.
Durante esse ano de terapia, o que eu mais notei de mudança foi o quanto eu melhorei em ser eu mesma e saber o meu lugar e principalmente saber que eu quero, eu posso e eu devo. A um tempo a atrás eu me via dominada por um sentimento de culpa e de negação aos meus desejos e vontades, por conta de uma relação que me tirou isso, e ao longo desse tempo, depois de muitas conversas e teorias "santuzianas" eu comecei a entender que esses sentimentos de culpa e de negação, não cabiam a mim sentir, eu não merecia me privar de sensações e dos meus próprios desejos. Comecei a entender que isso não fazia parte dos meus princípios como uma jovem mulher que tem um mundo pra viver ainda, comecei a entender que eu não poderia me permitir viver daquela forma e a cada dia, a cada sessão de terapia, com mil e um assuntos eu consegui, consegui me livrar de um padrão que resistiu comigo mais de um ano. eu não entendia porque de tanto tempo eu me permiti sofrer tanto, mas depois eu vi que eu me coloquei naquela situação de esconder esses sentimentos de culpa e até de raiva por não conseguir viver a minha vida e depois que eu coloquei na minha cabeça que estava tudo bem ter esses sentimentos, eu consegui trabalhar eles para melhorar. E hoje, eu me vejo assim, realizada com o progresso e realizada em me ver com o coração leve, permitindo meu corpo e minha mente de sentir e viver cada sentimento, vivi coisas boas e não tão boas me relacionando com algumas pessoas esse ano, mas só de ter me permitido viver esses momentos com outras pessoas, sem cair naquele ciclo de voltar para quem eu achava que era o único que podia me proporcionar certas coisas foi MARAVILHOSO, um sentimento de liberdade e de amor, amor por mim, por ter conseguido sair de uma coisa que aprisionava meu corpo, minha alma, o meu querer de viver outras coisas e viver outras relações.
Hoje me sinto grata em saber me posicionar melhor, de não aceitar menos do que eu sei que eu mereço e de não me sentir mal por pensar mais em mim.
Uma das minhas grandes conquistas esse ano também, com certeza foi me colocar sempre em primeiro lugar e não me sentir mal ou me sentir egoísta por isso, e isso me trás um alívio imenso, não quero e não vou me colocar mais em situações desconfortáveis para mim, só para garantir o conforto de outras pessoas, meu bem e minha sanidade mental acima de qualquer outra, porque eu entendi que se eu não pensar em mim, ninguém pensa e ter isso em mente de forma tranquila, sem me sentir culpada por me priorizar é maravilhoso.
E para finalizar queria agradecer de todo o meu coração a minha psicóloga e amiga santuza, que me auxiliou da melhor forma possível durante 2023 e que eu espero que possa continuar comigo para viver um 2024 um pouco mais leve.
Você é sensacional!
sábado, 6 de janeiro de 2024
Virada de ano 23-24
Reificação (do latim res: "coisa"; em alemão: Verdinglichung, literalmente: "transformar algo em coisa" ou Versachlichung, literalmente: "objetificação") ou coisificação... Trata-se de uma operação mental que consiste em transformar conceitos abstratos em objetos, ou mesmo tratar seres humanos como objetos. No marxismo, o conceito designa uma forma particular de alienação, característica do modo de produção capitalista. Implica a coisificação das relações sociais, de modo que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca.
Entendendo alienação como distanciamento de nós mesmos, o que vai permitir nos tornarmos objetos e, por outro lado, o objeto, a "coisa", ganhar vida - o celular, o dinheiro, a tecnologia, e assim por diante...
Theodor Adorno (1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973) foram membros de um grupo de filósofos conhecidos com a Escola de Frankfurt. Ambos criaram o termo Indústria Cultural e analisaram a atuação dos meios de comunicação de massa na sociedade. É importante ressaltar que na sociedade capitalista, a cultura se torna uma mercadoria.
Coisificação (o mesmo que reificação) é o ato de transformar ideias em coisas concretas. Segundo o texto Técnica, corpo e coisificação: notas de trabalho sobre o tema da técnica em Theodor W. Adorno, o processo de coisificação das relações sociais é mediado pela técnica, que torna as pessoas semelhantes às máquinas, trazendo à tona toda a violência e barbárie presentes no ser humano, que foram culturalmente dominadas.
Para Adorno, a técnica é supervalorizada e fetichizada a tal ponto que as pessoas se relacionam com ela de forma exagerada e irracional, tornando-a o ponto central da vida. No processo de coisificação, as pessoas perdem os traços de subjetividade e individualidade, passando a compor um coletivo de pessoas que tem a vida mediada pela técnica.
Pois é isso... esta cena triste da relação com o celular, no lugar da relação entre as pessoas, é um exemplo desse processo de reificação, onde a tecnologia ganha vida e nos tornamos coisas. A tecnologia, um produto humano, ganha vida, e nos submete, viramos escravos e escravas, enfim, "perdemos" a vida!
Não é que a tecnologia seja, em princípio, a favor ou contra a vida... nós é que precisamos usá-la para a vida, para as relações bonitas e prazerosas entre nós... e não para nos tornarmos objetos, permitirmos que nossa vida seja "coisificada". Tarefa dificílima...
E como, entre nós do SBC, "pra tudo tem um samba", lembramos do lindo Paulinho da Viola:
"AS COISAS ESTÃO NO MUNDO
SÓ QUE EU QUE PRECISO APRENDER..."
Sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo
A forma de se viver
Só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo
Só que eu preciso aprender
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
SBC em Ouro Preto: VITORIOSAS... SOMOS...
Ivan Lins nasceu em 1945 no Rio de Janeiro. Agora com 78 anos, é um destacado compositor, tendo músicas gravadas por nomes consagrados como Elis Regina (Cartomante, Madalena, Aos Nossos Filhos), Simone (Começar de Novo), Quarteto em Cy (Abre Alas), Gel Costa (Roda Baiana), Jane Duboc (De Alma e Corpo, Aos Nosso Filhos) Zizi Possi (Demônio de Guarda) e Emílio Santiago (Velas Içadas).
Vítor Martins, na foto com Ivan Lins, nasceu em 1944 em Ituverava (São Paulo), ficou famoso ao compor, com Ivan Lins, a canção Abre Alas, iniciando uma profícua parceria que durou décadas. Entre os intérpretes de suas canções, além do próprio Ivan, constam artistas brasileiros, como Elis Regina e Simone, e internacionais, como George Benson, Ella Fitzgerald, Sara Vaughan, Quincy Jones e Barbra Streisand.Em 1991, com o parceiro Ivan Lins, fundou a gravadora Velas (Atual Galeão), responsável pelo lançamento de artistas como Lenine, Belô Veloso, Guinga e Chico César, entre outros.
E eu estava, no segundo casamento, tendo meus dois filhos. Em 1985 nasceu Laura... que fez 15 anos em 2000. E, na sua festa, pediu para, ao som dessa música, descer triunfante a escada da casa onde foi a festa.
Agora, dezembro de 2023, relembramos a música... pois foi super oportuna para a comemoração da conquista do nosso Espaço Casa da Árvore em Ouro Preto.
Vejam no Instagram: @casadaarvore.ouropreto
E, ouvindo de novo a música VITORIOSA, não teve jeito de não ser instigada...
Falamos em pontos de vista: se a gente olha para um ponto de vista acha linda a música... e é mesmo! e é, também, estimulante, empoderadora... imagina as mulheres, jovens adultas, na década de 80... realmente, não sabíamos como se gozava e tínhamos vergonha de perguntar, conversar, trocar ideias... imagina que, outro dia, assisti uma palestra antes da minha, que era sobre combate à violência, a primeira era sobre sexualidade feminina e a palestrante nos contou que somente em 1998 foi "descoberto" o clitóris interno, e é grande por dentro! e ali fica o ponto G!!!
Então, não ter vergonha de aprender como se goza é, realmente, libertador... Vejam um trecho da música:
Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
de passar dos seus limites
E ir além...
Sim... todas queremos... e aí começo a pensar em outro ponto de vista possível...vejam o vídeo:
Esse quero me encasquetou ... por mais românticas que sejamos... sim, todos e todas nós somos, todos e todas aprendemos a idealizar o ser amado... e aí mora o perigo ... necessário o movimento da idealização (no enamoramento) para a humanização e a busca do "NÒS". Porque necessário? por que relações HUMANIZADAS são CONSTRUÍDAS, como tudo no humano, enquanto que as relações romantizadas, idealizadas, reproduzem o modelo "dominação-servidão", repercutem em sofrimento desnecessário... e, acreditem, estamos impregnados e impregnadas desse modelo, tanto o homem "doce e feminista", que não VÊ a reprodução, no automático, do modelo machista da sociedade em que vivemos... quanto a mulher "liberada", que busca relações simétricas, e que, por um triz, cai no modelo de "ser do jeito que ELE quer que eu eu seja"... e faz isso "por amor". Ou seja, estarmos atentos e atentas é imprescindível... às vezes penso que posso estar sendo "paranoica"... mas, não!!!... me deixa com a minha paranoia! É ela que pode me proporcionar o caminhar para a abertura de conflito e para a construção de relações sujeito-sujeito, ou seja, objetivo é sair dela, conversar, rir junto... e caminhar para a construção do NÓS...
Há pouco tempo recebi um videozinho do insta, mais de uma vez, de algumas mulheres no processo de "tomada de consciência" desse processo de "repetição do modelo", muitas vezes "travestido" de "modernidade". Era mais ou menos assim:
Romantismo nas várias épocas:
Anos vinte - as moças conversando, uma delas disse: aí ele pulou o muro lá de casa, me trouxe flores, e depois recitou um poema pra mim, depois me pediu em casamento, pro meu pai, lógico... e agora eu tô noiva!!! E as outras: ai, que lindo!!!
Romantismo anos 50: aí ele fez uma serenata pra mim, me pediu em namoro, me convidou pro baile a noite... e as outras: ai... que lindo!!!
Romantismo 2024: estamos ficando há três anos e até hoje ele não me assumiu, mas ele disse que eu sou mais especial do que todas as outras meninas que ele fica. E ele me mostrou seu story onde aparece a ponta do meu cabelo! E as outras: Ai, que lindo! que homem!!!
Desse jeito: o que mudou? o que não mudou? Fica em aberto ... para nossa reflexão.
E, conversando sobre tudo isso, recebi também de amiga SBCense a indicação de livro:
História inesquecível de uma menina que deseja estudar para poder encontrar sua voz e falar por si mesma. Adunni nasceu e cresceu em uma aldeia rural na Nigéria. Aos catorze anos, ela é uma mercadoria, uma esposa, uma serva. Mas, acima de tudo, ela é inteligente, engraçada e curiosa, com uma energia contagiante. A mãe de Adunni lhe disse que a educação é a única maneira de não se calar — de não perder a capacidade de falar por si mesma e decidir o próprio destino. Depois da morte da mãe, o pai da garota a vende para ser a terceira esposa de um homem que está ansioso para ter um herdeiro. Adunni consegue fugir do casamento arranjado, apenas para ser vendida para uma família rica, à qual deverá servir. Mas, ao contrário de tantas outras garotas forçadas a uma vida de servidão, Adunni não será silenciada. Apesar dos obstáculos aparentemente intransponíveis em seu caminho, Adunni nunca perde de vista o objetivo de escapar da vida em que nasceu para poder construir o futuro que escolheu para si — e ajudar outras meninas como ela a fazer o mesmo.
"Estou muito animada com este livro... Na Nigéria e em todo o mundo, meninas lutam pelo direito de aprender. Sou grata a Abi por mostrar os desafios que as nigerianas enfrentam e o poder de suas vozes", diz Malala Yousafzai
E o The New York Times publicou o seguinte comentário: "A voz original e corajosa de Adunni articula poderosamente uma raiva retumbante contra o patriarcado tóxico da África... Daré atrai o leitor com uma personagem vívida cujas circunstâncias terríveis contrastam com sua criatividade natural e uma vontade feroz de sobreviver... Ao longo de sua angustiante jornada de amadurecimento, contada com entusiasmo e compaixão, Adunni nunca perde a 'voz alta' que torna a história de Daré e sua protagonista tão inesquecíveis."
Terminando, "vislumbro" a possibilidade da construção de relações simétricas, humanizadas, mais prazerosas, mais bonitas, quando pensamos nessa construção nos vários níveis de relação, valorizando igualmente todos os níveis, desde a cama, as relações afetivo sexuais, até as relações mais amplas, o exercício da cidadania, com solidariedade, companheirismo, construção humana, enfim.
Mãos Dadas, de Carlos Drummond de Andrade, no seu livro Sentimento do mundo, de 1940:
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Obrigada Drummond... Obrigada a todas as pessoas que nos acompanham...
Boas conversas para 2024, desejamos a todos e todas...
SANTUZA TU