Recuperando e ampliando nossas palavras SBCenses e seus significados: PIROPA...
Fui de novo ao Google e não encontrei mais a palavra PIROPA,
e sim PIROPO, que já tinha visto como a origem daquela. Sim, Piropo é uma
palavra espanhola e o Chico deve tê-la “abrasileirado”. Também em Portugal se
diz "piropo", que significa galanteio, elogio, cantada, xaveco, galanteada.
Também encontrei como sinônimos: Agarramento, agarração, amores, apego.
E encontrei dois sites de “piropos para hombres” (ou seja, de
mulheres para homens) e “piropos para mujeres” (claro, de homens para mulheres). Gente!!! Precisamos atualizar esse GOOGLE!!! Que isso!!! Tem umas
sugestões, como costumo dizer, “sutis do tamanho de uma patada de elefante”, de
que, normalmente são os homens que piropam (as mulheres devem se colocar no
lugar de piropeadas! Aff). E o site continua: ... mas as mulheres podem também
fazê-lo, desde que seja, sempre, numa conduta respeitosa. Essa recomendação é
para mulheres piropeadoras, para homens não!!! Sutil, né? não mais como uma
patada. Mas como uma manada de elefantes... é muito interessante como essas
coisas passam despercebidas ainda, e, ao mesmo tempo, quando começamos a “ver”
isso fere viu?... sigamos... (não sem antes observar também que piropar não
acontece somente entre homens e mulheres, google super desatualizado em relação
a gênero, devia aprender com a Judith Butlher...).
Agora, fazendo o movimento de ampliação do significado, como
fazemos no SBC, a palavra piropa pode, e deve, ser ampliada no que diz respeito
aos níveis de relação. Quero dizer que nós, no SBC, piropamos todas, todos e
todes, ou seja, piropar passou a ser entendida (e praticada) como
“empoderamento”, “validação”.
Nós precisamos ser reconhecidxs, validadxs, com isso nos
empoderamos, nossa autoestima se enriquece e, para além das relações intimas,
amigas e amigos têm este papel.
Então, piropar significa dar o melhor de si mesmx e extrair
dx outro o melhor dele(a).
E o SBC acredita que são ineficazes as “piropas prontas”,
como os sites nos sugerem, pois piropa boa é uma fala espontânea, ou melhor,
talvez seja uma “construção fluida”, um “bom encontro”. Dá tesão, por si mesmx,
pelo outro e pela vida.
O assunto PIROPA é recorrente no SBC. Ano passado surgiu
compondo uma espécie de mantra para vivermos esses tempos que estamos vivendo:
“Paciência, paciência, paciência...
Esperança, esperança, esperança...
Riso, riso, riso...
Piropa, piropa, piropa...”
(tem gente que acrescenta: Vai tomar no c... B... ou B ou
quem você queira... é libertador... kkk).
Nosso outro assunto recorrente é o amor romântico, discutimos
muito sobre a repetição desse modelo relacional, a fim de conhecê-lo, cada vez
mais ver onde e como ele se reproduz, e superá-lo, criar um amor fundado em
liberdades e em simetria.
Como o Chico nos ensina, a arte é ótima para piroparmos.
Música, poesia... são excelentes piropas. E grande SBCense me manda uma super
piropa, usando a poesia e combatendo o amor romântico:
TU, eu estava procurando uma piropa hoje e lembrei de Adélia
Prado, um poema que li há bastante tempo. Aí vai:
AMOR FEINHO
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé, não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por
sexo e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa e
saudade roxa e branca, da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial, o que brilha nos olhos é o que
é:
Eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão.
O que ele tem é esperança:
Eu quero amor feinho.
Lindo né¿ Amor feinho combate o amor romântico, idealizado,
padrão. Não está pronto, é construído, como tudo no humano. Por isso adorei
esse poema.
E aí eu comecei a pensar que, como é construído, cada um (ou
cada dois) tem o seu “amor feinho”. Então eu fiz o meu:
Eu quero amor divertido, simples, que conversa, canta e lê e faz poesias...
Meu amor feinho não pensa em ser feliz, só em se divertir. Mas se vê feliz, de repente, nas horinhas vagas.
Meu
amor feinho faz caminhadas, com longas conversas, desde receitas até análise de
conjuntura.
Faz
massagens tântricas (do seu jeito), se diverte na cama, deseja mais prazer do que gozo, não
quer performances, quer brincar... trepa de ladinho ou em posições bem
confortáveis.
Meu
amor feinho é divertido, não é sofrido, fala de suas inseguranças e ri junto...
dá presentes e piropeia o tempo todo.
O meu
amor feinho mora no tempo da delicadeza.
Eu
quero amor feinho...
Minha querida amiga, que lindos! os dois...
Me emocionei com o poema da Adélia e com a sua versão do
“amor feinho”. Super SBCence, capta o nosso espirito. Obrigada por compartilhar
conosco.
Me ocorreu nos perguntar, a todxs nós:
Que
amor feinho eu desejo construir?
E você? que amor você quer? diga isso a ele|ela, pare de pensar que a outra pessoa vai adivinhar... ou que tem um padrão de amor (aliás, em tendo é
o que queremos destruir... e criar um novo, a se construir, sempre...).
Sim querida... nunca entendi nos facebooks da vida o perfil
da pessoa: em um relacionamento sério. Meu amor feinho é divertido, não é
sério, definitivamente. Meu amor feinho é uma grande amizade... com tesão...
E, terminando, para rirmos mais um pouco, encontrei num dos
sites no Google, não sei se o masculino ou o feminino: “Pareces Google porque tienes
todo lo que yo busco”.
Tosco né? kkk
Com esta tosquera me despeço rindo... e torcendo pro seu
sucesso na piropa viu?
Abraços super carinhosos...
SantuzaTU