SBC

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Angel e Rochelle em Ouro Preto: a saga contra o cigarro


Elas quase sempre estão por lá, vadiando que nem a Clementina, conversando até "espumarem o canto da boca", inventando moda e criando poemas... saracoteando pelos morros de Ouro Preto... piropando também ... em 2 de dezembro de 2022 descobrimos o primeiro nome de Rochelle, Luna. Nesse dia elas descobriram a arte ready-made e até fizeram poesia, vale a pena visitar no blog este post.  O primeiro nome da Angel ainda não descobrimos, algum SBCense já disse que seria Mary.

Mas no sábado passado elas estavam descendo a ladeira do Morro de São Sebastião e, claro, pedindo carona... quando para um carro... OBA!!! as duas correram pra carona... no que o Tiago diz "só não reparem o cheiro do carro, impregnado de cheiro de cigarro"... só esse gatilho serviu pra Rochelle não parar de falar até a esquina com a Padre Rolim, aff... sobre sua saga para parar de fumar.

E ela disse que ainda queria escrever um livro sobre isso, para ajudar mais pessoas nessa árdua tarefa, se livrar desse vício que nos arrasa...  mas porque ficar esperando pra escrever o livro, manda pra TU que ela publica!!!

Pois não é mesmo! Cara, sou do tempo que a gente começava a fumar porque era chique, era bacana, éramos adolescentes transgressoras! Ow meu deus, disse Angel, podiam transgredir de outra forma mais aproveitável, transgredir politicamente, por exemplo! Mas a política passa também por esses gestos transgressores, meu bem!

Mas enfim, "cinquenta" anos fumando, mudança de século, filhos adolescentes reclamando do "fedor" do banheiro... vontade de parar de fumar e, ao mesmo tempo, defesa do "direito ao fumo na minha própria casa", que merda!!!

Algumas pessoas, particularmente mulheres, receiam parar de fumar e engordarem, ou "travar" o intestino... MITO... 

E a saga começou por aí... e demorou uns cinco anos para a DECISÃO INTERNA de parar de fumar: e tem os períodos cômicos, tragicômicos, e os trágicos. Primeiro, maior esforço para não fumar, mas qualquer coisa era pretexto para voltar, uma preocupação por exemplo, uma doença na família, essas coisas. 

E era o tempo em que podíamos fumar em local fechado, vocês não acreditam, nessa época estávamos no auge do Bar Cartola e começávamos a "construir" o SBC. Me lembro que chegava em casa de madrugada, depois do Cartola, e tinha que tirar a roupa toda, botar de molho, e entrar pro banho pois estava completamente impregnada desse cheiro de cigarro.

Depois temos os experimentos:  trocar o cigarro comum pelo cigarro de palha, com o objetivo de fumar menos... Nossa, terrível... muito pior, você fuma tanto quanto, começa uma tosse feia... o cheiro, então, é muito pior! Teve, também, trocar o cigarro por charuto... cubano... e/ou cachimbo... "Eu ficava que nem um Freud", disse Rochelle. Rimos muito...

Depois veio a decisão de não mais comprar cigarro, fumar "de vez em quando", filado. Tragicômico... ia pro Cartola e só fazia contato com alguém que fumava, claro... e começava a conversar, e ficava a noite toda conversando, até que lá pras 2 horas da madrugada é que tinha coragem de pedir: Você tem um cigarrinho aí? Então fumava esse cigarro com uma sofreguidão enorme, quase de duas ou três tragadas... aff... parei com isso...

A próxima fase foi a de fumar picado... e tinha uma padaria em frente a minha casa... e eu trabalhava em casa... e ia toda hora comprar um só cigarro... até que o cara do caixa me disse: melhor você comprar o maço de uma vez, você já está pegando picado mais de 20 cigarros! Eita sô...

Por isso digo que é uma saga, pois durante todo esse tempo eu estava elaborando internamente uma espécie de troca. Até o que eu disse pra mim mesma: "POSSO ENGORDAR, DEPOIS EMAGREÇO... SE FICAR COM PRISÃO DE VENTRE TOMEMOS UM LAXANTE... SE FICAR DEPRIMIDA,  TOMEMOS UM ANTI DEPRESSIVO... por isso digo que trata-se de uma DECISÃO INTERNA,  É A TROCA DO CIGARRO POR QUALIDADE DE VIDA!!!

Aí, minina, aí cara, ninguém te segura, você começa a ver, sentir, perceber as VANTAGENS da sua troca: cheiros, aromas maravilhosos, paladar, gostos deliciosos, prazerosos... aí você vai achando ruim até o cheiro do cigarro... e é uma libertação...

Chegamos no pé da serra, ou seja, na rua da rodoviária, ele ia para um lado e nós pro outro... e, indo pra rodoviária, Angel disse pra Rochelle: você só não disse a ele qual foi mesmo a sua troca, pois você já me contou que teria trocado o cigarro por sexo, faz parte de qualidade de vida também, né?... 

- Não, querida, você sabe que sou uma pessoa meiga, né? kkk Claro que fiquei com vergonha... e se ele achasse que isso era uma piropa?  Pra quem não sabe ainda, nós do SBC já piropávamos desde 26 de janeiro de 2012, vai lá e leia nosso post dessa data... vejam que aprendemos a piropar com o Chico - o Buarque; depois ficamos sabendo que, na Espanha, pode também significar assédio...e pode mesmo, quando a piropa não é correspondida e a pessoa continua insistindo, é horrível... mas fizemos uma ressignificação da palavra e a adotamos, ou seja, piropa linda, bacana demais, é quando o olho brilha - o meu e o da outra pessoa - quando a conversa flui... enfim, quando os olhos se beijam... isso acontece antes do beijo na boca, como vi hoje no post de uma amiga:

Claro, vemos/sentimos isso, as energias trocadas, fluindo... só não veem as pessoas impregnadas do machismo estrutural, "o macho-paralelepípedo, prepotente, o intranscendente que “come” mas não ama, que caga-regras mas não escuta, que penetra e não se deixa penetrar", palavras da grande psicanalista brasileira Maria Rita Kehl. 

E pronto... Está publicado  o ensaio do livro "A saga pra parar de fumar", da Luna Rochelle... quem sabe já ajuda...

Dr.  Drauzio Varella também pode ajudar:


Assim como a frase - do século passado -  do famoso Sérgio Porto, ou Stanislaw Ponte Preta, seu "alter-ego":

Legenda da foto,




"Todo fumante morre de câncer a não ser que outra doença o mate primeiro"








Terminando com mais uma possível ajuda:  matéria recente da CNN dá 7 dicas para se livrar do vício no cigarro. São elas: 1 - Parada imediata. Você deverá marcar uma data e, a partir desse dia, não fumará mais nenhum cigarro; 2 - Parada gradual. A indicação segue dois métodos. O primeiro é a partir da redução do número de cigarros, ou seja, um fumante de 30 cigarros por dia, no primeiro dia, fuma os 30 cigarros usuais. No segundo, 25, no terceiro, 20, no quarto, 15, no quinto, dez, e, no sexto, cinco. O sétimo dia será a data para deixar de fumar, marcando assim o primeiro sem cigarro algum. 3 - Retardando a hora do primeiro cigarro No primeiro dia, você começa a fumar às 9h, segundo, às 11h, no terceiro, às 13h, no quarto, às 15h, no sexto, às 19h, e, no sétimo dia, assim como na parada gradual, deixa de fumar. 4 - Exercícios de relaxamento Recurso para relaxar e não cair em armadilhas durante o processo, pode ser feito com uma respiração profunda, puxando o ar pelo nariz e mantendo a contagem até seis. Na sequência, deixe que o ar saia lentamente pela boca, esvaziando completamente os pulmões. 5 - Chupar gelo, escovar os dentes, beber água gelada A vontade de fumar não dura mais do que alguns minutos. Quando o desejo surgir, é possível remediar a vontade chupando gelo, escovando os dentes a toda hora, bebendo água gelada ou comendo frutas. 6 - Manuseie objetos Também é importante ter alguma ocupação quando sentir vontade de fumar. Para isso, rabisque um papel, manuseie objetos pequenos, converse com algum conhecido e se mantenha distraído. 7 - Mantenha a calma. Por fim, mas não menos importante, mantenha a calma e o entendimento de que momentos difíceis marcarão a trajetória da tentativa de parar de fumar. 

Benefícios ao parar de fumar Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue; Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza; Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor; Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida; Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora; Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade; Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.


Abraços carinhosos a fumantes e não fumantes.
Santuza TU

Assistir na ExibiçãAbraços carinhosos a fumantes e não fuante


SBC às 19:31 3 comentários:
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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Assunto da semana: QUEM AMA NÃO MATA


No sábado dia 21/setembro tivemos o prazer de participar do sarau do grupo QUEM AMA NÃO MATA, com essas mulheres maravilhosas: Beth Fleury, Sônia Queiróz, Thaís Guimarães e Lúcia Afonso.

O Quem Ama não Mata é um histórico movimento feminista mineiro, de luta contra toda forma de violência à mulher, antirracista e suprapartidário.

Mirian Chrystus, jornalista e coordenadora do movimento, abriu o evento lembrando a intrínseca relação do movimento com a poesia. Desde sua origem, nos anos 80 do século passado, no ato público na Igreja de São José em Belo Horizonte. A abertura do manifesto de repúdio aos assassinatos das mineiras Heloísa Balesteros Stancioli e Maria Regina de Souza Rocha era uma poesia anônima da Idade Média em que o homem, antes de partir para as cruzadas, entrega  à sua senhora a chave do cinturão de castidade - um ato de amor. Mil anos depois os homens diziam que "matavam por amor". 

E em 2018 o Manifesto que marcou a volta do Movimento foi, também, escrito em tom poético, embora o propósito fosse a denúncia à violência contra as mulheres. E agora o movimento está, em parceria com a Academia Mineira de Letras, promovendo os Sábados Feministas. 

Neste, quatro grandes mulheres foram convidadas a falarem sobre a relação da poesia com o feminismo nas vidas de cada uma.

Primeiro, Lucia Afonso, psicanalista e criadora da revista de poemas "Silêncio".

Sônia Queiroz, professora aposentada da UFMG e editora

Thais Guimarães,  poeta e pesquisadora sobre a expressão poética das mulheres de 1500 a 1930

E por último Beth Fleury, socióloga a pesquisadora da Fiocruz, onde desenvolve pesquisa e reflexão sobre a formação de homens violentos.

E cada uma delas fez um depoimento emocionante, além de declamar poesias autorais. Em todos os depoimentos cada mulher da platéia se via na história. Como disse a Beth no seu depoimento, o último deles, casos - eventos, memórias -  desse século, a gente costuma dizer "outro dia mesmo..."  contrastando com "no século passado"... pois a maioria presente somos mulheres da segunda metade do século passado, anos 80, quando acontecia a primeira manifestação do QUEM AMA NÃO MATA, estávamos casando - da primeira ou da segunda vez - tendo filhos... E tomando consciência do mundo, da América Latina e do Brasil... no Brasil, especificamente, o processo de democratização, a Constituição em 1988... e, no plano pessoal, estávamos, ao mesmo tempo, lendo Simone de Beauvoir e conhecendo o feminismo interseccional, o feminismo negro, o feminismo decolonial, em suma, os feminismos. 

E, nesse sábado, passando essa história pela minha cabeça , a partir dos quatro depoimentos, me lembrei de novo de um filme francês que resume meu sentimento naquele sábado:


MARVIN...  na cena final:  o protagonista numa colina depois da estreia da sua peça, olha pro lado e se vê quando criança. E ela está sorrindo pra ele... e ele sorri, também, pra ela... sem legendas. Penso que cada pessoa saiu do filme e fez a sua própria legenda a partir da sua história e dos seus afetos. 

A minha: O sentimento de orgulho pessoal de ter me transformado na pessoa que sou agora... de ter construído essa história de empoderamento, diante das violências que sofríamos. Ainda sofremos, mas aprendemos um pouco - ou um tanto - a lidar com elas... Principalmente através da arte e da poesia. E, também, a lidar coletivamente, compartilhando experiências, vivências, emoções... e poesia.

Assim, publicamos aqui uma das poesias de cada uma delas:





O SBC agradece imensamente esse encontro super bacana...

E minha gratidão a todas do Coletivo Quem Ama Não Mata... em especial a querida Beth Fleury, que me fez o convite... Abraços carinhosos...

Santuza TU












SBC às 13:20 2 comentários:
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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Conversas SBCenses: sobre muitos tipos de ECOs

                                   

Conversas sobre amor e sexo não terminam nunca! 

Depois do poema COMO FAZER AMOR recebemos, além de comentários sobre a lindeza, doçura, poesia... do texto, outras sugestões, digamos, sobre "como fazer amor":

- Tá valendo, também, "sexo selvagem"? Daqueles de rasgar os botões, rolar na cama, cair da cama, rolar no chão - pode ser chão da casa, pode ser na grama, na areia da praia - escalavrar os cotovelos e joelhos, arder o rosto de tanto beijo... mordidinhas na orelha, vai descendo, no corpo todo... até morrer de cansaço e apagar completamente... e quando acordar retomar tudo... rola que rola... ri... grita ... canta... até ficar com muita fome... aí tem que dar uma parada pra comer, pois ninguém é de ferro... A Rita incluiria o chalap-chalap, claro, não poderia faltar... não conhecem o chalap-chalap?  conhecemos desde 2012, leiam nosso post de 14.março desse ano.

Claro! Tá valendo! Maior tesão! Qualquer maneira de amor vale a pena... quando a alma não é pequena...

E das risadas sobre sexo selvagem lembramos do nosso SBCense Sérgio Marone e retomamos sobre a ECOSSEXUALIDADE. Não é que essa ideia da ecossexualidade de entendermos a natureza como amante e não como mãe faz todo sentido!  

Lembramos de um caso que ouvimos há muito tempo e ficou gravado na nossa memória afetiva: um sítio lindo, bastante arborizado, um rio e uma frondosa árvore frutífera onde essa pessoa, todos os dias, ficava a descansar e "conversar". E a árvore respondia, generosamente. Ele comia os frutos deliciosos... porém ficava imaginando se tivesse uma canoa para passear pelo rio... e a árvore "sugeriu": toma o meu tronco! e ele fez isso... cortou a árvore, fez uma bela canoa... e passeava pelo rio. Um dia, cansado, procurou a árvore, uma sombra... e não encontrou... aquilo que restava da árvore o convidou: senta aqui no meu tronco e descanse um pouco!... 

Essa metáfora nos diz muito sobre a relação do ser humano com a natureza...  e também, possivelmente, com as mães, pois "aprendemos" sobre o amor incondicional, generoso sem limites, da mãe ... e da mãe natureza. Trata-se da conhecida relação mitificada, romântica,  e assimétrica. Com mãe "pode tudo", ela sempre vai perdoar, acolher, ser generosa... E o pior é que nós, enquanto mães, aprendemos a onipotência e somos compelidas e reproduzir e alimentar esse modelo, desempenhar o papel de mães idealizadas. Triste, pra nós e pra nossos filhos e filhas... idealizar nossas mães, assim como "nos matar" para corresponder ao modelo idealizado por elas. 

E a saída é a aprendizagem da humanização. Mães, não queiram ser perfeitas, não caiam nessa armadilha! Filh@s, façam o movimento de humanização das suas mães, vocês estarão aprendendo algo fundamental para todos os outros níveis de relação, a busca da simetria, a relação sujeito-sujeito, de troca, a relação prazerosa, enfim...  

Pois após esse preâmbulo "quase psicanalítico" o assunto foi ECO, para além da ecossexualidade:

ORIGEM DA PALAVRA|do grego ekhó, «eco», pelo latim echo

substantivo masculino
1.
FÍSICA repetição de um som refletido por uma superfície de grande área situada a uma distância do emissor do som tal que o intervalo de tempo entre a emissão e o retorno da onda refletida seja superior a um décimo de segundo; ressonância
2.
som produzido por essa reflexão
3.
repetição de sons ou de palavras
4.
figurado divulgação de palavras ou expressões atribuídas a uma pessoa
5.
figurado notícia infundada; boato, rumor
6.
figurado repercussão; consequência
7.
figurado bom acolhimento; aceitação, simpatia
8.
figurado fama; glória
9.
figurado marca deixada por alguém devido aos seus feitos ou às suas qualidades; memória, recordação.

O termo ECO é uma abreviação de "ecologia" e é frequentemente utilizado para se referir a práticas e conceitos relacionados à preservação do meio ambiente e à sustentabilidade.

A palavra grega “oikos”  significa “casa” ou “lar”. A ecologia é o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, e o termo “eco” é frequentemente utilizado para descrever práticas que visam preservar e proteger esse ambiente. O conceito de “eco” está relacionado à ideia de que todas as formas de vida estão interligadas e dependem umas das outras para sobreviver.

A ecologia pode ser considerada uma das ciências mais complexas e amplas, pois para compreender o funcionamento da natureza, ela envolve o estudo de diferentes campos de estudo, como evolução, genética, citologia, anatomia e fisiologia.

Níveis de organização

níveis de organização

"O estudo da ecologia provoca em nós o exercício da humildade, uma das maiores virtudes... o  movimento da saída da nossa arrogância humana", afirmam os ecologistas. E todos e todas nós precisamos urgentemente mudar nossa relação com a natureza:

Definitivamente, a natureza não é nossa mãe, naquele sentido "aprendido" sobre mãe. A ideia de relacionarmos com a natureza enquanto nossa AMANTE - seres que se amam - cria a possibilidade da relação de troca, de dar e receber, da busca da simetria na relação. 

Em 1975 nosso grande Paulinho da Viola canta Amor à Natureza: Um Clamor Poético pela Preservação Ambiental. "Uma semente atirada Num solo tão fértil não deve morrer É sempre uma nova esperança
Que a gente alimenta de sobreviver"

E chegamos ao conceito de ECOSSOCIALISMO:

O ecossocialismo conjuga elementos do socialismo com a ecologia. Defende que a expansão do sistema capitalista é a causa da exclusão social, da pobreza, da exploração e da DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. 

A William Morris  (1834-1896), romancista, poeta e desenhista inglês, é geralmente creditado o desenvolvimento de princípios-chave do que mais tarde foi chamado ecossocialismo. Durante os anos 1880 e 1890, Morris promoveu suas ideias ecossocialistas dentro da Federação Social Democrata e da Liga Socialista.

Ariel Salleh se tornou ecofeminista nas lutas contra a mineração de urânio em terras indígenas na Austrália, na década de 1970.

Ecofeminismo materialista:  convergência da resposta feminista, decolonial e socialista diante do colapso ecológico do século XXI.

A década de 1990 viu as feministas socialistas Mary Mellor e Ariel Salleh abordarem as questões ambientais dentro de um paradigma ecossocialista. Com o crescente perfil do movimento antiglobalização no Sul Global, um "ambientalismo dos pobres", combinando consciência ecológica e justiça social, também se tornou proeminente. 

Em outubro de 2007, a Rede Ecossocialista Internacional foi fundada em Paris.

Em maio de 2024 aconteceu o 1° Encontro Ecossocialista Latino-Americano e Caribenho junto com o 6° Encontro Ecossocialista Internacional, em Buenos Aires, que contou com a presença de várias personalidades ecossocialistas brasileiras e mundiais.

Também em maio de 2024, o Comitê Internacional da Quarta Internacional Reunificada aprovou o texto de seu Manifesto Ecossocialista para ser debatido em seu próximo congresso mundial, incorporando ainda mais os debates do ecossocialismo na sua organização.

Michael Löwy (1938]) é um pensador brasileiro radicado na França, onde trabalha como diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique. É um relevante estudioso do marxismo, com pesquisas sobre as obras de Karl Marx, Leon Trótski, Rosa Luxemburgo, Georg Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin.

Vale a pena assistir esse pequeno vídeo do Michael Löwy, acima.

Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (1944 - 1988), seringueiro, sindicalista, ativista político brasileiro, lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Seu ativismo lhe trouxe reconhecimento internacional, ao mesmo tempo em que provocou a ira dos grandes fazendeiros locais que o assassinaram. Sua morte foi noticiada internacionalmente e provocou indignação no Brasil e exterior.


Murray Bookchin (1921-2006) foi um escritor, orador, professor, historiador e filósofo político anarquista e posteriormente, comunalista estadunidense autodidata. Pioneiro no movimento da ecologia, Bookchin formulou e desenvolveu a teoria da ecologia social e do planejamento urbano, dentro do pensamento anarquista e ecologista.

Ecologia social é um conceito filosófico, social e político que relaciona questões ecológicas e sociais. A teoria surgiu em meados da década de 1960, época de ascensão do movimento ambientalista no mundo e dos direitos civis nos Estados Unidos, e desempenhou um papel muito mais visível com o crescente movimento contra a energia nuclear no final da década de 1970.  Apresenta como ideia principal que os problemas ecológicos do mundo estão arraigados e profundamente assentados em problemas sociais, particularmente no domínio dos sistemas políticos e sociais hierarquizados, e busca resolvê-los através do modelo de uma sociedade adaptada ao desenvolvimento humano e à biosfera. É uma teoria da ecologia política radical baseada no comunalismo, que se opõe ao atual sistema capitalista de produção e consumo, visando o estabelecimento de uma sociedade moral, descentralizada e unida, guiada pela razão.

Em síntese, alguma dúvida, ainda, sobre a estreita relação entre os sistemas econômico, social, político, ideológico? Tudo intimamente relacionado, certo? E alguma dúvida, ainda, sobre a ideologia do "lucro acima de tudo" do sistema capitalista nos levar à destruição? Caminhar para o socialismo é a nossa salvação, precisamos desse entendimento e dessa luta de todas as pessoas...

Em 1976 Drummond escreveu este poema e jamais retornou a Belo Horizonte até a sua morte em 1987.

Lindo texto do Ailton Krenak, publicado essa semana na Folha de S. Paulo, aborda a tragédia das queimadas, parte delas de origem criminosa, que ferem gravemente o futuro de muitos biomas no Brasil.

A DANÇA DA CHUVA – Ailton Krenak

Uma colega que vive no Reino Unido me fez sentir a boa inveja hoje de manhã, e olha que nem sabia desse sentimento com tanta intensidade, no peito e na pele.

A causa de tanta boa inveja foi saber da chuva que cai no seu pequeno jardim em Londres. Ah, chuva, chuva, chuva que cai do céu e nem me importa se muito fria ou gelada na ilha dos Beatles! Inveja da chuva alheia deve ser assim, como achar mais verde a grama do quintal do vizinho. Aqui, entre nós, às portas da primavera tropical, o céu de fumo e fuligem joga sobre nossas cabeças a tinta preta do carvão florestal.

Luxo de exibicionistas, pois queimamos jacarandá, peroba rosa, cedro, angico, peroba do campo, amarelinho, pau-ferro, canela de velho e ipê. Tocamos fogo na mata para ver a bicharada, onças-pintadas e amarelas, viados do campo, preguiças, tamanduás-bandeiras e tamanduás-mirins, cobras de todos os tipos, tatus, araras-vermelhas, amarelas e azuis, jacarés de barriga amarela, saguis, rãs e lagartos fugirem entre labaredas no planalto e nas campinas, no cerrado e na caatinga, biomas que lá no frio da Inglaterra chegam também a dar inveja.

Temos tanta floresta, mata atlântica, mata seca, mata de beira de rio, mata ciliar. Temos tanta floresta para queimar por toda a eternidade. Será?

Meus vizinhos maxakalis, aqui do Vale do Mucuri, são meus grandes professores na invocação da fauna e da flora. São capazes de listar e convocar todo um gradiente de vida de um lugar onde o pasto e a degradação já expulsaram quase todos os insetos, répteis, pássaros, animais peçonhentos, plantas e fungos que havia ali.

Esse povo, que foi expropriado de tanto, ainda consegue recriar, em meio ao deserto em que foi convertido o seu território, com seus cantos, suas rezas e suas histórias, um mundo para ser habitado.

Enquanto isso, bravos brigadistas combatem as chamas aqui e nos quintais vizinhos, afinal, floresta não tem fronteiras. Nem vento, nem fogo, nem água reconhecem essa invenção do bicho-humano. Brigadistas brasileiros pularam para o lado boliviano em um árduo corpo a corpo na contenção do fogo.

Uma linha de chamas segue aumentando de ambos os lados e ameaça chegar às terras dos indígenas guatós, a uma comunidade ribeirinha e à Serra do Amolar, área protegida no Pantanal sul-mato-grossense formada por 80 quilômetros de extensão de morros e que combina áreas com características de mata atlântica, do Pantanal e da Amazônia, fazendo dela um verdadeiro santuário da biodiversidade.

A Serra do Amolar foi, inclusive, declarada patrimônio natural da humanidade. Da humanidade? Que ironia. Pois entre os ameaçados pelo fogo estão cerca de 3.500 espécies de plantas, 325 espécies de peixes, 53 espécies de anfíbios, 98 espécies de répteis, 656 espécies de aves e 159 tipos de mamíferos.

No meio da fuligem, com sonhos de chuva, penso que vamos ter que aprender com os maxakalis como enxergar os espíritos do mundo invisível e falar com eles.

Por último, falamos sobre ECOLOGIA INTERNA, exercitando o movimento do geral para o particular e para o geral e assim por diante: "A ecologia pode  começar do lado de dentro",  quando tomamos medidas internas, uma ação pode mudar nossa concepção e uma mudança de concepção pode levar a uma mudança de ação... e aí,  algo estará  efetivamente se estabelecendo no mundo - interno e externo.

Praticamos alguns exercícios simples de harmonização do nosso interior.

Acreditamos, também, na inteligência emocional como um treinamento para a ecologia interna... e a "ecologia relacional" (acabamos por criar esse novo eco):

1. Eu me sinto... (fale das suas emoções);

2. Me conta mais sobre isso... (fale com as pessoas);

3. Sinto muito... (pratique);

4. Estou te ouvindo... (diga às pessoas, e pratique);

5. Entendo o que você está dizendo, penso (ou sinto) de outra forma... ;

6. Obrigado! ... (diga sempre);

7. Como você se sente em relação a isso? (crie o hábito de perguntar...);

8. O que você que dizer com isso? (pergunte sempre, evite fazer conclusões);

9. Treine sempre a respiração diafragmática, mais profunda;

10. Ria... e cante...

E terminamos com música linda de Guilherme Arantes, do álbum AMANHÃ, de 1978.


O SBC continua ABERTO, INCLUSIVO, ANÁRQUICO, DEMOCRÁTICO, ECOLÓGICO E FEMINISTA... hoje destacando a ECOLOGIA...


Abraços fluidos a todas as pessoas que nos leem...

Santuza TU





SBC às 17:19 Nenhum comentário:
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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Mais conversas sobre amor, sexo ... gênero

Tanta gente achou tão bonito o poema atribuído a Gabriel Garcia Marquez, tanta gente sugeriu que eu gravasse um vídeo... que eu animei... e aí vai:


E não mudamos de assunto... aprofundamos...

Primeiro com Michel Foucault:

Michel Foucault (1926-1984)

Ao longo de 1975 a 1984, Michel Foucault dedicou seu trabalho no Collége de France principalmente à análise do lugar da sexualidade na sociedade ocidental, o que origem à História da sexualidade, em quatro volumes. O filósofo empreendeu uma pesquisa história que ressaltou como nenhuma outra a importância do sexo e da sexualidade na vida social desde a Grécia e Roma Antigas até a Modernidade. 

O primeiro volume,  A vontade de saber , mostra que a sexualidade não foi reprimida com o capitalismo, depois de ter vivido em liberdade. A hipótese é de que, desde o século XVI – processo que se intensifica a partir do século XIX –, o sexo foi incitado a se manifestar por uma vontade de saber sobre a sexualidade, que é peça das estratégias de controle dos indivíduos  e das populações características das sociedades modernas.

História da sexualidade: O uso dos prazeres(Vol.2)

O segundo volume, O uso dos prazeres , assinala uma importante transformação na História da sexualidade. Conservando o objetivo de investigar como nasce, nas sociedades ocidentais modernas, a noção de sexualidade, Foucault recua no tempo até a Grécia clássica para averiguar como a atividade sexual se constitui como domínio de prática moral e modo de subjetivação característicos do projeto de uma “estética da existência”.

História da sexualidade: O cuidado de si (Vol. 3)

O terceiro volume, O cuidado de si , estuda o desenvolvimento, nos dois primeiros séculos da nossa era, da arte da existência criada pelos gregos. Assim, examina o modo de subjetivação característico dessa época para compreender sua diferença tanto em relação à Grécia, que criou a estética da existência, quanto em relação ao cristianismo, que a inclinou na direção de uma hermenêutica do desejo.

Roberto Machado admirando seu mestre, Foucault 

“ História da sexualidade: O cuidado de si é um estudo da reflexão filosófica, moral e médica sobre os prazeres e a conduta sexual que retoma os mesmos temas de O uso dos prazeres: o cuidado com o corpo e com a saúde, a relação com a mulher e o casamento, com os rapazes, com a verdade.”  diz o pernambucano Roberto Cabral de Melo Machado (1942-2021), grande filósofo brasileiro discípulo de Foucault

História da sexualidade: As confissões da carne (Vol. 4)

O quarto volume da História da sexualidade, As confissões da carne, analisa a experiência cristã do sexo, nos séculos II a V. É importante por explicitar as relações entre os primeiros séculos do cristianismo, a Antiguidade e a Modernidade quanto ao modo de pensar o sexo. Mas também por evidenciar como a História da sexualidade, que começou privilegiando os mecanismos de sujeição, se converteu num estudo histórico-filosófico dos modos de subjetivação.

 

“Este livro é importante por explicitar as relações entre os primeiros séculos do cristianismo, a Antiguidade e a Modernidade quanto ao modo de pensar o sexo.” , diz  Roberto Machado.


De Foucalt pulamos para Judith Butler, para entender melhor essa questão de gênero, binarismo (masculino-feminino), "escolha" de gênero (existe escolha?):

Judith Butler (1956) é uma filósofa estadunidense, que compôs  umas das principais teorias contemporâneas do feminismo e teoria queer. Ela também escreve sobre filosofia, política e ética.  Butler é uma pessoa não-binária, que em inglês usa os pronomes  "they/them".

Butler distingue sexo (uma "facticidade biológica") e gênero (a "interpretação ou significação cultural daquela facticidade)". Argumenta que o conceito de gênero é melhor entendido como performativo, o que presume a existência de uma plateia social. Também defende que as performances femininas são forçadas e reforçadas por práticas sociais históricas. Para Butler, o "script" da performance de gênero é transmitido sem esforço de geração em geração na forma de "significados" socialmente estabelecidos: Butler afirma que o "gênero não é uma escolha radical ... [nem é] imposto ou inscrito no indivíduo". Dada a natureza social do ser humano, a maioria das ações é testemunhada, reproduzida e internalizada e, assim, assume uma qualidade performativa (ou teatral). 

De acordo com a teoria de Butler, gênero é essencialmente uma repetição performativa de atos associados ao homem ou à mulher. Atualmente, as ações apropriadas para homens e mulheres têm sido transmitidas para produzir uma determinada atmosfera social que mantém e legitima um binário de gênero aparentemente natural. Butler aceita o conceito de corpo como uma ideia histórica, e sugere que o conceito de gênero deve ser visto como natural ou inato porque o corpo "torna-se seu gênero através de uma série de atos que são renovados, revisados ​​e consolidados ao longo do tempo".

Butler argumenta que a própria performance do gênero cria o gênero. Além disso, compara a performatividade de gênero à performance teatral, notando várias semelhanças entre ambas, incluindo a ideia de cada indivíduo funcionando como um ator de seu gênero. 


Neste livro inspirador, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos do movimento feminista: a identidade. Para Butler, não é possível que exista apenas uma identidade: ela deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher, a menos que primeiro se subverta a identidade de mulher. Outro ponto crucial defendido pela filósofa norte-americana é a problematização da oposição binária entre sexo e gênero vigente no movimento feminista. Para a autora, sexo passa também a ser uma categoria social e culturalmente construída, e gênero, uma categoria performativamente construída. Com essa formulação radical, Judith Butler interroga também a categoria de heterossexualidade, de forma a relançar a oposição sexo e gênero em novas coordenadas e em outras linhas de força, nas quais podemos nos aprofundar em perguntas como: o que é ser homem e o que é ser mulher?; o que faz um homem ser homem e o que faz de uma mulher uma mulher? Questões cuja ampliação contemplaria a multiplicidade de sexualidades, tão visíveis na contemporaneidade. Problemas de gênero é o primeiro livro de Butler publicado no Brasil, e talvez seja o mais conhecido. Lançado na década de 1990 nos Estados Unidos, este livro escrito de forma provocativa e pouco usual no meio acadêmico contribuiu de forma decisiva para a renovação crítica do pensamento feminista na atualidade.

O livro "Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade" foi publicado pela primeira vez em 1990 e vendeu mais de 100 000 cópias internacionalmente. O livro discute as obras de Freud, Beauvoir, Julia Kristeva, Lacan, Luce Irigaray, Monique Wittig, Jacques Derrida e Michel  ... e Michel Foucault.

O título do livro faz alusão ao filme Problemas Femininos, comédia de humor negro estadunidense de 1974,  de John Waters, estrelado pela drag queen Divine. 

A performance de gênero não é voluntária, na opinião de Butler, o sujeito de um certo gênero, sexo e atração deve ser construído dentro do que chama, tomando emprestado o termo de Vigiar e Punir de Foucault, "discursos reguladores". Estes, também chamados de "estruturas de inteligibilidade" ou "regimes disciplinares", determinam previamente quais possibilidades de sexo, gênero e sexualidade são socialmente permitidas para parecerem coerentes ou "naturais". O discurso regulador inclui técnicas disciplinares que coagem as ações estilizadas e, assim, manter a aparência de gênero, sexo e sexualidade "essenciais".


E outro livro sensacional da Judith Butler é "Desfazendo gênero", que chegou ao Brasil em 2022, momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.


E, de Butler, passamos para Márcia Tiburi, agora com 54 anos, loura e linda, depois que voltou de exílio na França:

Primeiro livro feminista escrito pela filósofa Marcia Tiburi, autora do sucesso Como conversar com um fascista. lançado em 2018 e , numa edição revista e ampliada, em 2023.

Podemos definir o feminismo como o desejo por democracia radical voltada à luta por direitos de todas, todes e todos que padecem sob injustiças sistematicamente armadas pelo patriarcado. Nesse processo de subjugação, incluem-se todos os seres cujo corpo é medido por seu valor de uso - corpos para o trabalho, a procriação, o cuidado e a manutenção da vida e a produção do prazer alheio -, que também compõem a ampla esfera do trabalho na qual está em jogo o que se faz para o outro por necessidade de sobrevivência.

O que chamamos de patriarcado é um sistema profundamente enraizado na cultura e nas instituições, o qual o feminismo busca desconstruir. Ele tem por estrutura a crença em uma verdade absoluta, que sustenta a ideia de haver uma identidade natural, dois sexos considerados normais, a diferença entre os gêneros, a superioridade masculina, a inferioridade das mulheres e outros pensamentos que soam bem limitados, mas ainda são seguidos por muitos.

Com este livro, Marcia Tiburi nos convida a repensar essas estruturas e a levar o feminismo muito a sério, para além de modismos e discursos prontos. Espera-se que, ao criticar e repensar o movimento, com linguagem acessível tanto a iniciantes quanto aos mais entendidos do assunto, Feminismo em comum seja capaz de melhorar nosso modo de ver e de inventar a vida.

“O feminismo nos leva à luta por direitos de todas, todes e todos. Todas porque quem leva essa luta adiante são as mulheres. Todes porque o feminismo liberou as pessoas de se identificarem como mulheres ou homens e abriu espaço para outras expressões de gênero - e de sexualidade - e isso veio interferir no todo da vida. Todos porque luta por certa ideia de humanidade e, por isso mesmo, considera que aquelas pessoas definidas como homens também devem ser incluídas em um processo realmente democrático.” - do capítulo “Para pensar o feminismo”. 

Em edição revista e ampliada, o best-seller Feminismo em comum está ainda mais mordaz, inteligente e atual, com novas críticas de Marcia Tiburi ao sexismo, ao gênero e à sexualidade. É um livro imprescindível para compreendermos as transformações que nosso tempo exige.


E este é o novo livro da Márcia:

Como derrotar o turbotecnomachonazifascismo é um importante livro em tempos de obscurantismo. No momento em que a desinformação e a lógica do desnorteio correm soltas como metodologias políticas, “turbotecnomachonazifascismo” é um nome para o fenômeno político inominável que nos ataca. O ódio é o combustível que alimenta essa máquina movida à tração humana. O êxtase fascista é a droga do momento ao alcance de quem queira participar.

Este livro busca dar nome ao inominável tendo em vista que qualquer projeto de transformação exige a compreensão do fenômeno a ser superado. Transformar o atual estado de violência e injustiça é o seu objetivo prático.

Em nossa época, já não experimentamos apenas mais um histórico mal estar: retrocedemos à barbárie. Nós nos encontramos em um limiar bastante perigoso pelo qual podemos conhecer destruições ainda piores.

Administrado por zumbis políticos e econômicos, o mundo se transforma em uma distopia. Muitos de nós se sentem como figurantes em um filme B. É o sistema de opressão em ação nos transformando diariamente em seres atônitos e desnorteados.

No Brasil, temos os povos ameríndios e as populações afrodescendentes como testemunhas da sobrevivência de violências nunca superadas. As violências racistas se renovam na fase atual do capitalismo. Inomináveis, elas não deixam de atingir populações esmagadas economicamente e sempre na mira do capital.

Sob a forma neoliberal, o capitalismo se impõe a qualquer custo e atinge uma fase alucinada, ilimitada, sem verniz e sem escrúpulos.

Fundamentalista e obscurantista, marcado pelo ódio mais extremo às minorias políticas e aos direitos da humanidade, o autoritarismo se renova e se encaminha para a dominação total. Ele assume a forma monstruosa de “turbotecnomachonazifascismo”.

Saímos do nosso tema? Pensamos que não... apenas ampliamos a visão, fizemos o movimento do PARTICULAR para o GERAL, e do GERAL para o PARTICULAR, movimento fundamental para compreensão do mundo, de nós mesm@s, e de nós mesm@s no mundo enquanto sujeit@s transformadores e transformadoras, sujeit@s polític@as.

Voltamos à conversa sobre relações íntimas, afetivo-sexuais, e não deixamos de reforçar que, assim como gênero e escolhas sexuais, também o conceito de amor, que determina nossa vivência do mesmo, é determinado histórica e culturalmente. Sabemos da construção histórico-cultural das ideias que reproduzimos sobre o amor romântico, impregnados em todos e todas nós... e sabemos do tanto que nos faz mal, nos causa sofrimentos, pois reproduzimos, por definição do ideário do amor romântico, relações assimétricas, de dominação e servidão. E esse ideário se torna bastante interessante para a reprodução do patriarcado, não é mesmo?

A boa notícia é que, se a coisa é histórico-cultural - não faz parte da nossa natureza, como somos enganad@as a acreditarmos - é possível a mudança, ou seja, podemos, historicamente, destruir modelos "prontos e acabados" e construir outros modelos, menos impostos goela abaixo... mais bonitos, mais simétricos, mais fluidos, mais livres, enfim... Dá trabalho? Claro!!! talvez o mesmo que dá pra reproduzirmos os modelos impostos, os "prontos e acabados".


Essa música se chama PAULA E BEBETO. Lançada no disco Minas(1975), sétimo álbum de estúdio de Milton Nascimento, a canção foi composta por Milton e Caetano Veloso na primeira parceria musical dos dois, e com uma letra que falava de amor, foi inspirada pela relação de duas pessoas reais, a Paula e o Bebeto do título. Apesar de contar com a presença de Caetano Veloso, a ideia por trás de Paula e Bebeto surgiu do próprio Milton, que se inspirou na história de amor de um casal de amigos, e compôs a canção como um protesto contra a separação dos dois. Milton conheceu a Paula e o Bebeto originais na cidade de Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, em uma de suas apresentações, e a partir daí o trio criou uma grande amizade, superada apenas pelo amor do casal. Juntos desde a adolescência, os dois namoraram por muitos anos e chegaram até a noivar, mas acabaram a relação que sofreu por ser muito intensa e instável.  Tendo criado os primeiros rudimentos da canção ao lado de Bebeto, Milton chegou a esquecer dela por um tempo, até reencontrar o amigo, que lembrava a melodia de cor. Como homenagem aos dois, Milton apresentou a melodia a Caetano, que eternizou sua letra no arranjo pronto, e a música então foi lançada e bem recebida pelos amigos, que àquela época não estavam mais juntos. 

Apesar do triste desfecho da história dos dois amantes, a canção inspirada neles se tornou um dos grandes sucessos da carreira de Milton Nascimento, regravada mais de 10 vezes por artistas diferentes.

E mais: Apesar de o casal tradicional ser tema da letra, a canção não reforça o amor único entre homem e mulher, repetindo, ao invés disso, que “qualquer forma de amor vale a pena”. Esse fato acabou consagrando a música como um hino símbolo do amor entre qualquer tipo de pessoas, e uma canção contra a intolerância.

"QUALQUER MANEIRA DE AMOR VALE A PENA... QUALQUER MANEIRA DE AMOR VALERÁ..."

E foi assim que encerramos nossa conversa... bacanérrima... super SBCense...

Até a próxima... abraços carinhosos...




SBC às 14:00 7 comentários:
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