Vocês se lembram do post de 02.03.2015 sobre as pessoas e os LPs?
Leram? Se ainda não, aproveitem agora...
Trata-se de uma riquíssima teoria psicológica SBCense... digo riquíssima pois é uma “teoria aberta”, ou seja, a partir da metáfora podemos ir refletindo e nos vendo e encontrando melhores jeitos de ser no mundo.
Trata-se de uma riquíssima teoria psicológica SBCense... digo riquíssima pois é uma “teoria aberta”, ou seja, a partir da metáfora podemos ir refletindo e nos vendo e encontrando melhores jeitos de ser no mundo.
É a (divertida, sem deixar de ser profunda...) comparação
das pessoas com os LPs... o nosso lado A e o lado B... e não se trata do
maniqueísmo de pensar que um lado é o bom e o outro é o ruim, e sim do que tem
de bom e de ruim em cada lado, como se apropriar e utilizar cada lado para a
vida, para o belo, para o prazer.
Pois bem, a propósito do
tema deste mês (mulheres e feminismo) e a partir dessa teoria aconteceu uma
outra riquíssima filosofia... reflexão... sobre o que chamamos de Lado A e Lado B da mulher, o lado A
construído cultural e historicamente no Brasil a longo do último século até os
dias de hoje... e o Lado B, também construído historicamente, pois somos serem
históricos, objetos (reprodutores...) e sujeitos (construtores e construtoras...) da história.
Uma grande SBCense levou um
texto da historiadora Carla Bassanezzi Pinsky, extraído de livro já super recomendado no
nosso blog: A Nova História da Mulher no Brasil. Então nos servimos deste texto
para “filosofar”, ou seja, elaborar o perfil da mulher forjado ao longo deste
último século, que vem a ser a nossa matriz, os modelos que podem determinar a
maneira de ser, de pensar, sentir a agir... e que podem nos enriquecer... ou
nos condenar, nos aprisionar... assim como as construções contrárias aos
modelos... e que também podem nos aprisionar ou nos libertar.
Em outras palavras: como
somos e como deveríamos ser. “São muitas as representações que envolvem a
figura feminina em todas as épocas. Dentre elas, há as dominantes, tomadas como
modelo e referência”. E, além de influenciar os nossos modos de ser, agir e
sentir, interferem nos espaços que ocupamos na sociedade e nas escolhas de vida
que fazemos. E temos, ao longo da história, rebeldias, transgressões,... que foram desconstruindo esses modelos e, aos poucos, fazendo uma revolução, construindo novas formas de SER mais livres e autênticas.
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Então... vamos à história: As
mulheres foram (e ainda são) identificadas com o seu sexo, confundem-se com ele
e são reduzidas a ele. A “pura” e a
“puta”; a “santa” e a “pecadora”,
vejam aí o lado A e o lado B definindo de forma maniqueísta (ou\ou) as imagens
femininas. No Brasil, mesmo com a chegada do século XX, não houveram grandes
rupturas, ou seja, permaneceram as heranças europeias e medievais que
valorizavam a pureza sexual das mulheres e condenavam as que gostavam de sexo.
Na primeira metade do século
XX, não havia dúvidas de que as mulheres eram, “por natureza”, destinadas ao
casamento e à maternidade. Este “destino” fazia parte da essência feminina,
incontestavelmente. A família era tida como central na vida das mulheres e
referência principal de sua identidade. Aí está forjado o lado A.
Um lado B possível e ótimo como referência: o livro " Um amor conquistado: o mito do amor materno. Para Elisabeth Badinter, feminista francesa contemporânea, dois fatores estão ligados à formação do "mito do amor materno": a necessidade de assegurar a sobrevivência dos descendentes e a idealização da figura da mãe, a fim de que certa completude se fizesse sentir entre a mãe e a criança. Não se trataria, segundo ela, de "instinto", pois o afeto se formaria da convivência e seria algo "conquistado", como é o caso da paternidade
Badinter em foto de 2003 |
Mulher de bem, mulher de família, filha obediente, esposa submissa, mãe dedicada, temente a Deus, virtuosa e recatada. O outro lado: mulher da vida, mulher alegre. Ávida, voraz, insaciável (lado B)... ou passiva, frígida, indiferente ao prazer sexual (lado A). Tais modelos rígidos eram marcantes na elite e reproduzidos na classe média. Mas mesmo entre as mulheres trabalhadoras das primeiras décadas do século passado havia adesão aos modelos, na busca por uma maior aceitação social. As noções de honra eram reproduzidas e era senso comum que o homem que roubasse a virgindade de uma “moça honesta” tinha a obrigação de reparar o mal com o casamento.
Lá pelos anos 20 o cinema norte-americano apresentou a figura da vamp... a femme fatale da literatura e do teatro europeu da época. Fazia parte das fantasias masculinas... do Adão pela Lilith (vejam nosso post anterior). Esses fatores contribuíram para alterar padrões da “moça de família” da época. As garotas começaram a aprender a dançar, a pular carnaval, podiam ir sozinhas às compras e à escola. Porém, em vez de contribuir para a autonomia, denotava mais a continuidade da vontade de agradar aos homens e arrumar um “bom casamento”, um “bom partido”. Então, aprimorar os encantos femininos, o poder de sedução, ser “saudável”, passaram a ser um bom investimento.
Na população pobre o
relacionamento dos casais era determinado em grande parte pelas condições
concretas de existência e seguiam regras próprias, mais igualitárias. As
mulheres em geral trabalhavam e tinham certa independência, então os casais se
desfaziam mais facilmente. Tal conduta era diferente dos valores dominantes,
então as mulheres eram retratadas como “vadias”, “cheias de vício”, pessoas com
“baixos padrões morais”... tudo lado B.
Mas também nas classes
sociais mais altas surgiram lado B bastante interessantes, uma minoria de
mulheres que teimaram que sua conduta liberada era apenas moderna e não imoral:
As "Flappers", no Brasil conhecidas como “Melindrosas”, foi nos anos 20 um estilo de vida que "desacatavam a tradicional conduta feminina". Vestiam saias curtas, aboliram o espartilho, cortavam o cabelo a moda Chanel, ouviam jazz, tango ou samba Ansiosas
por gozar a vida, apreciadoras do flerte, da dança e do sorriso. Tornaram-se as primeiras mulheres da história moderna a representar o feminino através da indulgência e liberdade. Isto não era simplesmente uma revolução da beleza, era sexual.
As “suffragetes”, reivindicaram direitos políticos e educacionais iguais para todxs (mulheres e homens)
Com a conquista do direito ao voto por países como Inglaterra e EUA, o movimento sufragista ganhou ainda mais força por aqui. O fato de muitas sufragistas fazerem parte da elite política brasileira facilitou a obtenção do voto feminino no Brasil, mais cedo do que a maioria dos países latino-americanos.
Em 1928, a cidade de Mossoró (RN) tornou-se a primeira cidade no País a autorizar o voto da mulher em eleições, o que até então era proibido (mesmo não constando na Constituição Federal). Foi neste mesmo ano que uma mulher conseguiu liberação judicial para votar — a potiguar Celina Guimarães Viana. Após essa conquista do direito de votar, um grande movimento nacional levou inúmeras mulheres a fazerem a mesma coisa. No ano seguinte Alzira Soriano de Souza elegeu-se prefeita do município de Lajes, no Estado do Rio Grande do Norte, tornando-se a primeira prefeita eleita no Brasil.
Em 1928, a cidade de Mossoró (RN) tornou-se a primeira cidade no País a autorizar o voto da mulher em eleições, o que até então era proibido (mesmo não constando na Constituição Federal). Foi neste mesmo ano que uma mulher conseguiu liberação judicial para votar — a potiguar Celina Guimarães Viana. Após essa conquista do direito de votar, um grande movimento nacional levou inúmeras mulheres a fazerem a mesma coisa. No ano seguinte Alzira Soriano de Souza elegeu-se prefeita do município de Lajes, no Estado do Rio Grande do Norte, tornando-se a primeira prefeita eleita no Brasil.
Com a tomada de poder por Getúlio Vargas, o governo apresentou-se favorável ao sufrágio feminino. Em 1931, Getúlio concedeu voto limitado às mulheres, ou seja, somente solteiras, viúvas com renda própria ou casadas com a autorização do marido poderiam votar. Grupos feministas continuaram manifestando-se, alegando igualdade de voto entre homens e mulheres. Então, Getúlio Vargas assinou o decreto n.º 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, o qual determinava que era eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma do código.
A bióloga Bertha Maria Júlia Lutz foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto à mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
E as artistas e intelectuais modernistas, “afeitas à boemia, ao comportamento sexual mais livre e a formas alternativas de relacionamento afetivo”.
As mulheres tiveram papel tão importante quanto os homens no modernismo. Na foto Pagu, Anita Mafaldi, Tarsila do Amaral, Elsie Houston e Eugênia Álvaro Moreira à frente |
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Já nos anos 50... os anos dourados ... o milagre econômico de JK... a industrialização do Brasil. Otimismo pós-guerra... ascensão da classe média... democracia política. O que essa modernidade trouxe de contribuição para a alteração do modelo, da rigidez do lado A para a flexibilização e a possibilidade da construção mais autônoma da nossa identidade?
Já nos anos 50... os anos dourados ... o milagre econômico de JK... a industrialização do Brasil. Otimismo pós-guerra... ascensão da classe média... democracia política. O que essa modernidade trouxe de contribuição para a alteração do modelo, da rigidez do lado A para a flexibilização e a possibilidade da construção mais autônoma da nossa identidade?
Nessa época as perspectivas
das garotas certamente já haviam se ampliado. A escolaridade da população
feminina havia crescido significativamente. Porém, a velha ideia da honra
feminina continuava vigorando firme e forte. A Igreja Católica continuava a
orientar condutas e impingir modelos. “As garotas desde cedo aprendiam que o
casamento feliz coroado pela maternidade e um lar impecável é negado às
“levianas”, as que se permitem ter intimidades físicas com homens”. Olha aí de
novo os rígidos modelos... lado A e lado B: “Na atualizada classificação moral
das imagens femininas, a “leviana” está a meio caminho entre a “moça de
família” e a “prostituta”. Pode até fazer sucesso com os rapazes, mas nunca se
casa, pois nenhum homem honesto vai querer alguém como ela para “mãe de seus
filhos”. Segundo a regra, é o homem quem escolhe a esposa, preferindo as dóceis
e recatadas e repudiando as “defloradas” por outro sujeito ou mesmo as de
comportamento suspeito, com fama de “emancipada” ou “corrompida, “garota
fácil”, “vassourinha” ou “maçaneta” (que passa de mão em mão, namoradeira,
promíscua)”. Depoimento de SBCense que viveu sua mocidade nessa época: “olha que fazíamos uma força danada para viver
esse lado B, eu namorada muito, fiz faculdade de psicologia, transei com um
namorado por desejo de me desvencilhar do peso da virgindade... mas vivia isso
com uma culpa que me corroía, um espécie de ameaça pairava sobre mim, do tipo
“você vai ser infeliz pelo resto da sua vida pelas suas escolhas”. Aí,
aparecendo o primeiro cara que “me aceitou”, casei rapidamente com ele... e caí
de quatro no modelo “in – feliz para sempre”...”
Vamos ao lado A: a “boa
esposa” , “esposa perfeita”; a “dona de casa ideal”, a “mulher prendada”,
“rainha do lar”. O “espírito materno” foi atualizado. Tudo isso com as
facilidades da vida moderna: geladeira, TV, aspirador de pó, entre outros
eletrodomésticos que “facilitavam” a vida da dona de casa.
Claro, esse
modelo era vivido de forma diferenciada de acordo com a posição sócio-econômica
da mulher e da família: as mulheres de
classe alta empregavam com inteligência o orçamento doméstico, era o esperado
delas... gastando o necessário (com recepções, festinhas para os funcionários
do marido, por exemplo) para uma aparência de distinção; as de classe média
dividiam o serviço doméstico com uma empregada e eram encarregadas, além da
supervisão das mesmas, de compras da casa, elaboração dos cardápios,
embelezamento da casa e costurinhas em geral; já as empregadas domésticas eram
representadas de forma nada lisonjeira: “sapeca”, “promíscua”, “debochada”,
“burra”... preconceitos raciais tinham grande influência na construção dessas
imagens.
Ainda era muito forte nessa
época a crença no peso negativo do trabalho fora do lar para a imagem forjada
da “mulher ideal”. Tanto que se diferenciou a mulher “trabalhadeira” (expressão
elogiosa, desejável para a mulher em todos os grupos sociais... da mulher
“trabalhadora” – considerada o oposto da “dona de casa ideal”... “ainda que
esta se envolvesse em atividades exaustivas e extremamente relevantes (mas
sub-estimadas) para a manutenção dos lares e a construção das economias
familiares”. As fábricas eram tidas como antro de perdição. A atividade fabril
não é para o sexo feminino, doméstico e maternal por natureza. As oposições
sociais diminuíam quando a mulher abraçava uma “profissão honesta”, relacionada
a cuidado, assistência e serviço, tipo professora, enfermeira, telefonista,
secretária. Diminuíam também quando era por uma “necessidade econômica”, para “ajudar” o marido... e quando sua
profissionalização não comprometesse sua feminilidade. Por outro lado, essas
oposições aumentavam quando a mulher argumentava sobre sua escolha de trabalho
ser em função de realização pessoal e independência. Pois sua “felicidade” já era definida: O que poderíamos desejar a mais do que ser “a rainha do lar”?
Anos rebeldes... anos 60... o começo da virada, o lado B fazendo história...
“Liberdade... autonomia... é a de pensar, sentir e agir... de construir o que queremos ser, nossa identidade... é muito maior do que a do bolso... mas passa por ele”... foi a frase que ouvi de uma espécie de guru lá pelo final dos anos 60... e essa frase internalizada mudou minha vida para sempre... me deu coragem de superar os modelos rígidos, o lado A... e começar a me construir, construir novos valores orientadores para a vida, outro estilo de vida, novas relações fora dos padrões determinados”. Depoimento de SBCense considerada por nós como uma pessoa engajada, contemporânea, plugada no mundo, solteira por convicção, cheia de energia, de amigos, de bem com a vida, feliz (segundo ela “dentro do possível”, a busca é por ser livre, pois buscar “ser feliz” pode nos fazer cair no buraco do lado A, na alienação e na adoção dos modelos prontos e rígidos).
As transformações nos anos 60 (desenvolvimento econômico, industrialização, urbanização, energia elétrica, transporte, comunicações... ampliando o mercado de trabalho, a escolarização dos brasileiros... e brasileiras) ajudaram a modificar os modelos, as imagens da mulher, sua relação com os homens e os significados atribuídos ao feminino. As manifestações estudantis e de segregação racial, a ida do homem a lua, o regime militar no Brasil. E, mais importante dessa época... do século, melhor dizendo... a popularização da pílula anticoncepcional. Foi com a pílula que a mulher se viu livre da natureza e se apropriou do seu corpo. E "reivindicou o orgasmo".
As transformações nos anos 60 (desenvolvimento econômico, industrialização, urbanização, energia elétrica, transporte, comunicações... ampliando o mercado de trabalho, a escolarização dos brasileiros... e brasileiras) ajudaram a modificar os modelos, as imagens da mulher, sua relação com os homens e os significados atribuídos ao feminino. As manifestações estudantis e de segregação racial, a ida do homem a lua, o regime militar no Brasil. E, mais importante dessa época... do século, melhor dizendo... a popularização da pílula anticoncepcional. Foi com a pílula que a mulher se viu livre da natureza e se apropriou do seu corpo. E "reivindicou o orgasmo".
O movimento hippie trouxe uma nova compreensão da liberdade sexual e do amor
Apesar de em 1970 as mulheres representarem 50,3% da população e 21% do mercado de trabalho, o papel dela ainda era visto apenas como mãe ou dona de casa. Na imagem: Carlos Lamarca, opositor da ditadura, e Yara Iavelberg treinando tiro, Osasco. (Foto: arquivo histórico)
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Anos 80... 1988... Constituição da República Federativa do Brasil... e o que tem isso a ver com o lado A e o lado B da Mulher???... TUDO!!! O convite é aprender com a história... para melhorar... resuminho no quadro abaixo da segunda metade do século passado até agora. Olhem bem o ano de 2005... outro dia!!! Pois é... até 2005 no Código Civil e no Código Penal constavam o termo "mulher honesta", ou seja, a mulher ainda era definida "no privado": mulher honesta era (ou é...) aquela fiel, boa mãe, boa dona de casa... reflitam: como se define "homem honesto"? Jamais dessa forma, e sim como bom pagador, que cumpre seus compromissos...
E em 2006 entra em vigor a Lei Maria da Penha... e o feminicídio continua...
A lei de numero 13.104 altera o Código Penal para prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e inclui-lo no rol dos crimes hediondos. O feminicídio é caracterizado quando a mulher assassinada justamente pelo fato de ser mulher. Sancionada no dia 9 de março de 2015 pela Presidenta Dilma Rousseff, a lei do feminicídio pode ser considerada uma vitória para a igualdade entre os sexos.
E ainda ouvimos (MUITO!!!), inclusive entre nós mesmas:
- Sou feminina... não sou feminista... pois ainda quero casar (uma compreensão do feminismo como um movimento de mulheres CONTRA os homens, mulheres que não gostam de homens... distorcida... )
- Não sou machista... nem feminista... sou humanista... (heim???)
- Feministas são mimimi...
E por aí vai...
Depoimento de grande SBCense: essa história é fundamental prá gente refletir. Fica claro prá mim que é através do trabalho que conseguimos autonomia. Essa é muito maior do que a do bolso... autonomia de pensar, de sentir, de agir... de SER... mas passa pelo bolso. Pois com a do bolso podemos reivindicar o real compartilhamento com os homens na vida privada. Isso pode condicionar todo o resto. Li que nós, mulheres, continuamos assumindo 70% das responsabilidades domésticas, o que inviabiliza nossa equiparação aos homens no mercado de trabalho. "Se o trabalho doméstico for realmente dividido, as mulheres terão condições de ter uma vida melhor."
E prá terminar por hoje... temos ainda muito a conversar e refletir... recebemos como um PRESENTE um filme que retrata a revolução que pode ser realizada pelas mulheres: "A fonte das mulheres", filme lançado em 2011 na França, dirigido por Radu Mihaileanu.
E prá terminar por hoje... temos ainda muito a conversar e refletir... recebemos como um PRESENTE um filme que retrata a revolução que pode ser realizada pelas mulheres: "A fonte das mulheres", filme lançado em 2011 na França, dirigido por Radu Mihaileanu.
Com uma delicadeza comovente, a mulheres de uma aldeia norte-africana fazem uma revolução democrática e rompem com os papéis femininos colocados para elas de uma forma "inquestionável" pela tradição; e fundamentados em argumentos religiosos, que ajudam a manter uma hierarquia social, onde os papeis femininos e masculinos são especificados e distintos entre si. E imaginem o que elas reivindicavam: água encanada!!! pois eram elas que buscavam água numa fonte nas montanhas, pois a elas competia o papel de cuidar do lar. A maioria das mulheres não sabia ler nem escrever. Leila sabia... e quando Iname (um espécie de sacerdote) tentou legitimar as agressões dos maridos baseando-se nas escrituras do Alcorão, foi baseada no mesmo livro que ela mostrou que, na verdade, era de igualdade e de uma convivência fundada na paz que as leis de Deus falavam. Então, tudo que se mostrasse diferente disso era uma interpretação possível, um "desvio da escritura... por interesses pessoais". E elas fizeram uma "greve de amor" até conseguirem a água encanada. E fizeram política, e mostraram, também, que o conhecimento legitima a democracia.
E assim terminamos (provisoriamente) nossa conversa sobre lado A e lado B... e lado nenhum quando construímos o que queremos, autenticamente ser... assim vamos nos construindo
historicamente.